domingo, 28 de outubro de 2012

O agricultor familiar tem um cuidado bem maior com a terra


O Brasil que dá certo de volta ao Rio



Postado por Cris no Somos andando



Olha que lindo… 

Esse ano vou participar do meu segundo Brasil Rural Contemporâneo. Curto pacas agricultura familiar, reforma agrária e temas afins. Acredito, de verdade, que a alternativa para um sistema econômico mais justo e igual passa por aí, trazendo de lambuja um incremento de saúde para quem consome. Ou seja, é positivo para todos os lados. Daqui a pouco falo um pouco mais sobre isso.

Antes vamos ao evento. O Brasil Rural Contemporâneo é uma feira de agricultura familiar e reforma agrária, realizada pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). É o maior evento do tipo na América Latina e este ano já está em sua oitava edição. Com várias passagens pelo Rio e por Brasília, em 2010 aportou na minha querida Porto Alegre, donde eu participei da cobertura colaborativa em blogs. Toda a concepção do negócio, como se vê, é sustentável, inclusive a comunicação, que trabalha com a ideia de fugir dos nada saudáveis meios de comunicação tradicionais.

Pois bem, a feira aqui, pra mim, foi gigante, lindaça, divertidíssima. Enfim, um evento pra se ter todo ano. Movimentou uma galera enorme. O que me encantou mesmo foi a vida que circulou por aí. Em formato de alegria, cooperação, solidariedade, traduzindo exatamente o nome do evento: é o Brasil rural de hoje. Nada mais contemporâneo e bonito. Tenho lembranças muito boas de lá.

Não teve como não reconhecer a qualidade dos produtos oferecidos pel@s empreendedor@s presentes, seja no artesanato, seja na comida. Na beira do Guaíba, no Cais do Porto (que agora ganha o que chamam de “revitalização”, que é basicamente construir mais um espaço elitizante, que vai desumanizar um pouco mais o nosso Centro), vários bares serviam cerveja artesanal e comes de características regionais. Ficou lotado, todos os dias, até porque depois o pessoal ia para os shows que aconteciam ali do lado, com ingressos a preços simbólicos.




Como eu disse, pra mim o evento era enorme. Aí, esses dias, conversando com quem já participou de várias dessas feiras, descobri que era “pequeno”, nem comparação com o do Rio.

De volta ao Rio

O que gera a expectativa para o que vou ver lá, na Marina da Glória, de 21 a 25 de novembro. São 40 mil metros quadrados de feira! Mais de 600 empreendedores de todas as regiões do Brasil, que se traduzem também nas atrações artísticas. Vão ser três palcos (Multicultural, Tablado de Raiz e #SonoroRural), com vários shows todos os dias, além de cortejos pela cidade. E posso garantir, como quem acompanhou de perto, que a curadoria desses shows foi feita com o maior carinho e cuidado para que o máximo possível do Brasil estivesse representado.

E esse ano tem uma novidade. O Brasil Rural Contemporâneo vai ganhar uma arena de debates, pra discutir tudo aquilo que a feira já mostra há tanto tempo na prática: que a agricultura familiar dá certo (aliás, o lema do evento é o “Brasil que dá certo”) e está cada vez mais forte. As atividades do Diálogos Brasil Rural e os shows vão ter transmissão ao vivo pelo site da feira. Vai rolar também uma estratégia voltada para a comunicação nas mídias sociais. Vou estar lá participando dessas coisas (e contando pra vocês).

Essa tal de agricultura familiar

Mas quero falar um pouco sobre esse Brasil que dá certo, como eu disse lá em cima. Trabalhei por um ano basicamente focada nos temas da agricultura familiar e da reforma agrária, na Assembleia. Confesso que não tinha proximidade nenhuma com os temas rurais, mas aprendi a gostar, justamente porque tem uma ideia muito bonita e nada utópica por trás. É possível, sim, produzir comida de qualidade, beneficiando quem está no campo. A prova disso é que, até pouco tempo atrás, 70% dos alimentos consumidos pelos brasileiros vinham daí (não tenho dados atualizados).

Nesses dez anos de existência do MDA, vários programas já foram desenvolvidos para incentivar esse tipo de produção, e têm dado certo. A agricultura familiar gera muito mais empregos do que o latifúndio, aproveita melhor a terra, usa menos agrotóxicos. No Rio Grande do Sul, por exemplo, ela ocupa 31% da área agrícola, mas responde por 81% da mão-de-obra.

Sem falar que é um baita impulso pra economia, porque produz aqui o que é consumido aqui. Quer dizer que até para os números do PIB, de crescimento do país, aqueles apresentados na TV a cada trimestre, a agricultura familiar contribui. Os produtos precisam de menos conservantes, porque vão circular por menos tempo e distâncias menores, e se gasta menos em transporte, contribuindo também para o meio ambiente.

Aliás, esse é outro aspecto. O agricultor familiar tem um cuidado bem maior com a terra, porque ele a conhece bem e depende dela. Sabe que, se desmatar, vai acabar prejudicando o solo e diminuindo a produção no futuro. Sabe que na margem de rio não dá pra plantar, porque assoreia. Fora sua relação de cuidado com a terra, que se reflete na lida diária.

Resumindo, é comida boa, distribuição de renda e produção de riqueza, com respeito ao meio ambiente.

Nenhum comentário: