sábado, 16 de maio de 2015

Um convite a todos que gostam de escrever sobre escola


Beatriz Cerqueira responde a colunista: acordo em Minas enterra choque de gestão tucano que destruiu educação pública




publicado em 16 de maio de 2015 às 12:33


Fernando Pimentel, lideranças políticas e sindicais anunciam o acordo (foto Décio Junior); já no Paraná do tucano Beto Richa…



por Beatriz Cerqueira, especial para o Viomundo


Quando os colunistas da revista Veja escrevem sobre educação pública, eles sabem do que estão falando? Conhecem a nossa realidade? Sabem de fato o que está nos nossos contra-cheques? Abandonariam a escola particular de mensalidades superiores aos nossos salários e colocariam seus filhos na escola pública?

Acabo de ler artigo do colunista Reinaldo Azevedo sobre o acordo assinado pelo Sind-UTE MG e o Governo do Estado no último dia 15 de maio.

Para ele tudo não passa de estratégias petistas que nada têm a ver com a educação e só tem o objetivo de constranger bons gestores como Beto Richa e Geraldo Alkmim.

Vou ajudá-lo a conhecer a realidade. E começo convidando-o a vir a Minas Gerais, entrar numa escola estadual e conversar com um professor, qualquer escola, qualquer professor.

Vai descobrir que o PSDB, com o seu modelo de choque de gestão, destruiu a educação mineira, que os indicadores de qualidade divulgados dando a idéia de que Minas Gerais tem a melhor educação do país eram manipulados, o sistema de registro dos alunos impedia que o professor registrasse a verdade sobre o aluno em função do seu desempenho.

Vai descobrir também que os alunos não tem onde comer, porque a maioria das escolas não têm refeitório.

Faço o convite para que os colunistas que escrevem sobre escola pública matriculem seus filhos em escola que funciona em motel desativado ou em posto de gasolina. Podem escolher.

Lutamos para receber um salário, que deve ser o valor que suas esposas gastam com bolsas de marca. Embora seja lei federal, lutamos há 7 anos para receber os reajustes do Piso Salarial Profissional Nacional.

Os governadores Aecio Neves e Antonio Anastasia poderiam ter cumprido a lei, mas não o fizeram.

Receberemos isso pela primeira vez a partir do acordo que assinamos. Por aqui, quem tem mestrado recebe como se tivesse apenas licenciatura curta e quem é pós-graduado recebe como se tivesse apenas nível médio de escolaridade.

Apresentamos, incansavelmente, a reivindicação para que isso se modificasse. Conseguimos agora descongelar a carreira.

Estávamos proibidos de comer na escola, mas tenho certeza que nunca faltou aos colunistas o cafezinho e o biscoito amanteigado!

Na rede estadual são 2/3 de profissionais com vínculo precário, embora a constituição do estado determine que o ingresso no serviço público se dê por concurso público.

Começamos a mudar isso com 60.000 mil nomeações. Com a grande experiência que devem ter, os colunistas devem acreditar que esse negócio de concurso é coisa do passado, que o legal é terceirizar e contratar professor como pessoa jurídica!

Mas, na verdade, o artigo tem o propósito de defender o indefensável: Beto Richa do Paraná e a forma como trata os professores!

Mas se serve de consolo, aqui em Minas já respiramos gás lacrimogêneo. Aqui, policiais militares já despejaram gás de pimenta em nossos corpos. Por aqui também já fizemos meses de greve por uma miséria de Piso salarial cujo valor deve ser o de um jantar de fim de semana nos bons restaurantes que frequentam!

Ficamos 4 meses com corte de salários, sobrevivendo da solidariedade alheia, sendo humilhados e achincalhados por pessoas que, como você, acham que educação não é direito, é bem de consumo.

Pode ser qualquer coisa porque é para a classe trabalhadora.

A elite não se contenta em ter, precisa impedir que os trabalhadores disputem o orçamento público, a prioridade de gestão.

Se fosse um acordo com a Fiemg ou com as empreiteiras ou mineradoras estaria tudo na devida ordem, mas acordo com trabalhador? Que vai significar mais de 70% de mudança salarial?

Enquanto os “bons governadores” espancam professores e destroem a escola pública.

Parece impensável mesmo!

Também deve incomodar a nossa luta contra a invisibilidade que os governos tentam nos impor, a nossa memória de não esquecer a mão que segura o chicote e a nossa rebeldia de não aceitarmos ficar restritos à senzala e sempre incomodarmos a casa grande.

Aí o sindicato, que é a forma de organização do trabalhador, merece especial atenção para ser atacado e a luta coletiva desqualificada. A alienação do trabalhador serve bem ao sistema.

Na crítica somos meros coadjuvantes, desconhecendo os anos de lutas que travamos no estado para mudarmos a realidade! Estas críticas mostram que estamos no caminho certo. O dia que formos elogiados por vocês, será motivo para que a classe trabalhadora fique preocupada com os rumos da luta!

Por fim, faço o convite a todos que gostam de escrever sobre escola pública. Venham a Minas Gerais e vivam por um mês com os salários pagos, herança maldita do PSDB. Façam a grande descoberta de suas vidas: descubram o que é escola pública!

E o que assinamos no dia 15 de maio, não foi por bondade de governo, foi resultado de anos de luta. E continuamos mobilizados! Este documento foi o começo da recuperação do que perdemos na última década.

Aqui em Minas a pauta da educação se transformou na pauta dos movimentos sociais! Não lutamos sozinhos. E isso causa ainda mais medo na casa grande!


