segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

bomba e lacerdão no povo


Vergonha!


Editorial SUL21
Estarrecedora e vergonhosa a ação de desocupação de quase 2 mil famílias do bairro de Pinheirinho, em São José dos Campos, no interior de São Paulo. As 5 mil pessoas que habitam o local desde 2004 foram desalojadas pela Polícia Militar cumprindo decisão da Justiça Estadual paulista e em afronta à decisão da Justiça Federal, que determinara a suspensão da ação de reintegração de posse a uma empresa de Naji Nahas.
A omissão da Prefeitura de São José dos Campos e a pressa da Justiça paulista em fazer cumprir suas determinações atestam o descaso ainda presente em diversas instâncias do poder público brasileiro com o destino e o bem estar da população de baixa renda no país. O importante, para estes detentores do poder, é o cumprimento da letra fria da lei, acima das vidas e dos direitos elementares dos cidadãos. O direito de propriedade dos abastados é considerado, para estes detentores do poder, superior e mais sagrado do que o direito de sobrevivência dos que pouco tem.
Colocar tropa de choque, armada de cassetetes, escudos, balas de borracha e gás lacrimogênio, para enfrentar e desalojar pais e mães de família e seus filhos de suas casas precárias deveria ser motivo de repúdio e de vergonha nacional. Todos nós, cidadãos decentes, deveríamos colocar luto e exigir a responsabilização criminal do prefeito municipal de São José dos Campos, do governador de São Paulo e da juíza que ordenou a ação de despejo que, em qualquer país civilizado do mundo seria considerada uma ação criminosa.
A Constituição Federal Brasileira já definiu que o direito de propriedade deve ser limitado pelo interesse social. Não obstante este fato, autoridades públicas agem como se a propriedade fosse soberana e como se eles, como agentes do Estado, estivessem isentos de responsabilidades frente às necessidades dos cidadãos.
Acaso não cabe aos governantes, de todos os níveis, gerar as condições para que cidadãos possam viver com decência, providos de trabalho, alimentação, saúde e abrigo? Acaso não foi a incúria dos governantes e das elites brasileiras ao longo dos anos que produziram a expulsão das populações das zonas rurais e das pequenas cidades e as atraíram, com a ilusão de emprego e de vida melhor, para as grandes cidades? Acaso não foi a imprevidência e o descaso de governante e das elites nacionais em não prover políticas habitacionais adequadas que obrigaram que as populações de baixa renda se amontoassem em ocupações irregulares, nas favelas, vilas, barracos, mocambos e que tais em todo o país?
Urge acabar com as habitações subnormais no Brasil. Não dá mais para adiar a solução desta questão. Habitação decente é fator de bem estar, de diminuição da violência e da criminalidade, além de ser promotora de saúde e de melhor desempenho escolar e profissional. Os governos e as elites brasileiras já deveriam ter percebido que tudo o que for investido para a resolução do problema habitacional no país será compensado, com lucro, na economia que se fará nas áreas de saúde, educação e segurança.
Enquanto tais políticas não se concretizem que, ao menos, não se criminalize os desvalidos. Façamos coro aos moradores de Pinheirinho e exijamos a reversão da desocupação, a reconstrução das habitações destruídas e a punição dos omissos, como o prefeito municipal e o governador do Estado, e dos insensíveis e prepotentes, como a juíza autorizou o despejo ao arrepio de decisão de instância federal e até mesmo das determinações gerais da Constituição Federal brasileira.

Canoas: Boaventura

Em Canoas, Boaventura de Sousa Santos repudia violência policial no Pinheirinho (SP)


Jan 22nd, 2012 by Marco Aurélio Weissheimer no RS Urgente





Por Ivan Trindade


O sociólogo português Boaventura de Sousa Santos comentou neste domingo, a violenta ação da Polícia Militar de São Paulo na desocupação da comunidade do Pinheirinho, em São José dos Campos, São Paulo, na manhã deste domingo. Relatos dos próprios moradores dão conta de pelo menos sete mortes, informação não confirmada pela polícia militar até o final da tarde deste domingo.


Em Canoas para uma oficina da universidade Popular dos Movimentos Sociais, evento pré-Fórum Social Temático, Boaventura condenou duramente a ação de reintegração de posse autorizada pela justiça paulista e executada pelo governo do estado, comandado pelo governador tucano Geraldo Alckimin (PSDB).


Para o professor, a violência é um recado da direita oligárquica a todos os movimentos sociais que lutam por seus direitos. Uma tentativa de desmoralizá-los. Para ele, a direita é anti-democrática e não hesita em usar de todos os meios para garantir seus interesses, sejam meios legais ou não.


O sociólogo cobrou uma ação firme do governo federal no caso e considera que mesmo com a violência, os movimentos sociais não se deixarão desmoralizar e seguirão em suas lutas por direitos fundamentais de cada cidadão.

Sun Paulu: pobre é bicho?... o jeitutucano de governar: Privataria tucana ou bala


Suplicy fala ao blog e critica Alckmin e Polícia Militar



Fui a segunda pessoa a chegar ao Masp para o ato público na tarde deste domingo, onde e quando haveria o protesto contra a desocupação traiçoeira e violenta que a Polícia Militar de São Paulo cometeu no bairro do Pinheirinho pela manhã. A manifestação fecharia a avenida Paulista, no sentido bairro-centro, das 17 horas até por volta das 19 horas.
Se você esteve fora do país e está chegando agora, saiba que neste domingo o governo do Estado de São Paulo autorizou que 1.800 policiais militares invadissem o bairro do Pinheirinho, em São José dos Campos, em helicópteros e até blindados, jogando bombas contra mulheres e crianças, havendo denúncias (não-confirmadas) de até sete mortos e número ainda incerto de feridos, sendo boa parte mulheres (algumas grávidas) e crianças.
Aos poucos, eles foram chegando. Muitos militantes de partidos, parlamentares, movimentos sociais e sindicatos. Foram enchendo a calçada em frente ao Masp enquanto a feira de antiguidades que ocorre aos domingos no vão livre do museu ia sendo desmontada. Como tardasse a liberação do local, os militantes foram invadindo as pistas dos veículos.
Um cálculo conservador autoriza dizer que ao menos 700 pessoas se manifestaram sob intensa chuva em prol dos deserdados do Pinheirinho. Após pelo menos uma hora e tanto de ato em frente ao Masp, a manifestação se deslocou pelas pistas dos veículos por cerca de 500 metros, até o edifício do Tribunal Regional Federal, gritando palavras de ordem.
– Alckmin, seu matador, assassinando o povo trabalhador!
Ninguém deu bola para a chuva forte. Os guarda-chuvas foram brotando como o ânimo da manifestação. As palavras de ordem foram aumentando de volume conforme as centenas de pessoas se animavam. A pista bairro-centro ficou cem por cento interditada por pelo menos duas horas e meia.
O ato se reconcentrou diante do prédio do Tribunal Regional Federal, sempre sob intensa chuva. Foi quando chegou o senador Eduardo Suplicy, discursou e relatou a violação do acordo com o governo do Estado de São Paulo sobre a trégua no Pinheirinho. Após sua fala de cerca de 20 minutos, pedi-lhe uma entrevista e ele aceitou. Conversamos por cerca de 5 minutos.
Perguntei se Geraldo Alckmin agiu corretamente em relação à desocupação do bairro Pinheirinho e se a Polícia Militar vêm cumprindo com o seu papel constitucional de proteger o cidadão e de tratá-lo com respeito e protegê-lo e o senador foi taxativo ao dizer que tanto o governador quanto a PM descumpriram os seus deveres constitucionais.
Fiquei emocionado e surpreso devido à manifestação ter sido convocada na tarde de um domingo via Twitter e Facebook e duas horas depois ter levado tantas pessoas à rua sem ser para pleitearem aumento salarial ou qualquer benefício próprio, e ainda sob intensa chuva. E com parlamentares de vários partidos indo até lá nos apoiar.
Mas o que me estimulou mesmo nesse ato de cidadania foi a presença maciça da juventude. Confiante, serena, determinada a lutar pela democracia e pela justiça social. Percebi que o tempo de pessoas da minha idade já se esvai, mas a juventude não está anestesiada coisa nenhuma. E já ensaia assumir o seu lugar de direito na condução dos destinos do país.
Agradeço ao senador Eduardo Suplicy pela atenção dispensada aos leitores do Blog da Cidadania.
—–
Veja vídeo da operação da PM e depois as fotos do ato na Paulista

Auschwitz Sun Paulu dos tucanos


Mãe do Pinheirinho: Eu trabalho, não sou traficante, só quero um lar para morar
janeiro 23rd, 2012 by mariafro



Outro vídeo feito pelo blogueiro @Hiure (que tomou um tiro hoje da PM enquanto gravava no Pinheirinho) com mães do Pinheirinho depois da desocupação ilegal feita pela polícia militar, com autorização do governador de São Paulo:



Leia também:

Relatos do Pinheirinho: Hiure: fui registrar os corpos, tomei um tiro de borracha a queima roupa

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Polícia de São Paulo existe pra proteger Naji Najas e violentar os pobres do Pinheirinho

Pinheirinho, agora vai! MPF move ação contra a prefeitura de São José dos Campos

Pinheirinho tenta barrar reintegração de posse novamente, em São José

Carlos Latuff: Justiça brasileira e o Pinheirinho

SOS Pinheirinho: Juiz derruba liminar e reintegração de posse do Pinheirinho está mantida

Pinheirinho: Governo de São Paulo não poderá apresentar a fatura para Dilma

Pinheirinho: governo tem de fazer uso da função social da propriedade

Sexta-feira 13 no Pinheirinho

Sun Paulu Quatrocentão e treis oitão... esses tucanos de 64


PM e Justiça de SP devolvem
a Nahas posse ilegal


Conversa Afiada



“Conflito em reintegração faz três feridos e 18 são presos.”“Cerca de 1.500 famílias viviam em terreno de 1,3 milhão de metros quadrados ocupado desde 2004”

“Com helicópteros, carros blindados e dois mil (dois MIL !!! – PHA) soldados do Batalhão de Choque cumpriu mandado de reintegração de posse na comunidade Pinheirinho, em São José dos Campos.

A área pertence à massa falida (sic) da companhia Selecta, do empresário (sic) Naji Nahas, diz oEstadão, na primeira página.

NAVALHA



O Conversa Afiada recorreu ao ínclito delegado e deputado federal Protógenes Queiroz, que estava lá na companhia de Ivan Valente, do PSOL, e Eduardo Suplicy (do PSDB, mas filiado ao PT).

Protógenes informou que a área é de interesse da União, que pretendia, através do Ministério das Cidades, lhe dar destinação social.

Provavelmente, garantir a posse a cerca de dez mil pessoas que viviam ali, muitos há mais de 20 anos.

Protógenes conhecia a questão, desde que prendeu e algemou Naji Nahas, que foi para a cadeia na ilustre companhia de Daniel Dantas, que Protógenes chama de “banqueiro bandido”.

A posse daquela área tem origem num crime hediondo, uma chacina.

Morava ali, num casarão, uma família alemã.

Toda a família foi assassinada.

Nunca se soube quem mandou matar.

Prenderam três menores, mas não os mandantes.

O então governador de São Paulo, Paulo Egydio mandou desapropriar.

Parece esquisito, diz Protógenes, desaprioriar o que, de direito, era seu, pois não havia herdeiros na família alemã.

Aí, apareceu um “comprador” para área.

O Estado de São Paulo vendeu.

E o comprador do que pertencia ao Estado “vendeu” a Naji Nahas.

É uma área que deve valer, por baixo, uns R$ 200 milhões.

Deu-se em seguida uma batalha judicial.

A Justiça Federal não permitiu que a PM de São Paulo devolvesse a “propriedade” a Naji Nahas.

A Justiça de São Paulo entendeu que deveria devolver a Nahas o que Nahas diz que comprou.

Houve um conflito de competência e foi arbitrado, num plantão, pelo presidente do STJ, Ministro Pargendler.

Logo, a União pode recorrer e tomar a terra de volta.

E lhe dar a destinação social que sempre quis dar.

A “posse” de Nahas ficará com um ponto de interragação em cima, apesar do apoio incondicional da (tucana) PM de São Paulo, confirmado pela Justiça de São Paulo.

Isso, se a União conseguiu reverter o resultado da Guerra da Secessão de 1932, que São Paulo, como se sabe, ganhou de forma indiscutível.

Em tempo: Protógenes traça um quadro revoltante do papel do Governo de São Paulo na ocupação. Os oficiais da PM diziam que desocupar era com eles. Para onde iam os moradores, isso era com a Prefeitura de São José dos Campos. E virem-se !

Mil e quinhentas famílias foram jogadas em Auschwitz, num campo de concentração, um parque de exposições, sem banheiro, camas …

Mas, a polícia neo-nazista da São Paulo, aquela que dá tiro em viciado em crack, conseguiu o queria. Prendeu 18 e entregou o terreno, “limpo” ao grande empresário Naji Nahas. (Que, como se sabe,ilustra a galeria dos que processam este ilustre blogueiro: diz-me quem te processa e dir-te-ei quem é.)

