quarta-feira, 30 de novembro de 2011

essa mania de controlar da mídia


Faustino (Controlar) dá tapinha
nas costas do Cerra






Faustino, na foto, quando ainda gozava de liberdade

O Conversa Afiada recebeu do amigo navegante Guss esse comentario, no post http://www.conversaafiada.com.br/politica/2011/11/24/ministerio-publico-acusa-kassab-de-fraude-bilionaria/
(se pudesse o Cerra fechava a internet):


gusss
30 de novembro de 2011 às 15:58 (Editar)
PHA, quem é esse senhor ao lado do Serra?

http://heitorgregorio.com.br/blog/wp-content/uploads/2010/04/Serra-RN-008.jpg

seria ele o João Faustino?

CPERS e Governo Gaúcho... retomando aos trancos e barrancos o diálogo

Cpers devolve documento ao governo e promete nova assembleia



Rejane de Oliveira afirma que documento da secretaria de
 Educação gaúcha “desrespeita a categoria e aprofunda o conflito”
| Foto: Bruno Alencastro/Cpers


Samir Oliveira no SUL 21


O que era para ser a retomada das negociações acabou se tornando mais um motivo para desavenças na relação entre Cpers e governo gaúcho. A direção do sindicato ficou furiosa com o ofício do governo, convidando a compor um grupo de trabalho com o governo para discutir as reformas que o Palácio Piratini pretende implementar no Ensino Médio da rede pública. O Cpers devolveu o texto à Secretaria de Educação, sem nenhum pronunciamento oficial sobre as propostas nele contidas.


O documento foi elaborado pelo governo após uma reunião entre o Cpers e a Secretaria Estadual de Educação na manhã de terça-feira (29). Embora o encontro não tenha resolvido nenhum impasse, sindicato e governo sentaram na mesa para conversar pela primeira vez desde o início da greve no dia 18, em um indicativo da retomada de diálogo entre as partes.


Porém, a presidente do Cpers, Rejane de Oliveira, diz que o ofício assinado pelo secretário da Educação, José Clóvis de Azevedo, “desrespeita a categoria e aprofunda o conflito”. O Cpers rechaçou o texto por dois motivos: porque não apresenta nenhum cronograma para o pagamento do piso nacional de R$ 1.187,00 e porque um trecho dá a entender que a continuidade do diálogo depende fim da greve.


A frase que causou indignação nos sindicalistas está logo no segundo parágrafo do ofício e informa que “o governo do Estado reitera sua disposição de dialogar com a direção do Cpers-Sindicato, discutindo propostas concretas que aproximem conceitos na busca de pontos de acordo possíveis de serem alcançados, assim que a categoria deliberar pelo fim da greve”.


A colocação foi interpretada pelo Cpers como chantagem. “O governo tenta, de forma autoritária, condicionar o diálogo ao fim da greve”, dispara Rejane. Ela considera, ainda, que o convite para compor um grupo de trabalho com o governo é uma provocação. “Aquilo não é uma proposta, é uma provocação”, condena.


A presidente do Cpers, que é filiada ao PT, mesmo partido do governador Tarso Genro, não economiza críticas à administração estadual. “É a primeira vez que um governo não apresenta propostas para uma categoria que está em greve. Esse governo não tem capacidade política para dirimir os conflitos do Estado”, acusa.


Na prática, o Piratini nem considera que está ocorrendo uma greve no magistério gaúcho, já que a adesão de professores ao movimento é bastante baixa. A Secretaria de Educação diz que apenas 1,56% das escolas estaduais estão fechadas.


Rejane considera que é uma ironia o governo exigir o fim das paralisações para continuar as conversas. “O governo condiciona o diálogo ao fim de uma greve que ele mesmo diz que não existe”, aponta.


Diante desse panorama, o Cpers fará nova assembleia em frente ao Palácio Piratini, às 13h30min desta sexta-feira (2). “A categoria vai decidir que tipo de relação terá a partir de agora com o governo Tarso”, informa Rejane.


“Estou chocada”, desabafa secretária-adjunta de Educação


A secretária-adjunta de Educação, Maria Eulalia Nascimento (PT), conversou com o Sul21poucos minutos depois de receber de volta o ofício que havia sido encaminhado ao Cpers. Ela se disse “chocada” com a reação do sindicato.


“Estou chocada. Se a direção do Cpers acha que convidar ao diálogo é desrespeito, então não sei mais o que é negociação”, desabafou.


Ela reitera que o governo não tem condições de pagar o piso salarial imediatamente e que só não apresentou um calendário fixo para se chegar ao valor porque aguarda o reajuste que será dado pelo Ministério da Educação em janeiro. E assegura que as reformas do Ensino Médio continuarão sendo discutidas.


Maria Eulalia destaca que não há confronto entre o governo e os professores. “Estamos discutindo as propostas com a categoria, hoje (terça) mesmo reunimos mais de 500 profissionais”, informa, acrescentando que “não há situação de conflito no ensino público, o que existe é uma disposição da direção do Cpers de brigar consoco, é isso que está acontecendo”, resume.


A secretária-adjunta avalia que o sindicato nega sua própria história ao se recusar a compor um grupo de trabalho com o governo. De acordo com ela, muitas conquistas foram atingidas através desse tipo de negociação.


