quinta-feira, 30 de junho de 2011

Pão de Açúcar?

A opinião de Paulo Vanucchi

Brizola Neto no Tijolaço




Posto aí em cima o vídeo veiculado pela TVT, ligada ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e à CUT, com dois momentos. Um, da crítica cutista à participação do BNDES no negócio Pão de Açúcar-Carrefour. Outro, do ex-ministro Paulo Vanucchi, colaborador de Lula na Secretaria Nacional de Direitos Humanos. Assistam, ajuda a esclarecer melhor o assunto.

O pacote do FMI e a explosão na Grécia

Por Altamiro Borges no Blog do Miro

Por 155 votos contra 138, o parlamento da Grécia aprovou ontem o plano de austeridade do FMI que garante mais 17 bilhões de euro de empréstimos para este país falimentar. O clima em Atenas foi de tensão. Manifestantes cercaram o Congresso e houve violentos choques com a polícia. Milhares de trabalhadores aderiram ao segundo dia de greve geral contra o pacote econômico.

A aprovação do plano foi saudada por banqueiros e governantes europeus, e justificada pela mídia rentista. Mas ninguém confia no seu sucesso. Há consenso de que a luta de classes vai se intensificar, somando as “revoltas espontâneas” da juventude nas ruas e as fortes organizações políticas e sindicais do país – com destaque para o combativo Partido Comunista da Grécia.

Pacote de maldades neoliberais

O novo plano de ajuste neoliberal vai agravar a situação do povo grego. A primeira parcela do empréstimo, em março, já resultou em cortes de 12% nos salários dos 800 mil servidores públicos, além da violenta onda de demissões no setor privado. A segunda fase é ainda mais drástica. Entre outras medidas draconianas, o plano do Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê:

- Cortes nas despesas do Estado em 14,3 bilhões de euros e aumento da arrecadação de impostos em 14,1 bilhões até 2015;

- Elevação dos impostos dos profissionais que trabalham por conta própria, como advogados e taxistas;

- Redução da isenção dos impostos de 12 mil para 8 mil euros;

- O imposto sobre o valor agregado (IVA) para bares e restaurantes passa de 13% para 23%;

- Demissão de 150 mil servidores públicos (25% do total) e fim dos contratos temporários; novo corte de salários dos servidores;

- Redução dos programas sociais para economizar 4 bilhões até 2015;

- Cortes de 500 milhões de euros neste ano em subvenções e outros 855 milhões até 2015 com a fusão de escolas e hospitais;

- Redução das despesas com saúde pública em 2,1 bilhões de euros;

- Privatizações de várias estatais, como da gestão de águas, empresas de energia elétrica, aeroportos, portos e refinarias, visando arrecadar 45 bilhões de euros entre 2012 e 2015;

o baitasar concorda com isso!

A alienação da classe média de esquerda nas críticas ao PNBL


Quinta-feira 30, junho 2011

Quem da classe média de esquerda se habilita a desligar sua banda larga PRIVADA à espera de uma conexão estatal, em protesto, para exigir uma banda larga provida apenas pela Telebrás?

Refiro-me a esperar até que a Telebrás chegue a seu domicílio, esperando pelos trâmites no Orçamento da União, aprovação no Congresso, licitações e embargos na justiça, concursos para contração de pessoal na estatal, aumentos de capital e assembléia de acionistas de uma empresa estatal que tem ações em bolsa de valores, etc.

Acho que ninguém que já tem banda-larga PRIVADA está disposto a ficar sem, enquanto isso.

Pois esta mesma classe média de esquerda (que já tem a banda larga privada), está se comportando como alienada em suas críticas, querendo negar ao pobre o que ela já tem e usa. Para o pobre, que no Brasil sempre “tinha que esperar”, ter uma opção agora e já de banda-larga de 1Mbit a R$ 29,80 (ou R$ 35,00 com ICMS) resolve seu problema imediato.

Hoje, os planos mais baratos que existem são em venda casada, e o cidadão tem que pagar pelo menos uns R$ 70,00 nos planos mais baratos que incluem assinatura de telefonia fixa ou “combos” com TV a cabo (não vale aquelas promoções cujo baixo valor é só nos 3 primeiros meses, nem com velocidades de 512Kb, nem anúncios enganosos que não avisam que se trata de venda casada).

Nas capitais e cidades médias com PIB alto e concorrência entre operadoras, é bem evidente o contraste dos com-banda-larga e dos sem-banda-larga. A rede já existe em frente grande parte das casas do cidadão de baixa renda, e ele não tem porque é caro e não por ausência de infra-estrutura. No interior a coisa se agrava, pois a velocidade é reduzida para 600 Kbits ou menos, pelo mesmo preço ou mais caro. E tem cidades do interior que ainda nem tem banda-larga.

Mesmo com a cobrança sob pressão do governo federal, há a possibilidade das teles privadas não cumprirem todas as metas, inclusive de qualidade. E há possibilidade da ANATEL não fiscalizar a contento. Mas e daí? Por hora, a fila de problemas andou, e sem colocar dinheiro público nas teles privadas.

Pelo menos grande parte da população já será incluída na banda-larga com a infra-estrutura que já passa na porta da casa, e grande parte da população de baixa renda não terá que ficar esperando pelo Orçamento da União, aprovação no Congresso, licitações e embargos na justiça, concursos para contração de pessoal na estatal, aumentos de capital e assembléia de acionistas de uma empresa estatal que tem ações em bolsa de valores, etc.

Quem conhece o Brasil real, sabe que foi uma grande conquista do Ministério das Comunicações para a população de baixa renda, enquadrando as teles privadas, inclusive fazendo-as ceder em suas estratégias e seus planos de negócios mais voltados para a elite.

A banda-larga de 1 Mbits a R$ 29,80 (ou R$ 35,00 para os governadores que derem uma “facada” no cidadão, cobrando ICMS) não é o fim do PNBL, é só o início.

Enquanto isso, a cada ano que passa, a Telebrás já estará melhor estruturada em 2012, 2013, etc. com um programa de investimentos de R$ 10 bilhões para chegar a 2014 com conexões básicas de 5 Mbits, sem apagões, e para fazer novas ofensivas, inclusive sobre as teles privadas.

Neste primeiro “round” do PNBL, o ministro Paulo Bernardo e a presidenta Dilma, estão de parabéns. É bem possível que até o natal deste ano, milhões de novos domicílios sem-banda-larga hoje, já estejam conectados.

Em tempo: as críticas ao PNBL (Plano Nacional de Banda Larga) lembram muito as feitas ao governo Lula quando foi lançado o ProUni (que aproveitava vagas ociosas nas universidades privadas). Enquanto milhares de pobres já se formaram no ProUni, em paralelo era feito o REUNI, que ampliou também as vagas nas federais. Mas o cidadão pobre não teve que esperar por vagas nas universidades federais, e foi estudando através do ProUni mesmo, enquanto isso.

Por Helena

a vida é bonita, é bonita e é bonita

Por Tales, Tereza e Suzana



Tales Cassiano Mença da Cruz sonha ser músico. Percussionista. O que ele, nos seus míseros 10 anos, ainda não sabe, é que o sonho já foi realizado. Sim, Tales já é um músico. E dos bons. Hoje à tarde, em pleno Palácio Piratini, com um público formado por altas autoridades, uma ministra, um governador, deputados, tal e coisa, Tales não errou uma só batida nos pratos que, na Orquestra Villa-Lobos, estão sob sua responsabilidade. E olha que o repertório não era pra qualquer um. Melodias marciais dos hinos Nacional e Rio-Grandense, duas ou três peças clássico-populares de Heitor Villa-Lobos e um samba de Gonzaguinha.

Para completar, ainda ofereceram a Tales a companhia de um ator global que fazia uma leitura dramática enquanto ele tocava. “Lá vai o trem com o menino, lá vai a vida a rodar. Lá vai o trem sem destino, pro dia novo encontrar” declamava Werner Schunnemann ao som dos pratos de Tales.

Talvez por não se dar conta de que o menino podia ser ele, de que a falta de destino podia ser a pobreza em que ele vive, e nem que o dia novo pode ser a vitória sobre a miséria, Tales não se abalou.

É, Tales ainda não sabe, mas pouquíssimos são os músicos que conseguiriam tocar e vivenciar tudo isso sem estarem absolutamente concentrados. Pois ele tocou sorrindo, com expressão levíssima, pouco se importando se o cenário de seu espetáculo reunia obras de artistas do porte de Aldo Locatelli, Paul Landowski e Vasco Prado; muito menos se as soleiras e os rodapés foram esculpidos em mármore de Carrara. O que Tales já sabe, e isso todos nós que o assistíamos também ficamos sabendo, é que ele adora tocar seus pratos. E não importa se isso acontece na Vila Mapa, onde ele nasceu e ainda mora, ou num palácio.

