quarta-feira, 30 de novembro de 2016

estamos voando pela janela, deitados na cama

O Bacanal braZil!




"Dizem que a sociedade brasileira está cega pois enquanto se pensa "apenas" no Chapecoense os políticos estão "metendo" aquilo na gente por conta da votação da PEC. O que eu digo é o seguinte: já estão fazendo isso há muito tempo. E não precisou cair um avião para tal. Derrubaram uma presidente. Do mesmo modo que sinto pela tragédia sinto por nossa política. Eu não consigo pensar 100% apenas em política. E tenho direito de pensar e sentir ao meu modo e meu gosto. Sinto muito mas não fui eu que provoquei o BACANAL que ocorre agora no Brasil."
Maurício dos Reis Santos





Queimando na Água, Afogando-se na Chama, Bukowski




e um sofá voou pela janela
uma parede chacoalhou feito areia molhada
o cara na cama
não se importou ou deu bola pra isso






amor


amor, ele disse, gás
me beije todo
beije meus lábios
beije meus cabelos
meus dedos
meus olhos meu cérebro
faça-me esquecer

amor, ele disse, gás
ele tinha um quarto no terceiro andar,
rejeitado por uma dúzia de mulheres
35 editores
e por meia dúzia de agências de serviços,
agora eu não estou dizendo que ele valesse alguma
coisa

ele abriu todas as bocas
sem acendê-las
e foi para cama

algumas horas depois um cara a caminho
do quarto 309
acendeu um charuto no
corredor

e um sofá voou pela janela
uma parede chacoalhou feito areia molhada
uma chama púrpura bailou doze metros no ar

o cara na cama
não se importou ou deu bola pra isso
mas eu precisava dizer
que ele esteve muito bem
naquele dia






"Votação da PEC nesse momento no Senado...
as cenas mais horríveis acontecendo em Brasilia, na esplanada. ...Assustador...
Estamos tentando localizar algumas pessoas. Não há confirmação de mortos. Mas muitos feridos em hospitais, alguns estado grave. Foi uma linda manifestação, porém os golpistas transformaram numa guerra.
E tem gente que vai morrer assistindo novelas... Sem Aposentadoria, Sem Educação e Sem Saúde! Quem ta velho não vai perceber ta no fim da vida, mas os jovens vão viver pra ver essa nova fase do Brasil em uma viajem no passado voltando aos anos 90!!!!!."
Patrícia Valença


"PEC da morte aprovada, que Deus tenha misericórdia do Brasil.
Jovens em defesa da educação e saúde foram violentamente agredidos.
Canalhas bebem e comem nosso dinheiro em jantares caros, enquanto tiram tudo de nós.
E um bando de fascistas, igualmente canalhas baterem panelas pra isso, ver pobre sem direito a nada."
Evinha Alves


"Jornalistas Livres
PM ataca estudantes que foram lutar por EDUCAÇÃO em Brasília!

Em um ato pacífico que tinha por objetivo lutar por uma melhor educação no país, foi duramente reprimido pela PM, que de forma arbitrária jogou inúmeras bombas de gás lacrimogênio, bala de borracha e o uso de cavalaria para cima dos estudantes. Uma verdadeira covardia gratuita e anti-democrática! #OcupaBrasília"
José Dunga













































"#HastaSiempreFidel ‏@marcostalhari
Infiltrados do @MBLivre em manifestação contra a PEC 241/55 incitam violência policial na esplanada. #VoltaDilma"

Sergio Pinto Ribeiro Filho

























Entendeu?






























"Aqueles manifestantes, ao fundo, sendo reprimidos e apanhando da polícia, estão pagando o coquetel que os parlamentares estão degustando, enquanto celebram a aprovação da PEC 241/55.
Parabéns, Brazil Paneleiro!"
Samantha Costa







O resumo...

Sabe aquele salário mínimo que nos governos do PT tinha aumento todo ano? Foi congelado por vinte anos! Ainda não entendeu? Não se preocupe você terá 20 anos para entender! Você terá até 2036 para viver ou morrer para os ricos!

Foi bom odiar o PT?

Então, você estão amando o que já foi votado e estar por ser votado! Ainda não acabou...

Não vamos vê-lo chorar e você não se verá chorando, durante os próximos 20 anos estará gritando que tudo é culpa do PT. 

E repetirá aos netos que traballho é tudo que existe antes dos 70 anos... por culpa do PT.

Quanto a mim?