“A impressão que tenho é que a atual direção do Cpers não conhece a história do sindicato”, dispara Maria Eulália.


Confira a íntegra do documento que foi enviado pelo governo do Estado ao Cpers na tarde de terça-feira (29).

o ideário do cara pálida e a repressão nas universidades dos EUA ou USP


Repressão nas Universidades dos EUA: O Silêncio dos Reitores

Eles já não são realmente educadores, pesquisadores ou cidadãos de suas comunidades. São agentes contratados pelos painéis de governança corporatizados.

Por Roland Greene [23.11.2011 11h45]
Tradução e nota introdutória de Idelber Avelar
Nota da Fórum: o mundo universitário estadunidense foi sacudido nas duas últimas semanas por duas sequências de acontecimentos que abalaram fortemente a credibilidade de seus administradores. Num dos principais programas universitários de futebol americano, o da Penn State, foi revelado um esquema de pedofilia de mais de quinze anos de duração. O antigo coordenador defensivo, Jerry Sandusky, foi preso pelo abuso de oito garotos. O técnico, Joe Paterno, uma lenda viva comparável ao que era Telê Santana no Brasil, foi demitido depois de 61 anos na instituição. Por outro lado, as imagens de uma série de intervenções policiais violentas, especialmente nos campi da Universidade da Califórnia em Berkeley e em Davis, rodaram o mundo e revelaram a cumplicidade dos administradores universitários com o aparato repressivo. O texto abaixo, de autoria do Prof. Roland Greene e traduzido em primeira mão pela Fórum, faz uma análise dos acontecimentos recentes.




Police PEPPER SPRAY UC Davis STUDENT PROTESTERS!






O Silêncio dos Reitores
As imagens da universidade-empresa nesta semana acabaram sendo indeléveis. Depois de vistas, não há como esquecê-las.
Como todo mundo, tenho refletido sobre os acontecimentos em Penn State, Berkeley e Davis que sacudiram o ensino superior dos EUA. Todos sabem dos problemas nesses lugares e em outros: o declínio contínuo do investimento público nas universidades de ponta, a evacuação moral dessas instituições em favor do negócio e dos esportes; o desaparecimento de um futuro para o projeto de uma sociedade responsável e de jovens instruídos; e os ataques injustificáveis a professores e estudantes que se manifestavam no “Ocupar” Berkeley, Davis e outros campi em protesto contra a cumplicidade de suas universidades no saqueio às classes trabalhadoras e médias.
O que acontecerá agora? Não tenho ideias melhores que as de qualquer outra pessoa, mas suponho que há uma lição a se retirar do que estamos vendo, e é o descrédito da classe de administradores profissionais no ensino superior. Um vídeo, feito hoje [19/11], na Universidade da Califórnia em Davis, conta a história.
Em primeiro lugar, o contexto é a chocante demonstração de violência esta semana por um membro da polícia do campus de Davis, lançando spray de pimenta sobre manifestantes estudantis pacíficos – gesto que foi depoisdefendido pelo chefe da polícia. Alguns dias antes, houve a não menos espantosa reação de um policial de Berkeley a uma manifestação basicamente pacífica de professores e estudantes, na qual (entre outros acontecimentos), a diretora do Centro Townsend de Ciências Humanas, a Professora Celeste Langan, foi arrastada pelos cabelos, jogada no chão e presa.
Há muitas questões aqui, incluindo-se o caráter paramilitar das táticas policiais que têm começado a parecer normais até mesmo nos campi universitários. James Fallows observa que “isto é o que acontece quando não se pode responsabilizar uma autoridade que já perdeu qualquer senso de vínculo humano com uma população sujeitada”. Eu gostaria de tecer algumas observações sobre uma versão acadêmica desta impossibilidade de responsabilização [unaccountability].
Neste vídeo, a administradora da Universidade da Califórnia em Davis, Linda Katehi, caminha entre um grande grupo de estudantes que a confrontam silenciosamente com o olhar e de braços dados. Qualquer educador pegaria o microfone e tentaria, pelo menos, tratar das agudas diferenças de valores que são palpáveis até mesmo num vídeo. Mas Katehi não faz nada além de caminhar até o seu carro com um semblante congelado.
O ar distante de Katehi, e especialmente o seu silêncio, é das coisas mais terroríficas que já vi nestas várias semanas de tumulto. O silêncio dos manifestantes é uma declaração; o de Katehi é uma renúncia.
Assim como o administrador de Berkeley, Robert Birgeneau, que esperou quatro dias para ver os vídeos das manifestações em seu campus, Katehi é responsável pelos malfeitos da polícia do campus face a um protesto pacífico. Eles estavam obrigados a avisar seus policiais acerca dos limites no uso de força, não só em geral, mas também à luz dos acontecimentos recentes que pressagiavam protestos vívidos em todos os campi. Suspeito que Katehi renunciará sob pressão dentro de uma semana, mais ou menos, depois que ela demita o policial que aparece no vídeo e o seu chefe de polícia, Annette Spicuzza.
Katehi, Birgeneau e o antigo Reitor de Penn State, Graham Spanier (assim como o Reitor da Universidade da Califórnia, Mark Yudof), têm pelo menos uma coisa em comum: eles pertencem à classe de administradores profissionais que tomaram conta das universidades públicas (e muitas das privadas) nos EUA nos últimos vinte anos.
Para além do que tenham sido no começo de suas carreiras (na maioria dos casos, professores altamente destacados), eles já não são realmente educadores, pesquisadores ou cidadãos de suas comunidades. São agentes contratados pelos painéis de governança corporatizados, que se mudam de uma universidade a outra em busca de um graal de ambição. Não é raro que Reitores e administradores tenham tido cargos sênior em três, quatro ou cinco instituições. Até onde sei, os quatro líderes mencionados acima já tiveram, entre eles, papéis administrativos em 14 universidades nos EUA e no Canadá. Já tendo estado em todos os lugares, essas pessoas não pertencem, em outro sentido, a lugar nenhum. Elas foram contratadas por algumas coisas nas quais são especialistas: levantar fundos, cultivar contatos externos, inventar nomes para fortunas declinantes e refazer as “marcas registradas” de seus campi.
Presos a interesses de negócios que dominam os painéis de governo das universidades e encharcados da sabedoria convencional do establishment da educação superior, esses administradores profissionais estão desprovidos de um vínculo com o trabalho cotidiano de suas instituições que lhes permitisse produzir, como propõe Cathy Davidson, um “Discurso de Gettysburg” que enfrentasse os desafios morais deste momento. O professor mais inexperiente desses campi estaria melhor preparado para essa tarefa. A falta de responsabilização e de vínculo dos policiais, apontada por Fallows – que poderíamos também estender ao escândalo esportivo em Penn State—começa no topo dessas instituições.
O movimento “Ocupar” terá seus sucessos na sociedade em geral, mas nos campi americanos ele pode ter um resultado salutar: mostrar aos painéis de governo que esses administradores itinerantes não podem ser responsáveis pelo futuro de nossas instituições. Eles podem até saber governar um campus no dia-a-dia, mas quando algum acontecimento imprevisto altera profundamente a vida de uma universidade, eles não têm a capacidade de responder da mesma forma que qualquer professor normal responderia, com cuidado e decência. A primeira resposta é o silêncio – logo seguido de declarações apressadas que tentam obscurecer e contemporizar.
O silêncio não é estratégico ou racional, até mesmo de um ponto de vista legal. Creio que se trata de estupefação ante um mundo que se descarrilha de seus planos e programas. É a crise cognitiva da universidade empresa—e suspeito que veremos mais exemplos nos próximos meses.
Universidades como Penn State, Berkeley e Davis têm legiões de professores brilhantes, apaixonados, que merecem liderança melhor do que a que estas figuras fornecem. Cada um desses campi possui pelo menos meia dúzia de líderes docentes—e todo mundo lá sabe quem são eles—que poderiam servir como Reitores ou administradores agora.
É hora dos acionistas interromperem este aspecto da universidade empresa em favor de lideranças autóctones, locais—e, talvez, sob um tipo diferente de líder, outros elementos da transformação da universidade em empresa sejam questionados (por exemplo: por que a crise de orçamento em Berkeley e em muitos outros lugares não encoraja os administradores a reduzir ou mesmo cancelar os programas esportivos, eu não entendo. A gritaria seria inédita, mas também o seria a conversa gerada acerca das prioridades de uma universidade).
O silêncio dos Reitores ante o crime e a injustiça revela a falência de um modelo de liderança empresarial no qual se afundaram muitas universidades. Será que alguns vídeos poderão ajudar a mudar isso ?
Original aqui.