Completa Protógenes: isso para culminar a semana em que a Justiça de São Paulo devolveu a Daniel Dantas os bois que o corajoso Fausto de Sanctis confiscou na Satiagraha.

Viva o Brasil !




Não deixe de ler o Brasil da Globo, o do Brado Retumbante e do BBB.


Paulo Henrique Amorim


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domingo, 22 de janeiro de 2012


Deputados criticam má-fé de Alckmin


Por Conceição Lemes, no blog Viomundo:

Tropa de choque de quase 2 mil homens, caveirão, armamento pesado. Com todo esse aparato, começou neste domingo, às 6h, a desocupação do Pinheirinho, em São José dos Campos. Moradores, lideranças e parlamentares foram totalmente pegos de surpresa.

“O senador Eduardo Suplicy (PT) e o deputado federal Ivan Valente (Psol-SP) estavam dialogando com o governador Geraldo Alckmin (PSDB), o prefeito Eduardo Cury (PSDB) e proprietário da área, para achar uma solução negociada”, afirma o deputado estadual Marco Aurélio Souza (PT). “O próprio dono da área havia concordado em aguardar mais 15 dias. Isso tudo foi minuciosamente relatado por Suplicy numa assembleia realizada ontem, sábado, no Pinheirinho. De modo que todo mundo estava tranqüilo.”



Para Marco Aurélio, Alckmin manobrou os parlamentares para desmobilizar os moradores e, aí, fazer a reintegração de posse sem resistência. “Covardia com os moradores, para pegá-los desprevenidos”, acusa. “Quebra de palavra com os parlamentares importantes de São Paulo. ”

O professor Paulo Búfalo, da executiva de Psol em São Paulo, está convencido também de que foi uma manobra de má-fé do governador Alckmin. De um lado, negociava com os parlamentares. De outro, determinava a desapropriação da área, uma ação em conluio com a Justiça de São Paulo: “Todos os relatos que estamos ouvindo aqui, infelizmente, apontam para isso”.

Sobre mortos e feridos os números são desencontrados. Divulgou-me mais cedo sete óbitos. Mas isso não confirmado. “Mesmo as lideranças estão com dificuldade de obter informação”, diz Búfalo. “A tropa de choque fechou todas as entradas e saídas do acampamento. Ninguém sabe direito o que está acontecendo lá dentro.”

O fato é quem quem chega ao Pinheirinho está sendo recebido com bombas, que estão sobrando até para a imprensa e parlamentares. “Eu guardei de ‘lembrança’ os resíduos da que a PM atirou contra mim”, observa o deputado Marco Aurélio. “Se a amanhã o governador disser que a reintegração de posse do Pinheirinho foi feita de forma pacífica, eu tenho como provar que é mentira.”

é isso? é assim?


Governo e Justiça de SP têm que ser denunciados à OEA e à ONU

Posted by eduguim on 22/01/12 • Blog da Cidadania





Na manhã de domingo, recebo telefonema de um amigo que me estarrece. A Polícia Militar, ignorando decisão da Justiça Federal, invadiu o bairro do Pinheirinho, em São José dos Campos. Há relatos de mortes e prisões de moradores.

Incêndios em favelas, violações de direitos humanos na Cracolândia e, agora, genocídio de famílias pobres para devolver um terreno a uma empresa.

Usam um efetivo de quase 2 mil policiais, blindados, helicópteros. A PM fechou todas as ruas do entorno do Pinheirinho para impedir a saída dos moradores. Parte da imprensa foi recebida a bombas.

Os movimentos sociais, sindicatos, OAB e o Ministério Público (que já investiga o governo tucano de São José dos Campos por inviabilizar negociações no Pinheirinho) têm que se unir e denunciar o Brasil à OEA e à ONU contra a ditadura paulista.

Mas o maior responsável é o governador Geraldo Alckmin, que permitiu que a PM agisse dessa forma. As mortes que vierem a ocorrer são de exclusiva responsabilidade dele e da Justiça estadual de São Paulo.

O que está ocorrendo é um crime de lesa-humanidade, um genocídio contra mulheres, crianças e velhos, além dos pais de família que estão tombando. Não podemos aceitar mais isso.

Declaro que este blog e o Movimento dos Sem Mídia estão à disposição das vítimas da ditadura paulista no Pinheirinho e me proponho a integrar qualquer ação que vise denunciar o Brasil aos organismos internacionais.

Há uma guerra de competências entre juiz federal e juiz estadual. Poder Executivo de SP tem que intervir porque ameaça a Segurança Pública. São Paulo está gerando uma crise institucional no país.

Fotos da barbárie no Pinheirinho




Os rumos da economia no Brasil


Ciro Gomes e Roberto Requião falam sobre os rumos da economia no governo Dilma





e por aqui, quais serão os acordos precários pragmáticos...


Matheus Pichonelli: Total falta de coerência



por Matheus Pichonelli, em CartaCapital

O que o prefeito Gilberto Kassab oferece ao PT parece tentador. Em troca de um vice, o líder do PSD promete reunir outras siglas em torno de Fernando Haddad, apoio dos vereadores kassabistas e a interlocução com líderes religiosos.

O sonho de consumo do PT é encontrar para Haddad um novo José Alencar. Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central e recém-filiado ao PSD, poderia ser o nome.

Como Alencar na chapa de Lula em 2002, Meirelles ajudaria a acalmar os ânimos da classe média ainda resistente ao PT, sobretudo em São Paulo. Kassab, ao que consta, prefere outros nomes. E tem seu plano A: lançar Guilherme Afif, vice-governador de São Paulo, em uma cabeça de chapa, ou indicar um vice para José Serra, caso o tucano decida se lançar candidato.

No PT, tudo parece negociável, e, apesar da gritaria ensaiada pelo diretório paulistano, a ideia de se aliar ao prefeito parece agradar muita gente no partido. Sabendo disso, Kassab foi direto à rainha do xadrez: Luiz Inácio Lula da Silva.

Nessa época do ano, tempo extra na propaganda de tevê e apoio nas bases eleitorais costumam falar mais alto do que a coerência. Falta combinar com o candidato, aparentemente o mais cauteloso sobre o andamento da negociação.

Em entrevista à Folha de S.Paulo, Haddad classificou como “um gesto de generosidade” o elogio do prefeito ao PT, mas avisou: “não podemos deixar de ter clareza de que o projeto que está em curso não é esse”. E lembrou que a conversa com o PSD ainda é “muito nova e precária”.

