domingo, 31 de maio de 2015

Marin é um fantasma do passado que o Brasil moderno quer ver exorcizado? Ou apenas mais um bode (bem grandão) na sala?


JOGO SUJO
O ninho de ratazanas






Por Luciano Martins Costa
em 29/05/2015



A imprensa brasileira se regozija com a prisão, na Suíça, do ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), José Maria Marin, por conta das investigações de autoridades americanas sobre corrupção na organização internacional do futebol profissional. Nas edições de sexta-feira (29/7), um dos destaques é a fuga do atual presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, que deixou a conferência da Fifa em Zurique e preferiu se refugiar no Brasil.

O noticiário equivale a uma bomba num ninho de ratazanas.

Os jornais abrem algumas frentes para abordar o assunto, e a principal delas é a chance de retomar as apurações da CPI da Nike, aberta no ano 2000 e concluída no ano seguinte. O relatório (ver aqui) já apontava irregularidades nas relações da CBF com a empresa de material esportivo e o Grupo Traffic, cujo dono, José Hawilla, fez um acordo de delação com o FBI.

O senador e ex-jogador de futebol Romário de Souza Faria (PSB-RJ) protocolou o pedido de abertura da CPI e é tido como provável relator, por sua familiaridade com o assunto e por haver denunciado, sucessivas vezes, irregularidades na gestão do futebol brasileiro. O assunto também mobilizou o senador Zezé Perrella (PDT-MG), que em 2013 se empenhou em abortar uma iniciativa semelhante, convencendo vários colegas a retirar a assinatura de apoio à abertura de uma investigação sobre a CBF.

Perrella, que se notabilizou como presidente do Cruzeiro Esporte Clube e foi citado na crônica policial, em 2013, quando um helicóptero de propriedade de sua família foi apreendido com 450 quilos de cocaína, saiu coletando adesões para uma CPI já na manhã de quarta-feira (27/5), quando as prisões de dirigentes da Fifa ainda chegavam aos portais noticiosos da internet.

Evidentemente, o destino da investigação no Congresso estaria selado se fosse criada a CPI de Perrella e não a de Romário.

Essa é, aliás, uma das táticas mais comuns que levam muitas Comissões Parlamentares de Inquérito à desmoralização: deputados ou senadores que têm alguma coisa a temer se antecipam, participam ativamente ou tratam de ocupar um posto estratégico, como a relatoria ou a presidência, para conduzir o trabalho a resultados inócuos.

Um “encosto” da ditadura

Mas esse é apenas um dos aspectos presentes na profusão de reportagens, entrevistas e opiniões abrigadas pela imprensa. Nas entrelinhas, pode-se colher alguns detalhes que devem orientar a ação da Polícia Federal, que também deu início a uma investigação para apurar crimes previstos na legislação brasileira. A abertura dessa nova frente ganha destaque na mídia, mas não parece assustar alguns protagonistas, como Marco Polo Del Nero, que substituiu Marin na presidência da CBF.

A fuga do dirigente para o Brasil faz sentido, porque aqui ele tem mais chances de se safar da prisão e de evitar a deportação para os Estados Unidos: segundo a Folha de S.Paulo, a Polícia Federal já abriu, nos últimos 15 anos, 13 inquéritos sobre a gestão do futebol nacional, e nenhum deles teve qualquer resultado. Nesse período, a entidade patrocinou congressos e viagens de policiais e até cedeu a Granja Comary, centro de treinamentos da Seleção Brasileira, para um torneio de futebol de delegados federais.

Del Nero trata de se distanciar de seus padrinhos, José Maria Marin e Ricardo Teixeira, que renunciou à presidência da CBF em 2012, para fugir das acusações que pesavam contra ele, e passou a viver em sua casa em Miami. Sabedor das investigações nos Estados Unidos, Teixeira voltou a morar no Rio de Janeiro, onde também espera estar a salvo da Justiça.

Ricardo Teixeira ainda não se manifestou, Marin está recolhido a uma pequena cela num presídio comum de Zurique, e Del Nero trata de se distanciar dos dois. Mandou retirar o nome de Marin da fachada do edifício-sede da CBF, no Rio, e entregou ao Ministério Público Federal cópias dos contratos que estão sendo investigados pelo FBI.

Todos os dedos apontam para José Maria Marin, embora as investigações da polícia americana citem negociatas iniciadas na gestão de Ricardo Teixeira e alcancem o atual presidente da CBF, Marco Polo Del Nero.

O esquema criminoso remonta ainda ao longo mandato de João Havelange, mas é a figura de Marin que acende essa espécie de catarse que excita a mídia: com seu passado de sabujo da ditadura, um dos incentivadores da repressão que resultou no assassinato do jornalista Vladimir Herzog em 1975, Marin é um fantasma do passado que o Brasil moderno quer ver exorcizado.




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Marin, o algoz de Herzog – Randolfe Rodrigues

Sem luz própria... co-habitam na escuridão


A ‘revelação’ de Mariana Godoy sobre os apresentadores da Globo



Diário do Centro do Mundo



Postado em 31 mai 2015
por : Paulo Nogueira



Agora ela pode fazer perguntas




As pessoas pareceram surpresas, nas redes sociais, com uma declaração da jornalista Mariana Godoy, ex-Globo, sobre os apresentadores da emissora.

Numa entrevista, ela se disse feliz com seu novo emprego na Rede TV porque, finalmente, pode fazerperguntas, e não simplesmente ler as que os outros fazem por ela.

Outros não. Outro: Ali Kamel, diretor de jornalismo da Globo.

As pessoas achavam que os apresentadores da Globo tinham luz própria para fazer alguma coisa além de declamar.

Não.

Mariana fez questão de incluir Bonner na lista dos que são papagaios de Kamel.

Numa discussão entre jornalistas no Twitter, alguém ponderou que, a rigor, não havia novidade.

Mas outro notou que era a primeira vez que alguém, com autoridade, dizia tão cruamente isso.

A primeira constatação é que Kamel não é um grande perguntador, dado o nível de entrevistas da Globo.

A segunda é que ele é um centralizador doentio. Um chefe inspirador recruta ou forma apresentadores capazes de fazer perguntas a quem quer que seja.

Se seus comandados não são capazes de conduzir uma conversa, o problema está em você, e não neles.

Ensine-os a pescar, em vez de dar-lhes os peixes.

Outra coisa é como é ruim trabalhar na Globo. A emissora dá visibilidade, mas não oferece as coisas que realmente tornam atraente uma atividade, a começar por autonomia.

Você pode miseravelmente pouco quando não é um Marinho na Globo, ou alguém de seu círculo mais próximo.

O que Mariana não disse, por ir além do que ela via, é que as perguntas de Kamel são devidamente aprovadas previamente por João Roberto Marinho, o irmão que cuida do conteúdo da Globo.

Não me refiro, obviamente, às perguntas triviais, mas às que verdadeiramente contam.

Por exemplo, as que foram feitas no Jornal Nacional aos candidatos à presidência.

O que os apresentadores devem saber fazer é lidar com as respostas. Patrícia Poeta, pelo que se noticiou, não foi aprovada na maneira como encaminhou, ou desencaminhou, a entrevista com Marina, e foi tirada do JN.

Mas o mais relevante, no debate, é que o que ocorre na Globo é um lugar comum nas corporações de mídia. Só quem manda são os donos.

Na Veja, o diretor de redação Eurípides Alcântara executa, apenas, as vontades dos Civitas.

Em outros tempos, você tinha um certo equilíbrio no jornalismo brasileiro. Os donos, compreensivelmente, eram de direita. Mas as redações eram, também compreensivelmente, progressistas.

Na Folha, Claudio Abramo puxava o jornal para um lado e Octavio Frias para o outro, e o resultado era um conteúdo frequentemente instigante.

O equilíbrio se perdeu a partir de 2003, com a ascensão de Lula.

Os donos buscaram obsessivamente chefes de redação afinados com eles, ou ao menos completamente submissos, como Eurípides na Veja ou Kamel na Globo.

Para facilitar seu trabalho, estes também se cercaram de replicantes.

Na Globo, ascenderam, por essa lógica, jornalistas como Erick Bretas, diretor de mídias digitais da empresa – e com um viés antipetista tão intenso que, em março, ele convocou seus seguidores no Facebook para uma manifestação contra o governo. Avisou, é claro, que estaria na rua.

Ainda na Globo, outro jornalista que cresceu sob tal ambiente é Diego Escosteguy, que fez da Época uma Veja, como se uma não bastasse.

Semanalmente, sob Escosteguy, a Época, como a Veja, se dedica a semear denúncias “bombásticas” contra Lula e o PT que não dão em nada.

A Época não se detém diante de nada. Na campanha presidencial, publicou uma pesquisa de um certo Instituto Paraná pela qual Aécio hoje estaria na presidência, tamanha a vantagem que lhe davam.

Mais recentemente, o mesmo instituto foi usado pela revista para dizer que, se fossem hoje as eleições, Aécio levaria. O leitor poderia responder: se fosse pelo instituto e pela revista, Aécio já teria sido eleito em outubro.

Esta, enfim, é a mídia brasileira. Se não é a pior do mundo, disputa esse título acirradamente.

Mariana Godoy apenas mostrou, para os iludidos, como é o ambiente dentro das redações: péssimo, como o jornalismo que sai delas.

O Cafezinho

Cabotinismo em Barra Mansa











31 maio 2015

Miguel do Rosário



Na minha situação, como vocês sabem, não posso esperar agrado nenhum da mídia.

Por isso me perdoem um pouco de cabotinismo de vez em quando; é algo necessário para me defender dos ataques dos adversários, que crescem na proporção exata em que o blog amplia sua audiência.

Apesar do estilo às vezes carbonário, sou um sujeito pacato, moderado e democrático.

Não tenho partido – embora eu seja transparente, como convêm a um blogueiro, em relação às minhas simpatias políticas.

Acredito na importância da meritocracia e no estímulo ao empreendedorismo; e na liberdade como faísca criativa que nasce no indivíduo e incendeia – transformando – o mundo.

