quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Andrew Jennings

Jornalista britânico promete provar supostos crimes de Teixeira

Viomundo

Jornalista britânico promete provar supostos crimes de Teixeira nesta quarta-feira (26) no Senado
Andrew Jennings desembarcou em Brasília com documentos para apresentar aos senadores

Mariana Londres, do R7, em Brasília

O jornalista britânico Andrew Jennings desembarcou na manhã desta terça-feira (25) em Brasília, com a promessa de apresentar documentos que comprovam supostos crimes do presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), Ricardo Teixeira, e da Fifa (Federação Internacional de Futebol).

De acordo com Jennings, a Fifa é uma organização criminosa que montou um esquema de subornos milionários e desvios de recursos. Teixeira teria se beneficiado do esquema e teria como objetivo usar a Copa do Mundo do Brasil para encher mais uma vez os cofres das organizações (CBF e Fifa).

–  Como explicarei amanhã, a Fifa é uma organização criminosa, uma família. E posso dizer isso porque já investiguei a máfia, conheço a máfia, e posso dizer que a Fifa é uma máfia, um sindicato de crime organizado.  Eu estou trazendo documentos, e vocês já viram alguns deles na televisão. Eu tenho fatos contra Ricardo Teixeira, eu não trabalho com rumores ou fofocas, somente fatos e documentos.

Andrew Jennings é apresentador do programa Panorama, da BBC britânica, que denunciou diversos esquemas ilegais e subornos envolvendo o presidente da Fifa, Joseph Blatter, além de Teixeira e outros dirigentes do futebol mundial. Ele também escreveu o livro Jogo Sujo, em que detalha ainda mais as relações financeiras corruptas no futebol.

Jennings disse hoje ao R7 que Blatter e Teixeira mantêm uma relação de parceria nos supostos negócios ilegais que promovem.

– Ladrões precisam uns dos outros, não é verdade? Mas o Blatter vai apunhalar Teixeira pelas costas, se ele precisar.

O jornalista britânico disse ainda que já foi intimidado pelo presidente da CBF, Ricardo Teixeira, mas que não deixará de falar o que investigou por conta disso.

– Quando o Romário me entrevistou para o site dele no Congresso eu disse as mesmas coisas que disse à BBC, e o Teixeira e seus advogados tentaram me intimidar com um processo por difamação pelo o que eu disse ao Romário. Eu sou um repórter experiente, por isso o Ricardo Teixeira não vai me intimidar. Mas eu tenho crianças pequenas, portanto preciso tomar cuidado.

Andrew Jennings deu ainda um recado direto à Ricardo Teixeira.

–  Ricardo, agora é tarde, porque os documentos estão já com a Comissão do Senado brasileiro, então se eu aparecer morto eles podem fazer sem mim, mas eu tenho crianças pequenas.

Jennings foi convidado pela Comissão de Educação, Cultura e Esportes do Senado para prestar esclarecimentos sobre as suas acusações a Ricardo Teixeira e à Fifa. O convite foi pedido pelo senador Álvaro Dias (PSDB-PR) e o depoimento está marcado esta quarta-feira (26) às 10h30.

As denúncias de Jennings

Jennings já disse publicamente que tem uma lista de 165 subornos pagos pela ISL (International Sport and Leisure, empresa de marketing que foi ligada à Fifa por 20 anos e faliu em 2001) à maioria dos funcionários da Fifa e que totalizaria US$ 100 milhões [R$ 176 milhões]. Teixeira e João Havelange estariam na lista.
O jornalista diz ainda ter evidências de que Teixeira teria aceitado cerca de US$ 10 milhões [R$ 17 milhões] por meio de uma empresa chamada Sanud, com sede no paraíso fiscal de Liechtenstein.

As Informações que comprometem o presidente da CBF estão em um prédio, na cidade suíça de Zug. É uma investigação do Ministério Público suíço. Graças a uma manobra dos advogados da Fifa, os documentos estão bloqueados para a imprensa, mas Jennings teve acesso à lista de pagamentos secretos.

O dinheiro teria sido distribuído nos anos 1990 pela ISL. Segundo a investigação, a ISL pagava propina aos cartolas da Fifa. Em troca, os cartolas davam à companhia o controle dos direitos de transmissão e dos contratos de patrocínio das Copas do Mundo.

As denúncias no Brasil

O PRB (Partido Republicano Brasileiro) pediu, em julho deste ano, abertura de investigação civil e criminal ao Ministério Público da União contra o presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), Ricardo Teixeira, por suposto enriquecimento ilícito e recebimento de propina junto com outros dirigentes da Fifa.
O autor da representação, o presidente do PRB, Marcos Pereira, disse, na época, que o objetivo é, “no mínimo”, afastar Teixeira das decisões sobre os investimentos para a Copa em obras de infraestrutura e nos estádios, que contam com dinheiro público.

A representação, endereçada ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, menciona as diversas denúncias veiculadas pela TV Record que mostram que o patrimônio de Teixeira é incompatível com seu salário na CBF, estimado entre R$ 70 mil e R$ 80 mil.

As reportagens, veiculadas desde junho, mostram mansões de Teixeira em Búzios e Intanhangá (RJ), e na Flórida (Estados Unidos), além de uma fazenda de gado em Piraí (RJ).

A série revela que a riqueza de Teixeira indica possível relação com uma investigação internacional, feita pela TV britânica BBC e pelo repórter Andrew Jennings, que aponta que o cartola teria recebido propinas que somam US$ 10 milhões. Os depósitos, 21 no total, ocorreriam desde o início dos anos 90 e viriam da ISL, em troca do direito de transmissão dos jogos e dos contratos de patrocínio para as Copas do Mundo.

Ainda segundo a BBC, o dinheiro era depositado na Sanud, empresa  ligada à RLJ, instalada no Rio e que tem como sócio o próprio Teixeira. Há cerca de dez anos, o Congresso abriu duas CPIs (Comissão Parlamentar de Inquérito) envolvendo as empresas em 13 crimes, entre eles lavagem de dinheiro.

O documento ainda cita recente reportagem da revista Piauí que mostra o poder de Teixeira no futebol brasileiro. Segundo texto, é ele quem “combina o valor de jogo da seleção, decide quem vai transmiti-lo e negocia quem vai patrociná-lo”.

Ao final da representação, o PRB alerta para o risco de deixar Teixeira à frente das decisões sobre a Copa.
“São inúmeros os fatos que revelam a sobreposição constante dos interesses pessoais de Ricardo Teixeira em relação a qualquer interesse coletivo atrelado à correta aplicação do dinheiro público no evento esportivo em questão.”

“Todos esses fatos merecem a apuração de possíveis irregularidades praticadas por todos os envolvidos, especialmente Ricardo Teixeira e suas empresas.”

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