Faltou dizer que é perigosa. Kassab, em seu penúltimo ano como prefeito, praticamente mais cuidou do seu PSD do que dos problemas de sua cidade, como a presepada na cracolândia, as promessas não cumpridas (e as áreas verdes? e os corredores de ônibus?), os absurdos das leis de zoneamento, a moralização da vida noturna por asfixia, a militarização das subprefeituras, as suspeitas na inspeção veicular ambiental e uma implosão malsucedida – que ele negou ser malsucedida.

Chega à reta final mal avaliado e sem ter conseguido mostrar ao eleitor outra marca sua a não ser a habilidade em costurar acordos políticos (é amigo dos tucanos em São Paulo, e dos petistas, no governo federal) e a Lei Cidade Limpa, que já data da gestão passada.

Não por outro motivo, vê sua popularidade cair a cada nova pesquisa de opinião, embora tenha em mãos uma carta potente para reverter o quadro: a possibilidade de acelerar os gastos públicos do Orçamento em pleno ano eleitoral.

Hoje, contudo, sair na foto ao lado de Kassab seria tão ou mais eficaz do que levar ao palanque o Compadre Washington. Em recente pesquisa Datafolha, boa parte dos eleitores demonstrou estar disposto a votar num candidato apoiado por Lula ou Dilma Rousseff – estes, sim, mais populares e mais bem avaliados que o prefeito paulistano.

Na oposição, o PT passou os últimos quatro anos apontado os erros da gestão Kassab, e muitos ainda se lembram da tensa campanha em 2008 entre Marta Suplicy e Kassab, eleito pelo arqui-inimigo DEM. De repente, dizer que estava tudo bem, que tudo foi um engano e que todos cabem no mesmo barco fatalmente soará estranho.

O eleitor pode ser influenciado pelo tempo de tevê. Mas, em política, se tem algo que ele não perdoa é a contradição.

Leia também:

Gilson Caroni Filho: Ofensiva colonialista ameaça a América Latina

Heloisa Villela: Adiadas as votações do SOPA e do PIPA

Rede Feminista de Saúde é contra a MP 557 por razões técnicas, éticas, políticas e conceituais

Sul 21: Fechamento do Megaupload gera guerra online

Gabriel Palma: “Um ato de vandalismo econômico sem igual”

Esse Barack Obama é tão bonzinho…

Carta Maior: Saldo da reforma agrária embaraça Dilma

sábado, 21 de janeiro de 2012

bem... vejamos até onde isso vai...

Censura na internet
Casa Branca se posiciona contra o “SOPA”


Escrevinhador


Casa Branca manifesta oposição ao SOPA, projeto de regulação da internet

Por João Novaes, no Opera Mundi

A Presidência dos Estados Unidos anunciou oficialmente na noite deste sábado (14/01) que não irá apoiar o projeto de lei anti-pirataria na internet, que ficou conhecido como SOPA (Stop Online Piracy Act, ou Lei Contra a Pirataria Online, em português).

No blog da Casa Branca destinado a sessão de petições públicas, três altos conselheiros do governo responderam a duas demandas legislativas de origem popular: uma que pedia o veto ao SOPA e outro que pretendia fazer o mesmo com sua contraparte no Senado, o PIPA (Pretect IP Act). As duas petições online possuíam mais de 50 mil assinaturas.

Veja a declaração da Casa Branca na íntegra nesse link.

No documento assinado por Victoria Espinel, Aneesh Chopra e Howard Schmidt, três especialistas em tecnologia, cibersegurança e propriedade intelectual do governo, a Casa Branca deixou bem claro que não vai apoiar leis que rompam com os padrões abertos da internet, como por exemplo, o cerceamento à liberdade de expressão.

“Embora acreditemos que a pirataria on-line pelos sites estrangeiros seja um problema sério, que requer uma resposta séria legislativa, não vamos apoiar qualquer legislação que reduza a liberdade de expressão, aumente o risco da segurança cibernética, ou enfraqueça a dinâmica e inovadora internet global”, diz o comunicado.

O comunicado da Casa Branca também disse que a administração Obama acredita que “pirataria on-line seja um problema real que prejudica a economia americana”. E que, em 2012, deverá haver uma legislação mais moderada, que “almeje unicamente restringir a fonte de infração dos direitos autorais”.

O que é o SOPA
Desde outubro do ano passado, uma comissão de republicanos e democratas no congresso dos EUA tem causado acaloradas discussões nos meios digitais. Encabeçados pelo republicano Lamar Smith, os 12 parlamentares elaboraram um projeto de lei que reforça o poder de fiscalização do governo sobre o conteúdo veiculado pela rede.

A norma permitiria aos EUA bloquear, em seu território, sites de busca, redes sociais e em qualquer outro portal, nacional ou estrangeiro, que conduza o usuário norte-americano a conteúdo pirateado ou falsificado.

Uma das principais críticas ao SOPA é que ele colocaria em prática uma forte censura ao meio digital, podendo até mesmo interferir na privacidade dos 245 milhões de internautas no país. Além de prejudicar a geração de empregos no setor, o projeto também aproximaria o país da China no ranking das nações mais opressoras do meio virtual.

EBay, Facebook, Wikimedia Foundation, Mozilla, LinkedIn e Twitter entraram em contato com o congresso norte-americano, pedindo para que a lei fosse reconsiderada pelos parlamentares. Apple e Microsoft, grandes fabricantes de softwares receosos com as quebras de patentes de seus produtos, posicionam-se a favor do projeto. Outro grande gesto de apoio vem dos principais estúdios de Hollywood e do AFL-CIO, o maior sindicato dos EUA.



Leia outros textos de Outras Palavras

"O PT homem e mulher tem medo da grobobo..."


Marta e o BBB.
O PT tem medo da Globo


Conversa Afiada





A senadora Marta Suplicy do PT de São Paulo escreveu importante artigo na pág. 2 da Folha (*) sobre o Big Brothel Brasil.

Importante pelo que diz e o que não diz.

O amor é lindo

Coloque um monte de jovens -homens e mulheres- com pouca roupa, jogos e brincadeiras que propiciem tensão e esfrega-esfrega, menos camas do que participantes (esta eu achei incrível!), muita bebida, diversão suficiente para descontrair, intrigas para algum suspense e você tem o “BBB”. Acrescente uma busca e seleção de personagens em escala nacional com promoção de mídia, todos com perfil para o enredo ter o mix mais picante e consegue-se a garantia de boa audiência, um pornô palatável, pois os que gostam se deliciam e os que desprezam passam longe e não criam confusão.

Até que das redes sociais ouvimos um grito de protesto. Este, agora, seguido por várias instituições que exigem apuração e questionam os procedimentos no programa. Duas novidades importantes: as redes sociais fizeram diferença e a questão da violência contra a mulher entrou na pauta!