Entretanto, diante do radicalismo conservador da nossa mídia e de seu exército de zumbis, sinto-me um subversivo, um jacobino, um revolucionário.

Seria porque eu defendo um Estado forte e democrático, que proteja os mais pobres, os fracos e oprimidos?

Defendo um sistema penal humanista, infenso tanto aos anseios de brutalidade do “senso comum” quanto às pressões da mídia.

Defendo um sistema judiciário que proteja o pobre, porque ele é excessivamente vulnerável às violências e perseguições do Estado; e também o rico, contra as conspirações políticas de outros ricos.

Essa é uma virtude da qual me orgulho. Sempre que assisto os aparelhos repressores do Estado se juntarem à mídia e ao populacho para linchar moralmente um cidadão, eu me posiciono, por princípio, ao lado do cidadão.

Acho que uma imprensa que se diz livre e defensora da liberdade deveria estar sempre ao lado do indivíduo, para ser um contrapeso democrático ao poder descomunal do Estado quando este se põe a perseguir alguém.

Devemos fazê-lo mesmo se a pessoa for culpada. Se desconfiarmos que ela pode ser inocente, ou menos culpada do que diz a mídia, então é um imperativo moral!

Aqui é o contrário. A imprensa se posiciona sempre, covarde, ao lado do Estado. E ainda se diz liberal!

Postou-se ao lado dos generais golpistas, em 1964, e agora se alinha aos juízes justiceiros – quer dizer, isso se não é antes ela que estimula os justiceiros, dando-lhe até prêmios.

Uma imprensa democrática deveria defendê-lo mesmo que sobre esse indivíduo recaiam inúmeras suspeitas, ou sobretudo neste caso, porque seria fácil demais, e oportunista, defender apenas santos.

Tenho horror a essa visão policialesca da política. Não quero ver nenhum adversário político ser preso antes de ser devidamente julgado, num processo limpo, sem pressões de mídia.

Na política, meu objetivo e meu prazer é obter vitórias nas urnas, não nas barras de tribunais, não em julgamentos intoxicados pelas paixões partidárias.

A prova da indigência mental de nossos “liberais” fica patente na complacência com que assistem a estes processos de linchamento midiático, onde pessoas são presas apenas para se criar um circo político.

Um verdadeiro liberal prezaria, acima de tudo, os direitos constitucionais do indivíduo, o direito à dignidade e à presunção da inocência.

Defendo, sobretudo, uma mídia plural, que reflita a diversidade de opiniões no país.

Não quero fechar nenhum jornal, nenhum canal de TV. Quero apenas mais pluralidade.

A concentração da mídia brasileira, acredito eu, é uma das principais doenças que corróem a nossa democracia.

Pensar assim é outra razão para eu ser considerado “radical” no mundinho mofado da imprensa corporativa.

Pessoas como eu, na atual conjuntura política do Brasil, são hostilizadas ostensivamente pela mídia.

Em geral, sua arma mais poderosa é fingir que não existimos.

Por isso eu sempre fico um pouco surpreso quando alguma instituição me chama para participar de um seminário, dar uma palestra.

São eventos que provam que eu existo, e que não sou um leproso político. Que as pessoas estão lendo O Cafezinho e formando opiniões.

Tem sim alguma coisa mudando substancialmente nas camadas mais profundas da sociedade brasileira.

No ano passado, fui convidado como palestrante em dois seminários na Universidade Federal Fluminense (UFF).

Um foi organizado pela faculdade de direito, sobre segurança pública, onde havia uma mesa sobre mídia.

Outro foi no curso de Ciências Políticas, numa mesa também sobre mídia.

Este ano, participei de um seminário na PUC Minas, onde fui tratado com um carinho especial pelos professores e diretores da faculdade de comunicação. É um curso de tradição progressista e, por isso, admira os blogueiros pelo sopro de diversidade que trouxeram ao debate político no país.

E no último dia 24 de maio, fui o palestrante principal do II Fórum dos Jornalistas do Sul Fluminense, organizado pelas duas únicas faculdades – privadas – de Barra Mansa. As fotos no alto do post são deste evento. Sugiro dar uma olhada também na Carta de Barra Mansa, onde os participantes do fórum expuseram os princípios gerais da Associação de Jornalistas do Sul Fluminense, que eles acabaram de criar.

Por pouco não participei de um workshop de 4 horas, ministrado por mim, seguido de uma longa palestra de duas horas, num evento em Assis, interior de São Paulo, organizado por alunas de psicologia da Universidade Estadual Paulista (UNESP).

Segunda e terça-feira agora estarei em Macaé, convidado pelo Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense. O Cafezinho tentará exibir os debates aqui no blog, ao vivo.

Não participarei apenas cobrindo, mas conversando com os petroleiros.

Essa é a diferença de um jornalista para um blogueiro. O blogueiro não é um robô a serviço de uma corporação. Ele é um cidadão que participa do processo político. Ele não está fora do mundo, olhando as coisas de cima, fingindo imparcialidade. Ele está dentro do mundo, olhando e sendo olhado, olhando e discutindo o olhar. Olhando a si mesmo e se autocriticando permanentemente.

Os trabalhadores do setor de petróleo estão, naturalmente, amargurados com o mau caratismo sem limite da nossa imprensa, tentando manipular a todo custo os importantes processos de depuração que, finalmente, acontecem no setor. Pior, estão usando esse processo para fechar empresas, produzir uma crise e forçar retrocessos que, naturalmente, beneficiarão apenas meia dúzia!

Enfim, enquanto os cães tentam morder meus pés, eu continuo correndo bem à frente deles, e o Cafezinho se torna cada dia mais forte, com visitação diária chegando perto dos 100 mil pageviews/dia. Se eu tivesse uma estrutura um pouquinho melhor, ou seja, se tivesse uma equipe de um ou dois funcionários, poderia facilmente triplicar essa audiência. Mas chegaremos lá em seu devido tempo!

Desculpem-me mais uma vez pelo cabotinismo. Eu precisava deixar registrado essas minhas modestas vitórias. Não sou santo: não resisto ao prazer de causar um pouco de inveja em meus adversários.

Obrigado a todos pela honra de sua visita!

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Já pensou? Marin preso na Suíça... aqui eles têm tv rádios jornais e ocê sentado acreditando rezando gritando: FORA... deixa pra lá.


Seleção Brasileira do Marin Perdeu a Copa Pra Dilma Perder as Eleições?



em 27 de maio de 2015







Jogadores do Brasil Perderam a Copa do Mundo Para a Dilma Perder a Eleição?



-Jogadores da seleção brasileira, perderam de propósito? Essa é uma sondagem que não quer calar. Depois do Ronaldo na Copa da França, não era para suspeitar? Tudo é possível> Felipão, rebaixadão no Palmeiras, ganhando salário de marajá e uma merreca competência de tostões, foi posto pra fora do Verdão/Verdinho e levou alta grana a titulo de indenização. Pode isso? E mesmo quando foi campeão merreca no Palmeiras com um timeco de futebolzinho chinfrim dirigido por ele, na Copa do Brasil, cujo bancador era o KIA/a KIA, e a final foi roubada, nos dois jogos com o Palmeiras suspeitamente beneficiado pela ridícula arbitragem, ferrando o Coritiba, e, salve salve geral, quem bancou a tal copa e também a patrocinou, era a mesma trupe que bancava o Palmeiras e o Coritiba, tudo da mesma empresa. Dá para acreditar? Compreendeu ou quer que eu desenhe com 50 tons de cinza sem escrúpulos? E o chamado Esquema Parlamat? Pois é.

Depois, não ia ter copa. Teve. Os aeroportos iriam dar vexame. Foram competentes, elogiados até por europeus. O país seria um fiasco. Não foi. O povo deu um show. E a Copa mesmo? Seleção brochou de propósito ou abortou um projeto? Mano Menezes, técnico campeão pelo Corinthians, na seleção, foi renovando o time, melhorando, fazendo experimentações com novos nomes, grandes descobertas, foi campeão e, pasmem, foi DEMITIDO depois de campeão limpo… A imprensa internacional destacou a volta do ‘Futebol Arte’ da Seleção Brasileira. Porque era amigo do Lula, do Corinthians, honesto, competente, transparente, não servia e não prestava para os esquemas da seleção. Levaram quem, o Tite? Um técnico campeão? Um expert, um novo campeão? Não, o rebaixadão Felipão, estranho, não é? Renovação de um antiquado em mais do mesmo? Suspeito, tiraram um campeão e levaram um derrotadão? Tirem suas conclusões. Façam suas apostas no cassino das impurezas e calhordices de meios. A turma do Marin no eixo… Dias após conquistar o Superclássico das Américas, seu segundo título no comando da Seleção, Mano Menezes foi demitido pela Confederação Brasileira de Futebol, após reunião entre o presidente da entidade José Maria Marin e o vice-presidente Marco Polo Del Nero. A demissão do treinador, dada após bons resultados em amistosos (cinco vitórias e um empate entre setembro e novembro) e o título do Superclássico contra a Argentina, gerou grande polêmica na mídia esportiva geral, até estrangeira, com muitos jornalistas afirmando ser esta uma decisão muito mais política do que propriamente técnica. Tá na fita. Tá na cara. Demitir um ganhador e contratar um perdedor em decadência?

Pois bem, Copa do mundo. Em época de eleição. Dilma que foi torturada, teve câncer, ganhou a primeira no fulcro do show do Lula com 85% de aprovação ao final de duas brilhantes gestões, na campanha foi atacada por coxinhas, levianos, galinhas verdes, traficantes, corruptos, ladrões, e uma grande máfia, e uma quadrilha bancada em Sampa, samparaguai, o estado máfia, com o seu pior candidato a presidente da república, um mineiro chinfrim e belzeboy que perdeu duas vezes em sua própria terra, em seu próprio estado, e amigo (do alheio) de um dono de um helicóptero cheio de pó (do narcocontrabando) que acabou em nada, um lado podre e amoral da PF deu tudo por perfeito e acabado, no aeroporto da família do candidato mesmo, e por fim a nave criminosa não era de ninguém, nem as toneladas de drogas… Todos inocentes – da elite. Acredite, se quiser.