Posso dizer aos filhos e neta que é bom amar o PT e o seu sonho de mundo diferente e possível.

Eu sei, apesar das suas falhas humanas... ou erros humanos.

Mas jamais poderia estar ao lado de gente desumana egoísta e ignorante por desejo de ter tudo e ser nada.

Não posso ser conivente com a violência contra as mulheres.

Não posso fechar os olhos para a vontade explícita de transformar em braços escravos de ricos... nossos jovens e nossas jovens.

Não posso ficar calado com o gueto da violência para os jovens pretos e pobres.

Estávamos prestes a acordar, mas fomos jogados de volta na caverna.

Você continua com medo de descobrir que o mundo pode ser diferente. É uma pena que você está nos arrastando para sua caverna. 

Fique com a sua caverna. 

Deixe-nos com o sol, as estrelas, o vento, a generosidade, a amorosidade, deixe-nos com a vida.

Não queremos a violência!

Você é que procura pela violência para justificar seu ódio pela não vida. 

Você já se olhou dormindo?

Então, tente se olhar odiando, escute as asneiras que repete aos ouvidos desatentos. Tente sentir vergonha das mentiras que diz.

E lembre-se, ninguém se vê chorando depois que morre.








Fotos: Vinicius Borba / Jornalistas Livres / Gisele Arthur e outras sem crédito


domingo, 27 de novembro de 2016

Em janeiro veio o primeiro assédio

A violência dentro da corporação: mulheres policiais relatam assédio moral e sexual




SUL21



Daiane Vivatti





Casos de violência sofrida por mulheres dentro da polícia foram relatados em seminário promovido pela Ugeirm. Foto: Ramiro Furquim/Sul21

































Em janeiro veio o primeiro assédio. “Quando eu estava com a viatura, deixava um dos meus colegas em casa, depois largava o material para o delegado despachar e me despedia. Em uma das vezes que eu fui dar tchau, ele me segurou pelos dois braços e me beijou o braço até o pescoço dos dois lados. Fiquei com os braços esticados, sem reação. Eu pensei ou ele é louco ou é tarado, será que ele faz isso com a minha colega também?” Laura* é escrivã, trabalha em uma delegacia no interior do Estado e sofreu assédio sexual de um delegado no primeiro mês de trabalho. Depois da primeira vez, ainda vieram outras duas, dentro do próprio local de trabalho.

“Na segunda vez, ele me chamou para ir à delegacia em um sábado de manhã. Eu estranhei, mas minha colega tinha alertado que ele chamaria pra ficar contando ‘causos’. Eu não queria ir, mas diz que tem uma lei que quando o delegado chama, tem que ir. Quando disse que precisava ir embora fui dar tchau e quando olhei pra frente ele tava fazendo “biquinho” pra eu beijar ele na boca. Aí eu virei o rosto e nisso ele me agarrou pelo quadril. Eu fiquei paralisada, olhei minha bolsa que estava do lado da porta e saí”. Laura lembra que quando chegou em casa contou para a mãe e foi orientada pela família a sair da polícia, mas não achou justo desperdiçar os anos de estudo por sofrer essa violência.

“Em fevereiro, aconteceu outro assédio dentro da delegacia, ou seja, ele não ia parar. Eu contei para os meus colegas (…) um deles, que tinha experiência em plantão e já havia tratado de casos de violência contra a mulher disse: só um pouquinho, tu não pode deixar assim, tu é vítima, se tu ficar quieta vai dar margem pra ele continuar fazendo isso”. Laura rompeu o silêncio e denunciou o caso. A escrivã recebeu apoio de muitos colegas, do sindicato, mas passou por momentos difíceis: “O mais horrível, além de toda aquela decepção de entrar na polícia (chora) (…) a gente pensa que é uma coisa e é outra, né?! Teve audiência do Conselho Superior de Polícia e foi pior, porque o lugar onde achei que ia ter pessoas com uma capacidade intelectual, um ambiente sério, que iam ouvir, eu fui atacada. A autoridade processante disse na minha cara que a culpa foi minha. Primeiro ele disse pra mim que quando um delegado chama eu tenho obrigação de ir (…) e depois ele disse que eu fui porque eu quis, porque eu sou uma mulher adulta e que a culpa foi minha. Mas se Deus quiser, no Fórum é diferente”.