A falta de intimidade, as dificuldades nos relacionamentos ditadas pela competitividade, o estresse, o cotidiano das cidades, a ruptura de laços familiares, tudo colaborou para uma enorme vontade de pertencer, saber mais (de longe) sobre o outro. Acrescente a curiosidade gerada por este mundo novo, fruto das mudanças dos anos 60, e dá para entender o surgimento do “An American Family”, no ano de 1973, que precedeu as variações que hoje temos. Falou-se então de divórcio e homossexualidade.

O desejo por mais adrenalina, a exploração cada vez maior da sexualidade, o prazer sádico, as alternativas pobres de entretenimento, somadas à contínua tensão deste mundo globalizado, onde cada vez mais cada um é mais por si e sozinho, levaram ao que temos hoje.

Não teríamos coisas mais interessantes do que estarmos aqui discutindo esse programa? Creio que sim. Mas o suposto estupro -negado pelos participantes do “BBB”, assim como foi ignorada pelos editores a vulnerabilidade da moça alcoolizada-, além de desencadear uma discussão sobre a adequação e a ética dos responsáveis pelo “BBB”, trouxe visibilidade a uma forma de violência pouco denunciada e que defendo revisão.

Há meses, apresentei um projeto de lei ao Senado que recria o tipo penal do “atentado violento ao pudor”. Isso porque depois de uma mudança de lei, em 2009, passou-se a considerar também como estupro atos libidinosos.

As condenações por tais atos diminuíram em virtude de os juízes ficarem constrangidos em dar penas tão severas por ato que consideram não tão grave quanto o estupro. O novo projeto mantém a pena de reclusão de seis a dez anos, em caso de estupro, e pena de dois a seis anos de reclusão, quando ocorrer o atentado violento ao pudor.

O amor é lindo, como disse Pedro Bial olhando a movimentação debaixo do edredom. Mas passa longe do “BBB”.

MARTA SUPLICY


NAVALHA



A senadora não entra na área.

Para antes do edredom.

De fato, ela observa que “a safadeza subedredônica”- como diz o Edu – provocou “ uma discussão sobre a adequação e a ética dos responsáveis pelo “BBB”.

Mas, em lugar de discutir a ética dos responsáveis pelo BBB, a Senadora defende um projeto de sua autoria no Senado.

Muito louvável a iniciativa da legisladora.

Lamentável é a sua omissão.

Diante da Globo, ela também foge, como fugiu o Bernardo, pela enésima vez, ao dizer que não tem nada com isso e, portanto, com a preservação dos princípios constitucionais, aqueles a que se referiu o Fernando Brito, do Tijolaço, e, depois, o Ministério Público, como revelou o Nassif.

Quando prefeita de São Paulo, a senadora batizou uma avenida de nome lindo – Águas Espraiadas – de Avenida “Jornalista (sic) Roberto Marinho” !

Na verdade, a Avenida do “jornalista” se embrica com a ponte do “Seu Frias” – aí, já uma obra do prefeito (sic) Padim Pade Cerra.

Ou seja, a cidade de São Paulo foi irremediavelmente invadida pelo PiG (**).

São Paulo é a única metrópole brasileira que não tem uma avenida “Getúlio Vargas”.

Como provavelmente não terá uma “Lula da Silva”.

Porque, como se sabe, São Paulo venceu a Guerra da Secessão de 1932.

O PT tem medo da Globo.

PT homem e mulher.


Paulo Henrique Amorim



(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é, porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.

(**) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

Cenas cotidianas: e aí, ômeu... criando as meninas peruinhas, criancinhas de salto alto com caras e bocas?