Pois bem, se a Seleção brasileira ganhasse, já pensou, a Dilma vai na valsa e também ganha, dá um couro, o Lula volta. A seleção perdeu por jogar mal ou não jogar nada? Perdeu por lutar arduamente ou por entregar a partida de forma altamente suspeita. O Felipão (fala muito) tomando de 7 e nem uma cara de surpresa, medo, vergonha ou achando ruim… Na boa. Parecia treino de casado contra solteiros. E o rastaquera do Felipão que fala demais, grita, quebra barracos, tomando de sete, e zen… Zen coxinha-daslu? Tá na cara? Pensem vocês. Os jogadores travados, errando passe de meio metro, pipocando? Estranho? Nesse angu tem caroço. Mas, como? Se o Brasil não ganhar a Copa, a Dilma Perde. Pois é.

O povo tem lucidez que a própria mórbida inteligência da impune tucanalha e seus eleitores-asseclas desconhece? Corruptos e ladrões de SP foram presos na Inglaterra, França, Suíça. No Brasil, e em SP, livres. Elite. A justiça da Europa é petralha? E o MP de SP, omisso ou conivente… Justiça chapa branca? Yeda Cruz no sul, processada, Beto Richa no Pr, processado, Cesar Maia no RJ, processado, Aécio Neves em MG, processado (corre em segredo de justiça; e tudo parado…). E em SP, o estado mais corrupto do Brasil, Maluf, Pitta, Quércia, Fleury, FHC, Serra, Pinóquio de chuchu – mais de 70 CPIs abortadas na assembleia legislativa de SP – todos livres da silva, e agora, na Suíça, Marin também preso. Outro? Aqui em SP, o estado máfia, corrupção institucionalizada em todos os níveis – o crime organizado impune quase 20 anos no local do crime – impunidade generalizada em todos os níveis, antros e palácios. Presidente da Assembleia Legislativa tucano condenado com 33 processos não pode ser preso por causa da idade. Presidente do TCE julgando os outros com sua própria ficha podre, mais crimes no Rodoanel, Aslom/Metro, Carandiru, Pinheirinho, CDHU, e eles só são pegos no exterior? Mais de 70 CPIs abortadas pelo PSDB na Assembleia Legislativa de SP… Se fosse governo do PT…

Atestado de falência de nossa justiça tendenciosa, parcial, decrépita, incompetente, senil e corrupta. Juiz Lalau solto em SP. Peças de autos de processos no livro sobre privatizações-roubos tucanas, e FHC (que comprou a reeleição) solto, livre e, ególatra e arrogante, destilando veneno sem simancol, com falta de moral historial. Juízes e desembargadores corruptos apenados com aposentadoria compulsória, salários de marajás. Já pensou? Marin preso na Suíça. Alguns jornais noticiando a farra do boi que envolve corrupção pesada na seleção brasileira, bancada por mafiosos agiotas e nativos emplumados, e tudo ficou por isso mesmo, e de uma hora pra outra finalmente pegaram o Marin, um Coxinha paulista, furtador de medalhas, tachado de torturador na época da ditadura da canalha de 64 (bancada por corruptos paulistas), sampaulino, da elite paneleira, e a dúvida que ainda nos assombra agora, mais do que nunca: a seleção brasileira do Felipão entregou o jogo, para ferrar a Dilma nas eleições, e agora deram com os burros nágua? A pior oposição da história da republica, oposição de corruptos e ladrões, torcendo contra o Brasil, mídia amoral também no esquema, Rede Globo logo aparece na panela, o Mensalão Tucano prescrevendo, e a já quase certeza nos assusta: a nossa seleção perdeu para ferrar um lado politico e agradar a um lado que tem o Marin et caterva.

O tempo provará, quando mais corruptos tucanos do futebol ou não, forem pegos na Inglaterra, França, Suíça, Paraguai. E aqui o nosso STF deixa os tucanos pra lá, como a justiça de SP, e com isso a justiça internacional passa uma lição ao nosso país, que também precisa de uma justiça limpa, não ordinária. Reforma da justiça já! Eu sou do tempo em que um juiz ganhava igual a um professor. E professor em SP durante vinte anos é tratado como cachorro pelo PSDB. Sou do tempo em que jogador vestia a camisa. Aqui, a seleção entregou o ouro, copa em casa. Não ia ter copa? Não tiveram foi brios, vergonha na cara. Não tem é justiça.



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Silas Correa Leite – Ciberpoeta e blogueiro premiado, Conselheiro em Direitos Humanos, Jornalista, autor de GOTO, A Lenda do Reino do Barqueiro Noturno do Rio Itararé, Romance, Editora Clube de Autores

www.clubede autores.com.br E-mail: poesilas@terra.com.br

Texto da Série “Brasil, Colocando os Pingos nos Is e Dáblios”

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Sem fogueirinha à noite


A farsa da "Marcha da Liberdade"




Por Leandro Fortes, 
no blog Diário do Centro do Mundo:



A Marcha da Liberdade saiu de São Paulo no dia 24 de abril para percorrer os 1.015 quilômetros que separam a capital paulista de Brasília.

Quando eu estive na Força Aérea, participei de marchas forçadas nas estradas de Minas Gerais e, na época, o cálculo de distância percorrida pela tropa era de 4km/hora.

Estou falando de um grupo organizado, com idades variadas de 17 a 18 anos, bem treinado e muito bem preparado física e disciplinarmente. É bem verdade que carregávamos 15 quilos de equipamentos nas costas, mas, ainda assim, mantínhamos o ritmo sem parar: 4km/hora.

Levando-se em conta que os gatos pingados da tal marcha libertária têm gente visivelmente fora de forma, e outros que até para comprar pão costumam mandar a empregada, é pouco provável que as informações passadas por seus participantes sejam verdadeiras.

Senão, vejamos.

Os marchantes da liberdade alegam que percorrem, em média, de 20 km a 40 km por dia.

Mantida a média de 4 km/h da marcha militar, na primeira hipótese, o grupo anti-Dilma gastaria 5 horas por dia para percorrer 20 km.

As outras 19 horas, imagino, devem gastar para dormir, urinar, defecar, comer, cantar o Hino Nacional, tirar selfies, gravar vídeos, mandar eventuais transeuntes irem para Cuba e, à noite, fazer fogueirinhas de gravetos na beira da estrada ao som de Lobão ao luar.

“Tá tudo cinza sem você…”

Na segunda hipótese, os marchantes andariam 40 km por dia, numa média de 10 horas de caminhada puxada, sob sol e frio, seca e sereno.

Melhor esquecer à fogueirinha à noite.

Na verdade, melhor esquecer a hipótese: a chance de essa gente ter percorrido 40 km por dia é a mesma de os hebreus terem caminhado por 40 anos no deserto comendo só maná.

Quem acredita nisso, costuma dizer o jornalista Paulo Nogueira, citando Arthur Wellesley, o primeiro duque de Wellington, acredita em qualquer coisa.

Então, centremo-nos na primeira hipótese (20 km/dia): o grupo terá percorrido, até agora, 30 dias depois de sair de São Paulo, 600 km. Teriam, portanto, mais 415 km até chegar a Brasília.

Ocorre que Kim Kataguiri, o Jaspion da TFP, foi atropelado a 5 km de Alexânia, em Goiás, logo, a 85 km de Brasília.

Façam as contas: mas a trupe da liberdade deveria estar, então, a 500 km de Brasília.

Ainda dá tempo de fugirmos para a Chapada dos Veadeiros, portanto.

Mas, além do embuste patético dessa ópera bufa das BRs, há outras questões envolvidas.

Por alguns anos, cobri, como repórter, a movimentação do MST nas estradas brasileiras. Em uma delas, em Minas, participei ao lado dos trabalhadores sem-terra, caminhando na pista, dormindo nos acampamentos.

Nessa época, todo santo dia, jornais, revistas e TVs batiam na tecla de que os sem-terra usavam o acostamento de forma ilegal, que eram um perigo na estrada, que iriam provocar uma tragédia.

Tragédia, se houve, não me lembro, nunca soube.

Eles andavam cerca de 30 km por dia, a maioria de sandália havaiana, ora em silêncio, ora entoando cânticos de luta:

“Che, Fidel, Antônio Conselheiro, na luta pela terra somos todos companheiros”!

Pelo que ando lendo, os paneleiros da liberdade têm sempre o apoio de um carro e dois ônibus.

Como assim?

Um carro e dois ônibus (!), por 1.015 km, nos acostamentos das estradas?

Ou eles andam na estrada mesmo, a 4 km por hora?

Cadê a mídia para denunciar esse absurdo? E os registros da Polícia Rodoviária?

A verdade é que esses cretinos pró-impeachment criaram um falso movimento, organizado em uma falsa marcha, que só pôde ter continuidade, por um mês inteiro, porque temos a mídia mais cafajeste e sem noção das Américas, quiçá do mundo.

Qualquer jornal, qualquer revista, tivesse mandado um repórter minimamente preparado passar uma semana com esses debiloides, teria em mãos uma reportagem sensacional sobre essa fraude cívica montada e operada por farsantes alimentados por uma oposição irresponsável.

Poderiam, inclusive, ter evitado que esse menino idiota, de apenas 19 anos, se tornasse uma referência para outros jovens.

Ou mesmo que ele e outra colega de marcha acabassem sofrendo um acidente, como houve agora, próximo a Alexânia.

Há, portanto, muitos culpados por essa marcha de celerados.

Ainda bem que o SAMU existe, né Kim?


Kim, você é contra o Estado, mas ainda bem que o SAMU te socorreu, não é?




25 de maio de 2015 | 16:03 
Autor: Fernando Brito





Sinto muito pelo acidente com aquele rapazinho, Kim Kataguiri, que vive desancando o Estado e louvando o império da iniciativa privada.

Ainda bem, porém que, como mostra a foto, ele foi atendido – tal como aconteceu com a família de Luciano Huck após o pouso forçado de seu avião -por serviços público do SUS, o mesmo SUS que, sempre que puderam fizeram questão de desancar – e há muitos casos, de fato, dramáticos – dizendo ser só um caos a saúde pública, sem nunca mostrarem os avanços que estamos tendo.