Tales, acho que já disse, tem só 10 anos. Mas há três ele começou a freqüentar a oficina de percussão da escola pública Villa-Lobos onde sua mãe, Maria José, ganha a vida como faxineira. Ele tem dois irmãos um pouquinho mais velhos que também integram a orquestra. E o pai, Lisandro, faz bicos como auxiliar de pedreiro. É assim que a família Mença da Cruz vai vivendo seus dias numa das regiões mais pobres da periferia de Porto Alegre.

O ato que Tales transformou numa cerimônia comovente hoje à tarde, era o lançamento do braço gaúcho do programa Brasil Sem Miséria que, no Rio Grande do Sul, vai se chamar RS Mais Igual. Sim, quando foi eleita, a presidenta do Brasil, Dilma Rousseff impôs a si mesma e ao país, um desafio grandioso: erradicar a pobreza absoluta, ou seja, fazer com que meninos pobres como Tales, encontrem como ele, um sonho para dar sentido à vida.

O Brasil Sem Miséria é o principal instrumento criado para alcançar este desafio. É um programa que está sob a coordenação do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome que, não por acaso, é comandado por Tereza Campello, uma mulher que, segundo disse o governador Tarso Genro na cerimônia de hoje à tarde “não é apenas um quadro político qualificadíssimo, mas um exemplo de militante humanista radical”.

Tereza é paulista, mas viveu boa parte de sua história política no Rio Grande do Sul. Quando foi chamada a se manifestar, não escondeu que estava emocionada. Por ver Tales, por estar de volta a uma terra que ama, a um palácio que freqüentou nos tempos em que assessorava o Governo de Olívio Dutra e à cidade onde moram alguns dos seus melhores amigos. Tereza chorou. Elegante e discretamente, mas chorou. Chorou ao citar a amiga Suzana Lisboa, que hoje completa 50 anos a mais do que Tales e que é símbolo de uma luta que, como a da pobreza, ainda não está acabada. Suzana era casada com Luiz Eurico Tejera Lisboa, seqüestrado, torturado e morto pela ditadura militar. E, como Tereza, ela luta para fechar algumas chagas que fazem do Brasil um país incompleto. Tereza luta contra a injustiça da concentração da renda nas mãos de uns poucos, o que faz com que tenhamos, ainda, 16 milhões de pobres absolutos.

Suzana luta contra a injustiça do não acerto de contas com a memória dos que deram a vida pela liberdade.

É, o Piratini hoje à tarde foi pura emoção. Com a arte de Tales, a saudade e as lutas de Tereza e Suzana. Foi assim que o Rio Grande do Sul assumiu hoje um o compromisso histórico de erradicar a pobreza absoluta. Quem estava lá saiu convencido: Tereza, Suzana e Tales, merecem ver este compromisso cumprido. Afinal, como dizia a música que os alunos da Vila Mapa tocaram no encerramento, a vida é bonita, é bonita e é bonita. (João Maneco)

Foto: Caco Argemi (Palácio Piratini)

a matéria-vacina do provedor UOL

Luis Carlos da Silva: UOL dá uma de malandro para cima de internautas

por Luis Carlos da Silva, para o Viomundo

Manchete de capa do jornal Folha de S. Paulo, quinta-feira, 30 de junho: “Hacker violou e tenta vender e-mails de Dilma”.

Curioso, fui direto à matéria assinada pelos repórteres Matheus Leitão e Rubens Valente, de Brasília. Li, reli, revisei a leitura, comentei com pessoas próximas, porque não estava acreditando no que via no caderno “Poder” do jornal.

Não se tratava de matéria jornalística. Mas, de fato, “um passo a passo” talvez destinado a provar que nem o provedor UOL, nem a própria Folha estariam envolvidos em algum tipo de quebra de sigilo de e-mails da então candidata Dilma Rousseff.

Mas, quem os acusava de alguma coisa?

Até agora ninguém.

Contudo, o passo a passo — ou a matéria-vacina — agora estimula suspeitas. O texto tem um claro roteiro auto-imunizante.

Vejamos o inútil detalhamento da empreitada. A fonte (o hacker) encontrou-se com a Folha em uma cidade satélite, “num shopping, a 20 Km de Brasília”. Ele mora lá. Tem 21 anos, está desempregado, será pai em breve. Tentou vender (“por preocupação”) o conteúdo dos e-mails para a Folha, mas “A Folha não paga pelas informações que publica e recusou a proposta”. Nossa, que retidão moral! A Folha viu, “de relance”, alguns e-mails, numa lan house e não lhe foi permitdo fotografar ou filmar o conteúdo que, por sua vez, estava num disco rígido externo. Antes, ele tentou vender o tal conteúdo a políticos do DEM e do PSDB, mas não teve sucesso. Puro bla,bla, blá.

Ah, até José Dirceu entra na estória, para dar mais credibilidade à matéria-vacina. E o que é mais engraçado: para dar credibilidade ao provedor UOL. Mesmo informado, (por terceiros) do conteúdo de e-mails seus na época da campanha e ainda ter dito que seu e-mail fora invadido nessa segunda (dia do “encontro” do hacker com a Folha), Zé Dirceu continua cliente UOL! Uau! Isso é que é atestado de confiança.

Falando sério:

1. A matéria é assinada por dois jornalistas, mas é a “Folha” o sujeito da ação em todo o texto. Ou seja, mesmo tendo conhecimento de um criminoso confesso, a “Folha” vai preservá-lo, sob o pretexto de sigilo de fonte. Tal instituto, defensável para outros casos, faz do jornal um protetor de um meliante. Logo ela que é exímia delatora de sigilos de seus adversários partidários, nomes de terceiros e cifras de conhecimento restrito.

2. Porém, depois de tantas curvas é dada uma bela derrapada, em relação ao provedor UOL. O UOL não é empresa de comunicação. Não tem a prerrogativa jurídica do sigilo de fonte. Simples medidas judiciais fazem com que provedores identifiquem os IPs e rotas atípicas de transmissões pela internet. Principalmente em períodos determinados.

3. Eu acho até que é esse tal hacker poderia (ah, o salvador futuro do pretérito) ter sido inventado como forma de eximir a Folha e o UOL de uma suposta (ah, salvador adjetivo) quebra de sigilo da então candidata Dilma. Seguramente, o tal computador pessoal da então candidata à presidência pode revelar se houve ou não intrusão. E se não houve?

Presidente do PT, deputado Rui Falcão, não seria um relevante serviço prestado ao país, acionar os órgãos competentes para rastrear o passo a passo da pseudo matéria?

PS.: ao final, uma matéria tão irrelevante, já que reitera apenas que e-mails são vulneráveis e não traz nada de comprometedor no conteúdo das mensagens vistas de “relance”, mereceu manchete de capa. Falta de assunto não é. Ou será a vulnerabilidade do UOL? Estranho. Muito estranho.

Luis Carlos da Silva – sociólogo e ex-secretário de comunicação do PT-MG.

a fome e a miséria não existem?


A fome e FAO não existem para o conservadorismo


A indisfarçável má vontade da mídia com a vitória brasileira na sucessão da FAO transitou da indiferença inicial para a tentativa de minimizar a própria omissão ao manifestar menosprezo pelo resultado. Ignorada de início, a campanha pela FAO recebeu dos jornalões nativos, com raras exceções, um espaço inferior ao ocupado na imprensa mundial por um tema de importância auto-explicativa dada a sua interrelação com a explosão dos preços da comida e o número de famintos no mundo. O artigo é de Saul Leblon.


Quando o êxito da diplomacia brasileira se consumou – ancorado, em boa parte, na credibilidade decorrente dos resultados sociais do governo Lula, reconhecimento esse doloroso para a mídia - partiu-se então para tentativas explícitas de desqualificar a escolha do ex-ministro José Graziano da Silva para dirigir o principal organismo voltado à luta contra a fome no mundo.

Omite-se nessa toada de preconceito e preguiça a real dimensão de um deslocamento diplomático importantíssimo, marcado pela rearticulação do G-77, que, afinal deu a vitória a Graziano. O fato é que o grupo dos países pobres e em desenvolvimento (G-77) uniu-se como raras vezes nos últimos anos para viabilizar o resultado que colocou pela primeira vez um brasileiro e um latinoamericano no comando da FAO.

Algo de crucial relevância que escapou ao colunista negligente é que esses países não estavam se opondo apenas aos blindados diplomáticos dos países ricos e protecionistas. Mas, sobretudo, à lógica de uma hegemonia esférica cujo resultado mais reluzente foi o colapso financeiro mundial que gerou 30 milhões de desempregados no planeta e elevou o contingente de famintos a 1 bilhão de pessoas em pleno século 21.

Entre os argumentos arrolados pelos ‘colunismo isento’ para justificar o apequenamento da cobertura listam-se o dito fracasso do Fome Zero e a suposta irrelevância da FAO, fechando-se assim um círculo de ferro no qual se esmaga o protagonista, a instituição e a dinâmica histórica que pode mudá-la.

Duas das mais importantes dificuldades enfrentadas para a implantação do Fome Zero, em 2003, são omitidas por esse raciocínio que mais esconde do que informa.

O Fome Zero, na verdade, enfrentou um cerco brutal dessa mídia que instaurou um ambiente de terceiro turno no país no início do 1º mandato de Lula. Sob o pano de fundo um conservadorismo ferido e virulento, o Fome Zero foi escolhido como alvo preferencial para reverter a derrota da candidatura da direita, recorrendo-se à desqualificação do eleito pelas urnas.

Recorde-se que já durante a campanha, expoentes do tucanato, como o próprio candidato derrotado José Serra, ameaçavam a sociedade com truques correlatos. A ‘argentinização’ do país (leia-se, a mazorca, a desordem’) puniria os eleitores se o escolhido fosse Luiz Inácio Lula da Silva. Era esse o clima. E foi sob esse diapasão que se montou um torniquete político e midiático em torno do Fome Zero.

A própria denominação do principal programa social do novo governo incomodava.

Vamos ser claros: elites, aqui e alhures, jamais aceitaram a existência da fome como expressão da miséria social por elas produzida. Não deixa de ser sintomático, por exemplo, que no seu desdém pela vitória brasileira na FAO, o articulista da Folha, Hélio Schwartsman retome essa negativa classista.

No comentário “FAO e Fome Zero não podem ser chamados de casos de sucesso” (Folha, 28/06), ele sapeca ligeiro: "em 2003 a obesidade já era um problema mais grave que a desnutrição". Ou seja, o Fome Zero, nome fantasia para uma política de segurança alimentar que o país jamais tivera e que hoje é uma questão prioritária no mundo— errara feio no diagnóstico. A fome era uma ficção esquerdista. O governo devia é ter liberado a lipoaspiração no SUS.

O mesmo articulista que revoga a fome en passant visualizou uma pandemia de gripe suína no país em 2009.

No dia 19 de julho, aquecendo os motores para a nova tentativa de colocar Serra na Presidência , o sábio Schwartsman assinava o texto da manchete da Folha, na 1º página: "Gripe suína deve atingir ao menos 35 milhões no país em 2 meses”. No título interno: “Gripe pode afetar até 67 milhões de brasileiros em oito semanas”.

O alarmismo progressivo com tema tão delicado de saúde pública foi duramente criticado pela comunidade médica.

O próprio ombudsman da Folha de então, Carlos Eduardo Lins e Silva, questionaria o jornal em comentário corajoso do dia 26 de julho, com o título: "No limite da irresponsabilidade". Trecho: "‘...A reportagem e principalmente a chamada de capa sobre a gripe A (H1N1) no domingo passado constituem um dos mais graves erros jornalísticos cometidos por este jornal desde que assumi o cargo, em abril de 2008..”.

É do alto desse patrimônio de isenção e rigor jornalístico associado ao elevado senso ético de quem fez da gripe suína uma estratégia de pânico desfrutável pelo ex-ministro da Saúde e então pré-candidato presidencial, José Serra, que se pontifica agora a irrelevância da FAO, do Fome Zero e, naturalmente, da própria fome.

A implicância com a fome não é uma originalidade do pontífice da Barão de Limeira. Quando o médico Josué de Castro (1908-1973) escreveu Geografia da Fome, em 1946, tratando pioneiramente do tema, ele também sofreu pressões para que o título – lançado pela editora O Cruzeiro - fosse substituído por outro mais ameno.

O livro e a militância progressista do autor foram responsáveis pelo exílio que o golpe de 1964 impôs a esse pernambucano ilustre, que por sinal dirigiu a estrutura nascente da FAO e teve duas indicações ao Nobel da Paz. Morreu no exilo, em Paris, em setembro de 1973, depois de ter seu pedido de regresso recusado pelo governo Médici. Não por acaso. O interdito à discussão da fome ganhou selo oficial na ditadura militar, quando a censura vetou inúmeros textos jornalísticos na tentativa de calar a palavra de incisiva contundência.

À censura policial, lembra a pesquisadora Ana Claudia da Silva, em seu artigo "Fome, história de uma cicatriz social", sobreveio a “higienização ideológica”.

Nos anos 70/80, adotou-se oficialmente o termo médico “desnutrição” para descrever o problema, como se a questão de fundo fosse mais de biologia clínica do que de política econômica.

A resistência das elites em admitir a existência de um Brasil mergulhado até o pescoço na insegurança alimentar não hesitaria ainda em recorrer ao argumento do determinismo biológico.

O estigma de um Jeca Tatu anêmico, permanentemente desleixado, inspirado nas idéias de Gobineau, cuidava de atribuir a penúria do homem do campo a ele mesmo. Soa familiar quando se ouve dizer que o Bolsa Família deixa o pobre preguiçoso, como sentenciam alguns tucanos e democratas.

Para resumir: o problema não está sociedade; a fome não tem origem na história, mas biologia. A circularidade do raciocínio reforça a legitimidade do preconceito ainda latejante. Os famintos, afinal, são a causa da fome.

Em 2003, sessenta e três anos depois do lançamento do livro de Josué de Castro, a palavra maldita continuava a carregar esse fardo de uma potente denúncia contra as elites e sua obra. No caso, aquela legada pelo governo cujo candidato tivera o apoio irrestrito da mídia. E mesmo assim fora rechaçado pela opinião pública majoritária.

Foi nesse ambiente que o Fome Zero cometeu alguns erros graves.

O primeiro deles foi de comunicação. A sociedade não foi informada de sua verdadeira natureza abrangente. Sob o cerco da mídia e da hesitação do governo em desfechar um poderoso mecanismo de comunicação de massa, a política de segurança alimentar foi soterrada pelo debate distorcido de um mata-fome imediatista e amador, como a mídia tentou vendê-lo.

Ao contrário do que se cristalizou como sendo a história contada pelos vencedores, o Fome Zero não foi um truque de improviso na trajetória do PT.

Em outubro de 1991, em plena vigência da vaga neoliberal, o Governo Paralelo do PT –criado para fazer oposição propositiva a Collor - apresentou à sociedade a primeira proposta de uma Política Nacional de Segurança Alimentar para o Brasil.

O trabalho foi coordenado pelo agrônomo José Gomes da Silva, pai do agora eleito diretor-geral da FAO, José Graziano da Silva.

Retomava-se ali a importância do Estado e do planejamento na superação dos gargalos do desenvolvimento, sendo a fome caracterizada como o núcleo duro de desequilíbrios históricos, que não seriam superados com respostas assistenciais.

Para assegurar a todos os brasileiros o acesso a uma alimentação suficiente, regular e saudável, o país e a política econômica teriam de mudar. Era o que dizia o Fome Zero, ou melhor, a proposta de Política Nacional de Segurança Alimentar do PT em 1991.

O enfoque do Governo Paralelo tinha como pressuposto que a lógica de mercado, vedete absoluta nos círculos oficiais e midiáticos então, era incapaz de vencer os obstáculos como a concentração de renda, os conflitos fundiários e os desequilíbrios regionais.

A fome era o estuário silencioso dessa correnteza profunda.

A politização do tema evidenciava justamente o oposto da abordagem assistencial que tanto se criticaria, indevidamente, no Fome Zero em 2003.

A primeira proposta nacional de segurança alimentar do PT previa políticas que levassem a um crescimento sustentado, com elevação do emprego; gradativo aumento do poder de compra do salário mínimo; um plano nacional de reforma agrária; medidas de fortalecimento da agricultura familiar; política agroindustrial e políticas de comercialização agrícola, com garantia de preços mínimos e a formação de estoques reguladores.

O projeto do Governo Paralelo do PT preconizava, ademais, inúmeras providências operacionais e políticas consolidadas nos últimos anos. Entre elas, a criação de um marco institucional, uma parceria institucionalizada com a sociedade civil por meio da criação de um Conselho de Segurança Alimentar, o Consea.

Tudo isso estava condensado sob o nome fantasia de Fome Zero lançado em 2003, cuja segunda falha, essa de consequências dramáticas, foi subestimar o sucateamento do Estado brasileiro, após oito anos de administração tucana.

A verdade é que a máquina pública em 2003 não dispunha sequer de um cadastro único da população brasileira miserável.

Em que pese um esforço feito pelo Comunidade Solidária ao final do governo FHC, cada ministério - caso da Saúde, por exemplo,ocupado por Serra - tinha seu próprio cadastro. E controlava sua própria contabilidade de ‘gastos’ sociais, a serviço do titular de cada área, não raros com atritos entre eles.

É conhecido o comentário da atual presidenta Dilma Rousseff sobre o desmonte que encontrou no ministério das Minas e Energia, quando assumiu a pasta em 2003: ‘Tinha 20 motoristas; apenas um engenheiro’.

O PT, portanto, negligenciou seu próprio diagnóstico.

Um Estado recém saído de um ciclo neoliberal não poderia ter recursos materiais e humanos para sustentar uma política de segurança alimentar com a abrangência e a profundidade condensadas no Fome Zero, em 2003.

Acrescente-se a isso o cerco da oligarquia conservadora ao programa.

A concepção original do Fome Zero pressuponha a organização dos beneficiários que, progressivamente, assumiriam o seu controle como antídoto ao clientelismo e à manipulação política. Nada mais democrático. Tal horizonte, porém, atiçado pela mídia, assumiu contornos de ‘semente do chavismo’. Excitaria assim os sucos gástricos do anti-comunismo conservador e da resistência oligárquica – inclusive da Igreja Católica - em abdicar da ‘administração de seus pobres’.

Foi essa pá de cal que exigiria um recuo cirúrgico, com fatiamento do Fome Zero em políticas setoriais, cuja unidade estrutural acabaria sendo retomada apenas no segundo mandato de Lula. Ainda assim, foi preciso uma crise mundial igual ou superior a de 1929 para que as políticas sociais desdobradas do plano original – como a recuperação do salário mínimo, o Bolsa Família, o fortalecimento da agricultura familiar, o reforço a merenda escolar etc - ganhassem legitimidade, funcionando como robusto contrapeso de mercado de massa à contração econômica internacional.

Ao final de 2002, após oito anos de FHC, o IBGE havia divulgado uma pesquisa em que apontava a existência de 54 milhões de brasileiros – mais de um terço da população então – vivendo em estado de penúria, com até meio salário mínimo por mês. Havia fome bruta entre eles, por mais que o colunismo da Folha, sabidório, confunda saciamento e obesidade às custas de comida barata (gordura e refrigerantes) com nutrição e ausência de fome. Agora, em junho de 2011, a Fundação Getúlio Vargas acaba de divulgar um estudo que resume o que se passou após a longa caminhada de regeneração do Estado e das políticas públicas afilhadas do primeiro plano de segurança alimentar criado pelo PT, em 1991, base ao Fome Zero.

A renda per capta dos brasileiros mais ricos, informa a FGV, cresceu 10% na última década; a dos mais pobres aumentou 68%. O ganho de renda dos brasileiros mais ricos foi inferior à média registrada nos demais integrantes do Brics (Rússia, Índia, China e África do Sul). Em contrapartida, o crescimento da renda dos 20% mais pobres só perdeu para a China. No governo Lula, o mercado de consumo incorporou um contingente da ordem de 50 milhões de brasileiros - o equivalente a uma Espanha demográfica.

Foram essas as credenciais que levaram o Brasil e Graziano à direção da FAO. E é a experiência dramática que elas condensam – de erros, acertos e potente sabotagem conservadora - que dão a ele a possibilidade de sacudir a letargia dessa organização, irrelevante, segundo a direita – como irrelevante para ela são todas as instituições que possam se opor à lógica dos livres mercados.

reconhece alguém na foto-gravura?


Direita e ultra-esquerda se unem contra blogueiros progressistas




O título deste post bem que poderia ser “quando os extremos se encontram”, ou seja, quando os grupos políticos mais atrasados do país se unem, em discurso praticamente idêntico, para atacar um movimento inovador e que os fatos mostram que está longe de encerrar uma visão unificada, como querem fazer parecer seus detratores.

Após o II Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas, que teve lugar neste mês de junho em Brasília e que contou com a participação de celebridades como o ex-presidente Lula e o ex-ministro José Dirceu, além de ministros de Estado, prefeitos e até o governador do Distrito Federal, eclodiram críticas oriundas de facções políticas supostamente incompatíveis.

Direita e ultra-esquerda andam publicando textos detratando o movimento dos blogueiros. Um deles, não surpreende. Quem escreveu foi um dos pistoleiros que a revista Veja mantém em sua folha de pagamentos sob um guarda-chuva jurídico e um fundo específico para financiar defesa contra ações na Justiça e, em caso de condenação, para pagar as indenizações.

Augusto Nunes, colunista e blogueiro da Veja, a exemplo de gente como Reinaldo Azevedo ou Diogo Mainardi é pago para atacar petistas. Esses ex-jornalistas, hoje, constituem o “braço armado” da aliança entre a Editora Abril, a Folha de São Paulo, o Estadão e a Globo. A quase totalidade do que escrevem sobre política, é contra petistas.

Nunes, que também cumpre esse papel como entrevistador fixo da bancada do programa Roda Viva, veiculado pela TV estatal do PSDB paulista, a TV Cultura, onde também se dedica a adular tucanos e atacar petistas, publicou um texto em seu blog, nesta semana, em que acusa as quatro centenas de blogueiros que se reuniram em Brasília há dez dias de serem pagas pelo governo federal para defendê-lo.

Como sempre fazem os pistoleiros da aliança tucano-midiática ao atacarem blogueiros progressistas, Nunes generaliza, não apresenta fatos, não cita nomes. Apenas faz acusações a esmo que se encerram em si mesmas, constituindo tão somente difamação e calúnia que fariam a festa de qualquer advogado dos blogueiros, se estes se dessem ao trabalho de processá-lo.

Vira e mexe, o Partido da Imprensa trata de martelar a tecla de que os blogueiros seriam “chapas-brancas” por terem ajudado a impedir a vitória de José Serra no ano passado e por terem se contraposto à tentativa da coalizão tucano-midiática de derrubar o ex-presidente Lula.

Até aí, nada demais. A grande imprensa brasileira, capitaneada pelos veículos supracitados, sempre cumpriu esse papel de linha auxiliar da direita xenófoba, racista e classista que oprimiu o Brasil por vinte anos com uma ditadura militar. O que espanta é que a ultra-esquerda, esta capitaneada pelo PSOL, mais uma vez se une à direita contra o mesmo alvo.

Militantes de ultra-esquerda foram ao último Encontro de Blogueiros Progressistas para escreverem postagens em seus blogs que disseram sobre o movimento da blogosfera exatamente o que diz a imprensa reacionária, corporativa e golpista, que seria “chapa-branca” etc., etc., etc.

O que choca é que essa “esquerda” fez de conta que não viu quando este blogueiro inquiriu duramente o ministro Paulo Bernado, ou quando Paulo Henrique Amorim ou Altamiro Borges pregaram independência da blogosfera em relação ao governo. Ignorou até mesmo o documento final do último encontro de blogueiros, que fez duras críticas ao governo Dilma Rousseff.

Consultei os companheiros da Comissão Organizadora sobre a possibilidade de exigir na Justiça que o blogueiro da Veja comprovasse as acusações que fez de que eu e centenas de companheiros receberíamos qualquer tipo de benefício pelo que escrevemos, mas, ao menos por enquanto, eles acham que seria gastar vela com mau defunto.

De fato, Nunes, como seus pares da imprensa golpista, tem credibilidade zero quando o assunto é política. Ninguém dará bola a um jornalista cujo único assunto é o PT, que só aborda política para atacar o partido e que não diz um A sobre a oposição, apesar de se dizer “isento”. Então, ele já se ataca sozinho, dispensando seus alvos do trabalho.

O que fica de tudo isso, é o seguinte: quando a direita midiática e golpista e a ultra-esquerda moralista se unem para chamar de “chapa-branca” o movimento dos blogueiros progressistas, sempre escrevendo entre aspas o adjetivo que lhes completa a denominação, esse movimento pode se orgulhar, pois certamente está no caminho correto.

Parabéns Vereadora, não basta lutar contra a pobreza, é preciso acabar com a miséria

Carta à Liberdade - Por Sofia Cavedon

Vereadora Sofia Cavedon

Artigo publicado na edição desta quinta-feira (30) no jornal Zero Hora

Os poucos dias à frente da Prefeitura Municipal, momentos em que ficam aguçados os sentidos, aumentado ainda mais o senso de responsabilidade com o mandato concedido pelo povo, são como se tudo se tornasse urgente e contundente

Desta vez, a Vila liberdade pediu socorro. Desta vez, não, mais uma vez! Ciente de que uma das pautas era a falta de água, chamei o DMAE e fomos visitá-la. Seguindo o “mangueirão”- por onde a água supostamente chega às casas - como o fio de Ariadne, fomos entrando no labirinto inescrutável da capacidade de sobrevivência humana.


foto ricardo giusti/pmpa
Nos ossos, na pele, na memória, na consciência, carregamos as imagens da sempre surpreendente disposição para brincar das crianças, abstraindo o entorno: se há uma tabuinha no meio do lodo, ali elas giram o pião; se há um canto seco na casa, cercado de roupas empilhadas, ali elas viram cambalhotas; se há uma televisão na cômoda que escapou das goteiras, em frente a ela viajam, brincam, participam da vida que as imagens e sons apresentam.