Denise Dora (Foto: Guilherme Santos/Sul21)




Para Denise Dora, Ouvidora-Geral da Defensoria Pública do Estado, mesmo com todas as dificuldades e o medo de realizar uma denúncia de violência sexual ou assédio – já que isso implica não só em enfrentar um colega, mas toda organização daquela Instituição – a importância do ato está no fato de que existem “muitos casos demonstrando que quando uma mulher toma coragem pra denunciar o caso, aparece uma enxurrada de outras denúncias contra aquela mesma pessoa. Já que em um ambiente de trabalho, muitas vezes um sujeito assediador não faz isso só com uma mulher, mas faz com várias e é preciso quebrar esse ambiente de impunidade”.

Foi o que aconteceu com Laura: após a acusação, outra colega também denunciou o delegado por assédio. No dia seguinte à denúncia, a regional onde a escrivã atua baixou uma portaria, e o delegado foi trocado de delegacia. “Ele acha que está tão certo o que ele faz, que, pra ele, isso [a denúncia] é um golpe (…) pra ele é normal, então eu penso que ele fez isso com tantas outras vítimas e as mulheres têm medo de falar pra não serem humilhadas e eu entendo, quando eu fui no Conselho eu vi, em vez de ser vítima tu entra lá como culpada” – desabafa Laura. A policial precisou realizar tratamento psicológico e psiquiátrico.



Mãe policial castigada


E o assédio sexual não é a única forma de violência que atinge as mulheres policiais. Um debate acerca do tema foi realizado na última sexta-feira (25) no evento “Vamos falar sobre nós”, primeiro seminário da Ugeirm Sindicato “Construindo a Identidade Feminina na Segurança Pública”. A painelista, diretora de gênero do sindicato e idealizadora do encontro, Neiva Carla Back Leite, enfatizou que piadas discriminatórias são ouvidas diariamente pelas profissionais, além da existência de assédio moral e diferença nos trabalhos desempenhados – como, por exemplo, trabalhos na rua e de investigação – porque as mulheres necessitam provar diariamente que são capazes, o que não acontece com os homens. “Todas nós sofremos assédio, por mais que a gente não perceba, existe, e isso é uma coisa que não é falada”.

Carla* é inspetora há 6 anos e conta que, desde que entrou na polícia, os comentários preconceituosos de colegas pelo fato de ela ser mulher sempre existiram, além da constante necessidade de provação: “tu sempre tem que comprovar não [apenas] que tu é competente, mas que tu é duas, três vez mais competente que o colega, só que é uma coisa mais velada”. Mas o assédio moral já atingiu a profissional também de maneira explícita. Com a previsão de entrada de novos policiais, Carla e o marido – que trabalha como inspetor no mesmo local – acharam uma boa oportunidade para pedir a troca de delegacia, já que o processo envolve conversar com diversos superiores. Inicialmente, o delegado disse que “não havia problema”, mas a inspetora conta que depois lhe foram impostas represálias. “Ele parou de falar comigo, fez uns dois churrascos na delegacia e não me convidou, ele não me cumprimentava mais e o meu marido ele continuava cumprimentando, conversando”.


Mulheres policiais em encontro recente da categoria | Foto: Divulgação/Ugeirm









A inspetora é mãe e, na época, a filha estava com um ano de idade, em período de amamentação. Como no local de trabalho existia plantão 24 horas, o delegado passou a tentar colocar Carla nessa escala de trabalho. “Eu tava amamentando, mas mesmo que eu não estivesse, como eu ia deixar a minha filha sozinha? Ela já passa todo o dia na creche, eu não poderia ficar com ela à noite” – conta a policial. Ela pediu ajuda para as chefias acima do delegado, expôs a situação e, inicialmente, conseguiu auxílio. “Mas a forma que ele achou de me castigar foi fechando o plantão 24 horas. Agora o registro de ocorrências é das 8h ao 12h e das 13h30 às 18h, ele me colocou lá, então eu fico lá o dia inteiro registrando ocorrência. Ele disse para os colegas que foi a forma que encontrou de me castigar” – relata Carla. A inspetora avalia que obteve apoio de superiores, mas aponta que alguns pendem para a defesa do delegado. Enquanto ela e o marido aguardam a transferência, é necessário apoio psiquiátrico.

A diretora Neiva Carla Back Leite destaca que debater os casos de violência é de extrema importância para que as próprias mulheres identifiquem as agressões: “Quando se fala em violência contra a mulher, a gente pensa logo nas mulheres fora da Instituição. Não! Nós também sofremos violência. E é isso que nós temos que ter presente, é isso que nós temos que parar, desnudar, pensar, a gente sofre alguma violência quase todos os dias nas delegacias de polícia”.