Entre eles, o SAMU, que socorreu Kataguiri.

É uma iniciativa do governo que Kim quer derrubar, de qualquer maneira, que hoje tem perto de 4 mil ambulâncias e custa mais de R$ 1 bilhão por ano.

O Governo Federal paga a metade, estados e municípios pagam, cada um um quarto do custo.

Posto aí embaixo uma reportagem – claro que da NBR, porque as televisões privadas só se preocupam com o “mundo cão” das carências- que é algo que deveriam ver os que esqueceram de como era comum, há 15 anos, ver pessoas por horas se contorcendo nas calçadas à espera de uma ambulância.

Veja o vídeo do Samu em 2013 – como o Governo Federal é doloroso de comunicação, só tinha 758 visualizações em mais um ano e meio – e, querendo, leia a seguir minha história de hoje mesmo com o SUS.








Eu não espero que acreditem em mim – sei que até muitos dos meus amigos duvidariam – mas hoje voltei ao posto de saúde – simplérrimo, uma “casinha de roça” numa quase vila de pescadores junto à bacana praia de Piratininga, em Niterói, para marcar data para coleta de material para exames. Foram marcados, em menos de 15 minutos, para daqui a uma semana, tal como uma semana demorou a consulta médica em os solicitou.

Aliás, médica que me atendeu, depois de uma extensa consulta, troca da medicação para diabetes que tinha recebido em outra unidade (também pública e também boa) de emergência, a Dra. Daiane, teve um gesto que talvez surpreenda os que estão acostumados com ricos consultórios particulares.

Levantou-se da cadeira, levou-me à porta e despediu-se de mim com a inevitáveis recomendações de restrição e, pasmem, com um aperto de mão.

Para os que quiserem ver, coloco abaixo uma foto do posto, onde pretendo continuar a me tratar, no acompanhamento, depois da consulta com um endocrinologista que vai demorar um mês, já que agora estou visto por uma clínica geral, medicado e com uma taxa de glicose que marcou hoje 107, depois de ter entrado com 400 no posto, há duas semanas.






Mesmo que pareça impossível...

Blog da Marcia Tiburi

Como Conversar com um Fascista?



Sobre um desafio teórico-prático.
O genocídio indígena, o massacre racista e classista contra jovens negros e pobres nas periferias das grandes cidades, a homofobia, o feminicídio, a manipulação das crianças, em poucas palavras, o ódio ao outro, se estabelece em nossa sociedade no âmbito do extermínio da própria política. Sabemos que é preciso exterminar a política para que o capitalismo selvagem (tendencialmente, sempre selvagem) se mantenha. É preciso exterminar o desejo de democracia pelo autoritarismo efetivado na prática diária. Para exterminar a política é preciso que o povo a odeie e é isso o que o autoritarismo é e faz.
O autoritarismo é um modo de exercer o poder, mas é também um ideário, uma espécie de regime de conhecimento. Como visão de mundo, ele é fechado ao outro. Ele opera pelo discurso e pela prática sempre bem engrenadas que se organizam ao modo de uma grande falácia, ao modo de um imperativo de alto impacto performativo: o outro não existe e, se existe, deve ser eliminado. Ora, dizemos “regime de conhecimento” pensando na operação mental da negação do outro, mas o conhecimento como gesto na direção do outro é justamente o que é destruído pelo autoritarismo que se basta como máscara sem rosto do conhecimento transformado em ideologia, ou seja, em ofuscamento da verdade social.

Tudo o que não presta
Nada do que possamos chamar de conhecimento pode ser concebido fora de seu registro ético-político.  Se o registro do conhecimento funciona pela negação do outro, o conhecimento nega a si mesmo. Sem o outro, o conhecimento morre. O enrijecimento é uma prova da morte do conhecimento que se torna cegueira ideológica. A ideologia é a redução do conhecimento à fachada, como que sua máscara mortuária. O conhecimento, que deveria ser um processo de encontro e disposição para a alteridade que o representa, sucumbe à sua própria negação. Daí a impressão que temos de que uma personalidade autoritária é, também, burra, pois ela não consegue entender o outro e nada que esteja em seu circuito.
A propaganda é o método que sustenta a negação do outro. A propaganda fascista, a propaganda do ódio, que prega a intolerância, que afirma coisas tão estarrecedoras, como fez o famoso deputado Heinze  ao dizer que “quilombolas, índios, gays, lésbicas”, são “tudo o que não presta”, é a destruição do conhecimento, como relação com o outro, que está na base do desejo de democracia. Autoafirmação de ignorância, assinatura de estupidez. Mas é, ao mesmo tempo, a destruição da política por um discurso antipolítico de um agente que deveria ser político, mas que está, contudo, voltado para o instinto de morte antipolítico.
Em casos como o desse discurso podemos falar em uma prática discursiva “tanática”, exemplo perfeito da “tanatopolítica” contemporânea. Típico discurso fascista. Mas a quem esse discurso convence? Eis uma questão que precisamos nos colocar, até para poder combater o mesmo discurso ou para criar alternativas para a sobrevivência de uma política democrática, para uma política melhor, para um poder da diferença, um poder compreensivo que acolha a tradição dos oprimidos.
Quem fala o que fala, sem nenhuma responsabilidade, por um lado deve ser legalmente questionado, por outro, é preciso colocar em jogo a questão das condições de possibilidade que, na cultura, fazem surgir falas como a do deputado citado. Como alguém pode se autorizar ao discurso fascista que é fomentado por sua propaganda? De outro, quem é suscetível à esta propaganda? Se a propaganda fascista que é um tipo de discurso – e uma verdadeira metodologia de alienação social – continuar vencendo, não teremos futuro. Em que direção devemos agir diante desse estado de coisas?



Experimentum Crucis
É neste contexto que podemos nos colocar a questão da qual proponho que façamos um “experimentum crucis” teórico-prático: como conversar com um fascista? Digo isso pensando que podemos avançar para além do discurso da denúncia e da queixa. Quem se sente atacado nem sempre deve contentar-se com a posição de vítima. Colocar-se na posição de vítima é um perigo e é muito diferente de ser sujeito de direitos. É uma péssima estratégia em tempos em que o poder está em mãos perversas que adoram imolar vítimas no altar do Estado e do Capital.
A vítima, dizia um sábio alemão que lutou contra o fascismo, sempre desperta o desejo de proscrever. Empoderamento é a saída. Contra a posição da vítima, podemos pensar na posição do guerreiro sutil, aquele que desafia o poder desde a sua interioridade, desde seu núcleo duro, para desmontá-lo estrategicamente. Neste ponto, em bases sutilíssimas, podemos falar de diálogo e a questão “como conversar com um fascista?” se torna um emblema do desafio democrático.
Quem luta por direitos sabe que a conversar é impossível. Mas da possibilidade de perfurar a blindagem fascista depende o recuo do fascismo, infelizmente, a cada dia renovado pelo fomento da propaganda fascista dos políticos antipolíticos e dos meios de comunicação de massa. O diálogo é, neste caso, a “metodologia democrática” básica que poderia operar em situações privadas ou públicas. O diálogo parece impotente diante do ódio. Ele parece delicado demais. Mas o diálogo em si mesmo é um desafio. Um desafio micropolítico, cuja colocação em cena pode nos ajudar a pensar no que fazer, no como agir em escala macropolítica.
Estamos no terreno de uma estratégia teórico-prática. Esse desafio tem três tempos:
1-    o tempo do outro, tempo apavorante enquanto o outro é sempre o desconhecido, aquele que ameaça em algum sentido a “minha” ordem;
2-    o tempo da abertura de si que implica perceber-se como um outro, o que só se dá ao nível do imaginário e do discernimento, pois jamais teremos acesso ao sentir e pensar do outro, assim como ele não terá do nosso, senão pela exposição cuidadosa do que sentimentos e pensamos;
3-    o tempo interminável, a saber, o da permanência na experiência do diálogo, ou seja, a manutenção qualificada da metodologia. Em outras palavras, permanecer no lugar do diálogo como insistência no encontro. Não ceder ao ódio, permanecer tentando entender e, ao mesmo tempo, oferecer certo desentendimento como oportunidade ao outro de entender, ele mesmo, a diferença para a qual está fechado. Nesse sentido, o diálogo é resistência.
O diálogo não é a conversa entre iguais, não é apenas uma fala complementar, mas a conversa real e concreta entre diferenças que evoluem na busca do conhecimento e da ação que dele deriva.
Para que o diálogo ocorra é preciso haver isso que chamamos de abertura ao outro. A abertura existe na mentalidade democrática, ela está aberta ao outro em função de experiências cognitivas e culturais. A abertura não existe no caso de uma personalidade autoritária, fechada ao outro também por motivos cognitivos e culturais, motivos que incidem na formação da experiência pessoal e coletiva.
A conversa com a alteridade que vai além dos argumentos, tem um ponto decisivo no âmbito afetivo. Não do sentimento apenas, mas do modo como nos “afetamos”, no sentido do que fazemos uns com os outros. Se o democrata está aberto ao outro, seu grande desafio pode ser mostrar como produzir essa abertura ao outro em nossa sociedade. Daí o sentido crucial do lema “como conversar com um fascista?” que se torna, na contramão, um imperativo experimental democrático que precisa ser antecipado na conduta de quem quer produzir democracia hoje.
Não podemos apenas nos queixar que essa abertura não existe, mas pensar em como deve ser produzida. Em outras palavras, a questão pode ser a de como apresentar a experiência do outro a quem ainda não o concebeu? Penso nesse caso, em uma didático-política e em uma estético-política. Infelizmente, não temos as instituições convencionais agindo nessa direção. As instituições negam o outro. Precisamos, portanto, mudar as instituições, ou criar instituições capazes de contemplar o outro.
Sabemos que nossos povos nativos eram, e são, abertos ao outro, assim como sabemos que os colonizadores não eram e que os “ruralistas” de hoje não são. Sabemos que os machistas e sexistas, que os exploradores e manipuladores em geral, também não são. Na base de todos eles está o princípio do fascismo como ódio aos diferentes. Os diferentes que devem ser excluídos. O fascismo produz opressão de um lado, de outro, seduz para a forma autoritária de viver garantindo aos que vivem esvaziados de pensamento, ação e afeto, que o mundo está bem como está. O fascismo cancela, ao nível do discurso exposto nas mídias, nos púlpitos e palanques que constroem opiniões públicas e mentalidades coletivas, a chance de pensar no que estamos fazendo uns com os outros que poderia nos garantir uma vida mais prazerosa. Precisamos revitalizar esta pergunta como pergunta coletiva capaz de orientar nosso diálogo. O fascismo também colonizou os prazeres pelo estético-moralismo que é o consumismo ao qual foi reduzida a antiga e emancipatória categoria ética da felicidade.  Mas não devemos aderir a isso só porque as coisas se apresentam assim hoje.

