quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Você quer um belíssimo Ano Novo?


A “receita de ano novo” de Drummond




Por Carlos Drummond de Andrade



Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido
(mal vivido ou talvez sem sentido)

Para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?).

Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um ano-novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.

É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

O episódio do artigo deplorável...


O significado do ignóbil artigo de Paulo Sant’Ana



Sul 21 - Vinícius Wu




Há uma relação sutil – mas articulada e profunda – entre o desprezível artigo de autoria de Paulo Sant’Ana, publicado na Zero Hora de 29/12/14, a ainda recente violência cometida contra o Goleiro Aranha, do Santos, o incêndio no CTG de Santana do Livramento, as ofensas ao arbitro Marcio Chagas e outros episódios de racismo e intolerância ocorridos no Rio Grande do Sul nos últimos meses. Não se tratam de episódios isolados, eles se comunicam. São o sub-produto de uma lógica cultural, legitimada por setores da grande mídia, políticos conservadores e representantes de uma parcela decadente da elite intelectual local. Ela não representa o conjunto da sociedade gaúcha, naturalmente, mas tem força suficiente até mesmo para influenciar disputas eleitorais. Compreender esse processo é fundamental para refletirmos sobre o futuro do estado.

A influência positivista na formação política e cultural do Rio Grande do Sul cristalizou na tradição política local uma tendência à constante interpretação e reinterpretação da história e dos diversos aspectos que compõem o mito fundador do povo gaúcho. As forças políticas que disputam a hegemonia no estado, até hoje, confrontam interpretações distintas a respeito de uma origem mítica sob a qual se assenta o imaginário do povo riograndense. Essa é uma característica singular da disputa política no estado.

Historicamente, a construção do imaginário, em qualquer comunidade de cidadãos, tende a se tornar objeto de uma disputa entre as diferentes visões de mundo que se confrontam em um determinado território. Como observa José Murilo de Carvalho, é por meio do imaginário que se pode acessar as esperanças e os medos de um povo. É nele que as sociedades definem suas identidades coletivas, seus adversários e seus objetivos comuns. Os símbolos, os mitos de fundação, os rituais de um povo são peças chaves à compreensão de qualquer sistema de poder.

Relações de dominação e controle podem encontrar na manipulação do imaginário um suporte decisivo ao projetar no inconsciente coletivo a preservação de interesses e cristalizar sensações de insegurança e medo. O Rio Grande do Sul vive intensamente essa disputa pelo imaginário local.

Desde cedo, uma parcela das elites econômicas locais buscou absorver essa dimensão da disputa política, visando assegurar, para si, o monopólio da interpretação da história e da cultura gaúcha. Há diversos autores que debatem essa questão e não convém aqui discorrer demasiadamente sobre esse processo. O que importa, de fato, é a constatação de que há uma evidente tentativa de apropriação da narrativa histórica a respeito da identidade gaúcha, que se articula com certas estruturas de dominação, cuja legitimação repousa sobre um pretenso monopólio do discurso sobre a tradição.

Essa narrativa, para afirmar sua hegemonia, precisa aniquilar os discursos alternativos; ela se inclina à uniformização, ao sufocamento das diferentes possibilidades de interpretação da história do povo gaúcho. Exatamente por isso, os Lanceiros Negros, que poderiam servir a uma profunda reorganização das bases sob as quais a historiografia nacional aborda o tema da luta pela abolição, são sistematicamente negligenciados pelo discurso oficialista conservador. Engana-se quem acredita que esse é um debate meramente acadêmico. Há implicações diretas sobre a disputa política local, sobre o tema da propriedade da terra no estado e sobre a legitmidade de políticas de afirmação do direito dos negros gaúchos. A luta dos quilombolas nos informa o quanto esse tema é atual.

O Rio Grande do Sul, a exemplo do restante do Brasil, é um território de encontro de diferentes etnias, idiomas, culturas, práticas comunitárias e simbologias. A anulação dessa diversidade é uma estratégia deliberada do conservadorismo político, que, ao anular, a diversidade cultural, pavimenta o caminho para anular a também a diversidade da cidadania.

Felizmente, a ação uniformizadora dos grupos econômicos dominantes sempre foi objeto de contestação e de uma resistência política intensa, que foi capaz de afirmar no imaginário riograndense o lugar dos “de baixo”, apesar das evidentes tentativas de anulação. A força da cultura afro-brasileira, a obstinação de sua religiosidade, incrustou, de forma irreversível, a presença negra na mitologia gaúcha.

O associativismo, a cultura da cooperação, em grande medida, herdada do protestantismo sobreviveu no seio das comunidades de imigrantes, colonos e povos aqui instalados para extravasar seu componente transformador em uma estrutura política peculiar, responsável por uma cultura de participação invejável.

O PT gaúcho foi buscar – talvez inconscientemente – nessa tradição associativista, a energia impulsionadora de um dos experimentos democráticos mais arrojados que se tem registro no Brasil do século XX, o Orçamento Participativo. Essa é a riqueza transformadora do povo gaúcho contra a qual se batem os conservadores, que buscam tomar para si o monopólio da narrativa sobre a formação do Rio Grande.

Os episódios recentes – do goleiro Aranha ao incêndio do CTG e, agora, o abjeto artigo de Paulo Sant´Ana – nada mais são do que a sequencia dessa longa disputa pelo imaginário, que ainda opõe dominantes e dominados, oprimidos e opressores, monopólios da informação e vozes que defendem a verdadeira liberdade de expressão.

Sim, minha gente – gostemos ou não – é tudo disputa política. Ao propor assertivas do tipo “não somos racistas” ou “isso é natural num jogo de futebol”, certos mandaletes do conservadorismo mandam o seu recado à turba: – não se metam a rediscutir nossa história! Deixem nossos representantes no parlamento seguir dizendo que índio, negro, gays e todo o resto são “tudo o que não presta”. Afinal, quem não presta não tem direito. Deixem o velho e consagrado (sic) colunista discorrer sobre suas inúteis impressões a respeito do Uruguai. Não vamos discutir o racismo, esse ente abstrato, que ninguém vê.

Sigamos jogando pra debaixo do tapete as irrupções de ódio e deixemos, também, que políticos e certos “formadores de opinião” permaneçam aproveitando-se dele para angariar votos, audiência e prestigio social.

O episódio do artigo deplorável se relaciona com o episódio do goleiro Aranha, que por sinal o mesmo colunista fez questão de relativizar na oportunidade. Era visível que estava em jogo, na ocasião, muito mais do que a luta contra o racismo nos estádios. Estamos diante de uma disputa decisiva pelos direitos fundamentais de amplas parcelas da sociedade. Os arautos do atraso querem negar nossos déficits de cidadania e democracia, afirmando que tudo é natural. Para eles, não precisamos de políticas públicas que revertam desigualdades, não há a necessidade sequer de Estado. Vamos cortar tudo: secretarias, investimentos, políticas sociais etc. Basta valorizar a “história” e a “grandeza” do Rio Grande, sem falsas polêmicas. Afinal, não somos racistas, não é mesmo?

Por fim, não espere jamais ninguém por aí se declarar racista. E haverá mil justificativas para o desprezível artigo. Mas tenha certeza: a negação – do papel do Estado, do racismo, das desigualdades etc. – será o caminho daqueles que pretendem alimentar a desigualdade, o racismo e a intolerância nestas terras por muitos e muitos anos.


.oOo.



Vinícius Wu é historiador pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)..



____________________________


Abaixo, o artigo de plástico


Paulo Sant'Ana: o céu de Punta
O colunista escreve aos domingos em ZH
Atualizada em 29/12/2014 | 05h3329/12/2014 | 05h33


Punta del Este é um paraíso encravado no inferno do Uruguai.