O “mangueirão” nos leva a incontáveis maneiras de lavar e secar roupas, tarefa que valorosas mulheres teimam em fazer, sem uma nesga de sol, em exíguos espaços. Pelos acessos estreitos pisamos no esgoto e no barro, driblados com tapetes velhos, lixo, tábuas, mas só vamos enxergar a verdadeira dimensão desta umidade e contaminação quando espiamos embaixo dos assoalhos – de quem os tem – e ali há muito mais!

foto ricardo giusti/pmpa
Era sábado pela manhã e todos os adultos daquele labirinto estavam envolvidos na luta pela sobrevivência. Em muitas casas, só as crianças nos espiavam. Élida, a líder comunitária que nos guiava pelos vestígios do mangueirão, em cada casa, convocava para a assembleia de moradores que aconteceria na segunda-feira, onde mais uma vez, avaliariam os passos para a conquista da urbanização, da moradia digna, do acesso à água limpa, ao solo seco, à luz elétrica para o tão sonhado banho quente.

“A palavra arrasta o povo” dizia Nejar. A certeza dos direitos, naquela vila que chamaram Liberdade, arrasta a esperança que eles mantem viva com a luta. Lá, eles vencem um Minotauro por dia, o difícil é sair do labirinto da absoluta falta de investimento, da desigualdade perpetuada pela materialidade da vida.

O dístico “minha casa, minha vida” nunca ganhou tanta significação, tanta urgência, tanta denúncia! É o sonho que faz com que o fio da luta não se parta e leve finalmente à saída do labirinto. Mas o insaciável Minotauro derrotado por Teseu, com suas novas faces contemporâneas e sua capacidade de reinvenção, não está assombrando só na Liberdade. Terá que ser derrotado pela coragem e teimosia dos que não se acomodam apenas alimentando o monstro!

Sofia Cavedon – Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre

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BAITASAR

OProfessor pede a palavra, peço silêncio na redação, fico calado (eu sou a redação)

"baitasar, concordo com a nossa vereadora Cavedon, os miseráveis estão na volta, basta abrir as vistas que desejarem enxergar."

Tento argumentar que a corrida do dia-a-dia

"merda, essa corrida... desculpa esfarrapada, não só para os políticos, todos e todas nós."

Ele está com a cuia na mão, penso em lembrar que a água esfria, mas acho que não é o momento

"guri, para os políticos transcrevo essa frase do Olívio

'Política não é profissão, mas uma missão transitória que deve ser assumida com responsabilidade'

e para os civis da política (que se dizem imunes e insujáveis) um pouquinho mais de atenção e discernimento, a vida vai nos fixando no egoísmo e na indiferença, e se você aceita... termina gostando."

OProfessor estende o braço e me oferece o chimarrão.

um diálogo inteligente

Um diálogo estratégico

Cristina Rodrigues no Somos andando




Um dos desafios do Fórum Internacional de Software Livre (Fisl) e da comunidade do software livre de um modo geral é abrir seu nicho, ampliar o debate e o conhecimento para o público em geral. A filosofia do código aberto, do livre compartilhamento de dados, é bonita pelo seu caráter de solidariedade. Mas a parte técnica assusta um pouco o público não acostumado com sua linguagem e sua complexidade.

Participei do Fisl pela primeira vez este ano, em sua 12ª edição, que acontece de 29 de junho a 2 de julho em Porto Alegre. Confesso que este não é exatamente meu chão. Não conheço programação e não domino nenhum tipo de formato e linguagem de desenvolvimento de software. Como blogueira participante de encontros de blogueir@s e militante pela democratização da comunicação, tenho sentido falta de me apropriar um pouco do conhecimento e do debate da ideologia e da tecnologia do software livre. As atividades – blogs e desenvolvimento de software livre – se complementam, dialogam entre si; ou pelo menos deveriam.

Na prática, os públicos, salvo algumas exceções, são bem diferentes, e os debates, também. Mas os objetivos sociais são semelhantes. Ambos partem da – e para a – mesma concepção de pluralidade e transparência. Mas os debates de blogueiros abordam um conteúdo mais político, até porque criar e manter um blog não exige nenhum conhecimento técnico específico muito aprofundado, é mais fácil; o blog se baseia essencialmente no conteúdo.

O debate do software livre, por outro lado, foca mais na plataforma, no que está por trás do conteúdo. Também há um fundo político no que se discute. Afinal, há a ideologia da liberdade e da solidariedade que o sustenta. Mas o debate é muito mais técnico e específico; por isso, apesar de reunir milhares de pessoas e ter uma militância bastante forte, sinto que há dificuldade em dialogar.

Em nenhum momento coloco em lados opostos os movimentos de blogueiros e de hackers do software livre. Não crio uma rivalidade – que não existe – nem critico um ou outro. Eles são diferentes, mas não se contrapõem. Ambos são importantes e complementares; por isso devem dialogar.

Meu objetivo, ao participar do Fisl, não é de virar programadora ou dominar o conteúdo debatido aqui. Até porque é um conteúdo muito especializado, e não é com a participação em um evento que vou me apropriar dele. Aliás, devo dizer que admiro a capacidade do pessoal que está aqui. Minha tentativa é tentar compreender um pouco este mundo para pouco a pouco aproximá-lo do meu – ou vice-versa.

Aproximando-nos, podemos ajudar a ampliar o debate, dos dois lados, e torna-lo mais atraente para quem vê de fora. A ideia é construir uma ponte para um debate comum, respeitando as especificidades de cada um, que fortaleça a luta pela democratização da comunicação e pela liberdade do conhecimento.
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Obs.: Espero não ter errado nenhum termo.

P.S.: Espero em breve conseguir comentar o ótimo debate do Governo Escuta durante o primeiro dia de Fisl.

seu provedor é uol.... cuidado!

“Hacker” da Folha é um tiro no pé

Brizola Neto no Tijolaço



A Folha publica hoje que um “hacker” invadiu o computador pessoal da então candidata à Presidência da República e o do ex-ministro José Dirceu, e tentou vender dados sobre a correpondência de cada um deles ao PSDB e ao PFL.

Historinha mal-contada.

O tal hacker não invadiu o computador de ambos, mas os do UOL, pertencente à empresa que edita a Folha, onde estavam armazenadas as mensagens. Aliás, nem a matéria o nega.

No caso do ministro Dirceu, o “sofisticadíssimo” método de invasão foi dar um telefonema para o UOL e, dizendo ter perdido a senha, conseguir outra que permitiu o acesso à caixa postal.

Qualquer sistema be-a-bá de caixa postal não fornece isso, a não ser para outro e-mail registrado na abertura da conta.

Eu, se tivesse uma conta de e-mail no provedor UOL, a encerraria hoje mesmo.

A matéria bem que poderia ter um título do tipo “UOL permite violação da privacidade de seus clientes”.

Mas aquilo que é mais grave é que a Folha se tornou cúmplice da violação, ao divulgar conteúdo de natureza pessoal e privada, sem nenhuma questão que envolvesse o interesse público.

Diz que o “hacker” pediu dinheiro ao PSDB e ao DEM, e não diz a quem foi pedido. Nem sequer registra que ele se negou a dar nomes.

A matéria não é uma reportagem, é uma confissão.

E ainda tem um projeto determinando que os provedores guardem os dados de acesso e conteúdo de seus usuários, vejam só…

Depois da ficha falsa de Dilma, ficamos sabendo agora que a Folha acha “normal” violar dados de caixas postais do servidor que pertence a ela mesma…

Hiper-Supermercados: quer entender um pouco, não deixe de ler...

Da polêmica é que sai a luz

 

Brizola Neto no Tijolaço



Tirando o Zaffari (gaúcho e que tem os shoppings Bourbon) as outras, fora o Pão de Açúcar, são estrangeiras. A GBarbosa é do grupo Cesconsud, chileno, dono também da mineira Bretas. Com ela, tem 2,5% do mercado.

Hoje cedo, respondendo a um comentarista que foi muito agressivo, escrevi algumas (na verdade, muitas) linhas sobre este assunto Pão de Açúcar-Carrefour. Vou aproveitar a parte delas que não é pessoal neste post, até porque é muito bom que esteja se construindo uma grande polêmica neste assunto, que permite chamar a atenção sobre o tamanho e a concentração do capital neste setor que é, perdoem o trocadilho, um super-hiper-mercado.

De início, coloco aí ao lado o gráfico, com dados que não se dispunha ontem, quando comentamos, aqui, o assunto.

Primeiro, o valor do faturamento. Os R$ 206,1 bilhões representam, para que se tenha idéia, quatro vezes mais que o faturamento de todo o setor sucroalcooleiro (etanol e açúcar) brasileiro, que está em R$ 50 bilhões.

Bem, o que nós diríamos se este setor, como ocorre com o supermercadista, estivesse com 50% de controle em mãos de empresas estrangeiras?

O que é seria absurdo para o setor de álcool e açúcar não é absurdo para a comercialização de alimentos e artigos de uso pessoal e doméstico?

Porque é isso que ocorreria com a passagem do grupo Pão de Açúcar para o francês Casino, ano que vem.

