quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Ou seja, é impossível atender a todos.




O banco público não tem nada que reformar o Beira-Rio

Publicado em 29 de fevereiro de 2012

Milton Ribeiro

Nunca me ufanei da Copa do Mundo no Beira-Rio e muito menos de quaisquer acordos com empreiteiras. Mas não sou daqueles que acham uma bobagem a Copa no Brasil. Reconheço a importância do campeonato, o quanto ele mobiliza o planeta e que o país respira futebol semanalmente. Reconheço também que a Copa deixa estádios e obras a quem souber fazer um bom planejamento e há que reconhecer — neste festival de reconhecimentos… — que seria muito mais lógico que a Copa, em Porto Alegre, fosse jogada na Arena do Grêmio, que estará nova e pronta em 2014.

O péssimo acordo do tricolor para construir seu novo estádio inclui o importante fato de ter sido um negócio que envolveu pouco ou nenhum dinheiro público. O negócio foi realizado, basicamente, entre OAS e Grêmio. Já a reforma do Beira-Rio está requerendo parceiras com órgãos públicos. Parcerias? Não, exatamente. Talvez a palavra melhor fosse mecenato público. A Andrade Gutierrez ou não tem o dinheiro (modo piada) ou não quer arriscar-se (modo realismo). Desta forma, passaria o risco para alguma estatal: primeiro houve as tentativas que não deram certo com as Fundações (fundos de pensão) Corsan e CEEE e agora o desejo é pegar dinheiro do Banrisul. Tudo bem, é função do banco emprestar dinheiro, só que a AG não deseja deixar nenhuma garantia. Quer só o dinheiro, como se fosse uma obrigação do banco para com o povo gaúcho… Sua estratégia é a de criar uma crise até que o dinheiro surja de algum banco público.

(Em 2010 a receita operacional bruta da AG foi de 18 BILHÕES DE REAIS e seu patrimonio líquido era de 8 BILHÕES DE REAIS. Ainda em seu relatório referente ao ano de 2010 podemos ver que, naquele momento, a AG possuia contratos de obras no equivalente a 22 BILHÕES DE REAIS. Sendo assim, a empresa não conseguiria oferecer garantias para 0,3 bilhão?).

Ora, se eu vou falar com um banco para pedir dinheiro, sei que o banco fará uma devassa em minha vida à procura de garantias. Então, acho que a posição do Banrisul de negar dinheiro à AG é muito digna e correta. Demonstra apenas que a instituição está sendo gerida com isonomia e seriedade. O fato do Corinthians estar praticamente ganhando um estádio novo não justifica a importação da corrupção e sim uma auditoria lá.

O que não entendo é porque se fala tão pouco em Vitório Píffero. O homem pôs abaixo 1/4 da arquibancada inferior do Beira-Rio, tornando-o uma espécie bem feia de Coliseu Colorado, acreditando que faria toda a reforma de quase R$ 300 milhões através da venda de camarotes… Agora estamos a 250 dias vendo a maravilha abaixo.



Foto: Anderson Vaz

A grana da venda dos Eucaliptos ainda existe? Ela paga a recolocação das arquibancadas derrubadas? Os conselheiros do clube respondem sim a ambas as perguntas, então façamos rapidamente isso e deixemos a Copa para a Arena. Já tivemos a Copa de 1950 nos Eucaliptos e nem por isso o Grêmio morreu.

.o0o.

Final: Por que não haveria um Copa aqui? É diversão? Sim. É lazer? Sim. Porém, ir para a praia também é e os gaúchos passam os meses de verão reclamando e pedindo das estradas… Eu vou pouco para a praia e acho um gasto inútil… Ou seja, é impossível atender a todos.


reflita se não faria sentido


Heraldo Pereira, combata a falta de negros na Globo, agora

Posted by eduguim on 29/02/12 • Blog da Cidadania




Nos últimos dias, o jornalista da Rede Globo Heraldo Pereira esteve em evidência por ter processado um desafeto de seu empregador que apontou um fato incontestável, mas de forma equivocada. Penso que o jornalista ganhou força para combater esse fato, pois está sendo apresentado, na grande mídia, como militante contra o racismo.

Pereira denunciou o jornalista Paulo Henrique Amorim por ter dito, de forma inadequada, o que basta olhar para a programação da tevê Globo para comprovar que é verdade: o jornalismo dessa emissora exclui negros, assim como as novelas, os comerciais e até o deprimente Big Brother Brasil, entre outros.

Aliás, vale lembrar daquele único “brother” negro da edição 2012 do BBB que, no primeiro dia do programa, foi questionado pelo apresentador sobre se, por ser o único negro entre quase duas dezenas de participantes, achava que deveriam ser criadas cotas para negros na televisão. O rapaz respondeu que não e poucos dias depois foi expulso do programa sem direito a defesa sob uma acusação que jamais se comprovou, de ser “estuprador”.

De qualquer forma, bem que o nobre Heraldo Pereira, que conseguiu uma das poucas e raras vagas que o jornalismo da Globo oferece a negros, poderia pensar, agora, também nos outros negros e, assim, passar a empreender uma campanha para que a emissora em que trabalha pare de discriminar negros em sua programação.

Pereira poderia começar argumentando com o fato de que, segundo o IBGE, o Brasil é hoje um país negro, pois mais de 50% da população se declarou negra no último censo, e, portanto, há uma desproporção inexplicável e escandalosa entre o perfil étnico do povo brasileiro e o que se vê na telinha da Globo.

Para ajudar a esse companheiro de luta contra o racismo no Brasil, portanto, apresento, abaixo, a prova de que negro quase não tem vez no jornalismo da Globo. Poderia fazer o mesmo com as novelas, com o BBB ou com a propaganda, mas podemos começar pelo jornalismo e depois iremos ficando mais ambiciosos.

Confira, abaixo, o perfil dos apresentadores dos telejornais da Globo e reflita se não faria sentido que o militante antirracismo Heraldo Pereira se preocupasse também com todos os que são barrados pela Globo, pois a composição étnica de sua programação nada tem que ver com a do país em que é apresentada.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Preto não é raça... é cor; a raça é a Humana


O ovo da serpente da linguagem racialista

Por José Roberto Militão
      Nassif,
       uma reflexão chamando a atenção e denunciando a gravidade do uso da linguagem racial no blog por pessoas que se dizem contra o racismo.

abraço,
J. Roberto Militao.

“ PRETO é cor; a “raça” é negra”? Alimentando o ovo da serpente.

No combate ao racismo é imperiosa a desconstrução da linguagem de pertencimento racial. No espaço de uma semana, em dois tópicos, sucessivos e concorridos debates na internet sobre racismo no portal LUIS NASSIF ocorreu o uso abusivo em mais de duzentas vezes, da classificação racial dos pretos e pardos na condição racial de “negros” (`19/02, ´Preconceito sutil é mais forte e perpetua o racismo´; e 18/02, ´O DNA dos “Negros” e Pardos brasileiros´,)  http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/preconceito-sutil-e-mais-forte-e-perpetua-racismo.
Ficou obvio o uso da linguagem racialista é fonte do racismo que queriam combater. O perfil dos debatedores, sem dúvida, é de humanistas não racistas. A maioria reconhece a contundência do racismo sutil, tão bem exposto no texto de ANA MARIA GONÇALVES denunciando o cartunista ZIRALDO, com provas textuais, da prática do racismo na linguagem que uniu, com o intervalo de um século, dois expoentes da literatura infantil: ZIRALDO do sutil ´Menino Marron´ resolveu sair às ruas no carnaval de 2011 determinado a propagar a defesa pública da literatura com odiosa pregação racista e eugenista de MONTEIRO LOBATO, mentor intelectual de um plano de genocídio da raça negra proposto no livro ´O Presidente Negro´, a “solução final” para erradicar a “raça inferior”.http://www.cartamaior.com.br/templates/analiseMostrar.cfm?coluna_id=4967.
Na condição de escritores para crianças, ambos utilizaram com maestria da poderosa arma da linguagem para a sedução às suas crenças, da fértil mente e frágil alma. ARISTÓTELES, em a Política, afirma: somente o humano é um "animal político", isto é, social e cívico, porque somente ele é dotado de linguagem. Os outros animais possuem voz e com ela exprimem dor e prazer, mas o humano possui a palavra (logos) e, com ela, exprime o bom e o mau, o justo e o injusto. Exprimir e possuir em comum esses valores é o que torna possível a vida social e política e, dela, somente os humanos são capazes. É isso: a linguagem capacita o homem, para o bem ou para o mal. A identidade política da ´raça negra´, em vez da cor preta, expresso no slogan, é uso perverso e irresponsável da linguagem que consolida a crença racial, semente de mais e mais racismo. Qualquer identidade racial é odiosa.
No combate ao racismo é essencial o pressuposto da igualdade humana a partir da única espécie humana. Consiste, ainda, na negativa, reiterada, de qualquer ´raça´ humana. A espécie é única, formada por 6 bilhões de indivíduos diferentes. Por isso é assustador a naturalidade de quase todos, sem receio e sem respeito à linguagem, política e conceitualmente, corretas (LPCC), utilizarem-se da imposição arbitrária da alcunha racial “negros” para designação dos afro-brasileiros. Isso é alimentar o ovo da serpente. Essa designação racial não nasceu no meio e costumes dos afro-brasileiros. Ela foi construída na academia no século 20, sob a forte influência da eugenia, do racismo e da guerra-fria, influentes no meio intelectual.
Os afro-brasileiros jamais praticaram a definição de uma identidade política como pertencentes à raça negra. A nossa narrativa histórica é de repudio a esse pertencimento racial. Basta ver, desde o século XVII, que a resistência e busca da liberdade não se fez por ´negros´. Não há registros de Quilombos ou Irmandades de “negros”. As terras ocupadas foram e ainda são “terras de pretos”. Na organização social foram milhares de Irmandades, Igrejas e Cemitérios de “HOMENS pretos”, “HOMENS pardos” e “Pretos Novos”. Na umbanda, a reverência é ao “preto-velho”. Nossos avós eram homens e mulheres de cor. Jamais foram “negros”. Essa é a verdadeira narrativa dos afro-brasileiros que merece respeito. Queremos e exigimos ações afirmativas para o combate às discriminações e a neutralização de exclusões injustas e almejamos a promoção estatal de oportunidades iguais, porém, sem o sacrifício do conceito da igualdade espécie humana e sem a violação da nossa própria dignidade. É isso o que pensam 2/3 dos afro-brasileiros conforme a única pesquisa específica realizada no Rio de janeiro em 2008 (CIDAN/IBPS), que por expressiva maioria de 63%, superior à que, sem questionamentos, elege líderes mundiais LULA, DILMA e OBAMA, rejeitam leis raciais.   http://www.ibpsnet.com.br/descr_pesq.php?cd=83

       A CRIAÇÃO DA ´RAÇA NEGRA´
       Em nossa língua histórica da palavra ´negro´ significa o acatamento da classificação racial: o escravo era de ´raça inferior´ e não significava a cor da pele. O “negro” poderia ter qualquer cor, por acaso conjuntural, foram os pretos. Até 1755 os índios eram “negros da terra”. A palavra define a atribuição aos pretos do pertencimento a uma raça inferior, assim designada pelo racismo no século 18. Todavia, os afro-brasileiros jamais acolheram a identidade “negra”. Contra essa linguagem há o império de princípio essencial da pesquisa antropologia: é que a narrativa do “nativo” nunca está errada. O observador não detém verdade superior para ser imposta: tem o dever de ouvir e, com humildade, respeitar e entender como verdade absoluta a narrativa e a consciência do grupo nativo. É a doutrina da neutralidade absoluta exigido na coleta de narrativas, palavras e expressões características da mentalidade do grupo para a compreensão da sua visão do mundo. O que a academia tem feito ao nos classificar como raça negra é violar tal princípio para impor aos afro-brasileiros auto-declarados pretos e pardos uma falaciosa classificação racial de “negros” que historicamente não narramos. Se, portanto, a condição de “negro” não tem a origem na narrativa do grupo é uma imposição exterior, artificial, falsa, uma fraude intelectual.
Não se trata aqui, de simples questão semântica. Nem se trata de super dimensionar a chatice da LPCC. Trata-se de reconhecer a linguagem como edificadora ou demolidora da pretensão política de ideais mais nobres e, os escritores, em especial os que semeiam para jovens, de LOBATO a ZIRALDO, cientes disso. JOAQUIM NABUCO, no prefácio de ´O Abolicionismo´ (1863) anuncia a sua aspiração maior: “Quanto a mim, julgar-me-ei mais do que recompensado, se as sementes de liberdade, direito e justiça, que estas páginas contêm, derem uma boa colheita no solo ainda virgem da nova geração” (p.2; abril de 1.863). A oposição ao racialismo estatal exige que na articulação de políticas públicas de combate ao racismo é preciso considerar essa poderosa força da linguagem. Nas referidas centenas de comentários no portal, os afro-brasileiros foram designados por ´negros´ para milhares de leitores que reproduzirão a falsidade. Se legitimada essa linguagem, o racialismo estará institucionalizado.
Na internet, esses debatedores representam bem a síntese do Brasil mais lúcido e esclarecido, o que é agravante: são formadores de opinião e, pelo perfil, estão quase todos empenhados na edificação de uma sociedade mais justa e igualitária. Entretanto se utilizam de uma linguagem racista viciada pela designação imposta pelos ideais do racismo. Hoje, em qualquer trabalho acadêmico e nos reiterados discursos de defensores da raça estatal, manipulam-se as estatísticas e no grupo racial de “negros” está contida a arbitrária soma de brasileiros que se definem perante o IBGE como pretos e pardos. A tal “raça negra” é decisão burocrática distintas da narrativa. O grave disso é que está consagrado na Lei 12.288/10, ´Estatuto da Igualdade Racial´. Sobre o tema, DEMETRIO MAGNOLI denuncia: “Com que direito o Estado rouba-lhes a voz (de pretos e de pardos) e as declara “negros”? Há uma armadilha na linguagem. Ela consiste em batizar os indivíduos com o nome de uma raça. A prática, repetida à exaustão, cria a ilusão de que existem raças “branca” e “negra”, tanto quanto as montanhas, rios, lagos e espécies biológicas .(http://noracebr.blogspot.com/2009/11/o-que-ha-num-nome.html). Entrementes, no livro, ´Uma Gota de Sangue´ (2009), MAGNOLI a despeito da convicta motivação de combate ao perigoso racismo estatal, nos designa como população “negra” com o atenuante de manter a palavra sob aspas. Como visto ao utilizar a linguagem racialista mesmo que seja com a saudável intenção de repúdio ao racismo, mesmo quem deseja destruí-lo, apóia-se, por descuido, na lógica semântica do racismo conceitual que alimenta a própria crença racial e sua hierarquia implícita.
Outro exemplo disso ocorre na literatura acadêmica ou não. Nos livros, traduz-se as palavras designativas da identidade dos afro-americanos, black people ou afro-americans, como se fosse a população ´negra´, palavras que não são sinônimas nem no inglês ou em português. Em nenhuma resenha se faz uma crítica para o erro crasso. Afinal, a palavra ´negro´ foi escolhida pelo racismo para definição da raça inferior pelo seu relevante e sinistro significado. Tem a mesma raiz etimológica de nekrós (sem vida, morte, cadáver = necro, necrotério, necrose, necrofilia etc) definidoras do que não tem vida, não tem luz ou é relativo à morte. “Negro” designava o escravo em geral, reservando aos índios serem “negros da terra” até o édito “Directório do Índio” (1.755) de Marquez do Pombal. Então, proibia a escravidão indígena e vedava sua designação por “negro”. O ato visava sua inclusão na sociedade civil e atendia a interesses do Rei, porém, já se fundava nas teorias do iluminismo sobre a origem e fundamento da igualdade humana (APEB, m.603, fl.20v) http://www.histedbr.fae.unicamp.br/navegando/artigos_frames/artigo_073.html. Ao mesmo tempo a designação dos pretos pela alcunha de “negros”, servia ao racismo para restringir a força dos ideais iluministas não contemplando com direitos humanos essa “raça” inferior.
Aliás, em nome do combate ao racismo exige-se da academia um esforço na correição disso: essa linguagem tem sido fonte do neo-racialismo que exige tanto esforço para ser contido. Não são os pretos e os pardos que se auto designam ´negros´. Primeiro foi o racismo em seu nascedouro. Depois o Estado acolheu, no auge da divisão racial dos humanos, através do ´Directório´ explicitando em seu artigo 10: ´negro´ é designação indigna, infamante e degradante, proibida de ser empregadas aos índios, a quem S. Majestade reconhecia a inteira humanidade, pois reservada aos ´pretos´ da Costa de África, diz a letra da lei pombalina. Até então os africanos traficados, eram humanos da cor preta, de quem o racismo vem retirar a humanidade e lhes atribuir a condição de raça negra, a raça inferior. Um dos primitivos sentidos da palavra “negro” era “escravo". Por isso a palavra é ofensiva em países africanos e Estados Unidos, onde é empregada a palavra black que literalmente corresponde à palavra preto, ao invés de niger (negro).

               O ´OVO DA SERPENTE´
               A parábola do ´Ovo da Serpente´, consagrada em filme, refere-se ao período entre a 1ª e 2ª guerra mundial, em que as potências ocidentais flertaram e conviveram com a ameaça do nascimento do nazismo. Os ovos das serpentes são transparentes e basta colocá-los de frente à luz do sol, para ver os filhotes em formação: o nazismo e seu racismo estavam sob a luz do sol. Com a onda de pertencimento racial imposta aos afro-brasileiros estamos diante de ovos da serpente.
               A academia, após a 2ª guerra e os desafios do combate ao racismo nazi-fascista, foi quem introduziu nos livros, nas teses e nas pesquisas o ´negro´ como um objeto racial. A academia não o fez por mal, quase sempre. O fez, numa época em que se acreditava em raças e até mesmo que o pertencimento racial poderia ser uma manifestação política positiva. Florescia a guerra fria e a disputa entre os aliados vencedores da 2ª guerra. O império capitalista e o império comunista disputavam corações e mentes. FLORESTAN FERNANDES, marxista, considerava a identidade ´racial´ para compreensão da questão da exploração de ´Raça & Classe´: “preconceito e a discriminação raciais estão presos a uma rede da exploração do homem pelo homem e que o bombardeiro da identidade racial é  o requisito da formação de uma população excedente destinada, em massa, ao trabalho sujo e mal pago...” (Florestan, 1989, p.28). CLOVIS MOURA, comunista, importante sociólogo afro-brasileiro, ideólogo do MNU nos anos 1970, acreditava na identidade racial para a consciência política de luta dos “negros”. No século 21, o antropólogo KABENGUELE MUNANGA e outros intelectuais abandonam a lição primaz da antropologia consagrada na absoluta neutralidade, contrariam a narrativa histórica dos afro-brasileiros, induzindo o equivocado entendimento da imposição da identidade racial, municiando ativistas do neo-racialismo estatal, alterando identidades censitárias e tripudiando sobre a mestiçagem, para se contrapor à verdade sociológica de Gilberto Freyre: a nossa mestiçagem é cordial. A doutora FATIMA DE OLIVEIRA, médica, afro-brasileira e militante contra o racismo, é categórica: “O BRASIL É UM PAÍS mestiço, biológica e culturalmente... No contexto da mestiçagem, ser negro possui vários significados, que resulta da escolha da identidade racial que tem a ancestralidade africana como origem (afro-descendente). Ou seja, ser negro, é, essencialmente, um posicionamento político, onde se assume a identidade racial negra.” (Ser negro no Brasil; http://historiaemprojetos.blogspot.com/2008/11/neste-texto-mdica-feminista-ftima-de.html.
               As universidades, através do uso irresponsável da linguagem racial, produziram uma monstruosidade: uma geração de afro-brasileiros militantes da raça estatal, alguns bem intencionados, brincando com a metáfora, alimentar o ovo da serpente através do uso político de uma identidade racial fraudada, sementes de ódios raciais. Para isso os defensores da identidade racial desconsideram a sabedoria do saudoso MILTON SANTOS, para quem, nos diferenciando da sociedade norte-americana, afirmava, assustado com os rumos tomados pelo movimento negro: “a nossa miscigenação e tolerância relativa é algo virtuoso e deveria ser um ponto de partida para os afro-brasileiros, o que não pode ser desprezado; não gosto do tratamento separado; quero ser apenas brasileiro como outro qualquer...”.  http://www.youtube.com/watch?v=xp9_fPuYHXc

               PRETO É COR; a ´raça´ é NEGRA?
               Ao contrário do que pensam os racialistas, o combate ao racismo não tem vínculos ideológicos com a luta de classes sendo, portanto, desnecessária a tal ´identidade racial´ oriunda de guerra fria. Não há mal algum na designação da cor dos humanos: preto, branco ou pardo, é simplesmente a cor da pele. Isso não é raça. Se a pessoa de pele branca é designada ´branca´, por que não ´preta´ a pessoa da cor preta? O que não pode continuar é o uso dessa linguagem racial reprodutora da classificação racial, sendo praticado por quem, de fato, queira destruir a crença racial. Essa verdade está contida, de forma inversa, na campanha racialista conduzida por ONG´s de afirmação racial: ´preto´ é cor; a ´raça´ é negra. Essa campanha e outras, apoiadas nos vícios da academia e financiadas por Foudacion´s norte americanas, negam a humanidade da cor de pele e visam impor aos afro-brasileiros o pertencimento a uma identidade racial ´negra´ dissidente da narrativa do próprio grupo social.
               O fato é que HUMANOS DE COR é afirmação da humanidade. A atribuição da condição de “negro” é classificação racial sonegadora da nossa condição humana, o que configura na violação da própria dignidade humana. Estudos respeitáveis confirmam a nossa desconsideração racial. Em 1953, ORACY NOGUEIRA (Tanto preto Quanto branco, USP) já constatava a nossa identidade pela apenas pela cor (marca) e, em 2009 na UnB, para desencanto dos defensores da identidade racial e da própria autora, a doutora FRANCISCA CORDÉLIA (Brasileiros não reconhecem sua identidade racial) chegava à mesma conclusão em suas pesquisas de doutorado. Nós, brasileiros, pretos e pardos, não temos e não queremos nenhuma identidade racial. http://www.unb.br/noticias/bcopauta/index2.php?i=567

               A LINGUAGEM RACISTA e a DIGNIDADE HUMANA
               O objetivo da linguagem do racismo é dizer que a cor da pele indica um falacioso pertencimento de origem à inferioridade congênita da ´raça negra´. Quem aceita essa definição comunga com o ideal do racismo e sonega aos pretos e pardos a dignidade humana. Nessa questão da linguagem, não se pode levar em grande consideração o discurso de militantes racialistas afro-brasileiros, vítimas que são da Síndrome de Estocolmo ao assimilarem a lógica do opressor. Porém, parte significativa, constituída por uma rede de intelectuais seduzidos pelos financiamentos de Foudacion´s e de agências norte-americanas, organizados em ONG´s e em cargos públicos para a defesa do pertencimento à “raça negra” estatal, sabem o que estão fazendo na adoração aos ovos: eles precisam dos filhotes da serpente. Para as Foudacion´s, fertilizadoras dos ovos, o que interessa é nos dividir em “raças” e nos igualar ao que há de pior nos Estados Unidos, nos retirando aquilo que MILTON SANTOS diz ser condição virtuosa.
       Nesta questão da linguagem definidora da identidade dos afro-brasileiros a qualificação da narrativa étnico-antropológica, se racial, vai alterar a própria identidade nacional, cabendo, pois, à academia e intelectuais em geral, fontes propagadoras do conhecimento, zelar pela precisão da linguagem e do conceito nela contida. A academia há de reconhecer seu equívoco na construção desta “raça negra” num marco contextual de trauma e guerra fria, traduzido em pertencimento racial: a maioria de afro-brasileiros não queremos esse pertencimento racial.
       O resultado desse ovo da serpente com a crença ´racial´ e atitudes racistas, de lado a lado, será a violação da dignidade humana dos afro-descendentes, especialmente das crianças e adolescentes que aprendem e não acatam o pertencimento a uma ´raça inferior´. É o que se revela na tragédia social que está afetando aos afro-americanos, conhecida como o niilismo social, denunciada por intelectuais como THOMAS SOWELL, CORNELL WEST, KELVIN GRAY e BARACK OBAMA: neste 2.011, nos EUA, com um presidente afro-descendente, de 40 milhões de afro-americanos, 2,5 milhões de afro-americanos estão nas prisões ou sob custódia da justiça, ou seja 6% da população afro. Embora sejam apenas 12% da população, representam 65% dos presos. Entre os jovens de 16-28 anos a tragédia tem dimensão absurda: 50% dos jovens, do sexo masculino, estão presos ou cumprindo sentenças criminais. Entre a meninas, a gravidez adolescente, as afro-americanas representam 70%. Tais números revelam um futuro desastroso para os afro-americanos. Nós não podemos desejar isso a nossos filhos e netos. Em vez de ensinar o ódio, devemos lhes ensinar o amor, conforme NELSON MANDELA: "Ninguém nasce odiando outra pessoa  pela cor da pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender; e, se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar." (Nelson Mandela)
       Destarte, tal identidade e pertencimento racial, como mecanismo de políticas públicas raciais, são geradoras de ódios e inibidores de harmonia social. MALCOLM X, o mais radical ativista afro-americano, compreendeu isso e abandonou a luta racial para fazer a pregação politizada contra o racismo. Num de seus últimos discursos, ponderava: a estratégia do racismo foi nos retirar a inteira humanidade. Agora, lutemos pela reconstrução da nossa dignidade de humanos. Lutamos por nosso direito de humanos. Escreveu sua ´Carta de Meca´ renunciando à política da luta racial afirmando que, doravante, a luta seria contra a miséria e não a luta racial: "Eu estarei com qualquer um, não me importa a sua cor, desde que você queira mudar a condição miserável que existe nessa terra". Foi executado por PRETOS racialistas. O doutor MARTIN LUTHER KING, reconhecido com o prêmio Nobel da Paz pregando a derrubada das leis de segregação de direitos raciais e lutando para que seus filhos fossem respeitados pelo caráter e não pela cor da pele tinha por fundamento um princípio ético fundamental contra o estado racialista: "Uma lei injusta é uma lei humana sem raízes na lei natural e eterna. Toda lei que eleva a personalidade humana é justa. Toda lei que impõe a segregação é injusta porque a segregação deforma a alma e prejudica a personalidade." (1963, Carta da Prisão de Birminghan). Foi executado por BRANCOS que acreditavam em raças e em direitos separados.

São Paulo, 22 de fevereiro de 2011.
José Roberto F. Militão, advogado.
Ativista contra o racismo de qualquer matiz.

entre bobo e burro... é só escolher


Os mendigos queimados em Brasília.
A Globo e a Antártica


Conversa Afiada






Globo: Antártica é para a Dilma o que o Vietnã foi para Johnson



Uma das explicacões para a profunda crise política que se instalou nos Estados Unidos com a guerra do Vietnã (a primeira vez em que um sub derrotou um desenvolvido) foi o papel de uma nova e poderosa mídia: a televisão.

As imagens, dia após dia, nos telejornais nacionais, dos corpos dos soldados americanos mortos em combate jogou a opinião pública contra um presidente popular, Lyndon Johnson.

A sucessão de corpos envoltos em embrulhos de plástico ou em caixões cobertos com a bandeira americana provocou um impacto que destruiu Johnson e seu candidato, o vice Hubert Humphrey, e elegeu Richard Nixon.

Coube a Nixon sair às carreiras de Saigon e, depois, fugir para New Jersey, escorraçado em Watergate.

A Globo tentou reconstruir o Vietnã.

E transformar a Antártica no Vietnã da Dilma.

Mostrar os corpos envoltos pela bandeira brasileira, na base aérea do Galeão, como se fosse a base de Andrews, em Washington, onde Johnson percebeu que, com a televisão, tinha perdido a classe média americana.

É o que a Globo, desde o inicio da tragédia na estação brasileira da Antártica, tenta fazer.

O momento superior desse Golpe foi quando o repórter da Globo, ao acompanhar o féretro, disse “que grande emoção !”

Notável.

Enquanto isso, a Globo passou por cima dos mendidos incendiados em Brasília.

Duas vítimas, também, como na Antártica.

Mauro Santayana, ao descrever a elite offshore de São Paulo, trata dessa tragédia tão perto de casa, da sede da Globo, em Brasíia.

E da impunidade de que se beneficiaram os mauricinhos brasilienses que botaram fogo, anos atrás, no índio Galdino.

A Globo e seu Guardião de Fé, o Gilberto Freire (*) brasileiro, com “i”, Ali Kamel, não tem compromisso com o Brasil.

Se a tragédia da Antártica – que cabe lamentar com a mesma intensidade e tristeza com que se chora a dos mendigos de Brasília – servir para dar à Dilma o destino melancólico do Lyndon Johnson, tanto melhor.

Os pacotes de corpos valem pela imagem.

Não pelo que levam dentro.

Imperdível foi, depois da cobertura editorializada da Antártica, o William Bonner dizer que o ” jn no ar” passou o dia no ar !

Notável !

(*) Conta-se que, em Apipucos, D. Madalena, um dia, chegou para o mestre Gilberto Freyre e disse: Gilberto, essa carta está há um mes em cima da tua mesa e você nao abre. O Mestre de Apipucos respondeu: não é para mim. É para um Gilberto Freire com “i”. Não posso abri-la. A propósito do pseudo antropólogo da Globo, leia “como PHA se defendeu de Gilmar, Kamel e Heraldo P. Carvalho“.

Não deixe de ler sobre “Tomara ! O que Dilma fez para provocar a tragédia da Antártica“.




Paulo Henrique Amorim

Os contrastes entre PT e PSDB são apenas nuances de um mesmo projeto político?


Onde está a direita brasileira?


Escrevinhador


Por Gilberto Maringoni, na Carta Maior

José Serra está reunindo condições para entrar pesado na disputa pela prefeitura de São Paulo. A recomposição do ex-governador com sua criatura, Gilberto Kassab, pode representar um golpe de mestre contra a candidatura de Fernando Haddad. A maioria dos dirigentes petistas alimentou a hipótese de se aliar com uma parcela da direita paulistana para vencer o tucanato a qualquer custo.

A pirueta do dirigente do PSD embaralha o jogo. O PT terá de encontrar rapidamente uma linha de campanha diferente da que vinha acalentando até as tratativas com o prefeito da capital.

O partido fez, ao longo dos últimos seis anos, uma cerrada oposição a gestão de Kassab. Denunciou privatizações, aumentos de tarifas, agressões contra camadas populares, descasos com a infraestrutura, superfaturamentos de obras e outras mazelas. Esperava utilizar a munição acumulada como mote na campanha. Agora que o potencial noivo fugiu do altar após um namoro público, a tática dificilmente colará no eleitorado.

Outra arma de campanha – a denúncia das privatizações tucanas – está com a pólvora molhada desde que o governo federal decidiu privatizar os aeroportos em leilões cuja coreografia lembra muito as vendas de estatais da Era FHC. É claro que os petistas seguirão com suas manhosas explicações de que “concessão não é privatização” para tentar evidenciar diferenças com o possível adversário.

Campanha despolitizada

Uma variante na linha de ataque, caso Serra seja mesmo candidato, é insistir na tecla de que ele abandonou a prefeitura na metade do mandato para se candidatar a governador. É uma ofensiva de risco. O atual governador gaúcho Tarso Genro (PT) fez o mesmo em 2002. Desincompatibilizou-se da prefeitura de Porto Alegre para tentar o governo do estado. Perdeu na época, por outros motivos, mas levou em 2010.

A saída para o PT seria apostar na marquetagem sobre quem seria o melhor administrador para a capital. Pode colar, dado o imenso prestígio da agremiação no plano nacional. Será um duelo de máquinas eleitorais: de um lado o governo federal e de outro o governo do estado e a prefeitura.

Tudo leva a crer que esta será uma campanha despolitizada. Os contrastes entre PT e PSDB, ao longo dos anos, têm se mostrado mais como nuances de um mesmo projeto do que o embate de duas diretrizes antagônicas. No âmbito federal, ambos investiram em duros ajustes fiscais, em juros elevados, em prioridade para o pagamento das dívidas financeiras e em privatizações. Os graus variaram e isso fez a diferença em momentos de crise. O PT elevou o salário mínimo e investiu em políticas sociais focadas. O PSDB cortou mais na área social, congelou salários do funcionalismo e foi mais radical na ortodoxia. Mas nenhum rumou na direção de penalizar os que sempre ganharam na brutal desigualdade social do país.

A reforma agrária, depois de avançar um pouco nos governos de FHC e de Lula, estancou desde o ano passado. Não se fala mais em reforma tributária progressiva que taxe as grandes fortunas. A regulamentação dos meios de comunicação saiu da agenda oficial. E, entre outras medidas, a CPI da privataria segue no congelador.

Esquerda e direita?

Será ainda possível fazer uma campanha da esquerda contra a direita? Se entendermos, grosso modo, esquerda como o setor que enfrenta os mercados e defende os de baixo e direita aqueles que se aferram na defesa do capital e demonstram pouca sensibilidade social, a mensagem ficou clara nas duas últimas campanhas presidenciais. A postulação do PT representava a esquerda e a do PSDB a direita.

Mas se olharmos para a vida como ela é, as leituras ficam complicadas. Onde ou com quem está a direita brasileira?

No Brasil, pelo peso que teve a ditadura militar, quase ninguém se proclama abertamente de direita. No PSDB, todos se consideram de centroesquerda. No PMDB, no PTB, no PP e em outras legendas, a situação deve ser semelhante. Se nos pautarmos pela autodeclaração, não existe direita no Brasil.

Alguns petistas, com razão, acusam a coligação PSDB-DEM-PPS-PV de representar a direita no jogo institucional. Afinal, foi esta coalizão a responsável pela implantação a ferro e fogo do modelo neoliberal entre nós.

Mas é preciso mirar a base institucional – base parlamentar mais a composição da administração – de cada governo para tentarmos ver as cores do espectro político.

