sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

ocarapááálida e os zumbis, umbis, mbis, bis, is, sss


REGINA DUARTE,
A NAMORADINHA DA CASA GRANDE


Por que a Economist está chateada ? Delfim explica: são os juros, os juros !

Conversa Afiada






A “crise” da editoria “o Brasil é uma m…” neste fim de ano, é a combinação de ar condicionado do Santos Dumont com apagão de energia elétrica.

Criou-se um curto-circuito mediático, instalado na Casa Grande por seus capatazes.

Neste fim de ano, o curto-circuito provocou as mais conspícuas manifestações de sentimento colonizado.

Nada mais “typique” desse colonialismo do que a Regina Duarte, responsável pela esmagadora vitória do Cerra em 2002.

Na página B7, da Folha, outro exemplar colonial e provincial, diz a namoradinha da Casa Grande:

“Viva Belo Monte ! Essa é a prova de que precisamos de uma nova estrutura em energia.”

A jenial assertiva foi em função da falta de ar condicionado no Santos Dumont.

Outra manifestação colonial e provincial localiza-se no Globo, na pág. 16, na colona (*) do Ancelmo Gois:

“… no apagão (sic) do Galeão-Tom Jobim, quarta, um passageiro do vôo 974 (Rio-Nova York), da American Airlines, gritou enfurecido:

– Se alguém aqui votar no Lula ou na Dilma é um f… da p …”

(O referido colonista não usa as reticências. No tempo do Dr Roberto, quando essa colona (*) era do Zózimo, a vulgaridade não vicejava.)

Dizia o professor Costa Pinto: o sentimento colonial é o último traço de que se livra aquele que sai do subdesenvolvimento a caminho do desenvolvimento.

(O referido passageiro da American Airlines provavelmente não desembarcou no Aeroporto Kennedy, onde houve um apagão, não por causa do calor, mas por causa do frio …)

Não param aí as manifestações colonizadas.

Tanto no Globo (o 12o. voto do STF) quanto na Folha, ao tratar da entrevista da Presidenta – onde ela agradeceu ao PT por estar lá – lê-se:

“Dilma ainda afastou a hipótese de trocar o Ministro da Fazenda, como sugeriu ( sic !) a revista The Economist…”

Só o PiG (**) seria capaz de levar a sério uma sugestão (?) de uma revista inglesa.

Nem a Economist acreditou que a sugestão pudesse ser aceita.

E a Urubóloga ?

Diante da mesma entrevista, ela considerou que a Presidenta foi abduzida.

E o que terá acontecido com as ideias da Urubóloga, aquela que se tornou o melhor que o pensamento neolibelês (***) brasileiro foi capaz de conceber ?

Ou as ideias da Urubóloga estão todas na Economist, de onde nunca saíram ?

A Casa Grande – no sentido do Mino Carta – ainda não pegou fogo.

Mas, cheira a mofo.

Em tempo: em homenagem à Casa Grande e a seus capatazes, o Conversa Afiada reproduz artigo de Delfim Netto, na Carta Capital retrasada, sobre a causa secreta da irritação da Economist (e dos neolibelês) com o Guido: acabou a mamata dos juros …



A ECONOMIST E SUAS PREMISSAS

Estou nesse ramo tempo suficiente para aprender que as críticas à política econômica são uma necessidade. Em determinadas circunstâncias são até bem-vindas, porque o simples fato de alguém estar em uma situação de “poder” não lhe transfere o benefício da infalibilidade. Nem que, para o poder incumbente, a eleição por uma eventual maioria lhe confira a “onisciência” a exigir a sua “onipresença”.

Sempre tive grande admiração pela The Economist, que passei a ler, semanalmente, desde 1952 na Faculdade de Economia e Administração, a FEA-USP, graças aos exemplares filados do grande professor W. L. Stevens, a quem o Brasil deve a introdução da estatística fisheriana.

Cativava-me a clareza dos textos, a imparcialidade (relativa) e o tom doutoral e provocador dos editoriais. Até hoje a revista se considera, convictamente, portadora de uma ciência econômica universal, independente da História e da Geografia.

