domingo, 10 de novembro de 2013

implicâncias? bom senso...


Minhas implicâncias com certos autores




Postado por Juremir em 9 de novembro de 2013




Por que eu implico com Laurentino Gomes, autor dos best-sellers “1808”, “1822” e “1889”? Por que eu implico com Lira Neto, autor do best-seller “Getúlio”? Por que eu implico com Leandro Narloch, autor dos best-sellers em defesa do politicamente incorreto na história? Segundo meus generosos inimigos, que são poucos, mas empedernidos, implico porque eles têm best-sellers e eu não. É uma hipótese respeitável. Nunca se deve ignorar o papel do “monstro dos olhos verdes”, o ciúme, a inveja, na história da humanidade. Mas também não se deve ignorar o papel do “monstro dos olhos turvos”, o bom senso comum, na formulação de hipóteses sobre o comportamento alheio.

Implico com esses três por eu ser historiador e eles não? Absolutamente. Mas eles tivessem passado por uma faculdade de história teriam alguma noção conceitual. Leandro Narloch é uma anta reacionária que sofisma para legitimar os piores valores do lacerdismo brasileiro. Coisas do tipo: não se pode culpar os brancos pela escravidão dado que negros também tiveram escravos e estes sempre foram vendidos, na África, por outros negros. Tudo empate. Tudo em casa. O racismo comemora. Somente a estupidez dos leitores mais fanáticos da Veja pode transformar um oportunista desse quilate em “historiador” de sucesso. O jornalismo brasileiro gosta disso. A Folha de S. Paulo, voltando aos seus tempos de conservadorismo, quando emprestava suas camionetas para o DOPS carregar “torturáveis”, contratou os ultradireitistas Demétrio Magnoli e Reinaldo Azevedo.

Laurentino Gomes transforma a dimensão crítica da história em coluna de fofocas. É pura espuma. Jamais chega ao âmago dos acontecimentos. Tudo o que conta em “1808” pode ser lido com mais profundidade em “A corte no exílio”, de Jurandir Malerba. Lira Neto é pior de todos. Descobre o descoberto. Vende gato por lebre. Já o desmascarei algumas vezes. Declarou ter feito descobertas incríveis sobre o envolvimento dos jovens irmãos Vargas num crime em Ouro Preto. Era tudo conhecido. Afirmou ter exumado o discurso nietzschiano de formatura de Getúlio na Faculdade de Direito. Estava tudo no livro de Fernando Jorge. Gabou-se de ter absolvido Getúlio da acusação do assassinato de um índio no Rio Grande do Sul. Tinha sido um homônimo. Todo historiador sabe disso. Está em muitos livros. Inclusive no meu romance “Getúlio”. Para o terceiro volume da sua obra, a ser lançado em 2014, Lira Neto anuncia uma grande revelação: no autoexílio em São Borja, Getúlio recebia muita gente e se articulava. Uau!

Até as vacas descendentes dos rebanhos de Getúlio sabem disso. Pura conversa fiada para requentar o passado e transformar, na falta de grandes manchetes, o interessante em novidade absoluta. A mídia amiga aceita, potencializa e converte o sabido em revelação. Isso tem um nome: marketing esperto. Outro segredo do sucesso dos Getúlio de Lira Neto é a visão “paulista” do autor. Afaga o ego dos adversários históricos de Getúlio e impressiona os incautos até por aqui. Afinal, tem o selo da “Cia. das Letras” e faz sucesso “lá fora”, no Brasil. É só isso.

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