sexta-feira, 23 de março de 2012

PF: Operação Intolerância


Polícia Federal prende incitadores de crimes de ódio na internet



Viomundo


Exatamente quatro meses depois de postarem o texto acima na internet, os autores foram presos pela Polícia Federal do Paraná. Foto de Divulgação da PF


por Joyce Carvalho, no Paraná Online


Pregação da violência contra homossexuais, mulheres, negros, nordestinos e judeus, além da incitação para extermínio destes grupos, levaram dois homens para a prisão nesta quinta-feira (22). Emerson Eduardo Rodrigues e Marcelo Valle Silveira Mello foram presos em Curitiba pela Polícia Federal (PF) e são suspeitos de alimentarem um site na internet com estas informações.


Os dois colocaram ofensas contra a presidente da República, Dilma Rousseff e outras autoridades de alto escalão. Ameçaram de morte publicamente o deputado federal Jean Wyllys (PSOL/RJ). Além disto tudo, há postagens no site sobre como matar uma pessoa, sendo de maneira lenta ou rápida. Ou ainda como abordar crianças para um posterior abuso sexual. Havia também citações de que lésbicas deveriam sofrer um “estupro corretivo”, de acordo com a PF, que deflagrou a Operação Intolerância, na qual os dois foram presos. Os policiais federais ainda cumpriram três mandados de busca e apreensão, sendo dois no Paraná e um em Brasília.


As investigações começaram em dezembro do ano passado, após mais de 70 mil denúncias crimes por parte da sociedade civil sobre o conteúdo ofensivo do site. “Eles não pregavam apenas a discriminação, que por si só já é grave. Eles também pregavam extermínios em massa de negros, homossexuais, mulheres. As imagens no site são bastante fortes. Há inclusive um manual de aliciamento de crianças. Tudo causa uma repugnância social. Em dez anos de atuação, é um dos casos mais graves que eu vi”, afirma o delegado da PF Flúvio Cardinelle Oliveira Garcia, chefe do núcleo de repressão a crimes cibertnéticos da PF no Paraná.


Segundo o delegado, há indicativos de que as ofensas também eram reais e não ficavam apenas no mundo virtual. Há boletins de ocorrência contra os dois presos por agressões e ameças. Garcia explica que Marcelo Mello foi condenado por discriminação pela internet em 2005 e que este seria o primeiro caso de uma punição em virtude de ofensas virtuais no País. Marcelo também tem R$ 500 mil reais na conta corrente e a PF vai tentar descobrir a origem do dinheiro. Eram solicitadas doações no site ofensivo.


De acordo com o delegado Wagner Mesquita, também da PF no Paraná, foi localizado um mapa de uma casa de festas perto do campus da Universidade de Brasília, muito conhecida pelos estudantes da instituições. Há citações no site de que uma ação contra alunos da universidade seria planejada e colocada em prática, semelhante ao massacre em uma escola municipal em Realengo, no Rio de Janeiro, há quase um ano. O alvo seria estudantes de cursos de Ciências Sociais, considerados pelos dois como “esquerdistas”. Marcelo Mello é ex-estudante da Universidade de Brasília, segundo a PF.


Os presos se diziam parte de uma seita que tentava captar pessoas com estes mesmos pensamentos. Há insinuações de que o assassino Wellington Menezes de Oliveira, o responsável pelo massacre em Realengo, teria feito contato com os dois para obter informações para o crime. Mas ainda não há confirmação se houve realmente a ligação entre os três.


O site ainda permanece no ar porque está hospedado na Malásia e o processo depende do governo do país asiático. “Eles acharam que desta forma não seriam identificados. Mais gente pode estar envolvida, inclusive colaborando para as mensagens”, revela Garcia.


Crimes cometidos por Emerson Eduardo Rodrigues e Marcelo Valle Silveira Mello. As imagens abaixo são da Polícia Federal


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