o cara pálida não está se dando conta de que, com a internet, não dá mais para ter este tipo de comportamento sem que todo mundo perceba


Imprensa, MP e Justiça: quem faz as denúncias?



Com os malfeitos municipais (licitação do Controlar) e estaduais (contratos do Metrô) tomando nas últimas semanas o lugar dos casos federais que dominaram o noticiário durante todo o ano, deu para notar uma importante diferença na origem das denúncias.
No plano federal, quem toma a iniciativa das investigações, das denúncias e, às vezes, até dos julgamentos de ministros, é a imprensa, quer dizer, os principais veículos de comunicação do país, com interesses econômicos contrariados ou com medo do fantasma do "controle social da mídia".
A Polícia Federal, o Ministério Público e a Justiça vão a reboque do clamor da imprensa e dos partidos de oposição, tomando providências em função do noticiário e da opinião publicada (não confundir com opinião pública).
Já em São Paulo, dá-se exatamente o contrário. Tanto no plano municipal como no estadual, quem investiga, denuncia e julga são os orgãos competentes e é a imprensa que vai a reboque dos fatos, limitando-se a registrar o resultado das investigações policiais e dos inquéritos do Ministério Público.
O denuncismo seletivo e o tratamento diferenciado, oferecido principalmente pelos jornalões paulistas, acaba se refletindo também nas revistas semanais e nos telejornais de maior audiência, que só costumam repercutir e amplificar as denúncias contra o governo federal.
É verdade que a "Folha" foi quem levantou a lebre do contrato das obras de um trecho da Linha 5 do Metrô, ao provar que os vencedores da concorrência já eram conhecidos seis meses antes. Depois disso, porém, ninguém mais foi atrás do assunto, até que a Justiça determinasse a suspensão das obras e o afastamento do presidente do Metrô, que já voltou ao cargo.
No caso do estranhíssimo contrato da Prefeitura com o Consórcio Controlar (das empreiteiras Camargo Correa e Serveng) para inspeção de veículos, assinado em 2007 por Gilberto Kassab, dez anos depois da licitação feita ainda nos tempos de Paulo Maluf, a imprensa só se interessou pelo assunto depois que o Ministério Público terminou suas investigações e a Justiça tomou providências, decretando o bloqueio dos bens do prefeito.
O destaque dado no noticiário às denúncias contra ministros, que já levaram à demissão de cinco deles, é desproporcional aos valores e à natureza dos ditos malfeitos, se comparados aos prejuízos causados aos cofres públicos pelo Metrô (em torno de R$ 300 milhões nos cálculos do Ministério Público) e pela Controlar (os promotores calcularam o valor da ação em R$ 1 bilhão).
Não se trata de mensurar a corrupção, mas de questionar o tratamento desproporcional dado pela grande imprensa a casos de igual gravidade no governo federal, no estadual e no municipal.
Só os donos da mídia e seus prepostos não estão se dando conta de que, com a internet, não dá mais para ter este tipo de comportamento sem que todo mundo perceba. É isso que explica a crescente perda de freguesia e de credibilidade da velha mídia.

