sexta-feira, 5 de abril de 2013

eita margem de lucro que não para de crescer


Fernanda Melchionna

Onde está a democracia?

A melhor resposta ao artigo do secretário César Busatto na ZH (01/04) foi uma mobilização com mais de 10 mil jovens nas ruas de Porto Alegre. Busatto tentou passar a ideia de que o movimento anticapitalista ao invés de lutar pela ampliação da democracia, buscaria impor a violência de uma minoria.
Sobre esta afirmação, como parlamentar que se considera parte do movimento anticapitalista, afirmo: a luta é justamente pela radicalização da democracia. Os movimentos de massas (indignados da Espanha, Grécia, Portugal) ocupam praças e se organizam por Democracia Real Já. Buscam que a maioria da população controle a política e a economia.
Na verdade quem tem perdido legitimidade são os governos e os partidos que querem defender o interesse de uma minoria privilegiada e utilizam a violência quando o povo se organiza.
O que Busatto não fala é que enquanto as instituições estavam debatendo a redução do aumento da passagem a partir da auditoria do Tribunal de Contas do Estado, o COMTU e o prefeito em exercício deram um canetaço aumentando a passagem para R$ 3,05. Na verdade mais uma vez a prefeitura priorizou os interesses dos empresários do transporte coletivo.
A essência do debate é: por que Porto Alegre tem a segunda tarifa mais cara das capitais do Brasil? Por que a tarifa aumentou quando a auditoria do TCE apontou que esta deveria ser R$2,60 e durante todo o ano de 2012 a população pagou R$ 0,25 centavos a mais por cada viagem feita (totalizando R$ 72 milhões ganhados a mais pelas empresas)? Por que a taxa de lucratividade das empresas está bem acima do previsto em lei? Por que há 24 anos não há licitação em Porto Alegre e o transporte funciona de maneira ilegal e irregular? Por que os ônibus estão cada vez mais atrasados e super lotados? Por que os rodoviários não são ouvidos em suas reivindicações?
É justamente na ausência de democracia por parte do governo municipal que surgem os protestos da juventude. Atos que se realizam há mais de 3 meses na cidade e que seus organizadores nunca foram ouvidos pela prefeitura. Apesar da tentativa do governo de atacar o caráter democrático do movimento e consolidar um aumento abusivo da tarifa de ônibus, que vai contra os interesses do povo, o movimento cresceu exponencialmente. Nesta segunda-feira os jovens fizeram o maior ato contra o aumento da passagem da história de Porto Alegre. Quinta-feira terá outro e será maior.
Não adianta escrever sobre democracia depois de autoritariamente aumentar a passagem e rasgar, na prática, seu principal conceito: representar a maioria.

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