Treino para o ódio
Dizemos há séculos “o poder corrompe” como se tivéssemos sido treinados para essa citação formal, sem que saibamos muito sobre seu conteúdo. Assim como muitos dizem “tudo o que não presta” imitando uns aos outros no gesto espetacular de falar por falar. A fala por imitação se funda na citação. O autoritarismo é “citacionalista”. Repete ideias lançadas no âmbito da propaganda fascista, ela mesma viciosa e repetitiva. O autoritarismo depende de sua repetibilidade, pois ele é uma máquina de produção de subjetividade pelo discurso. Daí a importância da falação odiosa.
Não pensamos no que dizemos. Para entender o conteúdo do que dizemos precisamos entender a forma com que dizemos. E isso é muito complicado. O diálogo o é mais ainda porque não nos ocupamos em prestar atenção no que pode ser um diálogo, ele mesmo um modo de conversar cheio de potências. Não fazemos a sua experiência na microfísica do cotidiano que poderia nos dizer algo sobre nossa potência de transformação em termos macrofísicos.  Precisaríamos pensar mais, é verdade, mas vivemos no vazio do pensamento, ao qual podemos acrescentar o vazio da ação e o vazio do sentimento.
Atualmente, como em todas as épocas em que o autoritarismo é a prática de extermínio da política, os cidadãos são chamados diariamente ao treinamento do ódio. Sabemos que nenhum afeto é totalmente espontâneo, que nenhum sentimento é natural. O treino para o amor ou para o ódio se dá pela repetição dos discursos. É preciso repetir e aderir, copiar, imitar. Falar por falar. Repetir o que se diz na televisão e nos meios de comunicação. Ficar muito tempo ouvindo a mesma coisa para dizê-la de qualquer jeito. Ou dizer sem sequer saber o que se diz. No gesto do mero “compartilhar” sem ler que se tornou fácil (tanto quanto o “comprar com um clique” pela internet) sabemos que estamos na mera reprodutibilidade da informação que nada quer dizer. Fugimos do pensamento analítico. Fugimos do discernimento que ele exige.
Ora, a fuga do pensamento produz o seu vazio. Ela o retroalimenta. Só a interrupção do círculo vicioso do pensamento vazio é capaz de mudar o rumo autodestrutivo nos âmbitos micro e macropolíticos. O ódio é o afeto capitalista que fomenta a morte diabólica do diálogo. Política é produção simbólica. É sinônimo de democracia como laço amoroso entre pessoas que podem falar e se escutar não porque sejam iguais, mas porque deixaram de lado suas carapaças arcaicas e quebraram o muro de cimento onde suas subjetividades estão enterradas.
A política como perfuração de muros ideológicos depende da persistência da resistência. Depende de aprendermos o que pode ser um diálogo enquanto guerrilha metodológica que precisa ser mais forte do que o ódio nesse momento. Não acabaremos com o ódio pregando o amor, mas agindo em nome de um diálogo que não apenas mostre que o ódio é impotente, mas que o torne impotente.
Então precisamos começar a conversar de um outro modo, mesmo que pareça impossível.

Agenda da Greve dos Municipários de Porto Alegre






Velha mídia: "Denunciam o lado contrário e poupam os aliados"


A ameaça à liberdade de imprensa




SAB, 23/05/2015 - 06:00
ATUALIZADO EM 25/05/2015 - 10:03

Luis Nassif







Doutrinariamente, a imprensa é vista como o instrumento de defesa da sociedade contra os esbirros do poder, seja ele o Executivo, outro poder institucional ou econômico.

Não se exija dos grupos de mídia a isenção. Desde os primórdios da democracia são grupos empresariais com interesses próprios, com posições políticas nítidas, explícitas ou sub-reptícias.

***

Tome-se o caso brasileiro. É óbvio que os grupos de mídia têm lado. Denunciam o lado contrário e poupam os aliados.

Doutrinariamente, procuradores entendem que qualquer denúncia da imprensa deve virar uma representação. Mas só consideram imprensa o que sai na velha mídia. Doutrinariamente, o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) criou um grupo para impedir o uso de ações judiciais para calar a mídia. Mas só consideram jornalismo a velha mídia.

Cria-se, então, um amplo território de impunidade para aqueles personagens que se aliam aos interesses da velha mídia. E aí entra o papel da nova mídia, blogs e sites, fazendo o contraponto e estendendo a fiscalização àqueles que são blindados pela velha mídia.

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No entanto, sem o respaldo do Judiciário, sem a estrutura econômica dos grupos de mídia, blogs e sites independentes têm sido sufocados por uma avalanche de ações visando calá-los. E grande parte delas sendo oriunda da mesma velha mídia.

Quando a velha mídia se vale dessas armas contra adversários, não entra na mira do CNJ.

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Tome-se o meu caso.

Sou alvo de seis ações cíveis de jornalistas, cinco delas de jornalistas da Veja, duas de não jornalistas. Os dois não jornalistas são os notáveis Gilmar Mendes, Ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) e Eduardo Cunha, presidente da Câmara. Além deles, sofro uma ação de Ali Kamel, o todo poderoso diretor da Globo.

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O que pretendem me sufocando financeiramente com essas ações?

Desde que se tornou personagem do jogo político, a Gilmar tudo foi permitido.

Em meu blog já apontei conflitos de interesse – com ele julgando ações de escritórios de advocacia em que sua mulher trabalha e de grandes grupos que patrocinam eventos do IPD (Instituto Brasiliense de Direito Público).

Apontei o inusitado do IDP conseguir um contrato de R$ 10 milhões para palestras para o Tribunal de Justiça da Bahia no momento em que este se encontrava sob a mira do CNJ. E critiquei a maneira como se valeu do pedido de vista para desrespeitar o STF e seus colegas.

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De Eduardo Cunha, é possível uma biografia ampla, desde os tempos em que fazia dobradinha com Paulo César Faria, no governo Collor, passando por episódios polêmicos no governo Garotinho e no próprio governo Lula.

No governo Collor ele conseguiu o apoio da Globo abrindo espaço para os cabos da Globo Cabo e dispondo-se a adquirir equipamentos da NEC (controlada por Roberto Marinho). Agora, ganha blindagem prometendo impedir o avanço da regulação da mídia.

Sobre Kamel, relatei a maneira como avançou na guerra dos livros didáticos – um dos episódios mais controvertidos da mídia nos últimos anos, quando editoras se lançaram nesse mercado para ampliar seus negócios.

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Censurando os críticos, asfixiando-os economicamente, quem conterá os abusos de Gilmar, de Cunha e de Kamel?

Há uma ameaça concreta à liberdade de imprensa nessa enxurrada de ações.

quinta-feira, 21 de maio de 2015

É muito cinismo

As táticas sujas da mídia golpista para abafar a Zelotes










As táticas sujas da mídia golpista para abafar a Zelotes



21 maio 2015
Miguel do Rosário


A Folha se tornou um jornal muito esquisito.

Fui dar uma olhada na capa do portal. Sem surpresa: só dá Lava Jato, Dirceu, o de sempre.

A manchete é sobre a prisão de um empresário que tinha feito pagamentos a Dirceu, pelos serviços de consultoria que o ex-ministro prestava, sem esconder isso de ninguém.

Claro, quando interessa, o sujeito não é mais empresário: vira “lobista”, “operador”.

A linguagem é muito importante para estabelecer a narrativa.

Sergio Moro incluiu no texto o seu estilo barbosiano: diz que acha “suspeito” que alguém tenha contratado Dirceu.

O empresário em questão já declarou em juízo que Dirceu prestou serviços prospectando negócios no exterior.

Não adianta.

Moro escreveu aquele texto de Rosa Weber, que condenou Dirceu usando a famigerada frase: “não tenho provas contra Dirceu, mas a literatura me permite condená-lo”.

Parece que Moro continua pensando do mesmo jeito.

Prende as pessoas porque acha “estranho”. É como se Dirceu tivesse se tornado um vampiro. Qualquer pessoa que tenha contratado seus serviços, se torna também vampiro aos olhos de Moro – e da mídia.

É uma maneira de um setor radicalizado da oposição se vingar dos empresários que não se juntaram ao coro midiático do “delenda Dirceu”.

Mas eu queria falar de outra coisa.

Logo abaixo da manchete, vemos uma chamadinha ultra discreta para a Operação Zelotes, que envolve valores bem mais altos que a Lava Jato, e não corresponde a nenhuma obra, nenhuma refinaria, plataforma, hidrelétrica. É a corrupção pura, aquela que talvez Merval Pereira chamasse “corrupção do bem”.

A chamada: “PT quer inflar Zelotes.”

Ah, bom!

O PSDB não quer “inflar a Lava Jato”, nunca quis “inflar o mensalão”, mas o PT quer “inflar a Zelotes”.

A matéria, assinada por Leonardo Souza, é completamente esquizofrênica, porque o seu teor, o seu tom, a sua linha editorial, confirmam exatamente o que o texto procura denunciar como “delírio” do deputado Paulo Pimenta (PT-RS): o de que a mídia quer abafar esse escândalo.

Ora, os últimos dias trouxeram várias novidades sobre a Zelotes. Paulo Pimenta trouxe os delegados responsáveis pela investigação, que deram depoimentos ricos em informação. Houve um debate interessante na Câmara sobre as insuficiências do sistema para reprimir os crimes tributários.