Composições de governo

O primeiro governo FHC (1995-1999) era integrado por PSDB, PFL, PMDB e PTB. O PMDB em algumas votações no Congresso apresentou-se dividido, mas a maioria era inequivocamente governista. Em seu segundo mandato (1999-2003), o tucano foi apoiado por PSDB, PFL, PMDB, PTB, PPS e PPB (atual PP). Foram essas agremiações que patrocinaram a venda acelerada de patrimônio público ao longo dos anos 1990.

O primeiro governo Lula (2003-2007) era composto por PT, PC do B, PSB, PTB, PDT e PL. Na gestão seguinte (2007-2011), a base aliada era formada por PT, PC do B, PSB, PTB, PL, PMDB, PL (atual PR). O PV não integrou formalmente as administrações, apesar de Gilberto Gil, Ministro da Cultura, ser filiado ao partido.

Quem é esquerda e quem é direita nessa sopa de letras?

Podemos, mais uma vez grosso modo, classificar como esquerda (por suas histórias) o PT, o PCdoB, o PSB e o PDT. O PSOL representa no Congresso a diminuta oposição de esquerda. A régua é muito flexível, pois seria difícil dizer que a atuação de líderes como Antonio Palocci, Paulo Bernardo, Guido Mantega (todos do PT), Paulinho da Força (PDT) ou Fernando Bezerra (PSB) tenham hoje em dia alguma coisa a ver com esquerda.

A direita, por sua vez, seria encarnada por PSDB, DEM, PMDB, PTB, PPS, PV, PSD, o PP, o PR, o PTB, o PSC, o PRB, o PTdoB, o PMN, o PHS, o PRP, o PRTB, o PSL e o PTC. Embora a maioria deles apresente declarações genéricas como programas partidários, suas atuações são marcadamente liberais e pró-mercado.

Bases parlamentares

Apesar dos petistas alardearem que a direita está toda na oposição, a afirmação não resiste a nenhuma análise séria.

Se olharmos a base parlamentar do governo, vamos verificar que a direita majoritariamente abriga-se sob as asas da situação.

Vejamos por blocos e número de deputados entre os 513 da Câmara:

Esquerda no governo (PT-PSB-PDT-PCdoB) – 154

Direita no governo (PMDB-PSD-PP-PR-PTB-PSC-PRB-PTdoB-PMN-PHS-PRP-PRTB-PSL-PTC) – 257

Direita na oposição (PSDB-DEM-PPS-PV) – 99

Esquerda na oposição (PSOL) – 3

No Senado o quadro não é diverso. O quadro assim se divide, num universo de 81 senadores:

Esquerda no governo (PT-PDT-PSB-PCdoB) – 24

Direita no governo – (PMDB-PTB-PR-PP-PSD-PRB) – 39

Direita na oposição – (PSDB-DEM-PV) – 16

Esquerda na oposição (PSOL) – 1

Sem partido – 1

Além disso, existem bancadas transversais e informais de empresários, ruralistas, evangélicos, sindicalistas e outros que se articulam acima das fronteiras partidárias. O DIAP (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar) tem bons levantamentos sobre essas coalizões.

O que isso tudo quer dizer?

Muitas coisas.

Travas nas mudanças

A primeira é que o freio para a não implantação de reformas progressistas na sociedade brasileira não está na oposição, mas no governo. É a base aliada que trava o avanço da reforma agrária (ruralistas), do combate à homofobia (evangélicos), da reforma tributária (praticamente toda a base), da ampliação da comissão da verdade (figuras criadas na ditadura, como José Sarney, Paulo Maluf, Fernando Collor) e da CPI da privataria, entre outras iniciativas. Neste último caso, o governo compraria uma briga com seus apoiadores oriundas dos governos FHC.

A segunda é que os embates eleitorais não têm se dado entre projetos excludentes ou oponentes no espectro ideológico.

Divisão no conservadorismo

A direita brasileira se dividiu a partir de 2002. Uma facção resolveu ficar na oposição e dali se fortalecer para voltar ao Planalto. Está se dando mal, pois o essencial de suas diretrizes foi abraçado pelo governo. Seu discurso tornou-se disfuncional.

A partir do segundo mandato de Lula, o liberalismo ganhou o impulso de um desenvolvimentismo difuso, possibilitado pelo bom desempenho do balanço de pagamentos e pela ampliação do mercado interno. Ambos são resultados de ações governamentais. Com crescimento econômico, inclusão social e aumentos salariais, o modelo ganhou nova legitimidade e a gestão petista conheceu inéditos índices de aprovação.

Outra facção da direita – majoritária – resolveu se integrar ao governo e disputar seus rumos. Está tendo amplo sucesso, como se pode ver pelo aumento dos cortes fiscais, pela guinada da política externa em direção a um maior alinhamento com os EUA e pela volta das privatizações. Em outras palavras, a direita passou a utilizar uma das táticas caras à esquerda, o “entrismo”.

Aqui voltamos ao início. Serra – caso saia candidato – unificará o PSDB, contará com o apoio do PSD e buscará uma aliança com o PMDB, aliado de primeira hora do governo Dilma. O PCdoB deve arriscar uma candidatura apoiada pelo PDT. O PTB, o PV e o DEM lançarão candidatos, além do PSOL e do novíssimo PPL. A tática é marcar pontos para a disputa nacional.

Nesse quadro, como o PT vai se diferenciar claramente do PSDB? Competência X incompetência, éticos X antiéticos, moralistas X amorais, abortistas X carolas? O arsenal e a criatividade da marquetagem não tem limites e nem prima pelo bom gosto. Mas política de verdade pode ser artigo em falta…

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Jogam na rua ou fazem sabão ou... até que ponto esses caras falam merda na televisão?


Leandro Fortes: Oban cabocla nos rincões dos Mendes


por Leandro Fortes, no Brasília Eu Vi
Esse fascitóide de quinta categoria se chama Márcio Mendes. É um técnico rural que a família do ministro Gilmar Mendes, do STF, mantém como cão raivoso na emissora de TV do clã para atacar adversários e inimigos políticos. A TV Diamante, retransmissora do SBT, é, acreditem, uma concessão de TV educativa apropriada por uma universidade da família do ministro. Mendes, vcs sabem, é o algoz do fim da obrigatoriedade do diploma para o exercício de jornalistas. Vejam esse vídeo e vocês vão entender, finalmente, a razão. Esse cretino que apresenta esse programa propõe a criação de um grupo de extermínimo para matar meninos de rua. Pede ajuda de empresários e comerciantes para montar um “sindicato do crime”, uma espécie de Operação Bandeirante cabocla, para “do nada” desaparecer com esses meninos. E preconiza: “Faz um limpa, derrete tudo e faz sabão”.
Repito: trata-se de transmissão em concessionária educativa na TV da família de um ministro do Supremo Tribunal Federal. Eu denunciei isso, faz dois anos, na CartaCapital, em uma das matérias sobre os repetidos golpes que o clã dos Mendes dá para derrubar o prefeito eleito da cidade de Diamantino, que ousou vencer a família do ministro nas urnas. Vamos ver o que diz o Ministério das Comunicações e a Polícia Federal, a respeito. Seria bom saber qual a posição do SBT, também.
 

É a Justiça do Brasil se livrando dos notáveis...


Queijo faz PHA derrotar Jereissati.
Que venha o próximo !

Conversa Afiada




Andrade e Jereissati: assim eu também quero a BrOI !

A Dra. Juliana Sabbato, que trabalha no escritório da Dra. Maria Elizabeth Queijo, enviou e-mail para historiar a gloriosa batalha que culminou com a vitória na Justiça Criminal contra um empresário que imaginava calar este ansioso blogueiro pelo bolso.

Trata-se de Carlos Jereissati, aquele, que, ao lado de Sérgio Andrade, sem botar um tusta do próprio bolso, passou a controlar a BrOi, numa patranha que resultou num cala-a-boca de US$ 2 bilhões para o passador de bola apanhado no ato de passar bola, Daniel Dantas.

E com dinheiro do trabahador, dinheiro do FAT !

(Dantas é outro que pensa que cala alguém pelo bolso …)

(Clique aqui para assistir ao histórico vídeo da passagem de bola no jornal nacional.)

A vitória contra Jereissati se encerrou agora em 18/01/2012.

Rememorou a Dra. Sabbato:

Em primeira instância, o processo que o Jereissati moveu contra você era o 050.09.059518-1, e o juiz da 29ª Vara Criminal te absolveu sumariamente das acusações no dia 16/08/2010.

Contra essa decisão, foi interposto recurso por Jereissati.