o PT já tem candidato para Porto Alegre

Pont retira candidatura e abre caminho para Adão Villaverde



Presidente do PT gaúcho avaliou que não era possível levar adiante
 a disputa sem provocar rachaduras no partido | Foto: Ramiro Furquim/Sul21


Samir Oliveira no SUL 21


O deputado estadual e presidente do PT gaúcho, Raul Pont, anunciou nesta quarta-feira (30) a retirada de sua pré-candidatura à prefeitura de Porto Alegre. Com isso, o partido deve escolher neste sábado o presidente da Assembleia Legislativa, Adão Villaverde, para disputar o Paço Municipal em 2012.


Pont tomou essa decisão ao perceber que estaria matematicamente derrotado caso a escolha do candidato petista acabasse indo para o voto entre os delegados do partido na Capital. Na disputa interna pelo apoio das correntes, Villaverde conseguiu o maior número de apoiadores e ganharia por uma pequena margem de votos.


O presidente do PT gaúcho avaliou que não era possível levar adiante uma disputa que resultaria numa escolha de um candidato por uma pequena margem de votos no congresso do partido. “Nosso gesto é para contribuir com a unidade partidária, já que nenhuma candidatura alcançou um consenso ou uma maioria que nos legitimasse de forma mais profunda perante o conjunto do partido”, disse.


Na terça-feira, antes de decidir que abandonaria a disputa interna, Pont chegou a defender que um terceiro nome de consenso fosse buscado, já que nem ele nem Villaverde tinham apoio unânime no PT. “A única forma de encontrarmos esse consenso seria com gestos dos candidatos para buscarem uma unidade superior. Tentamos, inclusive, há um tempo, com o (deputado federal Henrique) Fontana”, lembrou.


Pont acrescentou que será preciso fazer uma avaliação posterior dos resultados obtidos pelo PT na disputa pela Capital. “Se o partido opta em ir para esse processo com uma candidatura com esse grau de legitimidade, então enfrentaremos a disputa e os adversários e posteriormente vamos avaliar quão correto foi o processo”, projetou.


Mesmo com a decisão de abandonar o pleito interno, Pont avalia que concorrer em Porto Alegre sem concenso seria muito ruim para os petistas. “Ir para uma disputa e um ou outro vencer por 15 votos seria muito ruim para o partido. É isso que estamos evitando, mas não tivemos retorno ou qualquer outro gesto no sentido de buscarmos uma saída melhor. Vamos trabalhar com a saída que temos”, resumiu.


Apoio do Movimento PT foi fundamental para desistência de Pont


A decisão da corrente Movimento PT, da ministra dos Direitos Humanos Maria do Rosário, foi fundamental para a vitória matemática de Villaverde. O grupo foi o último a definir quem apoiaria e acabou virando a disputa interna a favor do presidente da Assembleia Legilativa.


Em carta distribuída nesta quarta, Pont e seus apoiadores lamentam que “algumas correntes definiram-se mais por compromissos passados ou futuros do que acreditamos ser o centro da disputa que realizamos: nosso compromisso com a cidade de Porto Alegre”.


O trecho é em referência à corrente Movimento PT, já que Maria do Rosário recebeu apoio do grupo de Villaverde em 2008, quando concorreu à prefeitura da Capital. “Dirigentes afirmam que a escolha da indicação não foi fruto do objeto que estava em disputa, mas do compromisso pelo voto dado em 2008. Não sou eu que estou dizendo, isso está estampado nos jornais. Como não houve desmentido dessa afirmação, entendo que foi isso que conduziu as pessoas dessa corrente a assumirem essa posição”, avaliou Pont.


Confrontado com a afirmação do deputado, um dos dirigentes do Movimento PT no Estado, Cícero Balestro, minimizou as declarações. “Não entendo isso em relação ao Movimento PT. Tenho o maior respeito pelo Raul, ele foi decisivo, se não tivesse colocado seu nome à disposição do partido, não estaríamos hoje discutindo uma candidatura própria. O Movimento PT foi a primeira corrente a discutir candidatura própria e enxergou no Raul um aliado nessa tese”, comentou.





