sábado, 10 de março de 2012

EMEF Morro da Cruz: Ideia veio de Santa Catarina, mas o coração é do Morro

Porto Alegre:

Alunos de escola da Capital montam aquecedor caseiro

Sítio em Viamão testou e aprovou a economia na conta de luz


Amanda Munhoz  |  amanda.munhoz@diariogaucho.com.br
Eles podem não entender o significado da palavra sustentabilidade, mas sabem que as garrafas pet jogadas pelas ruas do Bairro São José precisam de um novo destino. E foi pelo olhar dos alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental Morro da Cruz que surgiu a vontade de montar um projeto em que esse material fosse recolhido e devidamente aproveitado.
Ideia veio de Santa Catarina
O engajamento da criançada motivou o coordenador do programa Mais Educação, do governo federal, Luís Oscar Ramos Corrêa, a ir atrás de um tema gerador, que trabalhasse todas as disciplinas em uma ideia única. O professor chegou a um aquecedor solar reaproveitando garrafas pet e caixinhas de leite, idealizado há nove anos pelo técnico em eletromecânica aposentado José Alcino Alano, morador de Santa Catarina.
– Depois de fazermos contato, ele veio até a nossa escola mostrar o seu trabalho pessoalmente. Aprendemos como fazer e, agora, produzimos o nosso miniaquecedor – conta Luís Oscar.
Garrafas obtidas na vizinhança
A coleta do material fica por conta dos estudantes que, junto com a direção e professores da escola, abraçaram a ideia. Renan Cavalieri, nove anos, da terceira série, já tem uma fonte mais do que garantida:
– Minha avó sempre compra refrigerante e eu trago as garrafas. Às vezes, vejo que alguém está colocando no lixo e já recolho – conta o menino, orgulhoso.
A expectativa da vice-diretora, Ana Cláudia Lopes, é de que, em função deste projeto, surjam outros, com o mesmo propósito ambiental.
– É nossa função dar o exemplo e mostrar que sofremos com a nossa própria ação, como é o caso do descarte irregular das garrafas pets – afirma a professora, que montou as oficinas no turno inverso ao das aulas.
Objetivo é gastar menos luz
O aquecedor solar do colégio, no próximo mês, ganhará dimensões maiores. Assim, passará a ajudar na redução do valor da conta de luz da escola. O objetivo é que os 1.180 alunos trabalhem o mecanismo do projeto, já que ele se encaixa em todas as disciplinas.
– Trabalhamos a matemática quando vemos as proporções e distâncias de uma garrafa e outra. A geografia, na inclinação do sol para posicionar a placa, a ciência na transferência de energia e assim por diante – destaca o professor de ciência Carlos Flain.
Invento reduz custos em sítio
No final de fevereiro, a escola Morro da Cruz, testou, pela primeira vez, a sua tecnologia. Foi no sítio Floresta Encantada Vô Rangel, em Viamão, onde a eficiência do equipamento foi comprovada.
Três chuveiros estão recebendo a água que passa pelo aquecedor solar. A empresária Ana Lúcia Rangel, dona da propriedade, fez o cálculo com base em uma hora diária de uso e estima que a economia já tenha chegado a R$ 220.
O processo envolve uma troca solidária, e alguns projetos socioambientais do colégio são feitos no sítio. Alunos e professores têm a visitação garantida no Vô Rangel.
– As crianças ajudaram na confecção da placa de 400 garrafas pet. Está funcionando e queremos seguir adiante com o projeto – anima-se Ana.
Como funciona
* O aquecedor solar de garrafa pet e sacos de leite funciona com o mecanismo termossifão.
* A invenção trabalha com as densidades. Quando a água está quente, ela fica na parte mais alta da caixa d'água, fazendo com que a parte fria passe pelas garrafas pet e seja aquecida pelo sol.
* Uma caixa d'água de 500l leva, em média, 120 minutos para aquecer.
Fonte: professor Carlos Flain

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