Combate ao machismo, o buraco é mais em cima

Cláudia Rodrigues no SUL 21
Em uma parada para jantar durante uma viagem, lá estava a televisão sintonizada no inominável programa no restaurante do caminho. A maior parte das pessoas sentadas às mesas fitava a tela com olhos vidrados e as duas crianças de 7 e 9 que nos acompanhavam, naturalmente voltaram seus olhos inocentes para as cenas e diálogos acéfalos. Chamei a moça que atendia e perguntei se havia algum lugar em que pudéssemos ficar sem ter que ver e ouvir aquilo. Ela olhou para os lados e afirmou que apenas se ficássemos de costas para a televisão. Estávamos famintos, não havia outro jeito, o gerente veio explicar que a maioria dos clientes preferia assistir, democraticamente não era justo desligar a TV apenas por causa das nossas crianças, até porque havia outras crianças da mesma idade por ali e os pais não haviam feito um pedido semelhante. Sim, as outras crianças estavam jantando com os olhos grudados nas cenas chulas junto com os pais. Solicitamos que o volume não ficasse tão alto porque isso chamava a atenção dos pequenos e fomos atendidos sob o olhar repressor dos demais clientes.
Jantamos animadamente com a preocupação de distrair as crianças, um menino e uma menina, depois de explicar que aquele era um programa muito ruim para adultos e impróprio para crianças, um programa que oferece um milhão de reais depois de girar 100 milhões via telefonemas de pessoas durante várias semanas. E aí falamos um pouco só do quanto gostaríamos de telefonar para um programa que de fato fizesse algo de útil e bom para o povo que vive na guerra ou que precisa de ajuda no mundo. Induzidos a um pensar mais inteligente, eles concordaram e passamos o resto do tempo falando de amenidades infantis e coisas da viagem.
Meninas e meninos não deveriam ficar expostos a essas imagens em locais públicos, em casas de amigos e parentes. O discurso de que basta desligar a televisão ou proibir o acesso só funciona na casa dos “chatos”, entre os quais me incluo. Quem se liga em educação de qualidade, que batalha pelo politicamente correto, forma filhos que mais tarde, na adolescência e na juventude, vão ter mais o que fazer do que assistir programas como esse.
Os filhos dos que assistem serão os eternos levantadores de audiência do lixo cultural produzido pela TV, principalmente aqueles que precisam sair da sala, indo dormir mais cedo, curiosos e sedentos para um dia imitar os pais. Sim, educação se dá por exemplo, passa-se de uma geração a outra. Tem piorado bem.
Quando soube do caso do estupro ou abuso sexual – não assisti — da moça bêbada pelo moço bêbado, que foi ao ar pelo tal do pay-per-view, minha primeira reação foi a mesma da maior parte das mulheres: demonizar a atitude do rapaz. Obviamente ele, como todo e qualquer homem que só vê na mulher um pedaço de carne, um objeto para uso sexual, deve responder pelo que fez, mas isso não vai resolver e nem tocar na ferida social produzida por comportamentos que são masculinos e femininos; independem de gênero.
Quando pais permitem que meninos e meninas assistam programas como esse, assim como novelas e séries americanas que investem em sexualidade precoce, estão investindo na durabilidade desses papéis estereotipados de garanhões e donzelas. É correto afirmar que a falta de roupa de uma mulher não é motivo para justificar um estupro, um abuso ou mesmo uma cantada, mas há que se trabalhar também o conjunto da coisa. Essa história de criar meninas peruinhas, criancinhas de salto alto com caras e bocas está tão equivocada como a de investir em meninos cabra-machos.
Quando se ensina às meninas, em pleno 2012, depois de tanta luta feminista, que elas só devem se preocupar com aparência e beleza, estamos investindo no comportamento complementar ao valentão, poderoso, que tudo pode em relação ao corpo da mulher-objeto. Há que se mexer na costura entre as partes e não na destruição de uma parte considerada agressora, a masculina, em prol de um fortalecimento da agressividade da parte condenada como mais fraca, a feminina. A guerra dos sexos é tão velha, mofada, cansativa, mas curiosamente não a colocamos em dúvida, continuamos afirmando que a solução é uma disputa por algum tipo de poder. E se falamos de poder não falamos de igualdade, de solidariedade e muito menos de afeto, que é a capacidade de afetar o outro com nosso ser inteiro, o que inclui o nosso eu pensante, criativo, singular.
Educar meninos e meninas pode ser algo mais equilibrado e menos sexualizado. Educar pessoas como pessoas, sem levar em conta apenas o gênero, funciona melhor. Ser gentil, sentir-se útil, respeitar o corpo do outro e o próprio corpo são valores para ambos os sexos. Coloco aqui a dúvida, não sobre os homens grosseiros, agressivos, doentes sexuais e mentais, temos certeza da existência deles, mas sobre o tipo de enfrentamento que nós, mulheres, estamos fazendo ao lutar com as mesmas armas sexistas nos autodenominando como vadias, assumindo um lugar de empoderamento sexual e fragilidade intelectual.
Para levantar a autoestima das mulheres que ainda são frágeis, levam tapas, surras sem reação e honrar o nome de Pagu, Olga Benário, Simone de Bevoir, Carol Honisch, Berta Lutz, Carol Gillian, Leila Diniz, Maria Bonita e tantas outras que trabalharam arduamente contra a submissão das mulheres, precisamos compreender que o aniquilamento do machismo, não dos homens, só pode ocorrer pelo buraco mais de cima.
Vibro cada vez que uma menina de 12 anos denuncia um abusador. É com coragem, amor próprio e inteligência que vamos colocar fim a isso e não com discurso vitimista. Certamente não é colocando a bunda de fora e gritando “eu mostro a bunda e você não ouse olhar”, que vamos enfraquecer o machismo.
Para exemplificar, vou contar a história de uma mocinha brasileira que viajou pelo mundo no final dos anos 1980. Ela estava em Israel quando decidiu ir sozinha pelo Egito. Seus amigos israelenses disseram que estava louca por escolher viajar no meio dos tarados egípcios, mas ela foi mesmo assim, afirmou que não estava indo para o Egito encontrar um namorado, o sonho era de conhecer o país, ela daria um jeito de se virar. Depois de três dias em um hotel via ônibus turístico, única maneira de atravessar a fronteira, o que lhe custou os olhos da cara, estava livre para voltar à vida de traveller solitária.
Acabou entrando em uma van, meio de transporte mais rápido e mais barato, rumo a Luxor, com nada menos do que seis homens. Detalhe: aos 22 anos de idade no auge da beleza. Seu coração acelerou quando eles todos começaram a olhar para suas pernas, trajadas com uma bermuda. Seus braços, totalmente despidos, faziam com que se sentisse nua. Chegou a ansiar por uma burca. Eles olhavam insistentemente até para suas orelhas, o pescoço, tudo enfim que estava de fora. Começaram a cochichar e fazer piadas em árabe. Ela não compreendia a língua, mas percebeu do que se tratava, o machismo é universal. Tremeu nas bases, lembrou das advertências dos amigos do kibbutz. O rapaz que estava ao seu lado, muito jovem, parecia ser o mais ético do grupo. Respirou fundo, enfiou a mão na bolsa e retirou dali moedas e pequenas notas de países da Europa. Todos se interessaram e começou ali uma história entre pessoas, o fato de ser mulher virou um detalhe.
Eles riram muito quando ela sacou uma nota de Israel provocando-os, afirmando que aquela seria a nota que definitivamente nenhum deles gostaria de guardar como lembrança. Contou que seus amigos israelenses haviam advertido de que não existiam cavalheiros no Egito e eles logo reagiram em negativa. Foram conversando sobre as famílias deles e as famílias brasileiras, os hábitos, as comidas, a guerra, os palestinos que migravam em massa para o Egito. Na parada para o almoço, agüentou firme, comeu com eles e bebeu água da mesma cumbuca, uma tradição local, em um restaurante repleto de homens. Fumaram e beberam chá até o final da exaustiva viagem. Ela acabou hospedada na casa da mãe e das irmãs do moço que viajou ao seu lado. Com todo respeito, o respeito que se cria quando lutamos não por direitos sexistas, mas por direitos de cidadãos, de pessoas.
Que respondam sim pelos seus atos os machões abusadores, estupradores, os valentões do corpo, os acéfalos de corpo masculino, os covardes em todo e qualquer país do mundo; mas que se retome também e já a prática feminista de fato para as mulheres. Desde pequenas devem ser orientadas a usar o cérebro como instrumento principal e não o corpo. Trabalhemos para que nossas companheiras de gênero sejam firmes, fortes e jamais permitam subjugação, tapas ou abusos de qualquer espécie desde o banco escolar.
Cláudia Rodrigues, jornalista, terapeuta reichiana, autora de Bebês de Mamães mais que Perfeitas, 2008. Centauro Editora. Blog: Buenaleche.

Ministro: "Se os cigarros e as bebidas, inclusive os comerciais, precisam incluir aquela advertência do Min da saúde, pq um programa que glorifica a bebedeira não é obrigado a fazer o mesmo?" ... na mosca


Globo contesta suspeita de que exibiu “estupro” na TV aberta

Posted by eduguim on 21/01/12 • no Blog da Cidadania





Na tarde da última sexta-feira (20), o Ministério das Comunicações, em comunicado oficial, quebrou o silêncio que vinha mantendo sobre o caso Big Brother notificando que instaurou procedimento sobre a primeira grande polêmica legal nesta edição do programa.

O órgão determinou à emissora que entregue as imagens que deram causa à acusação de “estupro de vulnerável” a fim de apurar se foram exibidas na tevê aberta.

