terça-feira, 3 de abril de 2012

o futebol nem é tão importante, mas o Pavilhão é parte desta história


Aírton Ferreira da Silva, o Pavilhão (31/10/1934 – 3/4/2012)

Aírton Ferreira da Silva, o Pavilhão, gaúcho de Porto Alegre (31 de outubro de 1934), zagueiro-central que marcou época no Grêmio, um dos maiores jogadores do futebol gaúcho, morreu na tarde desta terça-feira, no Hospital Ernesto Dorneles, vítima de complicações causadas pela Hepatite C.
Zagueiro forte e de técnica excepcional, ele marcou época por jogar sem fazer falta. Conta a lenda que na única vez em que atendeu pedidos de dirigentes para fazer falta em Larry, atacante do Inter na época, acabou se machucando. Não sabia atuar assim. Para ele, a marcação tinha, obrigatoriamente, de ser limpa.
Foi assim que ele despertou a atenção do Grêmio em 1954. Aírton jogava no Força e Luz, time de Porto Alegre com sede próxima do Hospital de Clínicas de hoje. Em troca do jogador, o Grêmio cedeu ao Força e Luz um pavilhão de madeira do tempo da Baixada – e isso acabou sendo incorporado ao nome de Aírton, que passou a ser o Pavilhão (hoje, restos desta arquibancada estão no centro de treinamento do Cristal).
Foi sete vezes convocado para a Seleção, esteve no Santos em 1960, voltou a Porto Alegre e seguiu aqui até o fim da carreira. Era tão ligado a seus amigos e ao Grêmio que morou a vida toda em uma casa perto do Olímpico.
Para muitos, Aírton só não se firmou na Seleção e no Santos porque tinha estilo demais. Uma de suas jogadas levava os técnicos à loucura – ao menos, os que não o conheciam bem: ele recebia a bola na lateral da área e devolvia para o goleiro de letra, muitas vezes por cima do atacante. Fez isso até em um dos treinos no Santos de Pelé.
Aírton fazia parte daquele grupo de jogadores, dos dois lados, que romperam as barreiras da rivalidade. Era aceito no Inter, tinha amigos por lá, costumava circular sem temor pelos ambientes dos rivais, assim como Cláudio Duarte, Larry e Valdomiro, entre outros, podiam caminhar sem qualquer perturbação no meio dos gremistas. Aírton, a exemplo de outros, era de uma família de profissionais que rompia com a rivalidade.
É uma parte considerável da história do futebol gaúcho que chega ao fim.
Aírton será velado no salão nobre do Conselho Deliberativo, no Olímpico, a partir das 22h.  O enterro será no Cemitério João XXIII, na tarde desta quarta.


Márcio Neves entrevista Airton Ferreira da Silva


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