Denise Dora explica que esse empoderamento – independente do local onde a violência acontece – é necessário para a integridade pessoal das policiais que realizam atendimento: “Eu sou advogada, já fiz muitos atendimentos de mulheres em situação de violência. Se a gente tiver passando por uma situação de violência, se a gente tiver passando por uma situação de assédio, se a gente não estiver segura dessa integridade, dessa autonomia, obviamente que o relato da outra nos atinge em cheio, desestabiliza, a gente tem dificuldade de atender, então tem uma questão que é subjetiva, mas acaba produzindo um efeito nos procedimentos objetivos, portanto a gente tem que estar empoderadas, a gente tem que conhecer os direitos”. Neiva reforça que, para as profissionais, é necessária uma mudança dentro da Instituição: “A gente sabe que é terrível o número de feminicídios e para que a gente possa prestar um bom serviço, para que as pessoas possam ter direitos uma segurança de qualidade, é necessário que nós, mulheres policiais, sejamos incluídas nessa estrutura de segurança, sejamos enxergadas e respeitadas”.

*Os dois nomes utilizados são fictícios para preservar a identidade das vítimas

sábado, 26 de novembro de 2016

90 Anos

Fidel Castro



































"Para os ignorantes de plantão que estão comemorando a morte de Fidel Castro, fica aqui minha compreensão. Eu os compreendo. Eu sei, deve ser muito difícil pra essa gente que nunca fez nada pelos demais (e mal faz por si mesma) imaginar que este senhor que morreu aos 90, aos 27 anos comandou a tomada do quartel de Moncada e que aos 30 e poucos estava à frente de uma das revoluções mais importantes para compreender a geopolítica e a história do século XX. 

Deve ser duro mesmo olhar para nossas vidinhas insignificantes, uma existência que talvez não seja lembrada nem sequer pelos descendentes, e se deparar com uma biografia como a do Fidel Castro. Imagina que esse cara era de uma família rica de Cuba e deixou o conforto familiar para lutar numa revolução. Como pode? 

E tu aí não topa sequer entrar em greve pra não estragar os planos de férias, afinal, o pacotinho pago parcelado da CVC é mais importante do que qualquer causa coletiva. Não topa ir a um protesto pra não atrasar a janta e fica chamando quem protesta de vagabundo. Realmente, para quem pensa assim só sobra o deboche, a zombaria. Eu entendo, mentes assim, vidas como essas, não têm condições de compreender um personagem como Fidel Castro." 


Por Natalia Pietra




Condene-me, não importa, a história me absolverá.


A história me absolverá…Morre o maior líder político do século XX





fidel_castro_-_mats_terminal_washington_1959Ele falou isso aos 26 anos, quando ainda era um jovem revolucionário.


Depois do ataque ao quartel Moncada de Santiago de Cuba, em 26 de julho de 1953, e depois de passar 76 dias “preso em uma cela solitária”, como denunciou na época, ele fez a própria defesa no julgamento. E encerrou com estas palavras:

“Sei que a prisão será dura como nunca foi para ninguém, cheia de ameaças, de enfurecimento ruim e covarde, mas não a temo, como não temo a fúria do tirano miserável que arrancou a vida de 70 dos meus irmãos. Condene-me, não importa, a história me absolverá.”

Fidel Castro foi condenado no dia 16 de outubro daquele mesmo ano. Depois de passar 22 meses na prisão, foi libertado graças a uma anistia e partiu para o exílio no México.

Fidel Alejandro Castro Ruz (Birán, 13 de agosto de 1926 — Havana, 25 de novembro de 2016, o Fidel Castro, foi um político e revolucionário cubano que governou a República de Cuba como primeiro-ministro de 1959 a 1976 e depois como presidente de 1976 a 2008. Politicamente, era um um cubano nacionalista e marxista-leninista. Ele também serviu como Primeiro Secretário do Partido Comunista de Cuba de 1961 até 2011. Sob sua administração, Cuba tornou-se um Estado socialista unipartidário; a indústria e os negócios foram nacionalizados e reformas socialistas foram implementadas em toda a sociedade. Castro morreu em Havana na noite de 25 de novembro de 2016, aos 90 anos.