Caso isso tenha ocorrido, a emissora estaria exposta às penas legais por violar a “classificação indicativa” do programa, que é de 12 anos, o que veda exibição de cenas de sexo explícito como as que geraram reações de diversas instâncias do governo federal e do Ministério Público.



As imagens também deverão subsidiar a revisão que o Ministério da Justiça poderá fazer da classificação indicativa do BBB 12. Até 2009, a atração era proibida para menores de 14 anos. Ano passado, a Globo conseguiu que a classificação baixasse para 12 anos e esta é a que permanece.

A classificação indicativa para 12 anos determina que o programa seja exibido a partir das 20h e permite cenas de agressão física, consumo de drogas e insinuação sexual, mas não cenas de sexo, com ou sem edredon.

Leia abaixo, na íntegra, o comunicado do Ministério das Comunicações:

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Inicialmente, o Ministério das Comunicações vai identificar se o possível estupro foi veiculado na TV Globo, emissora outorgada concessionária do serviço de radiodifusão de sons e imagens, fiscalizada pelo ministério, ou apenas nos canais de TV por assinatura, fiscalizados pela Anatel, nos termos da Lei Geral de Telecomunicações – LGT.

Já foi solicitada à TV Globo a gravação da programação veiculada nos dias 14 e 15 de janeiro de 2012, para degravação. As imagens serão analisadas e, se estiverem em desacordo com as finalidades educativas e culturais da radiodifusão e com a manutenção de um elevado sentido moral e cívico, não permitindo a transmissão de espetáculos, trechos musicais cantados, quadros, anedotas ou palavras contrárias à moral familiar e aos bons costumes, expondo pessoas a situações que, de alguma forma, redundem em constrangimento, ainda que seu objetivo seja jornalístico (art. 38, alínea “d” do Código Brasileiro de Telecomunicações – Lei n˚ 4.117/62 – c/c art. 28, item 12, alíneas “a” e “b” do Regulamento dos Serviços de Radiodifusão – Decreto n˚ 52.795/63), será instaurado Processo de Apuração o (Parágrafo único do art. 63 e multa nos termos do art. 62 do mesmo Código).

Paralelamente, foi solicitado à Anatel que faça também a verificação da veiculação nos canais de TV por assinatura.

Ministério das Comunicações

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A nota do MiniCom foi emitida logo após a Globo ter emitido uma segunda nota negando que as cenas polêmicas tenham sido exibidas em sua programação na tevê aberta. No texto, a emissora afirma que só quem as exibiu dessa forma foram “emissoras concorrentes”.

Veja a nota da emissora:

SOPA & PIPA saem de pauta no Congresso americano


Após protesto, Sopa sai da pauta


Por Kerison Lopes, no sítio Vermelho:


O autor do projeto de lei americano antipirataria (Sopa), Lamar Smith, declarou nesta sexta-feira (20) que está retirando a proposta da pauta “até que haja um consenso maior em torno de uma solução”. O recuo foi consequência das manifestações virtuais no mundo inteiro, principalmente nos Estados Unidos.


Em entrevista a Agência Reuters, o deputado republicano disse que “está claro que precisamos rever nossa abordagem para chegar na melhor maneira de lidar com o problema”. “Ouvi as críticas e levo a sério suas preocupações em relação à legislação proposta”, ele continuou.





Também nesta sexta (20), o líder do governo no Senado, Harry Reid, já havia adiado a votação da outra proposta antipirataria que corre no Congresso americano, a Pipa. A votação estava marcada para terça (24), mas foi adiada “indefinidamente”.


As duas propostas de lei se destinam a impedir o que a indústria do copyright considera ser “pirataria virtual”, ou seja, o compartilhamento de arquivos na internet, sejam imagens, músicas, filmes, programas, etc.


Pressão na rede


Na última quarta-feira (18), um protesto virtual teve a participação de milhões de internautas em todo o mundo contra os dois projetos em tramitação no Congresso norte-americano. Contou com a adesão de gigantes da internet, como a Wikipédia, Google, Mozilla, Amazon, Wordpress e outros dez mil sites americanos. A ação dos internautas teve grande efeito na política interna americana.


A ação da militância virtual não ficou só nisso. Em resposta à prisão do fundador do site Megaupload, Kim Schmitz e outros três diretores da empresa, feita pela polícia da Nova Zelândia a mando do FBI, uma ação instantânea do coletivo Anonymous, realizou ataques de negação a vários sites do governo dos EUA e da indústria do entretenimento.


Leia também:
Fundador da Megaupload é preso pelo FBI na Nova Zelândia


Ficaram fora do ar em períodos distintos por ação dos ativistas, sites como do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, do FBI, Copyright Office, Warner Music, Universal Music e da Associação da Indústria Fonográfica dos Estados Unidos.


Na nova guerra virtual que se instalou, a força dos ativistas cibernéticos está cada vez mais nítida e mostra que não será fácil impor a censura e a criminalização dos internautas.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

1984: Disfarçado de democracia o totalitarismo invade a internet (esse Orwell)


SOPA e PIPA cerceiam a liberdade


Por Heloisa Villela, de Washington, no blog Viomundo:

“Imagine um mundo sem conhecimento”. Confesso, não é muito difícil hoje em dia…

Mas o assunto aqui é a liberdade de expressão na internet. Quem tentou abrir hoje (18 de janeiro) qualquer página da enciclopédia eletrônica Wikipédia deu de cara com o protesto contra dois projetos de lei que estão tramitando no Congresso americano.

Na Câmara, tramita o SOPA: Stop Online Piracy, que pode ser traduzido como Barre a Pirataria Online. Ainda não tem data para ser debatido e votado. No Senado, o PIPA: Protect IP Act (Ato de Proteção à Propriedade Intelectual), que deve ser avaliado no dia 24 deste mês. Para que a medida seja votada no Senado, são necessários 60 votos a favor. Ou seja, é preciso que sessenta senadores aprovem a votação da medida antes que ela seja submetida ao conjunto do Senado.



Os dois têm como alvo a propriedade intelectual na internet. Mais especificamente, o que é considerado pirataria de sites estrangeiros. O Google também aderiu, parcialmente, ao protesto. Não saiu do ar, mas colocou uma tarja preta sobre o nome, hoje sinônimo de busca na internet. Quem clica na tarja é levado à página do abaixo-assinado contra os dois projetos de lei.

Neste 18 de janeiro, a Wikipédia nos Estados Unidos permite pesquisas apenas sobre os dois projetos e explica:

“Eles jogam sobre os donos dos sites a responsabilidade de policiar o material dos contribuintes-usuários e pedem o cancelamento completo de sites. Os pequenos não terão recursos para se defender. As grandes empresas de mídia podem tentar cortar o financiamento de competidores estrangeiros, mesmo se os direitos autorais não forem desrespeitados. Sites estrangeiros entrarão em uma lista negra, o que significa que não aparecerão nas principais buscas”.