Punta del Este foi erguida pelos argentinos para gozar as delícias da praia, a delicadeza do trânsito e, principalmente, a vantagem enorme de não conviver com os uruguaios. Há gente de todo o mundo em Punta, menos uruguaios. Por isso, os argentinos se refugiaram lá.

***

Mas, aos poucos, os argentinos estão cedendo terreno em Punta del Este para os brasileiros, em breve haverá mais brasileiros em Punta do que argentinos.

É que as sucessivas crises financeiras que assolaram a Argentina pós-Perón foram empobrecendo os portenhos e eles passaram a vender suas casas e apartamentos em Punta del Este.

***

Não vou a Punta del Este por sua beleza natural e arquitetônica, que é indiscutível. Vou por dois motivos: os cassinos e os pêssegos.

São os pêssegos mais deliciosos do mundo, os de Punta, mais doces que as tâmaras do Líbano e mais suculentos que as laranjas de Taquari.

Pena que os pêssegos de Punta não dão nas quatro estações. Mas na única estação que vicejam já me bastam para comer centenas deles em apenas 60 dias.

Não é preciso dizer que tanto o Oceano Atlântico quanto o Rio da Prata, que banham as duas margens da península em Punta, têm águas geladas, nem sei como alguns turistas se atrevem a mergulhar nelas.

Se Punta del Este tivesse as águas das suas praias quentes como as de Jurerê, seria a cidade mais frequentada do mundo.

Mas a água é gelada, nem pinguim conviveria com ela.



Mas as ruas e avenidas de Punta são limpíssimas, arejadas por árvores inúmeras e têm um trânsito pacífico e convidativo como não há igual em nenhuma cidade do planeta.

Eu nunca vi um acidente de trânsito em Punta del Este. Dizem que já houve, mas eu nunca vi. É de admirar isso, afinal é estreita a península, mas acontece que o trânsito só é intenso no verão. No inverno, parece trânsito destinado exclusivamente aos pedestres, tão suavemente se comportam os motoristas em Punta.

***

Finalmente, é incrível, mas não há sequer um negro em Punta del Este. A 150 quilômetros de Punta, em Montevidéu, há milhares de negros.

Mas em Punta nenhum empregado, nenhuma empregada doméstica negra, nem camareiras de hotel.

Foi feita em Punta uma segregação racial pacífica e não violenta.

Há mais negros na Dinamarca e na Noruega do que em Punta del Este.

Ou melhor, não há sequer um só negro ou uma só negra em Punta.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

"Que tempos virão?"


Sociedade do espetáculo




2 de dezembro de 2014 


Orlando Senna*




O conceito de sociedade do espetáculo apareceu pela primeira vez em 1967, quando o anarquista francês Guy Debord publicou seu livro La société du spectacle, estudo crítico sobre capitalismo, consumo e sociedade. Temas como a desilusão capitalista, negação da vida real e forma-mercadoria estão nesse livro, um dos textos paradigmáticos das manifestações de Maio de 68 em Paris. Pode-se dizer que é um estudo, mais que pioneiro, profético.




O comportamento empresarial, político e psicossocial que determina o que conhecemos hoje como sociedade do espetáculo só teve início consciente a partir dos anos 1970, desenvolvendo-se na década seguinte e fixando seus padrões nas décadas 1990 e 2000.

Na base dessa compreensão e dessa prática do ser para ser visto e não do ser por existir está o simulacro, a imagem e/ou o som da coisa no lugar da coisa em si, a sacralização da imitação, a virtualidade, a existência passada a limpo através das máquinas, a troca do sangue-suor-e-lágrimas da vida vivida pela magia das ficções, das telinhas e telões. A meta mais perseguida pelas novas tecnologias da comunicação é a realidade virtual, a criação de ambientes cibernéticos “realistas” (com aspas porque na verdade são ilusórios) onde as pessoas podem interagir com as coisas, e no futuro com outras pessoas, utilizando todos os sentidos. Na prática temos a popularização do 3D (terceira dimensão), o sexo virtual, o anonimato nas redes sociais onde você pode se mostrar ao mundo com a cara que desejar, postando outras caras ou modificando, embelezando, a própria.

Uma vertente importante no contexto espetacular é a cultura do narcisismo, desde as transformações do corpo nas máquinas, nas telas (fotoshop), até a transformação do corpo real: a onda mundial das tatuagens e piercings, a radicalização da body modification (modificação corporal), dos peitos e bundas siliconados, da implantação de membranas entre os dedos ou de chifres de plástico na cabeça. De maneira geral, a medicina não é contra essa prática, a cada dia aumenta o número de médicos dedicados a essas cirurgias duplamente invasivas (na matéria da carne e no imaterial da alma), essas alterações da natureza. Claro que o ser humano sempre fez pequenas alterações corporais, vide as escarificações dos povos africanos, as tatuagens tribais e a maquiagem. Mas de um costume culturalmente restrito, arcaico e grupal, de caráter defensivo (assustar animais e pessoas hostis), passamos a uma moda universal e vaidosa, no sentido do destaque pessoal.

Outra vertente é a espetacularização da política, aspecto que me levou a escrever essas mal traçadas, ainda impregnado pela truculência da recente campanha eleitoral brasileira, onde os candidatos atuaram como personagens de uma peça indecisa entre o Sonho de uma noite de verão de Shakespeare e A resistível ascensão de Arturo Ui de Brecht. Tudo bem ensaiado e sincronizado por um enxame de diretores, redatores, figurinistas, cenaristas, maquiadores e cabeleleiros. Mas a imagem não é tudo, existe também a fala e aí o bicho pegou. Quando ouvi um senador, líder do partido derrotado, esbravejar que não queria diálogo (em resposta a um convite da candidata eleita) não acreditei, inclusive porque nem o orador acreditava no que dizia, já que é um político e a sustentação democrática da política é o diálogo.

Na sociedade do espetáculo a verdade não tem importância, o que vale são as versões, as visões que podem ser criadas e recriadas. No centro desse holocausto da veracidade, ponteiam e brilham as grandes corporações midiáticas, as que têm maior interesse e maiores ganhos com as simulações. O melhor exemplo recente também vem da campanha mencionada, quando uma revista estampou na capa, na véspera da eleição, que a presidente e candidata à reeleição Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula eram coniventes com a corrupção. A acusação, sem provas, baseava-se em uma frase de um delator premiado (que delata para ter sua pena reduzida). A revista disse que estava praticando a liberdade de expressão. Ou seja, a sociedade do espetáculo está incluindo, cada vez mais, a mentira como manifestação da liberdade de expressão. Que tempos virão?



* Orlando Senna é cineasta, documentarista, escritor e colaborador da Diálogos do Sul.

tentaram lhe empurrar goela abaixo o pior senador do Brasil: nota zero!


A explicação da Veja sobre o zero de Aécio é uma das piadas do ano



Ele


Em algum momento do ano, a Veja tinha que publicar alguma coisa verdadeira, pela lei das estatísticas jornalísticas.


Isso aconteceu em sua última edição do ano, numa lista com o desempenho dos parlamentares brasileiros em 2014.

É um levantamento que a revista faz desde 2011, e que leva o pomposo nome de “Ranking do Progresso”.

Segundo a Veja, “critérios objetivos” são usados para a classificação: não se trata apenas de assiduidade, mas da qualidade dos projetos apresentados.

Na lista de 2014, entre os senadores, Aécio apareceu na última colocação. A nota que ele mereceu da revista foi, simplesmente, zero. A escala ia até dez.

