quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Uma das maiores – e mais difíceis – lições do esporte é saber perder

SE FOSSE NORTE-AMERICANA,
SERIA DOPING?


O Conversa Afiada publica texto do editor João Andrade.

Conversa Afiada





Ye Shiwen e sua polêmica medalha de ouro (Foto: REUTERS)

O Conversa Afiada publica texto do editor João Andrade:


SE FOSSE NORTE-AMERICANA, SERIA DOPING?



A jovem nadadora Ye Shiwen, de apenas 16 anos, surpreendeu o mundo neste início de Jogos Olímpicos. A chinesa bateu o recorde mundial dos 400m medley e conquistou o ouro, a frente da norte-americana Elizabeth Beisel e da chinesa Xuanxu Li. Mas, junto com o espanto, vieram as dúvidas. Boatos sobre um possível doping bombardearam a adolescente.

As acusações vieram, em sua grande maioria, dos Estados Unidos. John Leonard, veterano técnico norte-americano, foi o mais veemente, comparando o rendimento de Ye Shiwen com o de nadadoras da antiga Alemanha Oriental nos anos 80.

Sem entrar no mérito de preparação dos atletas chineses, treinados desde a infância com trabalho árduo, o foco fica apenas na polêmica do possível doping. Uma intrigante questão é: por que os norte-americanos não questionaram, por exemplo, a medalha da lituana Ruta Meilutyte que, com apenas 15 anos, também levou o ouro na natação?

E vou mais longe: e o multimedalhista Michael Phelps? O agora maior medalhista de todos os tempos assombrou o mundo com 19 pódios na história, sendo 15 (QUINZE!) medalhas de ouro, duas de prata e duas de bronze. Podemos, então, desconfiar de doping?

Além de leviana, a acusação põe em xeque a WADA (Agência Mundial Antidoping), que faz nestes Jogos Olímpicos um controle exemplar dos atletas. O astro do basquete argentino, Luis Scola, reclamou no Twitter por ter sido acordado às 7 horas da manhã para a realização de exame antidoping surpresa.

O COI (Comitê Olímpico Internacional) e a FINA (Federação Internacional de Natação) defenderam Ye Shiwen. Os testes prévios da chinesa não apontaram alterações, descaracterizando qualquer acusação.

Pode até ser, inclusive, que exames futuros venham a apontar ações ilícitas da chinesa (ou de uma norte-americana, ou uma britânica, ou uma brasileira). Mas ainda acredito que uma atleta não pode ser difamada simplesmente por ser melhor que as demais.

Uma das maiores – e mais difíceis – lições do esporte é saber perder. O bom vencedor é aquele que aprende a aceitar as derrotas. Talvez seja essa a modalidade a ser desenvolvida pelos Estados Unidos, já que a antiga hegemonia está prestes a se desfazer.

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