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Detalhes do acordo em Minas, da página do deputado Rogério Correia:



Servidores da Educação e Saúde aceitam proposta e fecham acordo com Governo de Minas


O Governo de Minas assinou nesta sexta-feira (15), acordo com os trabalhadores da educação, em dia histórico para a categoria, que teve sua carreira defasada em 12 anos de governo tucano no estado. O acordo vai possibilitar o pagamento do Piso Salarial Profissional Nacional para os professores e demais profissionais da educação, entre outras conquistas. Com diálogo, transparência, sensibilidade e vontade política, o acordo é fruto de um imenso esforço do governo para valorizar os servidores da educação, reafirmando os compromissos assumidos com a sociedade e construindo as bases para o aprimoramento das políticas educacionais, com a efetiva participação de pais e alunos, trabalhadores e Governo.

Pelo acordo, será concedido reajuste de 31,78% na carreira do Professor de Educação Básica, a ser pago em dois anos, ficando assegurado o pagamento do Piso Salarial Profissional Nacional para uma carga horária de 24 horas semanais. O reajuste será implementado em três parcelas que serão incorporadas ao salário. A primeira delas, de R$ 190,00, corresponde a um aumento de 13,06% para o Professor de Educação Básica, e será paga mensalmente a partir de junho de 2015.

A coordenadora-geral do Sind-UTE, Beatriz Cerqueira, falou sobre o momento histórico para os servidores da educação no estado, que lutam pelo piso a anos. “A Assembleia da Educação aprovou a assinatura de acordo com o Governo. Conquistamos as mesmas condições para trabalhadores e aposentados. Tudo isso é resultado de muita luta, de nós não termos desistido do piso salarial”, destacou a sindicalista.

As principais conquistas da educação também foram apresentadas pela coordenadora do Sind-UTE. “Nós acabamos com o subsídio como forma de remuneração, mantivemos os níveis de percentuais da carreira, de promoção e progressão, conquistamos a garantia de reajustes anuais para todas as carreiras, não apenas os profissionais de magistério, 60 mil novas nomeações de concurso público, aprovação de perícia médica para aposentadoria de trabalhadores da lei 100, ou para os que estão em ajustamento funcional”, ressaltou.

Para o Deputado Estadual Rogério Correia, a aprovação da proposta do Governo de Minas é um feito histórico. O Deputado não deixou de falar sobre o modo petista de governar, a eficiência e o respeito com os trabalhadores. “Felizmente, depois de 12 anos de Choque de Gestão, onde os professores viam em assembleia e depois saiam em passeata pelas ruas infelizes, descontentes, reprimidos muitas vezes pela PM, isso teve fim, agora estabelece um processo de negociação”, afirmou.

As gestões tucana em outros estados não são exemplo para ninguém, segundo Rogério. “É importante ressaltar a diferença do que está acontecendo, no Paraná, com professores espancados, pela PM, a mando do governo do PSDB, a greve que já dura 60 dias em São Paulo, a greve no Pará e em Goiás, com exemplos que não devem ser seguidos”, enfatizou o parlamentar.

O deputado, ainda relembrou a época em que outros governos maltratavam a educação em Minas. “Professores recebendo Jato D’água na época do governo Francelino, lideranças ficarem presas do Dops, assisti governadores dizerem que professoras eram mal casadas, vi impedirem passeatas até a praça Sete e, por último, 12 anos desse maldito Choque de Gestão, que ficaram marcados como tragédia. Aliás, era Azeredo, Aécio e Anastasia os três ‘as’ de azar do professor”, relembrou.

A assembleia que definiu o fechamento do acordo ocorreu na quinta-feira (14), no hall das bandeiras da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, trabalhadores e trabalhadoras em‪ educação‬ votaram e aceitaram a proposta de Governo. Após a assinatura, o documento será encaminhado em regime de urgência para a Assembleia Legislativa de Minas Gerais para apreciação. Para sua aplicação, o acordo deve ser aprovado pela Casa e transformado em lei. ”Como líder do Bloco do Governo na Almg, vou trabalhar com os demais deputados, para no início de junho já estar aprovado na ALMG, os professores têm pressa. E não podem esperar mais”, finalizou o deputado.

Saúde também fecha acordo com Governo

Na terça-feira (12), servidores da Saúde assinaram, também na ALMG, um acordo com Governo do Estado. Participaram da reunião representantes da Secretaria de Estado de Planejamento de Gestão (SEPLAG), Secretaria de Estado da Saúde (SES), Associação dos Trabalhadores da Fhemig (Asthemg), Sindicato Único dos Trabalhadores da Saúde (Sind-Saúde-MG) e parlamentares.

A proposta do Governo do Estado engloba um aumento de R$ 190 para todos os trabalhadores da Saúde e a criação de um grupo de trabalho para discutir o plano de carreira da categoria, com a primeira reunião marcada para 18 de maio. Entre os pontos que serão estudados pelo grupo – formado por representantes do governo e das entidades sindicais – está a redução da carga horária, uma das principais reivindicações da categoria.

Até agosto deste ano, o grupo deverá formular um cronograma de implementação da revisão dos planos de carreira a partir de 2016. “Fizemos várias reuniões com os trabalhadores reforçando a disposição do governo de valorizar o servidor como parte essencial para a gestão eficiente do Estado. Vamos continuar buscando o diálogo, o respeito e a transparência”, afirmou a subsecretária de Gestão de Pessoas da Secretaria de Estado do Planejamento (SEPLAG), Lígia Maria Alves Pereira.

Para o diretor do Sind-Saúde, Renato Barros, as negociações avançaram nesse governo e vêm atendendo às reivindicações dos trabalhadores. “Antes, era impossível negociar com o governo. Essas reuniões não aconteciam”, diz Barros, acrescentando que o próximo passo da categoria é acompanhar a aprovação do projeto de lei que será enviado à Assembleia Legislativa.

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