Villaverde almoçou com apoiadores no Mercado Público, em Porto Alegre | Foto: Eduardo Quadros


“A partir desse momento, candidaturas não são mais de correntes”, diz Villaverde


O presidente da Assembleia Legislativa, Adão Villaverde, entende que, com a decisão de Raul Pont de abrir mão de sua pré-candidatura à cabeça de chapa do PT para concorrer à prefeitura de Porto Alegre, será possível construir um consenso para que a escolha do candidato petista não se dê no voto, no congresso de sábado (3). “A partir desse momento, as candidaturas não são mais de corrente, são do conjunto do partido. Temos que unificar e olhar pra frente”, defende Villaverde. O deputado participou de almoço promovido pelo grupo de apoio a sua pré-candidatura nessa quarta (30), mais ou menos no mesmo horário onde Raul Pont anunciava sua retirada do processo.


O deputado Villaverde não poupou elogios a Pont e disse que se estivesse na sua situação tomaria a mesma atitude. “Foi um gesto de grandeza política e de respeito ao processo partidário. Meu amigo Pont é um dirigente da maior estatura política e responsabilidade, um dos mais qualificados do partido”, disse, acrescentando que “se eu estivesse na posição do Raul estaria fazendo esse mesmo gesto”.


Após saber da desistência de Pont, Villaverde ligou para o deputado e marcou um café no final da tarde desta terça. “A decisão do Raul cria as condições para chegamos sábado num processo crescente de construção e preparação para uma grande unidade partidária.”

"Sinceramente, não tenho mais nenhuma paciência, disposição ou, para usar um termo jurídico, saco, para escrever sobre a vida (sic) interna do PT."

Raul Pont, o novo e o moderno

Como se sabe, Raul Pont desistiu de concorrer à prefeitura de Porto Alegre. O candidato do PT será mesmo o deputado Adão Villaverde, atual presidente da Assembleia Legislativa. Raul não queria ser candidato. Entrou nessa em função do crescimento dentro do PT de Porto Alegre dos discursos contra a candidatura própria. Emprestou, mais uma vez, seu nome, sua cara e energia para garantir a candidatura própria. Teve a grandeza de sempre, tratada com desprezo e utilitarismo rasteiro pelos filisteus habituais que agora derretem-se em elogios ao “velho dinossauro”.
Sinceramente, não tenho mais nenhuma paciência, disposição ou, para usar um termo jurídico, saco, para escrever sobre a vida (sic) interna do PT. Como a inadequação é minha, vou enfiar a viola no saco e procurar a minha turma. Gostaria de fazer dois registros somente: em primeiro lugar, lembrar as palavras do historiador Russel Jacoby, no livro “o Fim da Utopia – Política e Cultura na era da Apatia” (Ed. Record): .
“O problema não é a derrota, mas o desânimo e a dissimulação intelectual, fingir que cada passo para trás ou para o lado significa dez passos à frente”.
E em segundo, mandar um grande abraço ao Raul Pont que, além de ser um quadro político de primeira grandeza da esquerda brasileira, é um homem extraordinário. A política é uma estrada cheia de armadilhas e desvios. Um dos ganhos em andar ao lado do Raul é a confiança e a fortaleza que se conquista para atravessar essa estrada. Pode-se até errar o caminho aqui e ali, mas não se perderá nunca de vista qual é o horizonte, como ele próprio lembrou no dia em que lançou sua pré-candidatura à prefeitura de Porto Alegre:
“Para nós, a democracia não fica velha, não se aposenta. Estamos vendo agora, na Europa e nos Estados Unidos, as pessoas pedindo democracia real, já. Elas não estão pedindo um novo aparelho tecnológico ou algo do tipo, estão pedindo democracia real. Porto Alegre tornou-se referência para o Fórum Social Mundial por causa disso e essa referência foi tão forte que hoje há redes de democracia participativa espalhadas por vários países. Isso é que é novo e moderno. O capitalismo é incapaz de sobreviver com democracia. Estamos vendo isso acontecer agora na Grécia, que foi impedida pelo mercado de realizar uma consulta junto à população. Somos internacionalistas, mas não podem os aceitar um sistema mundial dominado pelo capital financeiro. É por isso que não podemos ficar presos a mesquinharias e coisas pequenas”.
Segue a nota de Raul Pont à imprensa e ao Partido dos Trabalhadores, divulgada hoje:
1) Minha pré-candidatura foi colocada ao Diretório Municipal do PT-POA na defesa da tese de que o Partido deveria ter candidato próprio à Prefeitura da capital. Isso se justificava por não encontrarmos em outras candidaturas a integralidade do nosso projeto político programático e a existência de posições de que devíamos abrir mão da cabeça de chapa.

