quarta-feira, 26 de setembro de 2012

eh, eh! ...dois pesos e várias medidas..."guenta" Brasil!!!!segura a sua in justiça generalizada...


Gurgel sugere arquivar ação contra deputado que recebeu de Cachoeira

publicado em 24 de setembro de 2012 às 23:53


“Foi igual a ganhar na loteria”, diz Stepan sobre arquivamento

Ao comemorar parecer da PGR pelo arquivamento do inquérito a que responde no STF, deputado diz ter tirado “peso das costas”. Ele afirma que não se arrepende da amizade com Cachoeira e já admite rever decisão de deixar a política

POR EDSON SARDINHA | 24/09/2012 17:31, no Congresso em Foco

Stepan afirma que não sabia das atividades ilegais de Cachoeira quando lhe pediu empréstimo
Para o deputado Stepan Nercessian (PPS-RJ), a decisão da Procuradoria-Geral da República de recomendar o arquivamento do inquérito a que ele responde no Supremo Tribunal Federal (STF) teve o sabor de “ganhar na loteria” e de uma “nova reeleição”. Investigado por suas relações com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, Stepan diz estar se sentindo “aliviado” e “anistiado” com o parecer enviado na sexta-feira (21) passada pelo procurador-geral, Roberto Gurgel, ao ministro Ricardo Lewandoswki, relator do seu caso no Supremo.

“Foi uma das melhores notícias de toda a minha vida. Estava esperando com muita ansiedade o desfecho, independentemente de qual fosse. Era angustiante ficar no limbo das coisas. Recebi com muita alegria, era como se estivesse sendo reeleito. Tirou um peso das minhas costas”, declarou o deputado ao Congresso em Foco. “Foi igual ganhar na loteria”, acrescentou o parlamentar, que também é ator de teatro, cinema e televisão.

O deputado é investigado por corrupção passiva em razão de suas ligações com Cachoeira, de quem recebeu R$ 175 mil. Segundo Stepan, R$ 160 mil se referiam a um empréstimo, já saldado, para a compra de um apartamento. O restante foi usado na compra de ingressos para o desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro, sustenta o parlamentar. Ele afirma que mantinha apenas uma amizade, há duas décadas, com o contraventor, preso na Operação Monte Carlo.

Por praxe, o Supremo costuma acolher o parecer da Procuradoria-Geral da República quando a recomendação é pelo arquivamento. Segundo a assessoria da PGR, Gurgel não viu indícios de crime na relação do parlamentar com Cachoeira. Em entrevista ao Congresso em Foco, Stepan diz não se arrepender da amizade e reafirma que não sabia dos negócios do contraventor.

Responsabilidade

“Fiquei triste, mas jamais negarei minha relação de amizade. A gente não pode se arrepender de amizades de jeito nenhum. Lamento a situação em que ele está, preso há esse tempo todo. Ele vai responder como todos devem responder a tudo. Todos têm sua responsabilidade”, disse. “Os empréstimos foram feitos nos trâmites normais. Tenho certeza de que não cometi crime algum. Pedi empréstimo a um amigo que tinha várias empresas. Mas não sabia nada dos negócios dele. Ele era muito reservado”, acrescentou.

Stepan, que chegou a dizer que deixaria a política assim que teve seu nome associado ao caso Cachoeira, já admite rever sua decisão. “Deus queira que eu possa continuar trabalhando. O tempo é que vai dizer. Gostaria imensamente de continuar. Tem muita coisa para rolar. Quero me dedicar aos dois anos de mandato que me restam para saber o que vai acontecer. Tomei uma ducha de água fria na paixão que sempre tive pela política. Preciso me recuperar disso”, afirmou.

Ele conta que tirou uma grande lição desse episódio: “Quando você está num cargo público, tem de ser como a mulher de César, tem que não só ser honesto como mostrar ser honesto. Porque isso pode ser usado contra você e ser mal interpretado. Tem de tomar cuidado, mas não significa que vou abrir mão do meu jeito de ser. Estava me sentindo até proibido de rir”.

Leia a íntegra da entrevista de Stepan Nercessian:

Congresso em Foco – O que representa, para o senhor, o pedido de arquivamento de seu inquérito pelo procurador-geral da República no caso Cachoeira?

Stepan Nercessian – Foi uma das melhores notícias de toda a minha vida. Estava esperando com muita ansiedade o desfecho, independentemente de qual fosse. Era angustiante ficar no limbo das coisas. Recebi com muita alegria, era como se estivesse sendo reeleito. Tirou um peso das minhas costas. É algo que mexe com a gente. Só ontem vi a notícia no Congresso em Foco. Foi igual a ganhar na loteria. A sensação de alívio foi tão grande que me fez sentir que estava sofrendo até mais do que imaginava. Fui beber cerveja no botequim com uma sensação muito boa. É muito importante, nesse momento em que o Judiciário está sendo aplaudido pelas pessoas, que o Ministério Público tenha chegado a essa conclusão. É uma sensação de anistia e alívio.

O que mudou, na sua vida, nesse período de investigação?

Não mudei nada, do começo da ação até hoje. Sempre me coloquei à disposição de todos, da Justiça, da CPI e do Conselho de Ética. Expus logo todas as provas que eu tinha. A partir daí, foi tudo muito angustiante, uma saga, porque não tenho outra coisa na vida, a não ser o nome. Politicamente, foi como se eu, que nunca tive nada, tivesse perdido tudo. Não tenho cargos, não exerço essa política. Fui eleito com meu nome, com minha história, minhas posições políticas. Sempre estive do outro lado. Não sou um fundamentalista, mas sempre me coloquei à disposição de fazer política com ética. De repente, apareci no lançamento desse escândalo. Não fui um personagem que chegou depois do capitulo 100. Meu nome serviu de lançamento. Foram cinco ou seis noites seguidas no Jornal Nacional, sem que soubéssemos da dimensão que tinha essa coisa toda.