Foi criada uma CPI no Senado, há somente dois dias!

Não falta assunto.

O que a Folha podia fazer: entrevistar especialistas em direito tributário; ativistas pela justiça fiscal; pesquisar como é feito o combate ao crime tributário em outros países; correr atrás da repercussão da Zelotes na sociedade civil, política e empresarial.

Nada disso. A Folha não agrega informação nenhuma. Não ataca os sonegadores. Não repercute a denúncia do procurador e do deputado, de que o juiz da Zelotes não está ajudando.

Ao invés disso, a Folha publica um texto contra o parlamentar que lidera, há tempos, uma luta solitária contra os grandes esquemas de sonegação no país.

É muito cinismo.

E confirma que o Brasil, se quiser lutar contra a corrupção fiscal, não poderá contar esta mídia que aí está: vendida, partidária, e, mais que nunca, golpista.

Ah, e sonegadora também.

quarta-feira, 20 de maio de 2015

O Pré-Sal é nosso! Mesmo que os tucanos queiram dar aos gringos, lembram da Vale?


Auditoria confirma afirmação de Dilma sobre Pasadena, mas notícia fica “só para assinantes”






20 de maio de 2015 | 17:53 
Autor: Fernando Brito






Se você comparar o espaço no noticiário para a confirmação da fala de Dilma Rousseff sobre não terem sido levadas ao conhecimento do Conselho de Administração cláusulas que, segundo ela, a fariam opor-se ao negócio e toda a extensão das “zentas” matérias que diziam que “ela sabia” dá uma proporção parecida com a de um lenço e o Estado do Amazonas.


Pois hoje, o insuspeitíssimo Valor Econômico (sociedade Globo-Folha) publica a matéria só para seus assinantes.


Como eu prefiro correr o risco de “violar a privacidade” do Valor a deixar que uma notícia com esta importância fique oculta, reproduzo os principais trechos do trabalho dos repórteres Letícia Casado e Fernando Torres, com a colaboração de Claudia Schuffner.


“Relatório do comitê de auditoria da Petrobras sobre a aquisição nos Estados Unidos da refinaria de Pasadena em 2006, elaborado como resultado de investigação interna da companhia, reconhece pela primeira vez diversas irregularidades no processo e coloca praticamente toda a responsabilidade nas costas do ex­diretor da área internacional Nestor Cerveró, preso desde janeiro por causa das investigações da Operação Lava­Jato. O relatório também corrobora a versão da presidente Dilma Rousseff, que comandava o conselho de administração da estatal na época e alegou depois que aprovou a compra com base em um resumo executivo apresentado por Cerveró, sem duas cláusulas da negociação, conhecidas como “Marlin” e “Put Option”. Segundo a versão de Dilma, caso tivessem sido mencionadas, as cláusulas a teriam levado a ficar contra a transação. O documento, apresentado em 14 de novembro de 2014 ao Conselho de Administração da estatal,confirma esta omissão.”


(…)


O Valor teve acesso ao relatório feito pelo comitê, que procurou resumir um documento de 113 páginas preparado pela Companhia. O comitê de auditoria recomendou ao conselho de administração abrir processo civil contra 11 brasileiros relacionados no relatório e processo investigatório nos Estados Unidos para apurar eventuais práticas de fraude ou corrupção.


E muito relevante:


“O relatório do comitê de auditoria foi concluído em 24 de outubro de 2014 e apresentado três semanas depois ao conselho. Portanto, os conselheiros tomaram conhecimento sobre os resultados da investigação depois de a então presidente da estatal Graça Foster e do ex­presidente da estatal José Sergio Gabrielli terem prestado depoimentos no Congresso e de terem sido questionados sobre a compra da refinaria no Texas.”


Portanto, não eram informações disponíveis na ocasião e suas falas.


O relatório, segundo o Valor, aponta diversas falhas no negócio, com discrepâncias nos valores – muitíssimo menores do que as que têm sido levantadas na mídia – mas só com o acesso às datas de cada estimativa seria possível verificar se, com a variação dos preços e margens de lucro do refino, o tamanho das diferenças é imprudência ou má-fé e o peso que têm sobre a qualidade do negócio, conduzido pelo ex-diretor Nestor Cerveró.




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Recordar é educar a si mesmo no presente




Venderam por 3 o que Valia 100 e hoje Vale 200!





Movimento Negro nas ruas

Caio Castor e o Movimento Negro nas ruas: A USP vai ficar preta




Viomundo












Recordar quando a virada do Jô começou importa menos do que ele diz


Jô fez muito mais que defender a “biografia impecável” de Zé Dirceu






Ele está certo ao recomendar cuidado com o que você lê na imprensa



Deu a louca no Jô?



Nos últimos programas, ele tem dito coisas que não estão no roteiro do pessoal da Globo.

A última delas foi uma defesa da “biografia impecável” de Dirceu perante um pelotão de velhas senhoras furiosas.

Não vejo Jô, e para ser sincero não me interessa a razão pela qual ele tem saído do trilho da Globo.

Mas vi um vídeo de pouco mais de um minuto em que ele falou de Dirceu.

O que mais me chamou a atenção ali foi uma frase de Jô simples, banal, ordinária – mas ignorada por supostos sábios do país.

Jô disse mais ou menos o seguinte: “O sujeito vê uma notícia num jornal e já sai fazendo julgamento.”

Como dizia Danusa, per-fei-to.

Lembro de um celebrado voto, no Mensação, em que o magnífico juiz começava assim: “Não se passa um dia sem que a gente abra os jornais e encontre um escândalo.”

O juiz mostrou ser um mentecapto. Porque, sabemos todos, jornais mentem, jornais inventam escândalos, jornais fazem o diabo para liquidar seus inimigos.

Claro: não apenas jornais. Mas também revistas, rádios, telejornais.

Ou você lê com cuidado e senso de crítica a mídia ou você vira um revoltado online, ou um Lobão, e vai para Brasília lutar por coisas das quais não faz a mais remota ideia, como a emenda fiscal.

Não é de hoje esse comportamento da imprensa. Mas ele se exacerbou desde que o PT subiu ao poder. Aconteceu antes com Getúlio, na década de 50, e com Jango, nos anos 60.

Todo dia, sob Getúlio e Jango, você abria os jornais e encontrava escândalos. Lacerda consagrou a expressão “mar de lama”, contra Getúlio.

O tempo mostraria que grande parte da lama era inventada para sabotar governos com foco nos mais pobres.

Como por milagre, quando está no poder um amigo dos donos da mídia, a lama desaparece. O país parece que recebeu um fabuloso banho de Omo.

Aquele juiz que usou os escândalos noticiados pelos jornais em seu voto no Mensalão ficaria satisfeito, em sua ingenuidade boçal, ao ver que somos mais limpos eticamente que a Escandinávia.

Enquanto isso, a rapinagem grassaria sob sua toga monumental sem que ele tivesse ciência.

Felizmente, para a sociedade, surgiu a internet para colocar fim, na prática, ao monopólio das grandes empresas jornalísticas.

Nem Getúlio e nem Jango contaram com um contraponto ao massacre da imprensa. Visionário, Getúlio criou a Última Hora, e a entregou ao grande Samuel Wainer, mas era um jornal numa multidão de outros dedicados a tirá-lo do poder.

Não sei, repito, o que está acontecendo com Jô. Cansaço de ficar ao lado de sabotadores como Jabor, Merval et caterva?

Insatisfação com a Globo, que decidiu tirar sua plateia e pode suprimir também o sexteto?

Só Jô pode dar a resposta correta.

A mim, pouco importa.

O que quero sublinhar é seu acerto ao dizer, a seu jeito: amigos, tomem cuidado com o que leem na imprensa.

sábado, 16 de maio de 2015

Um convite a todos que gostam de escrever sobre escola


Beatriz Cerqueira responde a colunista: acordo em Minas enterra choque de gestão tucano que destruiu educação pública




publicado em 16 de maio de 2015 às 12:33


Fernando Pimentel, lideranças políticas e sindicais anunciam o acordo (foto Décio Junior); já no Paraná do tucano Beto Richa…



por Beatriz Cerqueira, especial para o Viomundo


Quando os colunistas da revista Veja escrevem sobre educação pública, eles sabem do que estão falando? Conhecem a nossa realidade? Sabem de fato o que está nos nossos contra-cheques? Abandonariam a escola particular de mensalidades superiores aos nossos salários e colocariam seus filhos na escola pública?

Acabo de ler artigo do colunista Reinaldo Azevedo sobre o acordo assinado pelo Sind-UTE MG e o Governo do Estado no último dia 15 de maio.

Para ele tudo não passa de estratégias petistas que nada têm a ver com a educação e só tem o objetivo de constranger bons gestores como Beto Richa e Geraldo Alkmim.

Vou ajudá-lo a conhecer a realidade. E começo convidando-o a vir a Minas Gerais, entrar numa escola estadual e conversar com um professor, qualquer escola, qualquer professor.

Vai descobrir que o PSDB, com o seu modelo de choque de gestão, destruiu a educação mineira, que os indicadores de qualidade divulgados dando a idéia de que Minas Gerais tem a melhor educação do país eram manipulados, o sistema de registro dos alunos impedia que o professor registrasse a verdade sobre o aluno em função do seu desempenho.

Vai descobrir também que os alunos não tem onde comer, porque a maioria das escolas não têm refeitório.

Faço o convite para que os colunistas que escrevem sobre escola pública matriculem seus filhos em escola que funciona em motel desativado ou em posto de gasolina. Podem escolher.

Lutamos para receber um salário, que deve ser o valor que suas esposas gastam com bolsas de marca. Embora seja lei federal, lutamos há 7 anos para receber os reajustes do Piso Salarial Profissional Nacional.

Os governadores Aecio Neves e Antonio Anastasia poderiam ter cumprido a lei, mas não o fizeram.

Receberemos isso pela primeira vez a partir do acordo que assinamos. Por aqui, quem tem mestrado recebe como se tivesse apenas licenciatura curta e quem é pós-graduado recebe como se tivesse apenas nível médio de escolaridade.