Nascido em Birán como filho de um rico fazendeiro, Castro adotou a política anti-imperialista de esquerda enquanto estudava direito na Universidade de Havana. Depois de participar de rebeliões contra os governos de direita na República Dominicana e na Colômbia, planejou a derrubada do presidente cubano Fulgencio Batista, lançando um ataque fracassado ao Quartel Moncada em 1953. Depois de um ano de prisão, viajou para o México onde formou um grupo revolucionário, o Movimento 26 de Julho, com seu irmão Raúl Castro e Che Guevara. Voltando a Cuba, Castro assumiu um papel fundamental na Revolução Cubana, liderando o movimento em uma guerra de guerrilha contra as forças de Batista na Serra Maestra. Após a derrota de Batista em 1959, Castro assumiu o poder militar e político como primeiro-ministro de Cuba. Os Estados Unidos ficaram alarmados com as relações amistosas de Castro com a União Soviética e tentaram sem êxito removê-lo através de assassinato, bloqueio econômico e contrarrevolução, incluindo a invasão da Baía dos Porcos em 1961. Contra essas ameaças, Castro formou uma aliança com os soviéticos e permitiu que eles colocassem armas nucleares na ilha, o que provocou a Crise dos Mísseis de Cuba – um incidente determinante da Guerra Fria – em 1962.

Adotando um modelo marxista-leninista de desenvolvimento, Castro converteu Cuba em uma ditadura socialista sob comando do Partido Comunista, o primeiro no hemisfério ocidental. As reformas introduziram o planejamento econômico central e levaram Cuba a alcançar índices elevados de desenvolvimento humano e social, como a menor taxa de mortalidade infantil da América, a erradicação do analfabetismo e da desnutrição infantil, mas foram acompanhadas pelo controle estatal da imprensa e pela supressão da dissidência interna. No exterior, Castro apoiou grupos anti-imperialistas revolucionários, apoiando o estabelecimento de governos marxistas no Chile, Nicarágua e Granada, além de enviar tropas para ajudar os aliados na Guerra do Yom Kipur, da Guerra Etío-Somali e da Guerra Civil Angolana. Essas ações, aliadas à liderança de Castro no Movimento Não Alinhado de 1979 a 1983 e ao internacionalismo médico cubano, melhoraram a imagem de Cuba no cenário mundial e conquistaram um grande respeito no mundo em desenvolvimento. Após a dissolução da União Soviética em 1991, Castro levou Cuba ao seu “Período Especial” e abraçou ideias ambientalistas e antiglobalização. Na década de 2000 ele forjou alianças na “onda rosa” da América Latina e assinou a Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América. Em 2006, transferiu suas responsabilidades para o vice-presidente e irmão Raúl Castro, que assumiu formalmente a presidência em 2008.

Castro era uma figura mundial controversa e divisiva. Ele foi condecorado com vários prêmios internacionais e seus partidários o elogiam por ter sido um defensor do socialismo, do anti-imperialismo e do humanitarismo, cujo regime revolucionário garantiu a independência de Cuba do imperialismo estadunidense. Por outro lado, os críticos o classificam como um ditador totalitário cuja administração cometeu múltiplos abusos ao direitos humanos, Através de suas ações e seus escritos, ele influenciou significativamente a política de vários indivíduos e grupos em todo o mundo.



Marcha combatiente por el Malecón y frente a la oficina de intereses de EEUU en Cuba en protesta por las medidas que quiere imponer George W. Busch a Cuba para la transcición a la democracia. La misma estuvo presidida por el Comandante en Jefe Fidel Castro Ruz y también participó el genewral de ejército Raúl Castro Ruz. (foto:Juvenal Balán) 14.05.04 SINA01N0
com Wikipédia e Granma




a humanidade ainda não acordou... muito menos o Brasil



RESQUÍCIOS DA CASA GRANDE EM TEMPOS DE CONQUISTA DE DIREITOS PELA SENZALA







MAGDA BIACASCHI e MIGUEL ROSSETTO.





A PEC 241, aprovada na Câmara, é estruturante do modelo ultraliberal que buscam implementar, como também a reforma da Previdência, a prevalência do negociado sobre o legislado, o projeto da terceirização, entre outros. O movimento é de regresso. Nessa dança, a Casa Grande dá o tom e o som Publicado em Brasil Debate

As desigualdades se aprofundam em tempos de capitalismo globalizado e hegemonizado pelos interesses das finanças. Enquanto em 1973 a população 1% mais rica detinha 10% da renda, em 2013 passou a deter 20% (PIKETTY, 2014). Nesse cenário, os direitos sociais sucumbem à força bruta e às políticas de ajuste que, apesar de comprovadamente ineficazes, continuam sendo “recomendadas” pelos organismos emprestadores de dinheiro.