Ainda ontem, quando a informação viralizou na internet, alguns tentaram explicar a posição de Aécio.

Um colunista do Globo, no Twitter, sugeriu que a posição de Aécio podia dever-se à campanha presidencial.

Os internautas não engoliram a justificativa. Alguém lembrou que o senador Lindbergh Farias também esteve em campanha em 2014, e ficou na segunda colocação.

Diante do clamor da internet, a Veja decidiu, no domingo, o impossível: justificar a posição de Aécio.

O caminho foi exatamente o do colunista do Globo: a campanha.

Era melhor a revista ficar em silêncio fúnebre. Ou será que a campanha explica também a nota 3,8 – de zero a dez – que Aécio levou em 2013?

Na primeira lista, a de 2011, Aécio sequer foi citado. Apenas 22 senadores apareceram nela, e entre eles não figurava Aécio.

Há, como se vê, uma coerência no Ranking do Progresso, pelo menos no que diz respeito a Aécio Neves.

Jornalisticamente, ficam algumas perguntas.

A primeira é: por que a Veja não utilizou seu “Ranking do Progresso” em nenhum perfil que fez sobre Aécio?

A seus leitores foi subtraída uma informação essencial.

Nenhum dos blogueiros também jamais mencionou uma lista destinada, segundo a Veja, a empurrar o país “rumo ao futuro”.

A Veja tratou seu próprio material como trata as notícias de um modo geral: se são desfavoráveis aos amigos, esconde-as. Mostrou assim a natureza do jornalismo que pratica.

Você pode perguntar: mas por que então ela deu a relação em que Aécio aparece em último lugar?

Boa questão.

Minha desconfiança é que, se não desse, ela vazaria de qualquer forma da internet, e o embaraço seria não só de Aécio mas da Veja.

Um instituto, mediante as diretrizes da Veja, avalia os parlamentares e os enumera. O “Ranking do Progresso” de 2014 fatalmente apareceria em algum site, e de lá viralizaria.

Na internet, é bem mais difícil você manipular as informações.

Por fim, fora as gargalhadas inevitáveis no reconhecimento involuntário que a Veja fez do trabalho de Aécio em Brasília, fica a constatação: a revista se bateu furiosamente para eleger o pior senador do Brasil.

domingo, 28 de dezembro de 2014

Cuba: leitura para quem não tem cérebro de plástico


Cuba: Xeque mate na grande imprensa


Sábado, 20 Dezembro 2014 10:42


Caros Amigos


Cuba: as verdades que se ocultam e subordinação da imprensa à agenda da Casa Branca



Por Alexei Padilla e Amanda Cotrim



"A transcendental decisão de Barack Obama e Raúl Castro mudou rapidamente a visão, até esse momento apresentada, da grande imprensa sobre o porto do Mariel."


A imprensa oligárquica do Brasil tem destacado nesses últimos dias a importância do restabelecimento – após de 53 anos – das relações diplomáticas entre Cuba e os Estados Unidos. Contudo, ela tem ocultado alguns aspectos relevantes dos acontecimentos que assistimos no dia 17 de dezembro.

Na terça-feira, dia 16, a Rede Globo encerrou a temporada anual do programa “Profissão Repórter” com uma matéria sobre Cuba. A reportagem pretendeu apresentar para os brasileiros uma caricatura do que foi a crise dos balseiros, em 1994. Como é costume, o principal conglomerado midiático brasileiro aproveitou para descontextualizar a história e dar voz a uma parte só dos sujeitos envolvidos naqueles fatos.


Desinformação

Por isso, questionamos até que ponto a grande imprensa brasileira estabelece a controvérsia? Por que, quando o assunto é Cuba, não há o “outro lado” da história, premissa tão defendida nos cursos de jornalismo?

Vale a pena apontar que na reportagem do "Profissão Repórter" aconteceram alguns erros graves. Primeiro, a crise dos balseiros não foi a maior crise migratória da história recente da Ilha. Em 1994, saíram da Ilha em balsas e embarcações muito precárias em torno de 35 mil pessoas. O maior êxodo de cubanos para os Estados Unidos aconteceu na primavera de 1980 pelo porto do Mariel. Mais de 125 mil pessoas foram trasladadas até as costas da Flórida (EUA) em barcos e iates enviados pelos parentes que moravam em Miami.

A motivação de ambos os fluxos migratórios foi essencialmente econômica, a mesma tendência que constatamos nos países da América Central e o Caribe. Diferentemente do resto dos imigrantes desses países, os cubanos têm um privilégio especial: quando algum deles chega ilegalmente aos Estados Unidos é acolhido como refugiado político e depois de um ano morando em terras estadunidenses, recebe a residência permanente. Cubanos que migram para os EUA têm mais direitos assegurados que os próprios norte-americanos. Se isso não seria uma guerra para sufocar o governo legítimo de Cuba, então o que seria? É preciso que se ressalte, também, que o Consulado Americano em Havana nem sempre entrega os vistos às pessoas interessadas em se mudar para os Estados Unidos de forma legal, ordenada e segura.


Crise

Após a dissolução da União Soviética em 1991, a economia cubana entrou na pior crise da história republicana. O País enfrentou o “Período Especial em Tempos de Paz” decidido a manter o rumo socialista. Diante dessa decisão o governo de George Bush (pai) endureceu o bloqueio para tentar afogar a Revolução Cubana. É preciso que se diga que a “grande” imprensa brasileira não é adepta ao termo “bloqueio”, preferem falar que é “embargo”. Não se trata de sinônimos. A opção da mídia, nesse caso, é ideológica.

Em 1994 a situação era tensa por causa das difíceis condições de vida na Ilha. Estações de rádio operadas por exilados cubanos nos Estados Unidos enviaram mensagens para provocar uma insurreição geral. Os protestos de agosto daquele ano em Havana e os continuados sequestros de barcos resultaram na abertura das costas à Ilha para todos os cidadãos que queriam viajar para a “Terra Prometida”.

Aliás, para essas 35 mil pessoas que pegaram as balsas, a procura por um visto no consulado estadunidense, teria sido uma perda de tempo.


Cuba-EUA

Um dia depois do programa ir ao ar, a realidade, como quase sempre, deixa em ridículo a fala da Globo. A decisão sobre o restabelecimento das relações diplomáticas entre Cuba e os Estados Unidos foi uma supresa para todos, mas ao mesmo tempo demonstrou a falta de preparo dos jornalistas da mencionada rede para tratarem de assuntos internacionais. Só uma lembrança: para se referir à recente cúpula sobre meio ambiente em Lima, no Peru, um país com fronteiras com o Brasil, contatavam um correspondente em Nova Iorque. Que modo mais esquisito de jornalismo! Ou seja, a imprensa brasileira não conhece a América Latina.

A transcendental decisão de Barack Obama e Raúl Castro mudou rapidamente a visão, até esse momento apresentada, da grande imprensa sobre o porto do Mariel. Matérias em jornais de grande circulação, como aFolha de São Paulo, começaram a repercutir de forma positiva o “grande negócio” que o Brasil realizou em Cuba.

Esses fatos evidenciam a subordinação da política informativa da grande imprensa à agenda política dos Estados Unidos. Essa atitude envergonha-nos porque sabemos do desprezo que Washington tem demonstrado para os países da América Latina. Mas para alguns, mais importante do que a dignidade pessoal ou nacional é manter a fidelidade ao Império para sempre ter o desejado visto colado no passaporte.