2) Afirmamos, igualmente, que esta candidatura deveria ser fruto de uma construção consensual ou largamente majoritária para garantir a maior unidade possível no Encontro Municipal do PT e para a difícil campanha eleitoral de 2012.
3) Chegamos ao Encontro Municipal com uma grande vitória. A tese da candidatura própria sai vitoriosa e é hoje um consenso partidário. Todas as correntes e os pré-candidatos a defenderam na plenária com mais de 800 militantes ocorrida no final de outubro. Fomos importantes para essa definição.
4) Isso não ocorreu entre os pré-candidatos. O debate e as decisões parciais das correntes não construiu o mesmo consenso. Chegamos ao Encontro com os pré-candidatos tendo apoio em torno de 50 % dos delegados para cada candidatura. O consenso que perseguimos na candidatura própria orientava para que o foco da escolha do candidato fosse nos elementos objetivos do reconhecimento público, da densidade eleitoral, da experiência administrativa acumulada e também do programa e da tática eleitoral que defendemos no último período. Vimos, no entanto, nas declarações à imprensa, que algumas correntes definiram-se mais por compromissos passados ou futuros do que acreditamos ser o centro da disputa que realizaremos: nosso compromisso com a cidade de Porto Alegre, a defesa dos governos Dilma e Tarso na eleição 2012 e num contexto de candidaturas fortes de outros Partidos.
5) Diante deste quadro, por não ter alcançado um consenso que julgamos necessário para uma boa representação partidária no pleito eleitoral, retiro a minha pré-candidatura ao Encontro, em comum acordo com as correntes que me apoiaram nesse processo. É nossa intenção e gesto para ajudarmos na construção da unidade partidária.
6) No dia 3, próximo sábado, todos (as) nossos (as) delegados (as) e correntes estarão fortalecendo o Encontro Municipal do PT e cumprindo sua pauta. Defendemos no Encontro uma política de alianças apoiada em um programa democrático-popular, a manutenção da tese da candidatura própria, as diretrizes de um programa de governo municipal, os avanços aprovados no 4º Congresso do PT e, principalmente, para construir a unidade em torno da candidatura do PT à Prefeitura de Porto Alegre.
Porto Alegre, 30/11/2011
Raul Pont

Correntes: Democracia Socialista, Articulação de Esquerda, PT Amplo e Democrático, Esquerda Democrática, O Trabalho

e a Ley dos Medios?


Secretaria-Geral da Presidência desmente site de Veja

Viomundo

Da Liderança do PT na Câmara dos Deputados


A assessoria de Comunicação da Secretaria-Geral da Presidência da República desmentiu nesta quarta-feira (30) nota publicada ontem (29) pelo site da revista Veja, segundo a qual o ministro Gilberto Carvalho teria recebido um email, em fevereiro último, contendo denúncias a respeito de registro de um sindicato.

“O site afirma que uma revista semanal (Veja) mostrou que o ministro teria recebido o citado email. Essa afirmação é falsa. A publicação não teria como mostrar um fato que simplesmente não aconteceu”, diz a nota.

Foi com base nesta notícia falsa que o PSDB pediu na terça-feira a convocação do ministro ministro Gilberto Carvalho para falar à Câmara dos Deputados sobre denúncias da imprensa envolvendo supostas irregularidades no Ministério do Trabalho. A própria revista Veja desta semana traz o depoimento de um sindicalista de que teria comunicado irregularidades em comunicação enviada ao ministro, o que é desmentido na nota oficial.

A nota observa que nem a revista nem o PSDB tiveram o cuidado de consultar o ministro sobre o suposto email.

Leia a íntegra da nota:

“ Ao contrário do que publicou ontem (29/11) um site na internet, a Secretaria-Geral da Presidência da República não recebeu, em fevereiro deste ano, nenhum email dirigido ao ministro Gilberto Carvalho contendo supostas denúncias relativas ao registro de um sindicato em 2008.

O site afirma que uma revista semanal mostrou que o ministro teria recebido o citado email. Essa afirmação é falsa. A publicação não teria como mostrar um fato que simplesmente não aconteceu.

Os equívocos do site e da revista induziram ao erro deputados do PSDB, que apresentaram requerimento à Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados para que o ministro comparecesse ao Legislativo para explicar um acontecimento inexistente.

Em nenhum momento nem o site ou a revista perguntaram à Secretaria-Geral da Presidência se o ministro recebeu o referido email.

Assessoria de Comunicação

Secretaria-Geral da Presidência da República

e o caso DETRAN/RS (o jeittuttucano de governar) como é que anda?

“Controlargate” faz Kassab viver inferno astral

 

 
AGE20111128129 Controlargate faz Kassab viver inferno astral

Cinco anos após assumir a Prefeitura de São Paulo, Gilberto Kassab, então desconhecido vice de José Serra, que ganhou nos últimos meses projeção no cenário nacional ao criar um novo partido, o PSD, vive desde a semana passada o pior inferno astral da sua administração.

O motivo é o "Controlargate", polêmico contrato de inspeção veicular baseado numa licitação feita ainda na administração do prefeito Paulo Maluf (1993-1996), que Kassab ressuscitou dez anos depois, sem fazer nova concorrência, entregando-o ao Consórcio Controlar, formado pelas empreiteiras Camargo Correa e Serveng, principais doadoras da campanha de reeleição do prefeito em 2008.

Na semana passada, a 11ª Vara da Fazenda Pública decretou o bloqueio dos bens de Gilberto Kassab e determinou que nova licitação seja feita no prazo de 90 dias.

A ação proposta pela Promotoria do Patrimônio Público e Social da Capital foi avaliada em R$ 1 bilhão, valor a ser restituído por Kassab e pelo Consórcio Controlar aos donos dos veículos inspecionados e à Prefeitura Municipal de São Paulo.

