quinta-feira, 4 de junho de 2015

Acabou a greve dos municipários de Porto Alegre, por enquanto...


Em votação disputada, municipários decidem encerrar greve






Assembleia aconteceu durante a tarde desta quarta-feira | Foto: Guilherme Santos/Sul21




Débora Fogliatto

Os servidores municipais de Porto Alegre decidiram, por 589 votos contra 529, terminar com a greve que já durava 15 dias na capital. A paralisação foi encerrada em assembleia organizada pelo Sindicato dos Municipários (Simpa) após proposta da Prefeitura, feita em reunião na manhã desta quarta-feira (3), para que os trabalhadores compensem os dias parados, ao invés de os terem descontados de seus pagamentos. O poder municipal havia anunciado que, caso a proposta não fosse aceita, a negociação iria regredir.

A proposta do Executivo inclui ainda a publicação e pagamento das progressões a partir de março de 2016, com o passivo adquirido entre 2010 e 2012 a ser pago em 60 parcelas reajustáveis. Essa era uma demanda do comando de greve, visto que a Prefeitura se negava a fornecer uma data específica, argumentando que divulgaria apenas em setembro o início dos pagamentos.

Também ficou acordada reposição salarial em 8,17%, dos quais 4% serão pagos imediatamente, 2% em dezembro e 1,97 em janeiro de 2016 — anteriormente, a proposta era que fosse em março; vale-alimentação no valor de R$ 18,50, o que representa um reajuste de 8,82%; a formação de um comitê de acompanhamento do Plano de Saúde. Os trabalhadores que já foram descontados pela paralisação terão os valores repostos após compensarem as faltas.

A Prefeitura e os municipários também já começaram a trabalhar em um projeto para corrigir o efeito cascata — uma das principais reivindicações da categoria quando a greve foi iniciada. A proposta deve garantir a manutenção das gratificações e foi necessário após uma emenda constitucional de 1998, que considera ilegal a integração das gratificações ao cálculo dos reajustes salariais. Anteriormente, um projeto já havia sido enviado para a Câmara de Vereadores, mas não agradava os servidores, que o consideravam um “abono insuficiente”.



Assembleia contou com mais de mil participações | Foto: Guilherme Santos/Sul21



Durante a assembleia, grupos se revezaram ao microfone para defender a continuidade ou a interrupção da greve. A votação foi realizada três vezes até se chegar no resultado final, quando os votos foram contados um por um, estabelecendo-se a diferença de 60 votos.

Para uma das diretoras-gerais do Simpa, Débora Carvalho Xavier, a greve foi “vitoriosa no sentido da participação da categoria”, quesito no qual ela cita a grande adesão da Educação, da Assistência Social e da Saúde, mesmo que esta última tenha “enfrentado obstáculos com a terceirização”. “Ao mesmo tempo, vimos uma dureza muito forte do governo, conseguimos muito pouco na pauta econômica. Mas para nós, o principal é o efeito cascata”, avaliou.

Os municipários queriam, inicialmente, que um projeto fosse elaborado e votado pela Câmara Municipal ainda durante a greve, mas a Prefeitura afirmou ser impossível a realização em curto prazo, estabelecendo 30 dias para a construção da proposta. “Entendemos que avançamos nesse sentido, há um compromisso do governo. E sabemos que se houver qualquer vacilo em relação a isso, conseguimos mobilizar a categoria”, afirmou Débora.

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