"A mídia, de modo geral, afirma que a Ilha é um país “atrasado” (...). Isso acontece porque os jornais tradicionais pertencem à mesma “filiação”"


Los Cinco

A imprensa se referiu aos três cubanos presos nos Estados Unidos como “presos políticos que se envolveram em organizações secretas nos EUA”, ocultando que esses faziam parte do grupo de Los Cinco (os cinco) que monitorava as atividades de quadrilhas que organizavam, na Flórida, atentados terroristas contra o povo cubano.

Antonio Guerrero, Gerardo Hernández, Ramón Labañino, René González e Fernando González foram presos em 1998 por lutar contra o terrorismo. René e Fernando voltaram para casa em 2013 e 2014, respectivamente, depois de ter cumprido suas condenações. Antonio, Gerardo e Ramón foram trocados por um agente cubano que espionava para os Estados Unidos. Também Cuba liberou Alan Gross, um funcionário da Usaid (sigla em inglês para Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional) que tentou ingressar ilegalmente aparelhos de telecomunicações com tecnologia não comercial, ou seja, militar.


Violações

Os cinco cubanos resistiram durante mais de 15 anos aos rigores da cadeia e às inúmeras violações de seus direitos e de seus parentes. Esses jovens cubanos têm dentro deles a dignidade de um povo todo: o cubano. Uma dignidade e uma resistência que poucos conhecem e muitos acreditam que não é possível.

Isso foi possível porque Cuba é um povo de guerreiros. Um país que lutou durante mais de 130 anos pela independência e a soberania. Um país que lutou contra a maior potência econômica e militar da história. Um país que, apesar do bloqueio e das dificuldades, tem a melhor rede de saúde e o melhor sistema de ensino da América Latina. Um país onde não é preciso um sistema de cotas porque negros, brancos e pardos têm os mesmos direitos. Cuba é o país da América com menor mortalidade infantil e a segunda nação latino-americana com a menor taxa de homicídios, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).

É preciso que se ressalte também que, em Cuba, antes de as leis serem aprovadas devem ser discutidas com os trabalhadores. Os debates são feitos num ambiente de participação e democracia. Essas são as verdades não contadas da terrível “ditadura comunista”.


Cuba fora da ordem

Mas por que alguns discursos são silenciados pela grande imprensa? Por que nunca se ouviu um cubano que é a favor da revolução e do sistema socialista que há em Cuba? O que está sendo dito, na exclusão do não dito?

O termo “ditadura” é uma constante na grande imprensa brasileira quando o tema é Cuba. A mídia, de modo geral, afirma que a Ilha é um país “atrasado” e que precisa abandonar seu sistema político. Isso acontece porque os jornais tradicionais pertencem à mesma “filiação” discursiva, estabelecendo, assim, uma ordem para que o discurso produzido sobre Cuba pareça isento, objetivo e imparcial. O “ditador” é um mal representante da razão, por isso, não está na ordem do discurso.

Tudo que não diz respeito aos discursos já consolidados está fora de ordem. Por isso, uma imagem positiva da Ilha nos jornais não faz parte da ordem estabelecida. Se não está dentro, é porque foi excluído.


♦ Alexei Padilla é jornalista cubano e mestrando em Comunicação (UFMG). Amanda Cotrim é jornalista brasileira e mestranda em Divulgação Cientifica e Cultural (Unicamp).

sábado, 27 de dezembro de 2014

A diferença da intimidade com o médico... é bem melhor!

Tô gostando demais!



Estos cubanos...






"Será que a mídia udenista apostou novamente numa fraude?"


Venina: “Heroína” da mídia é uma fraude?





Por Altamiro Borges

No seu falso moralismo, os barões da mídia costumam escolher mal seus heróis. A revista Veja, por exemplo, já elegeu o ex-senador Demóstenes Torres como “mosqueteiro da ética”. Pouco tempo depois, o líder dos demos foi cassado devido às suas íntimas ligações com o mafioso Carlinhos Cachoeira. Emissoras de tevê, jornalões e revistonas também bajulavam o governador José Roberto Arruda, o “vice-careca” do tucano José Serra, até que ele foi cassado no Distrito Federal pelo desvio de milhões dos cofres públicos. Agora, a mídia já tem a sua nova heroína: Venina Velosa. Após 27 minutos de exposição no Fantástico da TV Globo, com direito a choro e a muito melodrama, ela virou a musa dos udenistas. Aos poucos, porém, as verdades sobre a ex-diretora da Petrobras aparecem e setores da imprensa até já ensaiam descartá-la como bagaço.

Nesta sexta-feira (26), o insuspeito Estadão revelou que Venina Velosa foi uma das três integrantes do Conselho de Administração da Petrobras, criado em março de 2008 para administrar a bilionária obra da Refinaria Abreu e Lima (PE). Como braço direito de Paulo Roberto Costa, que se beneficia da “delação premiada” na Operação Lava-Jato, ela foi responsável pela assinatura de vários contratos que agora são investigados por irregularidades. O levantamento do jornal foi feito com base em 70 atas do conselho – de um total de 123 –, entre março de 2008 e janeiro de 2012. Ou seja: a “musa” da mídia golpista participou de todo o esquema agora denunciado como o maior escândalo de corrupção da história do país. A construção da Refinaria Abreu e Lima teve um custo inicial estimado em R$ 2,3 bilhões, mas consumiu mais de R$ 20 bilhões, sem ser concluída.

Na semana passada, o colunista do jornal O Globo, Jorge Bastos Moreno, já havia questionado a “pureza” da ex-diretora da estatal. “Venina terá de ser investigada pelos seus atos na Petrobras. Ela está longe de ser heroína”, disparou. Entre outros atos suspeitos, quando estava lotada em Cingapura, ela contratou, sem licitação, a empresa Salvaterra, do hoje ex-marido Maurício Luz, em 2004 (no valor de R$ 2,4 milhões) e 2006 (R$ 5,4 milhões) para prestar serviços de consultoria. Ela também assinou pedidos para antecipar as obras e para garantir aditivos milionários para a refinaria Abreu e Lima, apesar dos alertas já existentes sobre irregularidades na construção.

Em outro petardo contra a atriz do Fantástico, o Estadão revelou que “a comissão interna da Petrobras, formada para apurar irregularidades nas obras da refinaria Abreu e Lima, considerou a ex-gerente executiva Venina Velosa da Fonseca uma das responsáveis pela perda de R$ 25 milhões na assinatura de um contrato. A informação faz parte do relatório final da comissão, que aponta outras falhas na contratação de empresas... O Estado de S.Paulo teve acesso ao relatório final da comissão. Os auditores encontraram as chamadas não conformidades em 10 dos 23 contratos analisados”. Procurada pelo jornal, a ex-diretora afirmou ser vítima de “assédio moral”. Seguiu a linha de que a melhor defesa é o ataque!

Diante destes e de outros fatos suspeitos, muita gente já se pergunta quais seriam as intenções de Venina Velosa – também apelidada de Venina Venenosa. Há quem avalie que a ex-diretora da Petrobras tenta salvar sua própria pele e resolveu fazer o jogo das forças contrárias à estatal – que não são poucas. A própria entrevista melodramática ao Fantástico – programa dominical da TV Globo, que nunca escondeu sua visão privatista e entreguista contra a Petrobras – sofre questionamento. Até uma empresa especializada em tecnologia de análise de voz, a Truster, foi consultada sobre a entrevista e concluiu que Venina Velosa “não foi verdadeira quando afirmou que vem fazendo denúncias desde 2008”.