Além do processo que corre na área cível, onde o prefeito já responde por improbidade administrativa, os promotores Roberto de Almeida Costa e Marcelo Daneluzzi encaminharam denúncia aos colegas da área criminal, acusando Kassab de participar da fraude de um documento importante para ressuscitar o contrato com a empresa Controlar.

A denúncia foi baseada no depoimento da funcionária Regina Fernandes de Barros, diretora do Decont (Departamento de Controle da Qualidade Ambiental), que havia inicialmente vetado a retomada do contrato com a Controlar.

Segundo a funcionária, um assessor direto de Kassb entregou-lhe uma nota técnica que legalizava a operação, mas ela não sabia que o documento seria utilizado para um aditivo contratual, com efeitos retroativos.

No último sábado, ao voltar de uma semana de viagem a Paris e Londres, o prefeito disse estar tranquilo porque não existe, na avaliação dele, nenhuma irregularidade. "No campo administrativo, agimos sob os critérios morais e administrativos".

Não foi bem isso o que concluiram os promotores de Justiça Roberto Antonio Costa e Marcelo Daneluzzi ao final das 596 páginas da ação. "Se você perguntar o que está errado neste contrato, eu lhe digo: tudo. Está tudo errado. Esse contrato é uma fraude", afirmou Costa.

Para os promotores, a contratação do Consórcio Controlar valeu-se de "um pretexto humanístico da preservação do meio ambiente e da vida", mas que só serviu para o "enriquecimento ilícito" dos acionistas da empresa contratada.

Ao responder às acusações, Kassab afirmou em nota que "tomará as medidas judiciais que julgar oportunas" e garantiu que "a contratação do Consórcio Controlar, responsável pelo Programa de Inspeção Veicular na Cidade de São Paulo, seguiu rigorosamente a legislação em vigor".

O tempo decorrido desde a contratação da Controlar, quando ainda pertencia à empreiteira OAS _ mais de dez anos _ e o fato da empresa ter sido condenada, em segunda instância, por improbidade administrativa, exatamente em razão deste contrato, está na base da ação movida pela Promotoria.

Dias após a assinatura do contrato ressuscitado por Kassab, em 2007, a Controlar foi vendida ao consórcio formado pelas empreiteiras Camargo Correia e Serveng.

Outra ponta deste novelo apareceu também na semana passada quando a Polícia Federal prendeu João Faustino (PSDB-RN), suplente do senador José Agripino Maia (DEM-RN), que foi sub-chefe da Casa Civil durante o governo de José Serra, na época em que a Pasta era comandada pelo hoje senador Aloysio Nunes Ferreira (PSD-SP).

O motivo da prisão de Faustino: fraudes na licitação para o serviço de inspeção veicular no Detran do Rio Grande do Norte.

O elo se fecha quando se lembra, como fez a coluna "Painel" da "Folha" no último domingo, que João Faustino tem ligações antigas e estreitas com Carlos Suarez, ex-sócio da construtora OAS, acusado de improbidade administrativa pelo Ministério Público paulista.

A conexão Suarez-Faustino, que passa pelos governos de Kassab e Serra, agitou ainda mais o ninho tucano no final de semana, no momento em que PSDB e PSD discutem a formação de uma aliança para as próximas eleições municipais.

Esta história do "Controlargate" ainda promete fortes emoções. Não percam os próximos capítulos.

"A história pode ser reescrita de várias formas, mas os fatos não podem ser reinventados"... o cara pálida acha que pode inventar os fatos (ops!)

Memória: Globo e Collor contra Lula, tudo a ver


 
collorelula1 Memória: Globo e Collor contra Lula, tudo a ver
(Imagem: Reprodução)

O problema de ficar velho nesta profissão de jornalista é que a gente viu, ouviu e viveu as coisas de perto, testemunha ocular e auricular.

Sempre que ressurge no noticiário uma história de 20, 30, 40 anos atrás, pedem-me para escrever sobre o evento. Estudantes frequentemente me procuram para contar como aconteceram variados episódios da vida brasileira no último meio século.

De vez em quando, a memória falha, mas tem certas passagens que testemunhei e nunca vou esquecer. Uma delas, certamente, foi o que aconteceu no debate decisivo entre Collor e Lula no segundo turno das eleições presidenciais de 1989.

Eu era assessor de imprensa do então candidato Lula e participava das reuniões com as emissoras e representantes dos adversários para definir o formato dos debates na televisão junto com algum dirigente do PT ou outro membro da campanha.

Na última reunião para o segundo debate, na TV Bandeirantes, em São Paulo, fui sozinho no meu carro para a emissora porque morava lá perto. Cheguei cedo e me surpreendi quando vi Cláudio Humberto, o assessor de imprensa de Collor, entrando na sala junto com Alberico Souza Cruz, da TV Globo, promovido a diretor de jornalismo após a campanha..

Até brinquei com eles _ "estou f...." _, mas me garantiram que tudo não passara de uma coincidência. Os dois pegaram por acaso o mesmo vôo no Rio para São Paulo.

Por acaso também, certamente, os dois tinham as mesmas propostas para o debate e eu me senti meio isolado na discussão.

