sábado, 17 de maio de 2014

"só anda mal informado quem quer, ou tem preguiça"


Ainda há jornalistas no Brasil




por Jorge Furtado em 15 de maio de 2014


Há muitos bons jornalistas no Brasil, em todos os veículos, em muitos blogs e sites. Sem os bons jornalistas nós, leitores, não temos como saber o que está acontecendo no mundo lá fora, esse lugar que vai do Guarujá até a Croácia, e além. Se você quiser saber o que realmente está acontecendo por aí e por aqui, precisa procurar os bons jornalistas, sem aceitar as facilidades das manchetes e dos comentários de encomenda, e sem a irresponsabilidade dos boatos da internet.

Os bons jornalistas tem uma tarefa bem simples e indispensável, vital para a sobrevivência da humanidade: a tarefa de buscar a verdade. Se ela existe ou não, a tal verdade, é questão menor, realmente não interessa. Existe, sem dúvida - no jornalismo, na ciência, na filosofia e também na arte - , a vontade de buscá-la, existe a necessidade de distinguir o que é verdadeiro e o que é falso e assim melhorar as chances de sobrevivência neste planeta inóspito, a necessidade de distinguir o que é certo e o que é errado, para tomar as decisões certas e não se deixar levar por instintos primitivos e exclamações da turba, ou a coisa acaba em linchamento.

Na internet, você pode facilmente organizar a sua própria lista de jornalistas, colunistas, blogs e sites favoritos, só anda mal informado quem quer, ou tem preguiça.

Quando o assunto é política, minha lista pessoal, no momento, está aqui:

http://www.omercadodenoticias.com.br/pesquisa/


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Fico triste ao ver artistas brasileiros, meus colegas, tão mal informados.



Por Jorge Furtado


Imagino que, com suas agendas cheias, não tenham muito tempo para procurar diferentes fontes para a mesma informação, tempo para ouvir e ler outras versões dos acontecimentos, isso antes de falar sobre eles em entrevistas, amplificando equívocos com leituras rasas e impressionistas das manchetes de telejornais e revistas ou, pior, reproduzindo comentários de colunistas que escrevem suas manchetes em caixa alta, seguidas de ponto de exclamação.

Fico triste ao ler artistas dizendo que não dá mais para viver no Brasil, como se as coisas estivessem piorando, e muito, para a maioria. Dizer que não dá mais para viver no Brasil logo agora, agora que milhões de pessoas conquistaram alguns direitos mínimos, emprego, casa própria, luz elétrica, acesso às universidades e até, muitas vezes, a um prato de comida, não fica bem na boca de um artista, menos ainda de um artista popular, artista que este mesmo povo ama e admira. Em que as coisas estão piorando? E piorando para quem? Quem disse? Qual a fonte da sua informação?

Fico triste ao ouvir artistas que parecem sentir orgulho em dizer que odeiam política, que julgam as mudanças que aconteceram no Brasil nos últimos 12 anos insignificantes, ou ainda, ruins, acham que o país mudou sim, mas foi para pior. Artistas dizendo que pioramos tanto que não há mais jeito da coisa “voltar ao ‘normal ‘”, como se normal talvez fosse ter os pobres desempregados ou abrindo portas pelo salário mínimo de 60 dólares, pobres longe dos aeroportos, das lojas de automóvel e das universidades, se ”normal” fosse a casa grande e a senzala, ou a ditadura militar. Quando o Brasil foi normal? Quando o Brasil foi melhor? E melhor para quem?

A mim, não enrolam. Desde que eu nasci (1959) o Brasil não foi melhor do que é que hoje. Há quem fale muito bem dos anos 50, antes da inflação explodir com a construção de Brasília, antes que o golpe civil-militar, adiado em 1954 pelo revólver de Getúlio, se desse em 1964 e nos mergulhasse na mais longa ditadura militar das américas. Pode ser, mas nos anos 50 a população era muito menor, muito mais rural e a pobreza era extrema em muitos lugares. Vivia-se bem na zona sul carioca e nos jardins paulistas, gaúchos e mineiros. No sertão, nas favelas, nos cortiços, vivia-se muito mal.

A desigualdade social brasileira continua um escândalo, a violência é um terror diário, 50 mil mortos a tiros por ano, somos campeões mundiais de assassinatos, sendo a maioria de meninos negros das periferias, nossos hospitais e escolas públicos são para lá de carentes, o Brasil nos dá motivos diários de vergonha e tristeza, quem não sabe? Mas, estamos piorando? Tem certeza? Quem lhe disse? Qual sua fonte? E piorando para quem?

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