Quem achar isso bom para o país, tem toda a razão de ser contra o negócio. Quem achar que essa turma não se oligopoliza, que “concorre” livremente, que não negocia vantagens extorsivas sobre pequenas empresas que queiram colocar seus produtos nas gôndolas, que esse mercado é “limpinho e cheiroso”, paciência.

Agora, sobre o negócio em si.

A primeira é que a operação é do Bndespar, que pertence ao BNDES mas não opera os recursos do FAT. O Bndespar é responsável por mais da metade do lucro operacional do BNDES, – R$ 5 bilhões, dos R$ 9 bilhões registrados no ano passado. Tem participação acionária em 170 empresas, e nem todas de infraestrutura. Capta dinheiro no mercado, e não é dinheiro público, vendendo seus títulos – se quiser, olhe aqui a última emissão no valor de R$ 1,2 bilhão.

Estas emissões pagam juros “de mercado”, acima da taxa Selic, que remunera os títulos públicos. É, portanto, dinheiro captado no mercado – não do Tesouro – e não é nem financiamento e muito menos financiamento subsidiado.

O Bndespar tinha, ano passado, ativos de cerca de R$ 125 bilhões, dos quais R$ 100 bilhões diluídos em participações acionárias em quase 200 empresas. O volume anunciado de R$ 4 bilhões é enorme, mas muito pequeno dentro deste universo.

Esta operação estaria sendo totalmente criticada aqui se fosse feita com recursos do Tesouro, como muitas do BNDES o são, pagando juros menores. Aliás, como foram feitas muitas, durante as privatizações do Governo FHC. Ou se estivesse usando os recursos paraestatais que pertencem aos trabalhadores, operados pelo BNDES, como o FAT.

Nem tem nada a ver com os financiamentos  do BNDES a pequenas e médias empresas, que pularam de 27% do total de operações do banco, no ano passado, para 45% este ano, no primeiro quadrimestre de 2011.

Agora, não se entra na selva da economia mundial fazendo papel de “dá licença, moço, que eu sou bonzinho”.

As empresas chinesas – grande parte em joint-ventures com multinacionais – estão se implantando por toda a parte e tornando o país uma grande potência econômica com apoio financeiro de seu governo – aliás, o governo chinês anda feito um mascate pelo mundo, atrás de bons negócios e não me consta que eles sejam do PSDB ou do PFL ou qualquer tipo de “neoliberal”.

Dependesse de vontades pessoais, estaríamos todos defendendo que a economia fosse muito mais fortemente estatizada. Mas não depende e, até, muitas vezes independe da vontade de um governo.

Acho curioso que se reclame do BNDES apoiar um movimento que vise evitar que mais da metade do comércio varejista brasileiro fique sob controle estrangeiro. E que, por mínimo que seja, podemos ter uma plataforma internacional de colocação de produtos brasileiros na indústria de alimentos, que é uma de nossas maiores vocações.

Pessoalmente, não tenho pelo senhor Abílio Diniz nenhuma simpatia. Nem compras no seu mercado faço, aliás, porque prefiro os mais populares. E procurei deixar claro que há, no negócio, um detalhe que, talvez por minha incompetência ao descreve-lo – não tenha ficado claro. É que a operação prevê o fim das ações preferenciais do grupo, que seriam transformadas em ordinárias. O que isso quer dizer? Que acaba o direito de participar do lucro sem participar do capital votante (ações ordinárias) e esse passa a ser totalmente distribuído.

Acho que – de tanto ouvir falar que o Estado é ineficiente e corrupto (e tantas vezes com razão) – cultivamos, sem querer, a ideia de que ele não deve, através de suas empresas, de negócios lucrativos.
Honestamente, se você fosse gestor de um fundo de investimentos de sua categoria profissional, recusaria a oportunidade, em condições vantajosas, de ser sócio de de uma rede de super e hipermercados? Provavelmente, não.

Não se tenta aqui, justificar o injustificável. Não se tenta defender os juros altos, a (falta de) ação do Governo em setores vitais, como é o caso do etanol, ou o receio em enfrentar o “mercado”.

Este blog não é da UDN. Aqui, a gente fala e ouve, debate e tenta esclarecer o que é positivo e o que é negativo, na visão de cada um. Não se parte do princípio – tão usado pela nossa imprensa de direita – de que tudo o que o Governo faz é negociata, enquanto tudo o que o Governo Fernando Henrique fazia era em nome da eficiência.

A direita adora este discurso. Hoje é “absurdo” o Estado entrar no setor de varejo. Ontem, era absurdo na mineração, no petróleo, na siderurgia. Para que? Se isso pode ser tocado pela iniciativa privada?

Pode, sim. Mas não de acordo com os interesses nacionais, se o Estado não puder gerar pressões e participar das decisões. Esta história de “só regulação”, sim, é que é uma balela. Ou deveríamos, entrar, criar uma “Anacado”, Agencia de Reguladora dos Supermercados? Com Cade ou sem Cade, alguém pode negar que a economia brasileira está se oligopolizando?

A economia mundial, hoje, é global. E temos de, dentro dela, nos proteger no que é possível e avançar pelos espaços abertos.

Veja: está errado a Petrobras tirar petróleo no Golfo do México, se os americanos abrem seu petróleo para qualquer empresa privada, de qualquer país? Por este raciocínio, a empresa deveria abandonar as atividades lucrativas que tem por lá e só investir aqui. Mas é lucrativo e o lucro gerado lá ajuda a sustentar o baita investimento que a nossa petroleira faz aqui.

Ao mesmo tempo em que fazemos isso, defendemos aqui o nosso petróleo.

Os chineses, que já citei, também estão investindo em toda a parte – eles têm muito mais capital que nós – mas vá você abrir uma empresa lá para ver se eles não condicionam isso à conveniência do país, à participação de capitais nacionais e a exigências de participação no controle estratégico do negócio.

E o negócio de alimentos e varejo é um grande negócio, hoje fortemente internacionalizado. Passou o tempo em que eram negócios familiares – quem é mais velho, como eu, lembra do slogan das “Casas da Banha, uma família – a família Veloso, de origem portuguesa – a serviço do povo”, que nós, cariocas, rapidamente readaptamos para “uma família (aí entrava um verbo impublicável) o povo”. Ou apelar para os sentimentos de rejeição que, historicamente, temos em relação aos atacadistas, lembrando até da expressão, tão viva nos anos 50 e 60, dos “tubarões da Rua do Acre”, que era como estes comerciantes de atacado eram chamados.

Ser progressista e de esquerda é, para não seguirmos o caminho do insustentável, trabalhar com a realidade. Mantendo os princípios e objetivos, mas sabendo ser flexível na forma de agir. E não confundindo o que são nossos desejos pessoais com a realidade econômica, mas nos protegendo – como país e como povo – diante dela.

Seria fácil entrar em “onda”. Seria mais fácil dizer: “ah, que absurdo”. Ou insinuar – às vezes mais que isso – que há aí uma grossa roubalheira, aproveitando  o fato de que a grande maioria não gosta de deixar seu dinheiro nos supermercados – eu, inclusive – e não tem nenhuma simpatia por eles.

Poderia defender, quem sabe, as quitandas e mercearias – e temos mesmo de defender o comércio local – e “esquecer” que vocês e eu, na hora de fazermos compras do mês, vamos a um supermercado, que se tornou um setor indispensável na vida urbana que têm mais de 80% dos brasileiros.

O Governo Lula entrou em vários negócios de fusão e aquisição e nem por isso a gente acha que é “maracutaia”, embora em cada um deles o exame das condições deva ser obejto de análise e, alguns, de crítica.

Não posso encerrar o post sem registrar que o titular deste blog tem uma visão um pouco menos favorável que a que tenho manifestado aqui, com inteira liberdade.Mas a polêmica é boa, e aprendi com o velho Brizola, que lenha boa é a que sai faísca.

Talvez por ser mais velho, o “mais de meio século” já me tenha feito ver que, sem o Estado, o Brasil é uma vítima indefesa da cobiça internacional.

Ela quer o mercado e, como é um predador que devora só as grandes presas, nos deixa ficar com as quitandas e mercadinhos, enquanto eles não falirem, até porque, sem volume para concorrer e pressionar fornecedores, sem cadeias logísticas que trabalhem em larguíssima escala, elas criam um referencial de preço em que lucrar “um pouco menos que o absurdo” nos supermercados é vender barato.

refúgios fiscais e o povo grego que se dane... corruptos lá e cá!

Os refúgios fiscais como ameaça à democracia

por Luiz Carlos Azenha no Viomundo

Deveria ser refúgio ou santuário fiscal, não “paraíso”, definição que surgiu da confusão entre haven e heaven.
Seja como for, os esconderijos de dinheiro sujo não são a exceção, mas a regra do capitalismo em que vivemos.