Movido por um desejo insaciável de acumulação de riqueza abstrata (BELLUZZO, 2013), o capitalismo vai engendrando novas formas de organização, buscando eliminar quaisquer obstáculos ao seu livre trânsito. No Brasil, por exemplo, as políticas sociais públicas inclusivas, o Direito do Trabalho e a Justiça do Trabalho. Não à toa, em recursos extraordinários, está sendo postulado do STF que “roube a fala” do TST para que este, em suas decisões, não ofereça limites “à livre iniciativa”, como se estivéssemos no século XIX, em tempos da Constituição liberal de 1891.

Gilberto Freyre, em Casa Grande & Senzala, desnudou o caráter despótico da sociedade escravocrata brasileira. Uma sociedade centrada na vontade e no poder do senhor da Casa-Grande, o qual não conhece o bem e o mal; apenas seus desejos, a tudo e a todos objetivando para realizá-los (BIAVASCHI, 2007).

Em 1888, a Abolição livrou o país de seus inconvenientes. Quanto aos negros, porém, abandonou-os à sorte. Nesse processo, consolidou-se a exploração de uma mão de obra barata, em uma sociedade cujo tecido era costurado pelo signo da desigualdade e da exclusão (OLIVEIRA, 1990). As dificuldades de integração à sociedade eram atribuídas à inferioridade racial: marcas de uma herança que acabaram inscritas na estrutura social, econômica e política deste Brasil de mil e tantas misérias. Assim, a relação entre escravo e senhor apenas formalmente acabou por culminar no homem “livre”, sem que fossem superadas as condições instituintes da dominação e sujeição (BIAVASCHI, 2007).

Ainda hoje há resquícios dessa herança que se expressam, por exemplo, na ausência de uma política eficaz de democratização do acesso à terra e à renda; nas dificuldades enfrentadas para regulamentar a “PEC das domésticas” e a PEC 57A/1999 que permite a expropriação da propriedade quando evidenciada exploração da força de trabalho análoga à de escravo; nas tentativas de flexibilização do conceito de trabalho escravo; nas formas de preconceito e discriminação presentes na formação da sociedade brasileira que, extrapolando a esfera doméstica, volta e meia afloram em diversos setores da sociedade, da política e do Judiciário (BIAVASCHI, 2007).

A partir de 1930, em processo não linear completado pela Constituição de 1988 – que elevou os direitos do trabalho à condição de direitos fundamentais sociais e condicionou a livre iniciativa aos princípios da dignidade humana e do valor social do trabalho -, mulheres e homens trabalhadores, a ferro e fogo, foram conquistando o status de sujeitos de direitos trabalhistas, passando pela: criação das Juntas de Conciliação e Julgamento, em 1932; CLT, em 1943; regulamentação da Justiça do Trabalho em 1939, instalada em 1941 e integrante do Judiciário em 1946.

Justiça essa incumbida de concretizar um direito novo, profundamente social que, desde sua gênese, buscou compensar a assimetria nas relações de poder entre empregado e empregador, colocando diques à ação trituradora do movimento do capital. Daí porque esse Direito e as instituições aptas a dizê-lo têm sofrido duros golpes em tempos de regresso liberal (BIAVASCHI, 2007).

Nos governos Lula e Dilma, a política de valorização do salário mínimo, os programas sociais como Bolsa Família e outros, os benefícios da Previdência, o Pro-Uni, os sistemas de quotas, enfim, constituíram um patamar civilizatório que melhorou a vida dos menos favorecidos. Mesmo assim, ainda que os dados da distribuição de renda evidenciem melhoras, o Brasil permanece entre as piores posições, como os gráficos a seguir mostram-no em relação a alguns países do mundo e a evolução recente do índice no País.
































Ainda que muito se precise andar para completar a caminhada de superação das heranças coloniais, interesses econômicos e financeiros internos e externos ao Brasil interromperam esse processo. O impeachment da Presidente Dilma, sem prova de crime que o justifique, golpeou a democracia brasileira.

As forças que se aglutinam em torno dele deixam a cada dia evidente que, além dos temas relacionados à soberania nacional, a questão que as move é introduzir uma agenda ultraliberal, com potencial altamente desigualador e impacto negativo às políticas inclusivas, justo em tempos em que as desigualdades são acirradas pela ditadura dos mercados financeiros (BIAVASCHI, KREIN, 2016).