O estudo foi obtido pelo site Brasil-247 e é assinado pelo “perito em veracidade” Mauro J. Nadvorny. Ele é taxativo ao afirmar que Venina Velosa “não foi verdadeira ao tentar envolver algumas pessoas em sua denúncia, o que acaba sendo uma cortina de fumaça para o que realmente seria importante”. Para o especialista, a nova musa da direita “parece estar buscando uma vingança e não fazer justiça em nome dos funcionários da Petrobras”. Será que a mídia udenista apostou novamente numa fraude?

notícias como essa saem pequeninas


Petrobras já pode operar megacampo de Búzios, ex-Franco




26 de dezembro de 2014 | 11:34 
Autor: Fernando Brito






Enquanto a campanha anti-Petrobras segue na mídia, a empresa vai colecionando diversas boas notícias naquilo que interessa: produzir petróleo para o Brasil.

Depois de bater, no domingo, o recorde de produção em um único dia no domingo (2,47 milhões de barris de petróleo num dia ou, para se ter uma ideia melhor 392 milhões de litros), a empresa recebeu autorização da Agência Nacional de Petróleo para produzir, de forma provisória, no megacampo de Búzios (antes conhecido como Franco), um dos que integram o conjunto da área de cessão onerosa recebida, definitivamente, no ano passado.

Este conjunto representa reservas de até 15 bilhões de barris de óleo recuperável, quase o mesmo que todas as reservas provadas hoje do país.

A Petrobras vai operar, durante sete meses, o primeiro poço do campo, para completar os estudos geológicos e produção limitada – por causa dos limites à queima de gás – mas capaz de testar os prognósticos de que cada unidade de extração possa render cerca de 30 mil barris diários, equivalente aos melhores poços do pré-sal.

A exploração comercial definitiva começa, porém, apenas em 2016. Em 2015, a Petrobras conclui e desloca para lá a plataforma P-74, cujo casco está quase pronto no antigo estaleiro Ishikawagima (hoje, Inhaúma) na ponta do Caju, no Rio. Em seguida, o navio segue para o Estaleiro Enseada, no Rio Grande do Sul, para a montagem das estruturas de convés.

Infelizmente, notícias como essa saem pequeninas, nos cantinhos da editoria de economia.

Quando saem.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Divertil e Risotril...

Feliz Natal!


Beto Bertagna: trouxe do teu perfil! Tenho certeza que temos a mesma lactação!



Mom serving in lactation... deu no que deu: um velhinho que não desacredita da vida com humanidade solidária, amorosa... construída com todos incluídos num mundo menos elitista, preconceituoso, autoritário e desigual, por la vida... siempre! Onde ocê encontra isso tudo? Dentro de ocê mesmo! É só creditá na medicação Divertil e Risotril, mas cuidado com as contra-indicações! Se ocê compartilha determinados valores, dentre eles o individualismo exacerbado e dezenas de coisas que derivam disso: a necessidade de diferenciação em relação ao restante da sociedade, a forte priorização da segurança em sua vida cotidiana, como elemento de “não-mistura” com o restante da sociedade, aliadas com uma forte necessidade de parecer engraçado ou bom moço, tome muito cuidado com o efeito rebote! Saia do ócio do ódio com Divertil e Risotril! Feliz Natal!


OPS! Depois da medicação não dirija! É melhor dormir e sonhar...




terça-feira, 23 de dezembro de 2014

puxa! ocê continua sendo teleguiado? minhas condolências...


Caso Venina, uma aposta da Globo na queda de Graça Forster





A entrevista da ex-gerente Venina Velosa, dizendo que alertou dirigentes da Petrobras, inclusive a presidente Graça Forster, sobre casos de corrupção na empresa foi dada originalmente ao jornal Valor Econômico, na quarta-feira, 17.

Qualquer leitor minimamente atento podia perceber que a matéria fugia ao padrão do Valor, que é o jornal dos empresários e dos meios financeiros, geralmente mais criterioso com as informações que publica.

A matéria continha declarações inconsistentes, misturava fatos ocorridos em datas diferentes, e reproduzia sem questionar afirmações contraditórias.

Era um prato feito para quem já concluiu que a corrupção na Petrobras é generalizada e envolve não só a direção da empresa como conta a conivência até da presidência da República.

Para quem quer informações para saber o que realmente aconteceu, era uma peça bastante falha, com muitas afirmações questionáveis e um personagem pouco convincente.

Estranhamente o repórter que ouviu Venina Velosa não tentou esclarecer esses pontos, nem dar um perfil mais nítido da ex-gerente. Tampouco tentou, como é praxe no Valor, ouvir o contraditório.

Mesmo assim, o “furo” do Valor (que é editado por uma empresa em que a Globo e a Folha de São Paulo são sócias) repercutiu em todos os jornalões que reproduziram a entrevista com grande destaque e sem qualquer reparo.

Mesmo o fato, revelado por alguns blogs, de que Venina era ligada a Paulo Roberto da Costa,o delator, e que fora afastada após investigação por uma comissão interna, foi desconsiderado.

Ninguém se interessou por esclarecer. Era matéria verdadeira, quente, bombástica. A bala de prata que seria capaz de derrubar Graça Forster.

Não só isso: no domingo, apresentada como uma “entrevista exclusiva”, Venina foi o principal destaque do Fantástico, ouvida pela Glória Maria.

Foram 27 minutos e 19 segundos em que a ex-gerente praticamente repetiu tudo o que tinha falado ao Valor, inclusive com os mesmos pontos obscuros e a mesma falta de consistência. De exclusivo, apenas um principio de choro, pouco convincente.

Mais: a partir daí, a entrevista “exclusiva” foi destaque em todos os telejornais da Globo e da Globo News, ganhando um espaço inusitado para os tempos de televisão: quase onze minutos no Bom Dia Brasil, nove minutos no jornal Hoje, além de seis edições de nove minutos na Globo News.

À noite a entrevista foi novamente destaque no Jornal Nacional, que reproduziu o resumo de seis minutos editado ardilosamente. Em seguida, e só ai, foi ouvida a presidente da Petrobrás, Graça Forster, que negou ter recebido qualquer alerta da ex-gerente.

E aí, o Jornal Nacional cometeu algo que nenhum manual de ética jornalistica comporta: deu a Venina conhecimento prévio da entrevista gravada com Graça Forter.

Desse modo, assim que a entrevista da presidente da Petrobrás foi ao ar, entrou a ex-gerente rebatendo suas declarações.

Dilma garantiu que vai manter Graça Forster, mas o desfecho desse episódio ainda é incerto.

O que se pode dizer com certeza é que este caso vai entrar para a história do jornalismo no capítulo das ” manipulações da Globo”, ao lado da edição capciosa do debate entre Lula e Fernando Collor, na eleição de 1989.

Com o agravante da cumplicidade de toda a mídia.

"Graça, não seja ingênua!"


Graça Foster desmonta farsa de Venina




Por Miguel do Rosário, no blog O Cafezinho:


No Tijolaço, encontramos informações importantes para trazer um bom senso que a mídia se recusa em utilizar.

1) Venina Velosa não era uma “coitadinha” em Cingapura. Tinha salário de quase R$ 200 mil mensais (sic) e, portanto, poderia comprar uma passagem de avião e visitar a mãe doente quando quiser. Aliás, posar de coitadinho ganhando uma baba dessas é duro de ouvir! Detalhe: ainda tinha moradia e escola para os filhos paga pela empresa.

2) Venina tinha alto cargo de chefia na Petrobrás, e, com o preparo que tinha, sabia muito bem o caminho do ministério público federal. Se nós, da blogosfera, que não temos essas regalias salariais, já fizemos várias denúncias ao MP, por que ela não pôde fazer? Basta entrar no site e registrar. Pode-se fazê-lo inclusive anonimamente.