Que lições o senhor tira desse episódio todo?

Nunca tive dois comportamentos na vida. Nunca criei a imagem de que sou um artista assim ou um político assado. Sempre agi com naturalidade. Quando você está num cargo público, tem de ser como a mulher de César, tem que não só ser honesto como mostrar ser honesto. Porque isso pode ser usado contra você e ser mal interpretado. Tem de tomar cuidado, mas não significa que vou abrir mão do meu jeito de ser. Estava me sentindo até proibido de rir. Quando você responde a um negócio desses, é como se você tivesse de parar de beber porque não tem mais direito. Eu entrava na rede social para falar de futebol, aí vinha uma avalanche de agressividade no twitter. As pessoas se sentem imediatamente no direito de tratar você feito um lixo. Felizmente, fora isso, não me faltou, em momento algum, incentivo e apoio.

Apoio de quem, por exemplo?
Fiquei emocionado com a quantidade de pessoas na Câmara que imediatamente se solidarizaram comigo no sentido de demonstrar confiança absoluta na minha versão dos fatos. Gostaria de citar nominalmente o Psol, que apresentou denúncia contra todo mundo, mas não apresentou contra mim por me conhecer. Lideranças do PT vieram falar comigo e disseram que, apesar de eu estar na oposição, tinham um olhar especial em relação a mim. Assim que tive meu nome citado, o ministro (do Esporte) Aldo Rebelo logo me telefonou. Disse que estava à disposição para prestar depoimento, em qualquer instância, para dizer quem eu sou.

Vocês são amigos?
Nunca tivemos amizade pessoal, mas é uma amizade política porque há uma relação de confiança.  Isso tudo me ajudou demais a passar por esse período. Mesmo na Comissão de Educação e Cultura, fui eleito presidente da Subcomissão Permanente de Cultura, uma demonstração grande de como as pessoas estavam separando as coisas.

O senhor se arrepende de ter mantido relação com o Cachoeira?

Fiquei triste, mas jamais negarei minha relação de amizade. A gente não pode se arrepender de amizades de jeito nenhum. Lamento a situação em que ele está, preso há esse tempo todo. Ele vai responder como todos devem responder a tudo. Todos têm sua responsabilidade. Fui vereador por seis anos aqui no Rio. Fui eleito vice-presidente da Câmara Municipal, com 51 votos de todos os vereadores, quando meu partido só tinha duas cadeiras. Fui eleito por causa da amizade. Nesse período, assassinaram três ou quatro vereadores envolvidos com crimes, uns três vereadores foram presos. Convivi com todos eles ali dentro, mas nunca me envolvi com esse pessoal.

O senhor pediu empréstimo a ele, mas não sabia dos negócios do Cachoeira?

Os empréstimos foram feitos nos trâmites normais. Tenho certeza de que não cometi crime algum. Pedi empréstimo a um amigo que tinha várias empresas. Mas não sabia nada dos negócios dele. Ele era muito reservado. Acredito que tenha sido uma grande demonstração de amizade e respeito da parte dele não me contar nada, porque nunca tivemos conversa sobre essas coisas. Falávamos do Botafogo, de amenidades. Por ser goiano, tenho uma quantidade enorme de amigos em Goiás. Na última vez que estive em Goiânia, sentei num bar e, em menos de duas horas, tinha umas 20 pessoas na mesa.

O senhor chegou a dizer que deixaria a política assim que o caso estourou. Mantém essa posição?
Deus queira que eu possa continuar trabalhando. O tempo é que vai dizer. Gostaria imensamente de continuar. Sei que não vai ser no mesmo volume, mas espero que boa parte da imprensa divulgue o pedido de arquivamento numa proporção aproximada à da divulgação da abertura das investigações. Outro dia encontrei uma senhora com lágrimas nos olhos, que me disse ter ficado decepcionada ao ver meu nome nisso, porque votava em mim há três eleições e me achava diferente. E ela não sabia exatamente qual era a acusação que havia contra mim. Tem muita coisa para rolar. Quero me dedicar aos dois anos de mandato que me restam para saber o que vai acontecer. Tomei uma ducha de água fria na paixão que sempre tive pela política. Preciso me recuperar disso. Por conta desse negócio, fiquei afastado da campanha municipal, que é um momento em que todo deputado que pretende se eleger dá apoio a candidatos a vereador e prefeito. Dancei nisso este ano. Eu mesmo resolvi me afastar, não pedir voto para os outros, até para não prejudicar as pessoas que queria ajudar. Estava me sentindo alijado do processo.

Que avaliação o senhor faz do trabalho da CPI do Cachoeira, que suspendeu seus trabalhos às vésperas das eleições, quando se voltava mais para as doações da Delta?
Sempre se disse que esta era uma CPI diferente, que começava de onde as outras terminavam. Ela partiu de uma investigação. O que vejo é o seguinte: ela foi para um lado que não era a intenção inicial. A CPI foi criada para investigar o envolvimento de pessoas públicas e empresas com o Carlinhos Cachoeira. Agora, parece que estão com dificuldade porque entraram na Delta. Isso atravancou tudo. É como se tivesse quase que abrir outra CPI. Pode ser que as pessoas estejam fazendo coisas que surpreendam todo mundo. Mas acho que as investigações vão esfriar depois das eleições.  Acho que, terminadas as eleições, a tendência é a CPI despolitizar mais e centrar na investigação. Perdeu-se muito tempo nessa briga política, em vez de ser mais técnica. Depois das eleições, a CPI precisará dar uma guinada, até para dar uma satisfação à sociedade.
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