Segundo a Wikipédia, os dois projetos-de-lei obrigam sites, como a própria Wikipédia, a monitorar todos os sites que ela inclui nos verbetes para ter certeza de que não violam os direitos autorais de ninguém.

Em novembro passado, 110 professores de Direito dos Estados Unidos redigiram e assinaram uma carta, enviada ao Congresso. Eles criticam os projetos-de-lei e afirmam que ambos são perigosos.

A professora da Universidade de Georgetown, Julie Cohen, especialista em propriedade intelectual, disse ao Viomundo que está mais otimista hoje do que estava quando assinou a carta: “Ao menos agora está claro que alguns membros do Congresso estão prestando atenção no assunto e a Casa Branca também”.

Segundo Julie Cohen, o espírito dos projetos-de-lei é o mesmo que animou a elaboração do Ato de Defesa Nacional, sancionado pelo Presidente Barack Obama no final de 2011. O Ato de Defesa Nacional permite que as forças armadas norte-americanas, em nome do combate ao terrorismo, prendam e mantenham presos, por tempo indeterminado, sem julgamento, pessoas consideradas perigosas. Em qualquer parte do mundo e dentro dos Estados Unidos também. Ou seja, elimina-se na Justiça o direito de defesa. Derruba-se a noção de que todo mundo é inocente até prova em contrário.

Sherwin Siy é vice-diretor de assuntos jurídicos da Public Knowledge, uma das organizações que estão liderando o movimento contra os dois projetos-de-lei. Ele diz que os projetos não permitem, abertamente, a censura. Mas são um começo: “E a gente sabe que toda vez que um governo, um grupo ou uma pessoa tem uma ferramenta para usar, ela acaba sendo usada”.

O PIPA, que tramita no Senado, ataca os sites onde dói mais: no bolso.

Sherwin Siy explicou que a primeira versão do projeto de lei que circula no Senado permitia simplesmente tirar do ar um site acusado de desrespeitar a propriedade intelectual ou de ter um link para outro site considerado infrator. Sem acusação formal ou processo na Justiça. A empresa ou autor que se sentisse prejudicado, com seu direito de propriedade intelectual desrespeitado, poderia reclamar com a empresa responsável pelos pagamentos ao chamado infrator e exigir a suspensão de pagamentos. Agora, o projeto foi modificado e para pedir a suspensão dos pagamentos a um site é preciso entrar com processo na Justiça.

Porém, nos dois projetos-de-lei foi incluída a imunidade para o processador dos pagamentos (paypal, empresas de cartões de créditos, etc). Se eles cortarem os fundos de alguém, não podem ser processados. Na prática, o que aconteceu, disse Sherwin, foi uma transferência do risco: “Ficou muito mais fácil tirar alguém do ar sem recorrer à Justiça”.

A pessoa ou empresa que considera ter tido seus direitos de propriedade intelectual desrespeitados pode, simplesmente, ligar para a processadora dos pagamentos e ameaçar com um processo na Justiça: “Se você não cortar os pagamentos a fulano, vou te processar por conivência com a pirataria”.

O caso pode ser julgado contra ou a favor da empresa pagadora. Mas vai dar trabalho, custar dinheiro…

É mais fácil e mais barato simplesmente cancelar a conta, já que a empresa pagadora tem imunidade. Não pode ser processada por ter cortado os pagamentos ao site acusado de infração.

Em nome de combater a pirataria estrangeira, os professores de Direito, os grupos de Direitos Humanos, as organizações de empresas e sites da internet afirmam que os projetos-de-lei vão, na verdade, cercear a liberdade de expressão e atrapalhar o funcionamento da rede que, afirmam, deve ser aberta, segura e livre.

A guerra online... apenas no começo: medindo forças

FBI fecha Megaupload e desencadeia guerra online

Aldeia Gaulesa





Anonymous lançam maior ataque da história da internet


O site Megaupload foi encerrado pelas autoridades norte-americanas e o seu fundador foi detido após uma ação da companhia Universal Music. Em resposta, o coletivo hacker Anonymous está retaliando várias entidades norte-americanas através do maior ataque desde que a internet foi criada.

Segundo a justiça norte-americana, o provedor de arquivos Megaupload, um dos mais populares da internet, é responsável por prejuízos de mais de 500 milhões de dólares a autores e empresas da indústria fonográfica e cinematográfica. Sete pessoas — quatro das quais detidas na Nova Zelândia, incluindo o fundador do Megaupload, Kim Dotcom — são acusadas de associação criminosa e violação de direitos autorais.

Além do fechamento do site, legalmente sediado em Hong Kong, foram apreendidos diversos servidores, material de informática e outros bens no valor de 50 milhões de dólares.

A operação internacional surge após várias ações legais movidas por gigantes como a Universal, que recentemente contestara a participação de conhecidas estrelas da música pop num vídeo de promoção do Megaupload. Will.i.am, Kanye West e Alicia Keys são alguns músicos que defendem aquele site de compartilhamento de arquivos, apesar da companhia fonográfica não ter autorizado os artistas, seus contratados, a participar no anúncio.

A ação contra o Megaupload, que não é um site de compartilhamento de conteúdos protegidos, mas que pode ser utilizado para esse fim de forma anônima, acontece um dia após o protesto da Wikipédia e de outros importantes sites contra dois projetos-lei que neste momento são discutidos nos Estados Unidos.

O PIPA e o SOPA prevêem o encerramento de sites que contenham conteúdos protegidos. Por exemplo, o YouTube poderia ser encerrado e enfrentar ação legal pelo fato de um usuário do serviço divulgar naquele site um conteúdo protegido por direitos de autor, ainda que sem autorização.





A guerra online


O fechamento do Megaupload — ocorrido há poucas horas – motivou aquele que já é o maior ataque protagonizado pela rede hacker Anonymous. O site informou que às 20h (horário de Brasília) desta quinta-feira (19), 5.635 programadores participavam de uma ação que deixou fora do ar sites de várias organizações governamentais e empresas audiovisuais. O FBI era anunciado como um dos principais alvos a abater. O Departamento de Justiça, Universal, US Copyright Office, MPAA e RIAA estavam offline, apresentando telas com mensagens do Anonymous.

Às 20h55, a CNN citava uma fonte do coletivo hacker para e informava que pelo menos 27.000 computadores estavam sendo utilizados no ataque.


Fonte: Sul 21 e Exame