A PEC 241, aprovada na Câmara, é estruturante do modelo que buscam implementar, como também: a reforma da Previdência; a prevalência do negociado sobre o legislado; o PLC 30/2015 (PL 4330/04 na Câmara) que libera a terceirização para quaisquer atividades; a flexibilização do conceito de trabalho escravo; a redução da idade para o trabalho, entre outras.

Os que as defendem apostam no aprofundamento do ajuste fiscal, com severo corte de gastos públicos. E ao argumento falacioso da conquista da “modernidade”, maior produtividade e competitividade, clamam pela “quebra” da “rigidez” das normas da CLT de 1943, verticalizadas pela Constituição de 1988. O movimento é de regresso. Nessa dança, a Casa Grande dá o tom e o som.

O programa “Uma Ponte para o Futuro”, do PMDB, fundamenta muitas das propostas do governo Temer. Acaso aprovadas, mais uma vez serão colocados obstáculos à difícil caminhada superadora das heranças coloniais rumo a uma nação moderna e industrializada, hoje integrante do G20 e dos Brics. Sua não adoção pela então Presidente – segundo o Presidente Temer referiu nos EUA em encontro com empresários – teria sido uma das razões do impeachment.

Daí causarem perplexidade as declarações do Ministro do STF, Gilmar Mendes, incumbido de zelar pela Constituição, sobre Bolsa Família, afirmando ser “compra de voto”, e sobre a Justiça do Trabalho. Em liminar, que se confia não terá chancela da Corte, suspendeu o andamento das ações sobre ultra-atividade de normas coletivas, forte na Súmula 277 do TST, assinalando que essa interpretação atende a uma “lógica voltada a beneficiar apenas os trabalhadores”, cogitando de “fraude hermenêutica”, “jurisprudência sentimental”.

Em São Paulo, vaticinou: “Tenho a impressão de que houve uma radicalização da jurisprudência, no sentido de uma hiperproteção do trabalhador, tratando-o quase como um sujeito dependente de tutela”, afirmando que o Brasil é “desenvolvido industrialmente” com “sindicatos fortes e autônomos” e, inclusive, um Presidente “vindo da classe trabalhadora”.

Em um país de profundas desigualdades, com desemprego novamente alarmante e formas de contratação burladas que retiram da proteção social milhares de brasileiros, tais afirmações privilegiam um dos polos da relação, o capital. Opção que, contraposta ao princípio constitucional do valor social do trabalho que fundamenta a ordem social e a econômica (artigos 1º, IV e 170), acirra as inseguranças, fomenta a violência e traz sérias dificuldades à construção de uma sociedade civilizada e democrática. Sonho do qual a humanidade ainda não acordou. Muito menos o Brasil.



domingo, 6 de novembro de 2016

Uma “esquerdopata”, certo?


Processos, confissão de uso de drogas, corrupção: o triste fim dos movimentos pró-impeachment. Por Donato




Diário do Centro do Mundo









Postado em 06 Nov 2016


por : Mauro Donato




Ela se contrapõe a Olavo de Carvalho. Critica fortemente Janaína Pachoal. Compartilha um meme que diz facilitar a vida das pessoas ao indicar ‘personalidades’ que devem ser bloqueadas: Kim Kataguiri, Reinaldo Azevedo, Fernando Holiday, Gilmar Mendes.


Desce a lenha nos movimentos que arquitetaram o impeachment. Uma “esquerdopata”, certo? Nada disso. Trata-se de Daniela Schwery, uma ativa participante desses mesmos movimentos, que divulgava vídeos dessa essa turma toda e era defensora desse pessoal até ontem. O que está ocorrendo com a direita ‘vencedora’?


Há alguns dias um áudio do revoltado online Marcello Reis vazou e o que se ouviu foi, além de seu característico estilo pouco diplomático, aparentemente alterado, uma lavação de roupa imunda que expõs o estágio atual de guerra declarada entre aqueles que foram às ruas patrocinados por Fiesp e patota, atingiram o primeiro objetivo (expulsar Dilma e o PT), mas que depois não encontraram vaga no camarote.


Reis dirige-se a Carla Zambelli, do “Nas Ruas”, outra ‘expoente’ verde-e-amarela da avenida Paulista, como ‘vaca, filha da puta’ e por aí vai. De quebra, cita Daniela Schwery. Daniela também sai atirando para todos os lados.