3) Pelo mesmo Tijolaço soubemos também que as histórias de Venina veiculadas no Fantástico, e na mídia em geral, são incongruentes com a sua biografia no Linkedin, uma rede social voltada para o lado profissional dos usuários.

*****

A firmeza de Dilma em manter Graça Foster à frente da Petrobrás prova que a presidente amadureceu politicamente.

A alta das cotações da Petrobrás comprova que o mundo, incluindo o grande capital, gosta de gente assim: forte.

Antes, eu até advogava a substituição de Foster, não pelos motivos da mídia, mas porque achava importante que a estatal fosse chefiada por alguém que soubesse defender politicamente a Petrobrás.

Mas os ataques baixos da mídia acabaram por “blindar” Graça.

Tenho esperança – muito pouco, é verdade – que Foster também amadureça e entenda que, sem enfrentamento político, continuará sangrando eternamente.

A melhor defesa é o ataque. E isso não significa perder a elegância e sair atacando a mídia.

Mas criticar mentiras e incoerências pode, não?

Ou será que apontar mentiras e incoerências é “bolivarianismo”?

Defender-se atacando significa adotar uma estratégia de comunicação mais ofensiva.

Podia começar reformando o blog e criando um porta-voz para rebater diariamente a imprensa (afinal imagino que Graça tenha outras coisas a fazer).

As respostas deveriam vir em texto, sempre com dispositivo de áudio para cegos; em vídeos; criar aplicativos para smartphone; etc.

E fazer muita interação com os internautas.

Se a Petrobrás depender apenas da grande mídia, que é aliada de interesses obscuros que, definitivamente, não se confundem com os da estatal, vai continuar em situação defensiva, trazendo sofrimento para todos seus funcionários e defensores.

A falta de comunicação da Petrobrás (que, de resto, é um problema geral do governo) quase levou à derrota de Dilma Rousseff.

Além disso, já apontei aqui que a falta de comunicação também ajuda a corrupção, porque dificulta o monitoramento, por parte dos cidadãos, do que acontece dentro da estatal.

A Petrobrás já perdeu dezenas de bilhões de dólares por conta dessa deficiência.

Quanto mais terá de perder para que aprenda que, num ambiente midiático altamente hostil, é preciso desenvolver ferramentas eficientes de defesa e ataque?

Graça, não seja ingênua!

A mídia é má-intencionada!

A mídia não quer saber a verdade. Ela quer apenas te derrubar, visando trazer dano político ao governo e à Petrobrás.

domingo, 21 de dezembro de 2014

O Dia Depois...

Ventos e chuva...



Sem luz, sem água... bairro Rio Branco, Canoas.






































Efeito dominó nos postes!









Nem a placa da Subprefeitura resistiu...





Comentários:

Nunca vi igual!

Telhados voando!

Esperemos que os danos sejam apenas os materiais!

sábado, 20 de dezembro de 2014

como já foi dito: tá difícil a vida de coxinha... obama, mais médicos, cuba


Coxinhas irão cortar pulsos: Obama elogia medicina cubana


Deu na Folha de São Paulo, Obama elogia medicina cubana e diz que EUA deveriam mandar mais do que armas ao mundo.



Plantão Brasil







Deu na Folha de São Paulo, Obama elogia medicina Cubana e diz que EUA deveriam enviar mais do que armas ao mundo:

"PORT OF SPAIN -- No último dia de sua primeira visita à América Latina, o presidente Barack Obama elogiou o trabalho dos médicos cubanos e sugeriu que os Estados Unidos deveriam seguir o exemplo e mandar mais do que armas à região e ao mundo como maneira de avançar os interesses americanos.

As declarações ocorreram ao final da Cúpula das Américas, em Trinidad e Tobago."

O que será que dirão o Conselho Federal de Medicina, os coxinhas que eram contra o Mais Médicos e todos aqueles que fizeram intensa campanha contra o programa ao chama lo de "eleitoreiro" e "pouco efetivo"?

Além do mais Obama deu o "braço a torcer" em tentar "mudar" a política externa norte americana fazendo uma comparação aos médicos cubanos e ás ajudas humanitárias dadas pela Ilha ao resto do mundo:

"Em relação a Cuba, citou o trabalho de médicos cubanos em países da região. Ele disse que eles são "uma lembrança" para os EUA, de que a interação com muitos países não pode ser "só a militar".


Matéria completa da Folha :
http://www.agora.uol.com.br/mundo/ult10109u553316.shtml



_________________________

Contribuição do baitasar (encontrada no facebook):


Definição de coxinha...

Perfeita...

“Coxinha, sociologicamente falando, é um grupo social específico, que compartilha determinados valores. Dentre eles está o individualismo exacerbado e dezenas de coisas que derivam disso: a necessidade de diferenciação em relação ao restante da sociedade, a forte priorização da segurança em sua vida cotidiana, como elemento de “não-mistura” com o restante da sociedade, aliadas com uma forte necessidade de parecer engraçado ou bom moço.”

Cumpriu-se a profecia de Fidel: eles voltariam

CUBANOS NO BRASIL



“Senti um calafrio por todo o corpo ao saber. Ninguém esperava”


El País


Cubanos no Brasil contam como viveram o anúncio histórico da aproximação com os EUA


EUA e Cuba iniciam uma nova era entre dois adversários históricos
MARÍA MARTÍN 







A doutora Nancy (à direita) no consultório de Guaraíta (Goiás). / ARQUIVO PESSOAL






O músico cubano Carlos Ceira jogava beisebol no estádio de Pacaembu, em São Paulo. O médico Blas Manuel Cruz descansava de seu plantão em um consultório do interior da Bahia, onde atende há um ano uma comunidade carente. E a médica Nancy Agila preparava-se para encerrar o expediente num município do interior goiano. Os três estranharam, mas pouco depois se arrepiaram quando souberam que os EUA e Cuba retomavam o diálogo depois de 53 anos de hostilidades. “Me arrepiei. Senti um calafrio por todo o corpo. Ninguém esperava, há muito anos que lutávamos pela liberdade dos nosso presos e pela retomada das relações”, relata o doutor de 46 anos. “Eu senti taquicardia, tive que me controlar para meu coração não sair pela boca”, ilustra Agila.

Para os dois profissionais da saúde, que trabalham no Brasil no programa Mais Médicos, a principal vitória foi a libertação dos três compatriotas presos desde 2009 nos Estados Unidos por crimes de espionagem e condenados a penas que variavam de 15 anos a prisões perpetuas. “Cumpriu-se a profecia de Fidel quando disse que voltariam. É uma vitória do ponto de vista dos nossos ideais, porque lutávamos pela liberdade de pessoas inocentes”, explica Cruz. “Para todos que estamos aqui – há cerca de 11.000 cubanos inscritos no programa – é uma grande alegria ter os cinco [presos] com as suas famílias. O primeiro que eu pensei foi nesses seres humanos passando o ano novo em casa”, completa a doutora.

A porta aberta para suspender o embargo comercial que os EUA impõem à ilha há mais de meio século é vista com esperança por todos aqueles cubanos que moram longe e fazem questão de transmitir o orgulho que sentem pelo seu país. “Seria muito bom, porque a realidade cubana depende do Governo dos Estados Unidos. É por isso que Cuba está atrapalhada em algumas questões, o bloqueio está impedindo que meu país cresça. Seria ótimo que Cuba pudesse importar toda a matéria prima e mercadorias que precisa para se desenvolver”, relata o músico, casado com uma brasileira, e residente em São Paulo há quatro anos.