Apresentamos, incansavelmente, a reivindicação para que isso se modificasse. Conseguimos agora descongelar a carreira.

Estávamos proibidos de comer na escola, mas tenho certeza que nunca faltou aos colunistas o cafezinho e o biscoito amanteigado!

Na rede estadual são 2/3 de profissionais com vínculo precário, embora a constituição do estado determine que o ingresso no serviço público se dê por concurso público.

Começamos a mudar isso com 60.000 mil nomeações. Com a grande experiência que devem ter, os colunistas devem acreditar que esse negócio de concurso é coisa do passado, que o legal é terceirizar e contratar professor como pessoa jurídica!

Mas, na verdade, o artigo tem o propósito de defender o indefensável: Beto Richa do Paraná e a forma como trata os professores!

Mas se serve de consolo, aqui em Minas já respiramos gás lacrimogêneo. Aqui, policiais militares já despejaram gás de pimenta em nossos corpos. Por aqui também já fizemos meses de greve por uma miséria de Piso salarial cujo valor deve ser o de um jantar de fim de semana nos bons restaurantes que frequentam!

Ficamos 4 meses com corte de salários, sobrevivendo da solidariedade alheia, sendo humilhados e achincalhados por pessoas que, como você, acham que educação não é direito, é bem de consumo.

Pode ser qualquer coisa porque é para a classe trabalhadora.

A elite não se contenta em ter, precisa impedir que os trabalhadores disputem o orçamento público, a prioridade de gestão.

Se fosse um acordo com a Fiemg ou com as empreiteiras ou mineradoras estaria tudo na devida ordem, mas acordo com trabalhador? Que vai significar mais de 70% de mudança salarial?

Enquanto os “bons governadores” espancam professores e destroem a escola pública.

Parece impensável mesmo!

Também deve incomodar a nossa luta contra a invisibilidade que os governos tentam nos impor, a nossa memória de não esquecer a mão que segura o chicote e a nossa rebeldia de não aceitarmos ficar restritos à senzala e sempre incomodarmos a casa grande.

Aí o sindicato, que é a forma de organização do trabalhador, merece especial atenção para ser atacado e a luta coletiva desqualificada. A alienação do trabalhador serve bem ao sistema.

Na crítica somos meros coadjuvantes, desconhecendo os anos de lutas que travamos no estado para mudarmos a realidade! Estas críticas mostram que estamos no caminho certo. O dia que formos elogiados por vocês, será motivo para que a classe trabalhadora fique preocupada com os rumos da luta!

Por fim, faço o convite a todos que gostam de escrever sobre escola pública. Venham a Minas Gerais e vivam por um mês com os salários pagos, herança maldita do PSDB. Façam a grande descoberta de suas vidas: descubram o que é escola pública!

E o que assinamos no dia 15 de maio, não foi por bondade de governo, foi resultado de anos de luta. E continuamos mobilizados! Este documento foi o começo da recuperação do que perdemos na última década.

Aqui em Minas a pauta da educação se transformou na pauta dos movimentos sociais! Não lutamos sozinhos. E isso causa ainda mais medo na casa grande!


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Detalhes do acordo em Minas, da página do deputado Rogério Correia:



Servidores da Educação e Saúde aceitam proposta e fecham acordo com Governo de Minas


O Governo de Minas assinou nesta sexta-feira (15), acordo com os trabalhadores da educação, em dia histórico para a categoria, que teve sua carreira defasada em 12 anos de governo tucano no estado. O acordo vai possibilitar o pagamento do Piso Salarial Profissional Nacional para os professores e demais profissionais da educação, entre outras conquistas. Com diálogo, transparência, sensibilidade e vontade política, o acordo é fruto de um imenso esforço do governo para valorizar os servidores da educação, reafirmando os compromissos assumidos com a sociedade e construindo as bases para o aprimoramento das políticas educacionais, com a efetiva participação de pais e alunos, trabalhadores e Governo.

Pelo acordo, será concedido reajuste de 31,78% na carreira do Professor de Educação Básica, a ser pago em dois anos, ficando assegurado o pagamento do Piso Salarial Profissional Nacional para uma carga horária de 24 horas semanais. O reajuste será implementado em três parcelas que serão incorporadas ao salário. A primeira delas, de R$ 190,00, corresponde a um aumento de 13,06% para o Professor de Educação Básica, e será paga mensalmente a partir de junho de 2015.

A coordenadora-geral do Sind-UTE, Beatriz Cerqueira, falou sobre o momento histórico para os servidores da educação no estado, que lutam pelo piso a anos. “A Assembleia da Educação aprovou a assinatura de acordo com o Governo. Conquistamos as mesmas condições para trabalhadores e aposentados. Tudo isso é resultado de muita luta, de nós não termos desistido do piso salarial”, destacou a sindicalista.

As principais conquistas da educação também foram apresentadas pela coordenadora do Sind-UTE. “Nós acabamos com o subsídio como forma de remuneração, mantivemos os níveis de percentuais da carreira, de promoção e progressão, conquistamos a garantia de reajustes anuais para todas as carreiras, não apenas os profissionais de magistério, 60 mil novas nomeações de concurso público, aprovação de perícia médica para aposentadoria de trabalhadores da lei 100, ou para os que estão em ajustamento funcional”, ressaltou.

Para o Deputado Estadual Rogério Correia, a aprovação da proposta do Governo de Minas é um feito histórico. O Deputado não deixou de falar sobre o modo petista de governar, a eficiência e o respeito com os trabalhadores. “Felizmente, depois de 12 anos de Choque de Gestão, onde os professores viam em assembleia e depois saiam em passeata pelas ruas infelizes, descontentes, reprimidos muitas vezes pela PM, isso teve fim, agora estabelece um processo de negociação”, afirmou.

As gestões tucana em outros estados não são exemplo para ninguém, segundo Rogério. “É importante ressaltar a diferença do que está acontecendo, no Paraná, com professores espancados, pela PM, a mando do governo do PSDB, a greve que já dura 60 dias em São Paulo, a greve no Pará e em Goiás, com exemplos que não devem ser seguidos”, enfatizou o parlamentar.

O deputado, ainda relembrou a época em que outros governos maltratavam a educação em Minas. “Professores recebendo Jato D’água na época do governo Francelino, lideranças ficarem presas do Dops, assisti governadores dizerem que professoras eram mal casadas, vi impedirem passeatas até a praça Sete e, por último, 12 anos desse maldito Choque de Gestão, que ficaram marcados como tragédia. Aliás, era Azeredo, Aécio e Anastasia os três ‘as’ de azar do professor”, relembrou.

A assembleia que definiu o fechamento do acordo ocorreu na quinta-feira (14), no hall das bandeiras da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, trabalhadores e trabalhadoras em‪ educação‬ votaram e aceitaram a proposta de Governo. Após a assinatura, o documento será encaminhado em regime de urgência para a Assembleia Legislativa de Minas Gerais para apreciação. Para sua aplicação, o acordo deve ser aprovado pela Casa e transformado em lei. ”Como líder do Bloco do Governo na Almg, vou trabalhar com os demais deputados, para no início de junho já estar aprovado na ALMG, os professores têm pressa. E não podem esperar mais”, finalizou o deputado.

Saúde também fecha acordo com Governo

Na terça-feira (12), servidores da Saúde assinaram, também na ALMG, um acordo com Governo do Estado. Participaram da reunião representantes da Secretaria de Estado de Planejamento de Gestão (SEPLAG), Secretaria de Estado da Saúde (SES), Associação dos Trabalhadores da Fhemig (Asthemg), Sindicato Único dos Trabalhadores da Saúde (Sind-Saúde-MG) e parlamentares.

A proposta do Governo do Estado engloba um aumento de R$ 190 para todos os trabalhadores da Saúde e a criação de um grupo de trabalho para discutir o plano de carreira da categoria, com a primeira reunião marcada para 18 de maio. Entre os pontos que serão estudados pelo grupo – formado por representantes do governo e das entidades sindicais – está a redução da carga horária, uma das principais reivindicações da categoria.

Até agosto deste ano, o grupo deverá formular um cronograma de implementação da revisão dos planos de carreira a partir de 2016. “Fizemos várias reuniões com os trabalhadores reforçando a disposição do governo de valorizar o servidor como parte essencial para a gestão eficiente do Estado. Vamos continuar buscando o diálogo, o respeito e a transparência”, afirmou a subsecretária de Gestão de Pessoas da Secretaria de Estado do Planejamento (SEPLAG), Lígia Maria Alves Pereira.

Para o diretor do Sind-Saúde, Renato Barros, as negociações avançaram nesse governo e vêm atendendo às reivindicações dos trabalhadores. “Antes, era impossível negociar com o governo. Essas reuniões não aconteciam”, diz Barros, acrescentando que o próximo passo da categoria é acompanhar a aprovação do projeto de lei que será enviado à Assembleia Legislativa.

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Dá pra baixar o pau no PT ?

Vídeo brilhante! O Fluxograma de Definição de Pauta do PIG (FDP do PIG)



O Cafezinho


14 maio 2015
Miguel do RosárioHumor




Rir às vezes é a última fronteira da resistência…

Reproduzo abaixo post publicado no Conversa Afiada.








Genial! Fluxograma para uma pauta no PiG!


É um FDP do PiG, para estagiários !


Dá pra baixar o pau no PT ?


Colaboração do amigo navegante Gabriel Carvalho, autor do antológico FDP do PiG:


Acabei criando um programa para ajudar os estagiários do PIG na definição de Pauta. Espero que seja bem útil.


Em tempo: Jabor, não é nada pessoal … É que o Jabor foi demitido do Estadão numa nota de pé de página …- PHA

Quando observamos ser o homem o lobo do homem


A Era dos Imbecis






16 de maio de 2015
Autor: Fernando Brito






Comecei a escrever este post na terça-feira, mas achei que era exagerado ficar contando experiências pessoais, mais do que tenho revelado aqui meus problemas de saúde.