O processo, em segunda instância, ficou sendo o de nº 990.10.457561-3 e os Desembargadores da 11ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo, Drs. Maria Thereza do Amaral, Nilson Xavier de Souza e Aben-Athar de Paiva Coutinho, após parecer favorável a nós do Procurador de Justiça Carlos Fernandes Sandrin, negaram provimento ao recurso, mantendo-se, assim, a sentença proferida em primeira instância.

O julgamento do recurso se iniciou no dia 30/11/2011, mas houve pedidos de vista dos autos pelos Desembargadores, razão pela qual a Dra. Maria Thereza votou no dia 14/12/2011, Xavier de Souza em 11/01/2012 e Aben-Athar em 18/01/2012, sendo que a votação foi unânime.

Houve, ainda, outro processo, de nº 050.09.067124-4, movido por Carlos Jereissati.

Neste, o Juiz do Juizado Especial Criminal também te absolveu sumariamente no dia 01/07/2010 e, em sede de recurso de apelação (autos nº 989.10.009902-5), os Juízes do Colégio Recursal da Capital também negarem provimento ao recurso, à unanimidade, em 13/12/2010.

Participaram o julgamento dos Drs. Rodolfo Pellizari, David Capelatto e Maria Fernanda Belli.



NAVALHA

Recentemente, este ansioso blogueiro fez uma bem-sucedida conciliação com Heraldo Pereira – clique aqui para ler “A verdadeira conciliação entre PHA e Heraldo” – , com que se encerrou uma ação no Cível e ele, Heraldo Pereira de Carvalho, o autor da ação, reconheceu, no termo do acordo, que o emprego da expressão “negro de alma branca” não ofendeu a honra nem tinha conotação racista.

Numa conciliação, como se sabe, assinam as duas partes, autor e reu, o Juiz e os advogados das partes.

Clique aqui para ler “Como PHA se defendeu de Gilmar, Heraldo e Kamel”.

O autor da estratégia bem-sucedida foi o Dr. Cesar Marcos Klouri.

Nos últimos dias, a Dra. Queijo infligiu derrotas sucessivas ao notável Heráclito Fortes, que faz muita falta ao Senado da República, e ao Padim Pade Cerra, também conhecido como o “nosso Putin” – clique aqui para ver vídeo imperdível.

Quem será o próximo ?

Essa Dra. Queijo…

Esse Dr. Klouri…

Essa Dra. Eliana Calmon …







Paulo Henrique Amorim

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

E temos vereadores querendo aumentar a velocidade em nossas veias para 70km/h


“A magrela é um estilo de vida”

Somos Andando

Cris Rodrigues


Um ano e 25 dias em cima de uma bicicleta, percorrendo 150 a 170 km por dia, sozinho. Miguel Lawisch estava empolgado contando sua história para quem quisesse ouvir durante o Fórum Mundial da Bicicleta, que terminou hoje, domingo (26), em Porto Alegre. Já faz 20 anos que o ciclista de Santa Cruz do Sul percorreu os 18.250 km até Los Angeles, nos Estados Unidos. Aos 46 anos, mostra-se nostálgico e saudoso de um tempo “romântico”: “naquela época a gente não tinha muita estrutura, mas podia dormir em posto de gasolina, na rua. Hoje não dá”.

Lawisch nunca mais fez uma viagem longa como aquela em cima da magrela, “mas é meu meio de transporte até hoje”, afirma, orgulhoso de nunca ter tido carro nem moto. Falta patrocínio para embarcar mais uma vez, segundo ele. Afinal, uma viagem como essa pode não requerer muito investimento, mas significa mais de um ano sem fonte de renda. Durante os 390 dias no caminho até os Estados Unidos, ganhava dois salários da empresa Expresso Mercúrio. “Depois o filho do dono foi fazer kart e aí eu não consegui mais patrocínio deles, o que é natural. Mas hoje os interesses mudaram e está mais difícil conseguir apoio. Era uma época romântica”, repete. O espírito explorador não morreu, mas teve que se acalmar um pouco.



Fui apresentada a Lawisch por José Carlos Zanona, que, apesar da admiração pelo ciclista de Santa Cruz do Sul, também não faz feio. Ele aprendeu a pedalar com o filho e, desde então já foi até Montevidéu e começou a participar de competições de ciclismo, o que faz até hoje. Isso aos 62 anos. “A magrela é estilo de vida”, resume.

Esse amor pela bicicleta, aliás, parecia ser o motor de todos os que frequentaram a Usina do Gasômetro nos últimos quatro dias. Impressiona a vontade com que falam de suas magrelas, que acabam se transformando de apenas um meio de transporte mais ecológico e saudável em uma verdadeira paixão. É por isso que o atropelamento coletivo de um ano atrás, quando um motorista passou por cima de dezenas de ciclistas durante uma Massa Crítica – pedalaço que acontece uma vez por mês em diversas cidades do mundo, inclusive Porto Alegre –, provocou tanta comoção. Os ciclistas se identificam com o outro e têm um espírito de comunidade que não se vê em muitos lugares hoje em dia.

Um objeto símbolo de solidariedade



Para que o dia não fosse lembrado só com tristeza ao completar um ano, foi organizado o Fórum Mundial da Bicicleta, com o objetivo de ser propositivo.

“A ideia nasceu quando a gente fez uma reunião depois que rolou um convite no blog Vá de Bici pra discutir o que a gente faria quando fechasse um ano do atropelamento. E daí surgiu a ideia de fazer um fórum, fazer uma coisa propositiva”, conta Marcelo Sgarbossa, um dos organizadores e idealizador do fórum e ativista dos direitos humanos, além de pré-candidato a vereador da capital. Do pessoal que estava lá, cada um assumiu alguma parte da organização, de acordo com o que sabia fazer melhor. “Em 40 dias foi feito o Fórum.” E ele foi construído só com a colaboração através da rede, com o Projeto Catarse, que arrecadou R$ 6.051,00 de forma espontânea, e doações de bicicletas e assessórios que foram rifados durante o evento.

Foram quatro dias de muita atividade na Usina do Gasômetro, e com muita gente. Na metade da tarde de sábado, mais de 500 pessoas já tinham assinado o livro de presença, que ficava ali num canto e não era visto por todo o mundo. E, claro, Massa Crítica na sexta-feira, como de praxe. Só que dessa vez com cerca de 2 mil pessoas, segundo estimativa da EPTC. “Tinha um mar de bicicletas. Tinha muita gente de fora, por causa do Fórum, mas a Massa Crítica já tem reunido em torno de 500 pessoas por edição. A pessoa que vem uma vez não deixa mais de vir. A não ser que ela caia, fique traumatizada…”. Sgarbossa ria da minha cara e do meu joelho, esfolado depois do pedalaço de sexta.



Falando sério de novo, contou que o objetivo do Fórum é “discutir a bicicleta nas suas mais variadas dimensões, porque a bicicleta na verdade é só um símbolo. A bicicleta significa solidariedade, encontro com as pessoas, novo olhar da cidade”. Como exemplo de ativismo, cita a ocupação dos espaços públicos, como o Largo Glênio Peres, para impedir que ele fosse ocupado por carros.

A bicicleta não é nem só meio de transporte nem só paixão. A bicicleta, em debate no primeiro fórum mundial dedicado a ela, é ativismo e participação. Representa uma forma de radicalização do conceito de democracia, com um movimento livre e aberto que se organiza apenas através de ideias em comum e consegue, sem presidente nem estatuto, pressionar o poder público e a sociedade.











Foto da Massa Crítica: Ramiro Furquim/Sul21
Fotos do Fórum Mundial da Bicicleta: Cristina Rodrigues

O PT quer instalar a CPI – ou não !?


CPI da Privataria.
Alô, alô Tatto e Vacarezza !


Conversa Afiada





Nesta terça-feira depois do Carnaval o Congresso volta a funcionar a todo vapor (?).

Tem que aprovar o importante Fundresp, a capitalização do sistema previdenciário.

É a melhor forma de desarmar a bomba-relógio do déficit público derivado da benvinda longevidade – aquela que os governos trabalhistas ampliaram.

Tem também o teste decisivo sobre o caráter do PT: a CPI da Privataria.

Um passarinho contou ao ansioso blogueiro – agora com a responsabilidade de uma audiência reforçada pelo Heraldo Pereira de Carvalho – que o PT e o PC do B deram assinaturas para criar a CPI, mas querem que ela morra na praia.

O ansioso blogueiro, então, conversou por telefone com Luciana Santos, e ela foi clara: o PC do B quer a CPI.

O lider do PT no Senado, Humberto Costa, disse em discurso da tribuna que o Zé – aquele que os amigos do Dantas chamam carinhosamente de Zé – Cardozo e sua Polícia Federal deveriam ir ao encalço dos Privatas do Caribe.