“A retomada do diálogo é importantíssima. A maior parte dos problemas do meu país não é culpa do Governo cubano, como a opinião pública internacional acredita, e sim pelo embargo que nos impede de comprar coisas básicas como medicamentos”, lamenta o doutor Cruz.



MAIS INFORMAÇÕES
EUA e Cuba abrem caminho para retomar relações diplomáticas
Havana insiste na troca de Gross pelos espiões cubanos
A complicada diplomacia entre Cuba e Estados Unidos
ANÁLISE: Cuba: a hora final do embargo?
Obama diz que “o isolamento não funcionou” para o povo cubano


Em relação à opinião pública brasileira e a utilização dosinvestimentos em Cuba como arma contra o Governo de Dilma Rousseff, cada um tem suas histórias. Ceira lembra uma delas. “Fiquei muito desconfortável nas eleições aqui quando se mencionou meu país sem saber o porquê das coisas”, lamenta o músico. “Há uns meses viajava com um grupo de teatro e em uma travessia de barco encontrei um homem rodeado de pessoas que escutavam suas impressões sobre Cuba. Acabei perguntando se ele tinha ido alguma vez para Cuba e ele me respondeu que não, mas que lia muito. De modo que lhe recomendei ir para lá e escrever um livro na volta. É cansativo escutar como as pessoas enchem suas bocas falando besteira e acabam se apropriando de ideias sobre algo que não conhecem”, relata o músico.

Fora da esfera política, os três amam o Brasil e pensam, mesmo sendo improvável ou faltando anos para isso, em voltar para a ilha. Outro cubano, Fernando Ferrer, colega músico de Ceira e que mora há 30 anos no Brasil resume tudo assim: “Cubano de verdade se sente cubano onde for e sente saudade de sua pátria e sua terra, embora as pessoas vejam nossos país como o pior. Já é um lugar lindo com pessoas e cultura maravilhosas. Imagina, então, Cuba com um desenvolvimento econômico?”.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

macho alfa, pai de família, aluno de medicina, bandeirante...


A História estuprada do Brasil



Carta Capital - Negro Belchior


Por Douglas Belchior



Vivemos tempos de questionamentos. De enfrentamento aos privilégios. De contestação de poderes. De autocrítica.
Enquanto homem, é preciso reconhecer o papel histórico criminoso de nosso gênero na história da humanidade. Aliás, mais que reconhecer em discursos, enfrentar o enorme desafio da mudança das práticas.

Valdson Almeida, maranhense radicado em São Paulo, estudante de pedagogia, escritor esporádico e pseudo cinéfilo, sintetizou em poucas e fortes palavras, a incidência violenta e assassina do machismo na história do Brasil.








Por Valdson Almeida


A história estuprada do Brasil


Corre mata adentro, cansada, ofegante, vencida.

É o bandeirante desbravador estuprando a índia. E é ela a selvagem, claro!

Tapa a boca, escraviza a alma. Chora, vendida.

É o senhor da casa grande, proprietário de carne, estuprando a negra na senzala. E é ela a escória, claro!

É o militar patriota estuprando a comunista subversiva nos porões da ditadura. E é ela a ameaça ao país, claro!

É o policial vestido de hipocrisia que atende a mulher violentada agora há pouco, perguntando que roupa ela usava na hora do ocorrido. E é ela que se veste errado, claro!

É o pai de família que faz sexo com a esposa indisposta. Mas isso não é estupro, é só sexo sem consentimento mútuo, claro!

É o macho alfa que estupra corretivamente a lésbica “mal comida”. E é ela a doente que precisa de cura, claro!

É o aluno de medicina, estudante da “melhor universidade da América latina”, que estupra a caloura bêbada. E é a denúncia dela que mancha o nome da Universidade, claro!

É o político defensor dos “bons costumes” que só não estupra a deputada porque ela ‘não merece’. Ufa, pelo menos alguém sensato nessa história violentada do Brasil.

É dura a vida de coxinha!

Definição de coxinha...


Perfeita...

“Coxinha, sociologicamente falando, é um grupo social específico, que compartilha determinados valores. Dentre eles está o individualismo exacerbado e dezenas de coisas que derivam disso: a necessidade de diferenciação em relação ao restante da sociedade, a forte priorização da segurança em sua vida cotidiana, como elemento de “não-mistura” com o restante da sociedade, aliadas com uma forte necessidade de parecer engraçado ou bom moço.”





ANTES ATACADO, PORTO DE MARIEL VIRA ESTRATÉGICO








No contexto do reatamento diplomático entre Estados Unidos e Cuba, porto nas proximidades de Havana ganha potencial para se tornar via rápida de exportações brasileiras para a maior economia do mundo; BNDES financiou US$ 800 milhões para a sua construção, feita pela Odebrecht Infraestrutura com apoio de mais de 400 empresas nacionais; "algo que foi criticado durante toda a campanha, esse porto agora mostra toda a sua importância estratégica para a região e o Brasil, em razão da proximidade com os Estados Unidos", saudou a presidente Dilma Rousseff, em Buenos Aires, durante reunião do Mercosul; presidentes Barack Obama e Raúl Castro contaram com a intermediação do papa Francisco para chegar ao acordo


17 DE DEZEMBRO DE 2014






247 - Tema da campanha presidencial, o porto de Mariel, em Cuba, volta agora às manchetes com o sinal trocado. O que foi apresentado pela oposição como um fato negativo, em razão de ter demandado cerca de US$ 800 milhões em investimentos do BNDES, já vai sendo resgatado como um verdadeiro gol de placa da estratégia de investimentos do governo federal. A primeira a retomar a discussão foi a presidente Dilma Rousseff.

- Algo que foi tão criticado durante a campanha, foi o porto de Mariel, lembrou Dilma, nesta quarta-feira 17, em Buenos Aires, durante reunião do Mercosul.

- Mas hoje, esse porto mostra sua importância para toda a região e para o Brasil, na medida em que ele é estratégico pela sua proximidade com o Estados Unidos, prosseguiu Dilma.

O Brasil é o segundo maior parceiro comercial de Cuba. À medida em que a ilha socialista iniciar e ampliar negócios com os Estados Unidos, melhores condições econômicas as empresas brasileiras terão para instalar subsidiárias em Cuba e, dali, vender produtos para o mercado americano.

A presidente contextualizou o porto de Mariel no cenário da espetacular reaproximação entre os Estados Unidos e Cuba. Nesta quarta, em pronunciamentos paralelos, em Washington e Havana, respectivamente, os presidentes Barack Obama e Raúl Castro anunciaram a reaproximação política entre os dois países. Pelo plano, que surpreendeu positivamente os mercados mundiais, embaixadas serão abertas nas duas capitais nacionais. Haverá, na prática, um relaxamento no embargo comercial.

- O presidente Obama viu agora o que o governo brasileiro e a Odebrecht viram antes, afirmou ao 247 o diretor de comunicação da Odebrecht Infraestrutura para América Latina e Caribe, Márcio Polidoro.

- Identificamos o mercado cubano como promissor e saímos na frente usando os mecanismos existentes no BNDES para incentivo a exportações, completou Polidoro.

Inaugurado em janeiro deste ano, o porto de Mariel, a cerca de 40 quilômetros de Havana, foi construído a partir de US$ 800 milhões financiados pelo BNDES. Houve a obrigatoriedade de contrapartida de valor integral em produção nacional.

- Lideramos 400 empresas brasileiras que levaram para a obra, em Cuba, de botinas e capacetes, de aço a guindastes, lembrou Polidoro. O processo de construção do porto resultou, no Brasil, na abertura de cerca de 150 mil vagas de trabalho.