“Não deixem não, amiguinhos, esfreguem na carinha deles que o bonitão da família da Carla, o cunhadinho querido, com malas de dinheiro é o DONO da OAS e queria contar com a morosidade da justiça e ministros de bolso para livrar a cara dos companheiros, o que a Carla bota na prática alinhando e aparelhando os protestos aos interesses das empresas ligadas a lava jato, como a Suzano, tendo os Feffers como seu patrocinador – família que está aparelhando a FIESP – contando com a ajudinha do industrial que não tem indústria, o Skaf, que tem seu filho casado com a fefferlandia”, escreveu Schwery nas redes sociais, revelando que ali todo mundo se conhece, tem relacionamento muito próximo. O ‘cunhadinho’ de Carla Zambelli é Bruno Brasil, da empreiteira OAS.


Daniela Schwery agora se diz ‘empenhada em desmascarar essa gente, em denunciar suas práticas’. Agora quer posar de indignada, que foi enganada. Daniela Schwery, Marcello Reis e companhia limitada creem fielmente que somos idiotas ou eles é que são? Não sabiam de nada?


O áudio de Marcello Reis o contradiz bem rapidamente. Admite conhecer Carla há muito tempo. “Muuuuuito tempo”, ele diz. Admite ter tido um convívio próximo ao cunhado empreiteiro dela durante os anos de luta pelo impeachment de Dilma. Cunhado que ele afirma ser quem levava malas de dinheiro (e aí, Polícia Federal, vai chamar o cara para depor?).


Carla e Reis (ao centro) em outros tempos



Em tempo: Carla Zambelli postou um esclarecimento em sua defesa (que no pedantismo típico desse pessoal ela chamou de ‘Nota Oficial’) afirmando que Bruno Brasil é em ex-cunhado e que não fala com ele ‘desde que começaram as prisões da Lava Jato’.


Agora querem dar uma de inocentes? Não sabiam do rabo preso, das segundas intenções? Agora se referem ao MBL e demais golpistas como ‘bando de moleques’, ‘quadrilhas financiadas’?


“Então podemos considerar como Premissa (sic) de que (sic 2) qualquer um que lute contra o Establishment jamais ganhará popularidade sem o apoio dos senhores do capital?”, pergunta um aturdido seguidor de Daniela Schwery. “Podemos sim, infelizmente”, responde ela em tom misto de Margarida Arrependida com Pedro Bó.


O admirador de Daniela muito provavelmente tenha citado falta de popularidade em referência ao fracasso de Schwery nas eleições. Ela candidatou-se a deputada estadual pelo PSDB e não foi eleita. Obteve míseros 1.101 votos. Ela que sempre foi ligada ao partido tucano, aliada de José Serra, agora publica na internet que o PSDB ‘deveria ser varrido’. Neste ano fez campanha para o Major Olímpio. Melhorou, hein? Daniela é apoiadora dos militares faz tempo.


A ex-tucana se esforça para desgrudar-se do cordão umbilical e está em campanha por uma ‘CPI dos Movimentos Já!’. Diz não sofrer de indignação seletiva e quer investigados o NAS RUAS, o MBL, CUT, MST. “Acompanhando as últimas notícias, vídeos e áudios relacionados aos movimentos sociais ficou claro que tem muita coisa errada e que não se encaixa dentro do contexto político que vivemos. São denúncias que envolvem partidos políticos, empresas envolvidas na lava jato e muito dinheiro. Acredito que os envolvidos devam se pronunciar e colocar tudo em pratos limpos, caso contrário seremos a piada da esquerda”, postou ela e completou: “Não temos bandidos de estimação.”


É curioso ver a direita se batendo. Além da profundidade típica dos debates ‘políticos’ (se xingam, ameaçam, agridem fisicamente, ofendem, carregam argumentos rasteiros, são reativos emocionais sem um pingo de respeito pelo contraditório) é fundamental, entretanto, saber quais interesses deixaram de ser atendidos para declararem guerra desse jeito.


Como louvaram e idolatraram empresas e pessoas com a ficha tão suja durante tanto tempo e agora vêm com esse mimimi auto-acusatório? É o roto falando do remendado.


Dizer que só descobriu hoje que ‘Janaína Pachoal é uma articuladora para blindar o PSDB’ e que tudo nasceu com o propósito de brecar a Lava Jato é um 171 fajuto demais. Até para a direita golpista.


Por uma CPI dessa pilantragem.