Instou também o brindeiro Gurgel a fazer o mesmo.

Vai ser difícil.

Com esses dois … vai ser difícil, não é mesmo, amigo navegante ?

Então, a batata quente está nas sábias mãos do líder do PT, Jilmar Tatto e do líder do Governo, o também petista Candido Vacarezza.

Eles terão a súbida honra de dizer ao distinto público que querem instalar a CPI – ou não !

Porque depende deles.

Mais do que do Marco Maia, presidente da Câmara, que gosta muito de ser deputado.

Será que o Tatto tambem gosta ?

Paulo Henrique Amorim

Sun Paulu da garoa: Serra conhece a alma do cidadão paulistano classe média


Serra do bem contra o PT da maldade

Escrevinhador

Por Renato Rovai, no SpressoSP

O acordo já foi selado no PSDB para que a candidatura de Serra possa vir a ser anunciada mais para frente, entre abril e maio.

O partido realizaria as prévias, mas apenas duas candidaturas teriam chances reais de vitória: a de Bruno Covas, apoiado por Alckmin, e a de Andrea Matarazzo, por Serra. Trípoli e José Aníbal, mesmo com história no partido, não contariam com “aquele apoio” necessário para derrotarem os candidatos dos caciques.

O vencedor poderia sair posando de candidato e, se de repente decolasse, Serra até poderia ficar na sua. E se preservar para 2014.

Principalmente se o vencedor das prévias viesse a ser Matarazzo, seu aliado incondicional.

Sem a tal decolagem (o que é mais provável, até porque não haveria tempo de campanha), o ex-governador diria o “sim” e o vencedor das prévias ficaria com a vaga de vice.

Alckmin quer Covas neste papel.

Serra, Matarazzo.

Os riscos desta operação não são diferentes do que Garrincha vislumbrava no histórico jogo contra a URSS. Depois de ouvir toda a preleção onde tudo dava certo para a Seleção, Mané perguntou ao técnico Feola: “mas o senhor já combinou com os russos”.

Não se pode desprezar um acordo de última hora entre Trípoli e Anibal para que um deles fique com a vaga de candidato do PSDB. Se isso vier a ocorrer, a candidatura de Serra sairia só a fórceps.

Outra combinação que ainda não foi feita por completo diz respeito ao apoio de Kassab. Há quem ache que o esperto prefeito estaria querendo colocar seus pés em duas canoas nesta eleição. Kassab já teria dito a Serra que tudo bem em relação ao PSD não indicar o vice, mas ao mesmo tempo disse que não teria como conseguir levar toda a base que construiu na prefeitura para apoiar a candidatura dele.

Ou seja, algumas pessoas com quem conversei consideram que o PSB, por exemplo, pode vir a se aproximar mais do PT municipal a partir de um movimento combinado entre Lula, Kassab e o governador Eduardo Campos.

Neste caso, Campos seria o operador aparente. E o vice de Haddad sairia do PSB.

A fusão PSD e PSB pode vir a ocorrer muito antes do que os analistas políticos estão prevendo. No carnaval, o prefeito paulistano foi a Recife tratar disso.

Acha que se o acordo vier a sair já em 2013, o novo partido consegue tirar Temer da jogada e indicar Campos como vice da presidenta.

E, na disputa para o governo de São Paulo, Kassab não teria problemas em sair de vice de Marinho, que, caso venha se reeleger prefeito em São Bernardo, deve ser o nome do PT para 2014.

Tem muita água passando por debaixo da ponte, mas uma coisa é quase certa, o vencedor das prévias do PSDB está disputando a candidatura de vice.

Porque dificilmente Serra não será candidato.

Se tem uma coisa que o ex-governador não é, definitivamente, é tonto.

Ele venceu Dilma em São Paulo por 53,5% a 46,5%. Ou seja, se a eleição de 2010 para presidente fosse na capital paulista, seria ele o chefe do Estado.

E fazendo contas já viu que se candidato for, deve disputar o segundo turno contra o PT. Neste caso, construirá um enredo do Serra democrata contra o partido que quer dominar o mundo.

Sua resposta aos que vierem criticá-lo pela renúncia de 2006 será de que aceitou disputar esta eleição em nome da democracia. Para que ela não corra riscos no Brasil com o PT ganhando tudo.

E conta com o povo de São Paulo para impedir isso.

Ao mesmo tempo dirá que sabe que aceitou disputar mesmo sabendo que terá de adiar seu sonho de ser novamente candidato a presidente. Mas deixará a porta aberta para disputar o governo do Estado. Caso Aécio não decole e Alckmin vier a ser o candidato do partido.

Ou seja, o enredo do filme será: Serra do Bem contra o PT da Maldade.

Não será fácil derrotá-lo.

Quem estiver pensando diferente, vai se dar mal.

Serra conhece a alma do cidadão paulistano classe média. Esse voto ele sabe como manter.



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domingo, 26 de fevereiro de 2012

"O negro que reivindica o seu lugar é o negro ' negro' - isso do ponto de vista do racista."

Elias Cândido: “Não podemos permitir que destruam o Paulo Henrique”




Viomundo

Elias Cândido: “A tendência do racismo em si é aumentar. Não porque há mais racistas, mas por conta da resistência”

por Conceição Lemes


Nos últimos dias, assistimos na internet a uma verdadeira cruzada contra o jornalista e blogueiro Paulo Henrique Amorim, visando carimbá-lo como racista. Espalharam a informação de que teria sido condenado por racismo no processo movido pelo também jornalista Heraldo Pereira, pelo uso da expressão “negro de alma branca”.


Só que: 1) não houve condenação, mas um acordo, ainda em primeira instância; 2) o autor do processo reconheceu, ao assinar o tal acordo, que não teria havido ofensa de cunho racista.


Paulo Henrique ganhou apoio e solidariedade de leitores, jornalistas e blogueiros. Militantes do movimento negro saíram em defesa de PHA. Elias Cândido é um deles. Estudioso da história do negro no Brasil, militante de combate ao racismo, professor e presidente do PT da Vila Matilde, Zona Leste da capital paulista, ele foi taxativo num texto que postou no Facebook:


Eu, modestamente estudioso da história do negro no Brasil, conheço bem os negros de alma branca. Posso reconhecê-los à distância pela linguagem, pelo olhar medroso, pelo jeito janota de se vestir e pela sintaxe entreguista.


Reconheço o trabalho de PHA pelos negros, apoiando programas voltados a essa população e denunciando o racismo da grande mídia. Ele tem todo o meu apoio.


Que os negros e pessoas bem-intencionadas não se confundam: uma ação contra o racismo jamais viria de alguém da Rede Globo, a maior propagadora de racismo deste país.


Decidimos, então, ouvir um pouco mais Elias Cândido.


Viomundo — O que significa “negro de alma branca”?


Elias Cândido — “Negro de alma branca”, na verdade, é como alguns brancos racistas, se reportam a alguns negros. São os negros que não se rebelam, que toleram passar por humilhações e que, segundo alguns brancos, “sabem o seu lugar na sociedade”.

O negro que reivindica o seu lugar é o negro “ negro”, isso do ponto de vista do racista.


Viomundo – Chamar alguém de “negro de alma branca” seria xingamento?


Elias Cândido –Seria um xingo. Seria exatamente aquela pessoa que, por querer ser aceito por aqueles que não a aceitam, se submete a humilhações em vez de buscar o seu espaço. Assim, do ponto de vista racista, equivaleria a um xingo.


Viomundo – Paulo Henrique se referiu ao Heraldo Pereira como um “negro de alma branca”. Essa menção seria racismo?


Elias Cândido — Não seria racismo, não. Quando o Paulo Henrique usa a expressão “negro de alma branca” não é para ofender a população etnicamente negra. A intenção dele é chamar atenção para o comportamento do Heraldo Pereira, que é o comportamento daquele negro aculturado, que se submete a determinadas coisas, que se submete, por exemplo, às determinações da Rede Globo. E a instituição Globo, eu diria, tem um comportamento racista.


Viomundo – Por quê?


Elias Cândido — A Rede Globo é racista. Se olhar com atenção o quadro de seus artistas, vai notar que a maioria é branca. Se observar também o tratamento que é dado aos negros nas suas novelas, vai verificar que a Globo os coloca em posições que seriam de “negro”, que é escravo, segurança ou bandido. Isso é um comportamento completamente racista, porque induz a sociedade a enxergar o negro daquela maneira.

Já nos negros isso tem um efeito psicológico extremamente cruel. A pessoa passa a não almejar coisas maiores na sociedade a não ser aquelas coisas que lhes são impostas, dado o poder cultural das novelas da Globo sobre o nosso povo de um modo geral.