- O BNDES pagou a indústria brasileira em reais e recebeu do governo cubano em dólar. Foi um negócio bom para todas as partes, acentuou ele.

Os discursos de Obama e Castro representaram o maior gesto já realizado em mais de 50 anos de rompimento de relações entre os dois países. O porto de Mariel crescerá em importância, em razão de sua proximidade com a costa dos EUA. Para o Brasil, o porto poderá fazer o papel de via rápida de exportações nacionais para a maior economia do planeta.

Na Argentina, Dilma saudou a histórica evolução nas relações entre os americanos e os cubanos.

- O reestabelecimento de relações diplomáticas marca uma mudança na civilização, cravou a presidente brasileira.

- Acho que é um momento que mostra que é possível restabelecer relações interrompidas há muitos anos, completou.

- Eu queria cumprimentar o presidente Raúl Castro, queria cumprimentar o presidente Barack Obama. E, sobretudo, queria cumprimentar o papa Francisco por ter sido, muito possivelmente, um dos fatores mais importantes para essa aproximação", acrescentou Dilma. O acordo fechado entre Washington e Havana teve a intermediação do papa Francisco. A última reunião entre executivos dos governos americano e cubano, antes dos discursos presidenciais, foi realizada no Vaticano.

- Eu acredito que a possibilidade de relacionamento, o fim do bloqueio, o fato de que Cuba tem hoje condições plenas de conviver na comunidade internacional é algo extremamente relevante para o povo cubano e, acredito, para toda América Latina, completou a presidente.

Durante a campanha eleitoral no Brasil, o PSDB divulgou que os brasileiros estariam "indignados" com o financiamento do BNDES à construção do porto de Mariel.


segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

O racismo no processo civilizatório

Em vídeo, Samuel L. Jackson desafia celebridades a cantar música contra racismo da polícia

Geledes
samuel . Jackson


O ator Samuel L. Jackson (“Os Vingadores”, “Pulp Fiction”) não se calou diante da morte de dois jovens negros (leia aqui e aqui) pela polícia americana. Os policiais foram declarados inocentes pela corte de seus respectivos estados, causando uma indignação nos Estados Unidos como se via há muito tempo.


Por Rodrigo Salem no Yahoo

Neste domingo (14), o astro divulgou um vídeo desafiando “todas as celebridades que jogaram um balde de água fria na cabeça” a cantar uma música contra o racismo da polícia, usando a frase de protesto “Eu não consigo respirar”, últimas palavras de Eric Garner antes de morrer com um golpe considerado ilegal aplicado por um policial em Nova York.
A letra é mais ou menos assim:
“Eu posso ouvir meu vizinho chorando, “Eu não consigo respirar”/ Agora estou numa batalha e “não posso sair”/ Denunciando a violência da polícia racista/ Não vamos parar até as pessoas serem livres.”
Por causa disso, Jackson virou um dos assuntos mais comentados nas redes sociais no fim de semana.
Nenhum artista ainda respondeu ao desafio. Jogar balde com água gelada é fichinha quando você defende o combate à uma doença. Quero ver quem vai tomar posicionamento contra um assunto tão polêmico nos EUA quanto à violência policial.
Veja o vídeo abaixo:








Leia a matéria completa em: Em vídeo, Samuel L. Jackson desafia celebridades a cantar música contra racismo da polícia - Geledés 

domingo, 14 de dezembro de 2014

Quando a pobreza não incomoda mais... basta virar a outra face


A cômoda desigualdade naturalizada





Por Clemente Ganz Lúcio, no site Brasil Debate:



“Passa mal a terra, de lestos males presa

Onde se acumula a riqueza e declinam os homens.”

Oliver Goldsmith, The Deserted Village (1770). Citado por Tony Judt, “Um Tratado sobre os Nossos Actuais Descontentamentos”

Para além do medo e da insegurança que pairam sobre a vida moderna, cresce a sensação de que há algo que segue mal. O que soma diminui e o que é mais nos faz menor! Cresce a desumanização no processo civilizatório. O trabalho urgente de reflexão complexa perde espaço para instantaneidades vaporizadas de um clique.

No pós-guerra (meados dos anos 1940), acelerou-se o processo que, no Ocidente, ocorria desde meados do século 19, de redução das desigualdades. Como escreveu Tony Judt, em Um Tratado sobre os Nossos Actuais Descontentamentos:

“Graça ao imposto progressivo, subsídios estatais para os pobres, fornecimento de serviços sociais e garantias contra infortúnios mais severos, as democracias modernas libertavam-se dos extremos da riqueza e pobreza.”

As sociedades foram incorporando à cultura econômica, social e política a intolerância à desigualdade, para a qual desenvolveram, como antídoto à insuficiência privada, os amplos sistemas de seguridade, proteção e promoção social.

Acreditou-se que era possível, progressivamente, avançar nesse caminho de redução das desigualdades, sem recuos, pois a democracia sustentaria o percurso e os resultados alcançados. Ledo engano!

Desde os anos 1970, o movimento de redução da desigualdade se inverteu em diferentes países. Como registra Judt, a título de exemplo, em 1968, o diretor-geral da GM recebia como remuneração e benefícios o equivalente a 66 vezes o salário médio do peão da fábrica. Em 2005, estima-se que essa equivalência saltou para 900 vezes! Que produtividade!

Estudo recente divulgado pela Oxfam revela que atualmente a desigualdade segue crescendo. A comparação da evolução da riqueza nos países que compõem o G20 indica que, no último ano, a riqueza desses países aumentou em 17 bilhões de dólares, 1/3 apropriada por 1% dos mais ricos, o equivalente a 6,2 bilhões de dólares.

Outro exemplo: nos EUA, no início da década de 1980, os 1% mais ricos se apropriavam de 8% da renda; em 2012, essa participação subiu para 19%. A Oxfam estimou que a evasão fiscal nos países em desenvolvimento promovida pelas grandes empresas é da ordem de 100 bilhões de dólares por ano, recursos suficientes para escolarizar todas as crianças do mundo quatro vezes!

A desigualdade é um fenômeno complexo de disparidades de renda e riqueza, de poder, de oportunidade, de condições, observada entre homens e mulheres, entre negros e não negros (ou com outro recorte racial ou populacional), entre países; entre continentes, entre regiões dentro dos países, entre os que vivem no centro e na periferia das cidades, entre o rural e o urbano, contra os deficientes, contra os povos indígenas.

A lista segue e é longa. Como insiste Judty: “A desigualdade é corrosiva. Ela apodrece as sociedades a partir de dentro… O legado da criação da riqueza não regulada é realmente amargo.

Será verdade que processos de redução da desigualdade levam as sociedades a quererem reduzi-la ainda mais? O processo de concentração da riqueza torna-a invisível ou uma “condição divina e natural da vida”. A subjetividade coletiva do mal-estar tem causa!

O desafio é descortinar as ilusões do crescimento, da prosperidade e da geração de bem-estar material.

Primeiro, porque o bem-estar material não é homogêneo (há enormes desigualdades de condições, capacidades e oportunidades); segundo, porque bem-estar material não conduz, necessariamente, à qualidade de vida; terceiro, porque bem-estar material e qualidade de vida estão predominantemente em desacordo com o equilíbrio ambiental; quarto, porque o bem viver é um paradigma que requer outro equilíbrio entre bem-estar material, qualidade de vida e sustentabilidade ambiental.

Recolocar a centralidade da igualdade de oportunidades, condições e capacidades para todos, ampliar os limites da regulação econômica dos mercados, qualificar o debate público sobre as escolhas coletivas e construir unidade em torno dessas questões são algumas das nossas tarefas!