Diz o excelente Treasure Islands, Tax Havens and the Men that Stole de World, de Nicholas Shaxson.
Do autor eu já tinha lido Poisoned Wells: The Dirty Politics of African Oil, livro obrigatório para quem quer entender a África.

Quais são os maiores refúgios fiscais do mundo?

Caimã? Liechtenstein? Jersey?

Não. Pela ordem, Estados Unidos, Reino Unido e Suiça.

Um único escritório em Wilmington, capital do estado de Delaware, é sede de 217 mil empresas.
O Reino Unido exerce controle indireto sobre uma teia de refúgios fiscais que garantem às grandes corporações sonegação de impostos em todo o mundo.

E os países pobres pagam o preço mais caro, com o encolhimento da base fiscal: “Hoje o 1% no topo dos países em desevolvimento controla de 70 a 90% de toda a riqueza financeira e imobiliária. O Boston Consulting Group avaliou em 2003 que mais da metade de toda a riqueza controlada pelos mais ricos está offshore. ‘O problema não é que esses países não tem bens’, uma autoridade do Banco Central dos Estados Unidos afirmou. ‘O problema é que está tudo em Miami’”.

Outro trecho: “As duas maiores fontes de investimento na China em 2007 não foram o Japão, os Estados Unidos ou a Coreia do Sul, mas Hong Kong e as ilhas Virgens Britânicas. Da mesma forma, a maior fonte de investimento estrangeiro na Índia, acima dos 43%, não foram os Estados Unidos, Reino Unido ou China, mas o refúgio das ilhas Maurício, uma estrela em ascensão do sistema offshore”.

Shaxson argumenta convincentemente que os refúgios fiscais, como espaço político capturado por banqueiros, advogados e contadores, servem de ferramenta para que o mundo das finanças solape instituições democráticas e submeta o interesse público ao dos banqueiros. Como, aliás, temos visto didaticamente nos últimos dias, na Grécia.

o Império dos Bancos... até quando?

Os bancos são um novo império persa

Cristóvão Feil no  Diário Gauche





As imagens são de ontem, quarta-feira 29/6. Observem que o cachorro baio (que dizem ser anarquista, mas sobre isso nada lhes posso assegurar, haveria que perguntar ao próprio) continua em combate. Ele está em quase todas as tomadas, valente, participativo e vanguardista. Viva o cachorro baio! 


De outra parte, é de registrar a observação de Hegel, segundo a qual os fatos relevantes da história ocorrem, por assim dizer, duas vezes. Vejamos: a história antiga ensina que aconteceram grandes guerras de conquista ("guerras de raças", como diz Foucault), povos e territórios foram escravizados, saqueados, destruídos, esbulhados por dezenas, às vezes, centenas de anos. Lembro do velho império persa (século 5 a.C) tão bem reconstruído pela cativante narrativa de Gore Vidal, em sua obra "Criação", de 1981. 


Pois bem, hoje, a Grécia repete um pouco - sob novos métodos, agora, bem mais ideológicos - a saga sacrificial dos povos da Babilônia, da Índia e de partes da China, então, submetidos aos reis da Pérsia, obrigados a se despojarem de tudo para satisfazerem a grandeza material de um reino de força militar e ambição desmedida. A "nova Pérsia", hoje, são os bancos, o sistema financeiro, que obriga países inteiros a se submeterem aos mais severos sacrifícios a fim de manter as burras do sistemão abastecidas do sangue, do suor e das lágrimas de populações inteiras. Sempre contando com autoridades locais (no caso o Pasok - Partido Socialista Grego) para fazerem o trabalho sujo de limpar a área para propiciar o pleno e completo (legalizado sob cerrada chantagem ideológica) saqueio nacional.

RS: tb quer erradicar a pobreza (e a miséria?)


Rio Grande do Sul lança programa de erradicação da pobreza extrema



A ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Tereza Campello, ao lado do governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, participa nesta quinta-feira (30), às 14h30, do lançamento do Programa RS Mais Igual. O objetivo da ação, que segue a linha do Plano Brasil Sem Miséria, é retirar da extrema pobreza 306 mil gaúchos e assegurar a eles o direito a alimentação saudável, moradia digna, educação de qualidade, atendimento de saúde humanizado e trabalho decente. Assim como o plano nacional, o programa gaúcho atuará em três frentes: transferência de renda, acesso aos serviços públicos e geração de oportunidades. Também envolverá várias áreas do governo, num trabalho integrado com a esfera federal, as prefeituras e a sociedade civil.

Na sexta-feira (1º), às 9h30, a ministra estará na Assembleia Legislativa, onde apresentará o Brasil Sem Miséria, cuja meta é retirar da extrema pobreza 16,2 milhões de brasileiros. Com um conjunto de ações que envolvem a criação de novos programas e a ampliação de iniciativas já existentes, em parceria com estados, municípios, empresas públicas e privadas e organizações da sociedade civil, o Governo Federal pretende incluir a população mais pobre nas oportunidades geradas pelo forte crescimento econômico brasileiro.

Atualmente, 445 mil famílias gaúchas são atendidas pelo Bolsa Família e 161 mil idosos e pessoas com deficiência recebem o Benefício de Prestação Continuada (BPC). No estado, funcionam 654 Centros de Referência de Assistência Social (Cras) e 9,7 mil crianças participam do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti). Além disso, 4,4 mil agricultores integram o Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar (PAA).

(As informações são do Ministério do Desenvolvimento Social)

quando os culpados são outros, mas você jura que é inocente

Santayana sobre a revolta na Grécia e a ética dos bancos


Camdessus conhece as vísceras dos bancos

O Conversa Afiada publica texto de Mauro Santayana, extraído do JB:

Os bancos e a ética, segundo Camdessus


por Mauro Santayana


Repetiram-se, ontem, na praça Sintagma, em Atenas, os protestos da população grega contra as medidas econômicas exigidas pelos governos europeus. Elas tornarão ainda mais insuportável a sua vida, com o desemprego, a aflição e a miséria. O parlamento as adotou para que os bancos recebam novos empréstimos e, com eles, paguem suas dívidas internacionais. Também ontem, El Pais divulgava declarações significativas de Michel Camdessus, que foi diretor geral do FMI durante 13 anos (de 1987 a 2000). O economista francês resumiu a crise atual “à falta de ética na atuação das grandes instituições financeiras internacionais”. A ânsia do lucro a qualquer custo – falou quem conhece as entranhas do sistema – levou ao abandono de todas as cautelas morais,  além de nítidos procedimentos criminosos.


Camdessus sugere mudança revolucionária na atuação do Fundo Monetário Internacional. Propõe, de saída, que os Estados Unidos e a Europa percam o poder de veto de que dispõem na direção colegiada do organismo. E defende maior presença e efetiva decisão aos países emergentes, como são os Bric. Voltamos, assim, ao senso comum: os estados e suas instituições devem estar a serviço dos cidadãos, dos indivíduos, e não se submeterem aos interesses dos ricos e poderosos. A moeda é a expressão da soberania dos povos, mediante os governos, e não instrumento restrito ao uso e abuso dos banqueiros.


O mundo dá voltas, mas o bom senso é o mesmo. Seria interessante voltar ao início da Revolução Burguesa, ou seja, do movimento intelectual, político e insurrecional do século 18, a fim de recuperar o melhor de suas idéias e projetos. Em termos históricos, esse processo continua em andamento, e há tempo de corrigir seus desvios e prosseguir.


Um dos primeiros pensadores modernos a associar a indagação filosófica às questões sociais, Hegel, toca nas glândulas da injustiça, em um de seus textos juvenis (que, nele e em outros autores, costumam ser os mais limpos e significativos). Em seus Escritos Teológicos da Juventude, Hegel tem uma passagem, ao mesmo tempo evocativa e profética, que transcrevo, valendo-me da citação que dele faz Marcuse, em Reason and Revolution:


Em Atenas e em Roma, guerras vitoriosas, o acréscimo das riquezas e a descoberta do luxo e de diversas comodidades, fizeram nascer uma aristocracia militar e financeira que destruiu a República e acarretou a perda completa da liberdade política.


O leitor, naturalmente poderá trocar os dois impérios antigos, o ateniense e o romano, pelo grande império contemporâneo, o dos Estados Unidos, e a análise será a mesma. Já em 1797, Hegel faz outra constatação, que mostra a  forte contradição interna do Iluminismo, ao apontar que a “segurança da propriedade é o eixo em torno do qual gira toda a legislação moderna”. Os legisladores não se preocupam, assim com os homens e sua felicidade.


No passado, o saqueio colonial era garantido pela violência militar e pela hipocrisia das missões religiosas. Hoje, basta a ação dos grandes banqueiros,  assegurada pelo poder bélico e diplomático dos governos que eles mesmos criam e controlam.