Mas agora, depois da agressão estúpida e vaidosa de uma própria ignorância feita por um executivo palerma – certamente titular de um bom plano de saúde, devidamente abatido do IR, isto é, do Estado – contra o ex-ministro Alexandre Padilha num restaurante paulista, por causa do “Mais Médicos” que resolvi contar duas histórias. A minha e a de meu velho professor Nílson Lage, que a publicou no seu Facebook, fonte permanente de pautas e inspiração deste blog.

Segunda, fui fazer exames no Instituto de Cardiologia de Laranjeiras, vários deles, a começar por uma coleta de sangue, para a qual cheguei às 7:30 h.

Peguei a senha de número 76 e sentei-me do lado de duas senhoras, ambas muito longe da condição de miseráveis, uma delas com o número 61 (o da outra não pude observar). E tome de ouvir que aquilo era uma esculhambação, que a fila era imensa, etc, etc.

Clientela cerca de 50% de classe média, como eu.

Bom, meu sangue foi colhido às 9h, uma espera que foi menor do que aquelas que, muitas vezes, tive em laboratórios privados. Depois, esperei mais meia hora por um eletro e coisa de uma hora ou pouco mais para dois “doppler”, coronárias, aorta e carótidas”.

Às 13:30 estava fora do do hospital, depois de em todas as salas de espera e de ouvir impropérios mil contra o “nove dedos”. Assim mesmo, vindo de gente que não era miserável nem estava sendo exposta a sofrimentos.

Como ouvi no final de semana que passei, quase todo, na Unidade de Emergência Mário Monteiro, em Piratininga, tomando insulina, subcutânea e no soro.

Ontem à tarde, de volta a Niterói, fui ao modestíssimo Posto de Saúde do Tibau,na ligação entre a Lagoa de Piratininga, por onde se chega por uma ponte que nem suporta caminhões, marcar uma consulta para encaminhamento a um endocrinologista. Uma ida, como se depreende, sem marcação nem “peixada”, embora eu tenha visto por ali um simpático e simples restaurante de peixe, pois o Tibau pouco mais é que uma vila de pescadores. E a consulta foi marcada para segunda-feira, às sete da manhã.

Claro que há milhares de situações dramáticas e indignas no atendimento da saúde pública. Muito, muito mesmo, é precário e insuficiente, mas não há como comparar com o dantesco que não faz muito vivemos.

Mas todos nós, de alguma forma, as aceitamos como panorama universal da saúde pública, com a cabeça feita pelo mundo-cão com que estes casos não amplificados pela mídia, com a prazerosa cumplicidade daquela parte da corporação médica que bem se representa no high-society.

Já em outro lugar “bem”, Florianópolis, Nilson Lage, de 80 anos, narra:


“Ontem passei mal, com uma gripe braba que ganhou contornos mais sérios tanto pela idade quanto pelo DPOC – trocando em miúdos, o antigo e superado (no nome) enfisema; essa doença o rapaz aqui adquiriu com o vício do cigarro, que era hábito elegante, promovido pelas estrelas de cinema, objeto ritual de profissões tensas como jornalismo ou medicina, derivativo ou calmante oferecido até, em caixinhas de dois, aos passageiros de avião para superar a tensão das “zonas de instabilidade”..
Quado a febre bateu nos 38 e meio e a respiração ficou insuportavelmente ofegante, às nove da noite de um sábado espremido entre feriados, fui à Unidade de Pronto Atendimento do bairro. Na UPA, colheram sangue para o hemograma completo, marcaram o raios-X para o dia seguinte, deram-me oxigênio, hidrocortisona na veia, antibiótico (indicado excepcionalmente em portadores de DPOC para prevenir a provável pneumonia bacteriana oportunista) e me puseram em repouso, ligado aos equipamentos e monitorado por três horas, até que a médica – uma jovem doutora muito gentil – me liberou com as recomendações de praxe e indicação para retorno. Tudo conforme o protocolo.
Pelas outras macas passaram um rapaz acidentado que foi porteiro no condomínio em que moro e uma dona de casa com hérnias de disco que esperava cirurgia e estava em crise dolorosa;
Deitado, melhorando, tive tempo bastante para lembrar como era há pouco mais de dez anos quando acontecia algo assim: a distância, a espera, os ambulatórios de hospitais públicos mais entupidos de gente do que as rodoviárias; e a medicina-negócio que prosperava no marketing do desespero oferecendo serviço vagabundo (nunca vi cumprirem integralmente um protocolo desses. a não ser em clínicas muito caras, e testemunhei outras tantas vezes o atendimento de casos graves por auxiliares de enfermagem e estudantes de medicina em início de curso, principalmente nos fins de semana) – tudo pago, no sufoco, Deus sabe como, por quem podia.

Fico pensando: como se pode odiar, assim, de graça, alguém que fez esta e outras coisas boas; ou ter saudade do governo infame e cínico de Fernando Henrique Cardoso, que fazia praça da liquidação dos serviços públicos, da invasão por vendilhões dos templos onde os homens buscam seus direitos e adquirem fé na humanidade? Em nome de que ambição, que ideologia, que princípios que não a lei do mais forte, a crença apaixonada na guerra de todos contra todos (bellum omnia omnes) descrita no Leviatã, sem sequer o poder inibidor das maldades humanas previsto por Hobbes?"



O poder inibidor das maldades humanas de Hobbes era (ou é) o Estado e seus aparelhos, ideológicos e repressivos, como a mídia e a Justiça.

Que, no Brasil, tornaram-se estimuladores diários do bellum omnia omnes, que gerou a famosa frase que afirma ser o homem o lobo do homem.

Sem um contraponto como, porque a intelectualidade entregou-se às minudências do politicamente correto, da filosofia do “direito do consumidor” e do relativismo (paradoxalmente) “absoluto” e de um Governo que não polemiza, não reage, não proclama princípios e regras, chegamos a este ponto.

Espalha-se, pela sociedade, a ideia de que é com brutalidade que se resolve a vida: desde a prisão sem fundamento e razoabilidade, a redução da maioridade penal como remédio e o portar armas como sinônimo de “paz”.

Parece que ingressamos na Era dos Imbecis.

"Menos, gente! Por favor. Pessoas em bicicletas são só isso: pessoas."


Os ciclistas pagam pela partidarização estúpida das ciclovias



Diário do Centro do Mundo



Postado em 16 mai 2015
por : Diario do Centro do Mundo







Publicado no Vá de Bike.



Muito nos entristece que tanta gente, até mesmo em veículos de imprensa de grande influência, veja as ciclovias da capital paulista como propaganda do PT, o partido do atual prefeito da cidade, ou diga que as ciclovias são “de Haddad”, em vez de serem de São Paulo ou dos paulistanos. E isso já tem aumentado as agressões a ciclistas dentro e fora das ciclovias, como já havíamos comentado aqui no Vá de Bike em dezembro do ano passado.

Os relatos de amigos e leitores só aumentam – em frequência e agressividade. Nesse fim de semana, em pleno Dia Internacional da Mulher, a amiga Mariana Boff foi atropelada por um ônibus, que passou perto o suficiente para bater em seu guidão e arrastar a bicicleta com as rodas do veículo, que pesa toneladas. Por sorte, muita sorte, ela não teve o mesmo destino da bicicleta, mas se machucou muito com a queda, a ponto de sofrer um corte grande nas costas. As fotos dos ferimentos foram postadas em sua página no Facebook. A placa do ônibus foi fotografada por outra ciclista que estava no local e Mariana tomará providências legais.

Recentemente, a leitora Carla Moraes relatou que uma motorista que estava com o carro sobre a ciclovia, esperando o sinal abrir, tentou atropelar propositalmente ela e outra garota ao sair, acelerando contra elas. Por sorte, ambas estão bem. Com diversas testemunhas para apoiá-la, Carla fez Boletim de Ocorrência e já descobriu o nome da motorista, dando início aos procedimentos legais.

Outra leitora, Dani Gracia, relatou na última sexta-feira que um motorista jogou o carro para cima dela, que se desequilibrou, caiu e teve vários ferimentos. Ela tinha acabado de levar a filha para a escola, na cadeirinha da bicicleta, e por sorte a criança não estava mais com ela. “Pede para o prefeito pintar a rua de vermelho”, justificou o homem que dirigia o carro. E que foi embora rindo, sem ajudá-la. Infelizmente, Dani não conseguiu anotar a placa e esse motorista ficará impune, até que seus atos tenham consequências piores.

E o empresário Marco Gomes publicou na semana passada um vídeo em que um motorista o prensa propositalmente contra outro carro, pouco depois de fechá-lo, quase causando um acidente grave por duas vezes seguidas. O vídeo você vê no final deste texto.
Vidas em jogo

As ciclovias são construídas para proteger a vida das pessoas que se deslocam de bicicleta, ou que pretendem fazê-lo mas ainda não se sentem seguras. E elas atendem a uma demanda histórica dos ciclistas paulistanos, principalmente no caso da Avenida Paulista.

Se seguem um modelo adequado de implantação ou se há falhas, isso pode e deve ser discutido, mas resumir a questão a uma disputa partidária, ainda que em tom de desabafo, leva todos nós a perder. Principalmente com as agressões que os ciclistas já têm sofrido nas ruas, por conta de motoristas que acreditam que usar a bicicleta é apoiar o partido do prefeito e que isso, por si só, justificaria uma punição em forma de fechada, fina, ameaça de atropelamento ou até derrubar o ciclista de fato, sem se importar com as consequências. Porque, afinal, ele estava merecendo mesmo.

Menos, gente! Por favor. Pessoas em bicicletas são só isso: pessoas. Com amigos, pais, maridos, esposas, filhos e amores esperando para revê-los e, pasmem: com preferências políticas variadas! Entrar nesse discurso de que as ciclovias são um mal para a cidade ou que são pura propaganda política inflama as pessoas de má índole, que passam a ver cada bicicleta na rua como um insulto, uma provocação, quase um crime, fazendo com que se sintam justos e vingadores ao cometer essas agressões – que podem, inclusive, causar mortes ou sequelas para o resto da vida.

Pense nisso.

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Vídeo buscado no Vá de Bike