Lembra-se da época em que Xuxa tinha as Paquitas e o sonho de todas as meninas era ser Paquita, uma menina loura, de cabelos lisos? Aquilo tinha efeito devastador na cabeça das meninas negras.

Isso sem falar dos noticiários que, de forma bastante sutil, dão mais atenção aos crimes cometidos pelos negros. Aliás, o seu diretor de Jornalismo, Ali Kamel, é bastante criticado por negar o racismo no Brasil, que mesmo os racistas admitem existir.


Viomundo – Na sua opinião, por que o Heraldo entrou com a ação contra o Paulo Henrique?


Elias Cândido – Por dois motivos. Primeiro, vestiu a carapuça. Ele tem cultura e inteligência suficientes para entender o que o Paulo Henrique estava falando. Ele não fez confusão.

Agora o que possivelmente o estimulou foi a própria Central de Jornalismo da Rede Globo, que promove um combate ao Paulo Henrique Amorim, assim como promove combate aos blogueiros progressistas em geral e mesmo àqueles que não estão no seu rol de controle.

É bastante notório que alguns blogueiros, como Reinaldo Azevedo, se apressaram em acusar o Paulo Henrique, tentando impingir-lhe a pecha de racista, que, se pegasse, enfraqueceria bastante a influência do Paulo Henrique.

Daí a nossa pressa em sair em defesa dele, não só por ele não ser racista, mas principalmente pelo significado. A intenção deles era dizer que os blogueiros progressistas estavam atacando aquele negro que está fora do seu rol ideológico, como querendo dizer “esse negrinho é nosso”.

A intenção era levar a discussão para esse viés. Era levar Paulo Henrique Amorim para o sacrifício em nome de uma ideia, que é para fazer com que o negro “se coloque no seu lugar”.


Viomundo — Como avalia o racismo hoje em dia no Brasil?


Elias Cândido — É importante entender que o modelo de racismo no Brasil é extremamente jovem, que é o racismo por cor. Algo em torno de 500 anos. Antigamente os escravos tornavam-se escravos porque eram derrotados em guerras, inclusive os povos negros da África.

Aqui no Brasil, como justificativa para a escravidão, foi introduzido o racismo por tonalidade da pele. Quanto mais claro tom de pele menos preconceito você sofre, mesmo sendo afrodescendente. Quanto “melhor” o seu cabelo, menos você sofre também.

Esse processo está sendo refreado por conta de maior organização movimento negro e da ida dos negros às universidades. À medida que passamos a ir para as universidades, devido aos programas de cotas e à melhora de vida dos últimos nove anos, o racismo melhorou um pouco do ponto de vista social.

Mas ele aumenta do ponto de vista racial. Essas pessoas, que foram acostumadas a ter privilégios em relação à maioria excluída, começam a ficar mais desesperadas e mais reacionárias com o aumento de negros para as mesmas vagas, tanto na escola quanto no trabalho.

A tendência do racismo em si é aumentar. Não porque há mais racistas, mas por conta da resistência. Isso fica claro na resistência ao modelo de cotas com argumentos de que “querem regalias só para negros”. É o tipo de argumento que não dá nem para a gente discutir.


Viomundo – Outras lideranças do movimento negro pensam como você?


Elias Cândido – Estive numa reunião na sexta-feira com várias lideranças para discutir outras questões e a gente acabou conversando sobre o caso. Elas não têm nenhuma dúvida: o Paulo Henrique não é racista. Ele caiu numa armadilha armada pela própria boca. Como é vítima de perseguições, ele deve tomar um pouco mais de cuidado nos seus pronunciamentos, porque a ideia é pegá-lo numa armadilha. Foi o que restou para essas pessoas. Aliás, a pecha de racista é usada inclusive por racistas para atacar as demais pessoas.

Por tudo isso, o momento é de a gente se unificar em torno do Paulo Henrique, produzindo mais textos, fazendo moções de apoio. Não podemos permitir que destruam o Paulo Henrique.

Porto Alegre: queremos 70 km/h em nossas veias?


Sofia é contra os 70 km/h nas vias de Porto Alegre



Blog da Sofia Cavedon


Não é aumentando a velocidade máxima que vamos melhorar o fluxo do trânsito da nossa Cidade
foto felipe dalla valle/cmpa
“Se estivéssemos em outro nível de criatividade e de investimentos no trânsito da cidade de Porto Alegre, com investimentos em transportes alternativos, em transporte público de qualidade, nós teríamos um trânsito que fluiria tão bem que não seria necessário dar vazão a ideias como essas de aumentar a velocidade máxima nas vias urbanas da Capital”.

A manifestação é da vereadora Sofia Cavedon (PT) referindo-se ao projeto de lei que tramita na Câmara Municipal, o PLL nº 042/10, de autoria do vereador Alceu Brasinha (PTB), que estabelece a velocidade máxima permitida de 70 km/h (setenta quilômetros por hora) para o trafego de veículos automotores nas vias urbanas de Porto Alegre em que o limite atual seja de 60 km/h (sessenta quilômetros por hora).

Segundo a vereadora todos gostariam de andar um pouco mais rápido na Cidade, mas há uma Legislação de Trânsito que não é arbitrária e sem nenhum fundamento, diz ela. “Certamente 40, 60, 80, 100 Km/h têm seu estudo de repercussão, de impacto, de risco. Não podemos primeiro, legislar sobre o assunto; segundo, sermos irresponsáveis e não enxergar, o grau de agressividade que está o trânsito desta Cidade, de acidentes com idosos, com crianças, com mulheres e que não tem como não restringir a velocidade nas vias públicas”, destacou.

foto camila rodrigues
Sofia recorda que tem andado muito de ônibus, realizando vistorias em várias linhas, e está gritante que caiu de qualidade da frota de ônibus na cidade. “Reduziram horários em várias comunidades, ou as são as tabelas são as mesmas cumpridas há 17, 18 anos. Então, as pessoas estão optando muito por automóvel, pelo transporte individual. Não podemos deixar de enxergar que não há investimento continuado em ciclovias, viável, não um passeio de um pedacinho, que depois tem que voltar para a via, mas que possa conectar com o ônibus, que possa ter estacionamentos, lugares seguros para deixar a bicicleta, com a integração entre metrô, ônibus e uma série de inflexões no trânsito de Porto Alegre que certamente melhorassem o fluxo”, destaca a vereadora.

foto arquivo CP
Porto Alegre está sem investimentos há quase uma década, afirma Sofia. “E desafio: quais são os grandes investimentos estruturais que fez o Governo Fogaça/Fortunati no último período? Porque todas essas vias estruturantes como a Av. Sertório, como a Av. Farrapos, como toda a Zona Sul, Av. Protásio Alves, 3ª Perimetral, são todas grandes obras – todas – realizadas pelos Governos da Administração Popular. Depois disso, nenhuma se fez. Nenhuma! Nem ações criativas de alterações d trânsito, quem é da Zona Sul, que sabe da importância das avenidas na região, conhece as que foram duplicadas?”

charge kayser
Portanto, segue ela, nem investimento em transporte coletivo de qualidade, nem investimento em transporte mais integrado à natureza, como ciclovias, como a possibilidade de combinar os diferentes transportes, nem investimento nas vias estruturantes da Cidade para dar vazão aos automóveis! Então, o tema é muito mais complexo do que alterar de 60 Km/h para 70. Fazer isso numa cidade conflitada como está, hoje, Porto Alegre, onde as pessoas perderam muito da urbanidade, da atenção, da delicadeza no trânsito.

Para Sofia, uma cidade tão politizada como Porto Alegre poderia ter uma postura diferenciada no trânsito, de preservação da vida: “quando as pessoas botarem o pé na rua, andar devagar com o carro, cuidar do cidadão, do ser humano que está circulando, seja nas calçadas, seja nas paradas de ônibus. Portanto, é preciso diminuir velocidade e dar fluxo ao trânsito. Ninguém vai pedir para andar veloz se andar sempre e andar bem; ninguém vai pedir para haver mais espaços para automóveis se houver bons ônibus. O ar-condicionado perdeu-se, não há priorização de organização das ruas por onde os ônibus passam para que eles tenham ar-condicionado. Vide a Lomba do Pinheiro, onde temos a Quinta do Portal; lá se tem que passar por uma poeirama, os ônibus não pode ter ar-condicionado, não podem ter motor atrás. É cada vez pior a qualidade dos ônibus! Então, são outros elementos. Acho bom este debate, mas acho que não é aumentando a velocidade máxima que vamos melhorar o fluxo do trânsito da nossa Cidade com segurança e com qualidade de vida”, salienta Sofia.