Lembrei-me na manhã desta terça-feira de novembro de 2011 do que aconteceu naquela tarde do final de 1989 ao ler na "Folha" o título da página A11: "Ex-executivo da Globo mentiu sobre debate, diz Collor".

A polêmica surgiu após uma entrevista concedida no sábado à Globo News por José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, manda-chuva da Globo na época, que agora está lançando seu livro de memórias.

Nesta entrevista, Boni contou como a principal rede de televisão do país ajudou o candidato Fernando Collor de Mello na preparação para o debate decisivo.

"Nós fomos procurados pela assessoria do Collor", revelou Boni, ao contar que recebeu ordens de Miguel Pires Gonçalves, então superintendente da Globo, para que "desse alguns palpites" na preparação do candidato do PRN.

Boni contou mais: "Conseguimos tirar a gravata do Collor, botar um pouco de suor com uma glicerinazinha, e colocamos as pastas todas que estavam ali, com supostas denúncias contra o Lula, mas que estavam vazias ou com papéis em branco".

Principal executivo da Rede Globo na época, Boni afirmou na entrevista que "todo aquele material foi produzido, na parte formal", cabendo a Collor "o conteúdo".

Collor, ao seu estilo deixa que eu chuto, negou tudo: "Nunca pedi a ninguém para falar com o Boni, meu contato era direto com o doutor Roberto (Roberto Marinho, dono da emissora). Nunca tirei a gravata nos debates. Mentira. Suor: nem natural nem aspergido pelo Boni. Glicerina: mais uma viajada na maionese.
Pastas vazias: ao contrário, cheias de papéis, números da economia, que sequer utilizei. Em resumo, o Boni despirocou".

O que de fato aconteceu do outro lado da disputa presidencial, só os dois podem dizer. Da minha parte, só sei que Collor sofreu uma derrota acachapante, como se diz no futebol, no primeiro debate, na TV Manchete, no Rio, e resolveu partir para o tudo ou nada no segundo.

Furioso, demitiu quase toda sua equipe de campanha naquela mesma noite ao voltar para o hotel. Chamou seu irmão Leopoldo Collor de Mello, ex-executivo da Rede Globo, para comandar a mudança, contratou novos marqueteiros, gastou o que tinha e o que não tinha, dinheiro não era problema.

Levou os últimos dias da campanha para a sarjeta e assim surgiu garboso e desafiante no palco do segundo debate. Estava de gravata e carregava um monte de pastas.

Também escrevi um livro de memórias para me ajudar nestas horas ("Do Golpe ao Planalto _ Uma vida de Repórter", Companhia das Letras, 2006) e foi de lá que tirei o texto transcrito abaixo sobre o que vi acontecer naquela noite:

Chovia forte em São Bernanrdo do Campo, e estava em cima da hora para irmos à TV Bandeirantes, no Morumbi. Lula já se encontrava no carro com Marisa quando Marcos, o filho mais velho, veio avisar que ligaram de Brasília informando que Collor levaria algumas pastas amarelas para o debate, com novas acusações contra ele no campo pessoal. No estúdio, Lula seguiu para o seu púlpito, sem sequer olhar para o oponente.
Mas, em vez de partir para o ataque, quando Boris Casoy lhe fez a primeira pergunta _ sobre a queda do Muro de Berlim, poucas semanas antes _, ele entrou direto na resposta. Com as mangas compridas do paletó escuro cobrindo-lhe até a metade das mãos, dispersivo, Lula em nada lembrava o candidato combativo da campanha.
Quando o debate terminou, eu o aguardava no corredor que liga os estúdios à sala reservada aos candidatos. Ele me deu um tapa nas costas e balançou a cabeça: "Perdemos a eleição. Eu me sinto como um lutador sonado".
Já de madrugada, fomos jantar em sua casa, mas a comida ficou esfriando na mesa. Nas 48 horas seguintes, Lula ainda seria obrigado a enfrentar toda espécie de boatos difundidos pela imprensa marrom e no boca a boca. Caso vencesse a eleição, diziam, fecharia os templos não católicos, tomaria casas, barracos, carros, televisões, bicicletas e até galinhas de quem tivesse duas para dividir com os mais pobres.
(...) Sábio Frei Chico, o irmão mais velho de Lula que o levou para o sindicalismo. Homem de boa paz e comunista, ele foi buscar lá nas origens da família as explicações para a implosão do candidato no final da campanha, especialmente no último debate: "Lá em Pernambuco, quando alguém ofende a família, o sertanejo só tem dois tipos de reação: ou mata o desafeto ou fica magoado. Lula ficou magoado...".
Deu para perceber isso na edição do debate que foi ao ar no telejornal Hoje, da TV Globo, na hora do almoço do dia seguinte. Lula não estava bem, perdeu. Mas o que se viu à noite, no Jornal Nacional, da mesma emissora, foi o resumo de outro debate. Editaram só os melhores momentos de Collor e os piores de Lula. O resultado do jogo, que tinha sido 2 X 1 na edição do Hoje, transformou-se magicamente em 10 X 0. Empolgados, os seguidores de Collor, quietinhos até então, saíram às ruas com bandeiras para comemorar.

A história pode ser reescrita de várias formas, mas os fatos não podem ser reinventados.