Criada em 1843, tinha como objetivo fundamental defender a liberdade de comércio, então em discussão na Inglaterra. Fala, a seu favor, não ter mudado nos seus 169 anos. É reconhecida como a mais influente revista econômica internacional. Isso está longe, contudo, de garantir a validade dos seus conceitos. Se há uma virtude escassa na excelente The Economist é a humildade: ter, ao menos, uma pequena dúvida.

O deselegante e injusto ataque ad hominem ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, partiu de duas premissas falsas:

1. O Brasil não estava “bombando” no início de 2011. O PIB caíra 0,3% em 2009 e, por puro efeito estatístico, aumentara 7,5% em 2010. O crescimento médio de 2009/2010 foi de 3,6%, o mesmo número medíocre obtido nos últimos 20 anos.

2. O ministro não errou sozinho, quando sugeriu um crescimento no terceiro trimestre sobre o anterior entre 1,1% e 1,3%. Analistas financeiros do Brasil e do restante do mundo, inclusive The Economist (por seu instituto de análises), acreditavam na mesma coisa. O resultado apurado pelo IBGE (sobre o qual não paira qualquer dúvida de credibilidade) foi mesmo uma surpresa (0,6%). Isso nos deixa com um problema. Se os inúmeros estímulos postos em prática produzirem um crescimento de 0,8% no quarto trimestre sobre o terceiro, o PIB de 2012 será da ordem de 1%, com crescimento per capita nulo.

O baixo crescimento tem pouca relação com as políticas monetária, fiscal e cambial. Tem mais a ver com uma redução dos investimentos gerada pela desconfiança exagerada entre o setor privado e o governo. Mesmo com a -pequena recuperação no setor industrial (que, é provável, continuará nos próximos trimestres) não tem acontecido nada brilhante para entusiasmar o setor privado.

Há gente, no meio empresarial, assustada com a forma de ação do governo, a enxergar uma tendência intervencionista na atividade privada. Quando acontece esse tipo de dúvida, fica difícil acelerar os investimentos.

Fala-se de quebra de contratos, quando isso não existe: todos os contratos estão sendo garantidos na energia. O que talvez pudesse ter sido diferente é a forma como a renovação das concessões das usinas foi tratada: poderiam, talvez, ter mandado um projeto de lei ao Congresso. Mas todos sabem ser preciso reduzir as tarifas de energia, claramente sobrecarregadas por impostos.

A dúvida dos investidores é, dessa forma, muito menos relacionada à qualidade da política econômica, no âmbito fiscal, monetário e cambial.

Fez muito bem, portanto, a presidenta Dilma ao rejeitar a impertinente sugestão da revista para demitir o ilustre ministro da Fazenda do Brasil!

O comentário presidencial, muito mais para o uso interno, foi simples e direto: “Não vou tirar o Guido”, sem precisar explicar coisa alguma, mostrando apenas estar a par dos interesses contrariados, da choradeira nos mercados financeiros que lamentam o fato de o Brasil não ser mais “o queridinho” dos investidores-especuladores. Agora é o México, que os anjos o protejam… Como se devêssemos nos chatear muito com isso…

Não diria que existe da parte da revista algum objetivo maligno, apenas um ataque muito deselegante, a causar decepção, mas se insere no espírito provocador que lhe é característico.

No fundo, a crítica procura disfarçar o mau humor de investidores com o retorno em dólares na Bovespa (-8%) ante os 20% positivos na Bolsa mexicana. E com o fim da era do ganho fácil e sem risco no Brasil.



Paulo Henrique Amorim



(*) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG (**) que combatem na milícia para derrubar o presidente Lula. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.

(**) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

(***) “Neolibelê” é uma singela homenagem deste ansioso blogueiro aos neoliberais brasileiros. Ao mesmo tempo, um reconhecimento sincero ao papel que a “Libelu” trotskista desempenhou na formação de quadros conservadores (e golpistas) de inigualável tenacidade. A Urubóloga Miriam Leitão é o maior expoente brasileiro da Teologia Neolibelê.

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