terça-feira, 20 de setembro de 2016

Porto Alegre em chamas!

Mauro Baitasar



Como a cidade de Porto Alegre, capital de todos os gaúchos e gaúchas, referência no mundo em solidariedade, humanidade e urbanidade, em QUATRO governos sucessivos do PT, desde 1989 até 2004, se torna em 2016 – 12 anos depois do último governo petista portoalegrense - referência mundial em violência urbana? No ranking criminalidade, a cidade de Porto Alegre está entre as DEZ cidades mais violentas do MUNDO! Não dá para culpar o PT. Não dá para dizer que é uma maldita herrança petista! Mas dá para sentir muita saudade dos governos petistas em Porto Alegre.

Cada um/uma dos portoalegrenses deve – e precisa – elencar razões para essa honraria da mediocridade administrativa. Em DOZE anos perdemos espaço para sediar o Fórum Social Mundial, nos tornamos invisíveis, até que chegou o toque de recolher imposto pela criminalidade. Isso não é retórica, é a formalidade do nosso cotidiano. Não é frase de efeito, mas o efeito do que estamos vivendo.

Não existe apenas uma razão para tanta violência, mas muitas escolhas equivocadas dos/das portoalegrenses, somadas ao povo eleitor gaúcho: A escolha do mesmo boneco golpista das liberdades e conquistas sociais. Escolher esse boneco só por burrice, desatenção ou interesse empregatício explica em parte tanta violência invisível. Gritos que não ouvimos porque não queremos ouvir.

Devido a gravidade da vida de medo, que chamo de não-vida, vou tentar delucidar o protagonismo da burrice e desatenção nesta tragédia coletiva. O interesse empregatício, por óbvio, não vou atentar nem usar do seu ou do meu tempo. Todo vilão é medíocre, não porque lhe falte inteligência ou esperteza, porque é fingido, incorreto e injusto. É um traidor da vida, despreza todas as vidas que não se submetem ao seu protagonismo conquistador. Um agente bárbaro e sanguinário, mas um ator eficaz. Um candidato pelo empregatício é um ator eficaz. Todos e todas estamos sujeitos a uma ou muitas atuações fingidas pelo empregatício. Importante, mas não determinante. 
Mas a fofoca quando assume o caráter de profecia dá convicção e torna a cidadania invisível. Os direitos e os espaços de ninguém e de todos desaparecem. Voltamos à mendicância e ao roubo da vida.

Então, o que dá formato a tudo isso? 


Do ponto de vista do retorno rápido, é o jornalismo. O mais mentiroso praticado no MUNDO. Olha só, de novo, estamos lá no alto da pirâmide das comparações, encontramos homens e mulheres que usam os meios de comunicação de massa para inventar fatos ou esconder fatos, conforme os interesses deles mesmos ou em acordo com a relevância para o patrão. E não se engane, o leitor, telespectador ou ouvinte não é o patrão. Não somos o patrão, somos o efeito colateral. Aproveitemos.

Um jornalismo criminoso produz uma sociedade de criminosos. Um jornalismo mentiroso fabrica uma sociedade de mentirosos. Um jornalismo cínico concebe uma sociedade de cínicos. Um jornalismo de ódio ensina e educa para o ódio. Um jornalismo que reconhece nos efeitos colaterais, apenas isto, mortes possíveis de absorver, é cúmplice de cada morte em Porto Alegre. Esse jornalismo ideológico e partidário reinventou a sociedade desumana, mentirosa, cínica e canalha. Aproveitemos.

Tenho medo dos adultos crescidos das crianças que não brincam aos 5, 6 e 7 anos, a infância perdida para a alfabetização precoce (desculpem, mas não consigo resistir à piada: por que tanta estupidez destes pais? qual a razão para tanta pressa? pais... os seus filhos trabalharão até os 70 anos! calma, deixem que eles curtam a vida, pelo menos, nos seus primeiros 7 anos!), mas tenho uma pequena esperança. Afinal, são apenas crianças. Ainda não cresceram, mas vão crescer. Aproveitemos.

Tenho medo dos adultos que consomem esse jornalismo criminoso como se estivessem mascando tabaco ou chicletes. Adultos midiotizados. Não tenho esperanças. Nenhuma. Está fácil imaginar uma sociedade cada vez mais violenta, indiferente, egoísta, sem emoção ou sentido humano. Todo o humano que tínhamos substituído pelo sentido do dinheiro. Com esse jornalismo é um caminho sem volta. The Wall está a poucos metros e continuamos pisando no acelerador. Os homens e mulheres desse jornalismo criminoso são uma peste social, somatizam medos e mentiras em seus leitores/leitoras. Modelam uma couraça de preconceitos e conceitos que poupam os amigos e criminalizam os não-amigos. Aproveitemos.

Enganam-se aqueles que acreditam que protegem seus filhos/filhas com mais e mais policiais nas ruas (desculpem, novamente, não consigo resistir, não seja tolo de acreditar que não quero policiais nas ruas. e, por favor, sem esse seu catecismo estutipificado que deseduca: os direitos humanos só se preocupam com bandidos). Começaremos proteger nossos filhos/filhas quando assegurarmos uma vida de oportunidades dignas para todos os jovens da periferia, das vilas e das escolas públicas.


As curvas da vida com sonhos.

Não esperemos ver que os jovens se decidiram pela vida do crime para agirmos (desculpem, de novo, não consigo aguentar: matar esses jovens não é solução, nunca foi nem vai ser solução, só irá criar a aceitação da morte pela mão do Estado. naturalizar a violência e a ganância pelo acumulo de riqueza faz brotar como musgo a pobreza. hoje, temos cada vez mais jovens inspirados por bandidos, sonham com o mundo do crime. esse é o seu modelo de sucesso).

E a solução? Não temos a solução? É isto, e pronto?

E a Educação? Mas qual Educação?

A Educação do silêncio?

Cala a boca, Vocês não querem aprender!


Mas aprender o quê, professora?

Qual Educação? A Educação Formatadora que forma mão-de-obra acessível e barata; matadora de sonhos?

Estamos satisfeitos? Poderia ser pior? Nem quero imaginar esse pior.

Pense: É essa educação medíocre oferecida em nossas escolas públicas que você quer para o seu filho/filha (desculpem, é irresistível, não grite por falta de condições etcetcetc, esses chefes – prefeito e governador – foram eleitos com o seu voto, nunca prometem nada, mas desmancham o pouco que foi construído)?

Confiança, perdemos a confiança na sociedade que nos tornamos. Não acredito em solução mágica, mas o templo da perdição do governo golpista, não por acaso do PMDB, eles propõem mais uma ruptura na Educação Básica: fim da Filosofia, Sociologia, História, volta da Educação Moral e Cívica. Agora vai, iremos obrigar nossas crianças contar passos para entrar e sair das salas de aula, Um dois feijão ou arroz, Três quatro sem comida no prato! Sublimamos Hitler! Não precisamos queimar livros, estamos queimando a Filosofia, Sociologia, História e seus professores. As próximas gerações nem saberão que tudo isso já existiu!


Dois para frente, cinco para trás, Um dois nem feijão nem arroz, Três quatro nem comida nem prato!

Tenho apenas uma certeza, Enquanto não neutralizarmos esse jornalismo criminoso, não teremos chance de um outro jeito de viver. Nos tornamos o que sempre fomos: uma sociedade golpista. Mas também nos tornamos o que nunca fomos: referência no mundo, entre as DEZ cidades mais violentas do MUNDO!

Parabéns, a todos/todas envolvidas. Aproveitemos.



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