Deixemos os páramos da inteligência em que se moviam os filósofos da teoria política, de Aristóteles a Hegel, e fiquemos no pragmatismo de Camdessus: é hora de colocar coleiras e mordaças nos banqueiros, a fim de lhes reduzir o apetite feroz de lucros imorais, e restaurar o mínimo de decência ao sistema financeiro. O melhor mesmo seria destruir todo o sistema e colocar sob o controle direto dos cidadãos, mediante instituições novas, o senhorio sobre a moeda e as operações bancárias. Para isso é preciso que os cidadãos desalojem dos Estados os que nele se encontram a serviço do dinheiro.


Uma reflexão final sobre os que deveriam ser julgados como  criminosos contra a Humanidade pelo Tribunal de Haia. Talvez fosse  melhor que, em lugar de Kadafi, cuja prisão foi decretada, ali estivessem os banqueiros de Wall Street e os que mandam matar civis no Iraque e no Afeganistão e torturar  em Guantánamo.

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BAITASAR

OProfessor reclama

"baitasar, lá, como aqui, o dinheiro e o lucro corrompem santos e demônios."

Escândalo:
FHC assinou sigilo eterno sem ler

Saiu no UOL:

FHC volta a dizer que assinou sem ler decreto de sigilo eterno


BRENO COSTA

DE BRASÍLIA


O ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso voltou a afirmar nesta quinta-feira que assinou o decreto que cria o sigilo eterno em relação a determinados documentos produzidos pelo governo sem saber do que se tratava.


“Fiz sem tomar conhecimento. Foi no último dia do mandato, tinha uma pilha de documentos e eu só vi dois anos depois. O que é isso? Mandei reconstituir para saber o que era”, afirmou FHC ao chegar ao gabinete do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). 

 

NAVALHA

Ele diz qualquer coisa.

E assina também.

Paulo Henrique Amorim

o mundo do capital está definhando?

Leonardo Boff: Crise terminal do capitalismo?

Viomundo

Já nos meados do século XIX Karl Marx escreveu profeticamente que a tendência do capital ia na direção de destruir as duas fontes de sua riqueza e reprodução: a natureza e o trabalho. É o que está ocorrendo. A capacidade de o capitalismo adaptar-se a qualquer circunstância chegou ao fim.

por Leonardo Boff, em Carta Maior
Tenho sustentado que a crise atual do capitalismo é mais que conjuntural e estrutural. É terminal.
Chegou ao fim o gênio do capitalismo de sempre adaptar-se a qualquer circunstância. Estou consciente de que são poucos que representam esta tese. No entanto, duas razões me levam a esta interpretação.
A primeira é a seguinte: a crise é terminal porque todos nós, mas particularmente, o capitalismo, encostamos nos limites da Terra. Ocupamos, depredando, todo o planeta, desfazendo seu sutil equilíbrio e exaurindo excessivamente seus bens e serviços a ponto de ele não conseguir, sozinho, repor o que lhes foi sequestrado. Já nos meados do século XIX Karl Marx escreveu profeticamente que a tendência do capital ia na direção de destruir as duas fontes de sua riqueza e reprodução: a natureza e o trabalho. É o que está ocorrendo.

A natureza, efetivamente, se encontra sob grave estresse, como nunca esteve antes, pelo menos no último século, abstraindo das 15 grandes dizimações que conheceu em sua história de mais de quatro bilhões de anos. Os eventos extremos verificáveis em todas as regiões e as mudanças climáticas tendendo a um crescente aquecimento global falam em favor da tese de Marx. Como o capitalismo vai se reproduzir sem a natureza? Deu com a cara num limite intransponível.

O trabalho está sendo por ele precarizado ou prescindido. Há grande desenvolvimento sem trabalho. O aparelho produtivo informatizado e robotizado produz mais e melhor, com quase nenhum trabalho. A consequência direta é o desemprego estrutural.

Milhões nunca mais vão ingressar no mundo do trabalho, sequer no exército de reserva. O trabalho, da dependência do capital, passou à prescindência. Na Espanha o desemprego atinge 20% no geral e 40% entre os jovens. Em Portugal 12% no país e 30% entre os jovens. Isso significa grave crise social, assolando neste momento a Grécia. Sacrifica-se toda uma sociedade em nome de uma economia, feita não para atender as demandas humanas, mas para pagar a dívida com bancos e com o sistema financeiro. Marx tem razão: o trabalho explorado já não é mais fonte de riqueza. É a máquina.

A segunda razão está ligada à crise humanitária que o capitalismo está gerando. Antes se restringia aos países periféricos. Hoje é global e atingiu os países centrais. Não se pode resolver a questão econômica desmontando a sociedade. As vítimas, entrelaças por novas avenidas de comunicação, resistem, se rebelam e ameaçam a ordem vigente. Mais e mais pessoas, especialmente jovens, não estão aceitando a lógica perversa da economia política capitalista: a ditadura das finanças que via mercado submete os Estados aos seus interesses e o rentismo dos capitais especulativos que circulam de bolsas em bolsas, auferindo ganhos sem produzir absolutamente nada a não ser mais dinheiro para seus rentistas.

Mas foi o próprio sistema do capital que criou o veneno que o pode matar: ao exigir dos trabalhadores uma formação técnica cada vez mais aprimorada para estar à altura do crescimento acelerado e de maior competitividade, involuntariamente criou pessoas que pensam. Estas, lentamente, vão descobrindo a perversidade do sistema que esfola as pessoas em nome da acumulação meramente material, que se mostra sem coração ao exigir mais e mais eficiência a ponto de levar os trabalhadores ao estresse profundo, ao desespero e, não raro, ao suicídio, como ocorre em vários países e também no Brasil.

As ruas de vários países europeus e árabes, os “indignados” que enchem as praças de Espanha e da Grécia são manifestação de revolta contra o sistema político vigente a reboque do mercado e da lógica do capital. Os jovens espanhóis gritam: “não é crise, é ladroagem”. Os ladrões estão refestelados em Wall Street, no FMI e no Banco Central Europeu, quer dizer, são os sumossacerdotes do capital globalizado e explorador.

Ao agravar-se a crise, crescerão as multidões, pelo mundo afora, que não aguentam mais as consequências da superexploracão de suas vidas e da vida da Terra e se rebelam contra este sistema econômico que faz o que bem entende e que agora agoniza, não por envelhecimento, mas por força do veneno e das contradições que criou, castigando a Mãe Terra e penalizando a vida de seus filhos e filhas.

piratas e mentiras da europa falida

A verdade sobre os “piratas” da Somália


Diário Gauche



Um documentário imperdível sobre o badalado assunto da pirataria nas águas internacionais da Somália (leste da África). Como sempre, a imprensa internacional oculta as motivações e a realidade dos fatos noticiados. Antes disso, trata de criar versões mentirosas e distorcidas sobre um país que vive há anos em pleno "estado de natureza", numa insólita situação hobbesiana, sem governo estabelecido, em guerra civil permanente, fome generalizada, centenas de milhares de refugiados, guerra de raças, etc.


Como se isso não bastasse, a Somália ainda é vítima da pesca ilegal de grandes companhias, mas sobretudo, mais recentemente, serve de depósito de lixo tóxico e nuclear de empresas europeias e asiáticas. Veja tudo isso em 23 minutos deste importante documentário. Ao final, você verá que o alcance geopolítico e econômico do caso somali alcança muitos e importantes interesses das esgotadas economias centrais.

festival

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Nuvens de chuva ameaçam os milhares de espectadores do Festival Anual de Música de Glastonbury (sul da Inglaterra) em 24 de junho, sexta-feira passada.

Matt Cardy/Getty Images

quarta-feira, 29 de junho de 2011

traidor ou traíra?


Traíra: Cerra negociou com EUA sobre PCC e ignorou Itamaraty



Publicado originalmente na Pública:

Serra, governador, pediu ajuda aos EUA contra ataques de PCC


Nova leva de documentos do Wikileaks revelam que Serra queria treinamento para lidar com bombas e ameaças no transporte público, que seriam de autoria da facção


Por Daniel Santini, especial para a Pública


Publicado originalmente pela Pública – livre reprodução desde que citada a fonte (CC)


Assim que assumiu o poder como governador de São Paulo, em janeiro de 2007, José Serra (PSDB) foi procurar o embaixador dos Estados Unidos no Brasil Clifford M. Sobel para pedir orientações sobre como lidar com ataques terroristas nas redes de metrô e trens, atribuídos por membros do governo paulista ao PCC.


O encontro foi o primeiro de uma série em que, como governador, Serra buscou parcerias na área de segurança pública, negociando diretamente com o Consulado Geral dos Estados Unidos, em São Paulo, sem comunicar ao governo federal. É o que revelam relatórios enviados à época pela representação diplomática a Washington e divulgados agora pela agência de jornalismo investigativo Pública, em parceria com o grupo Wikileaks.


Os documentos, classificados como “sensíveis” pelo consulado, são parte de um conjunto de 2.500 relatórios ainda inéditos sobre temas variados, que foram analisados em junho por uma equipe de 15 jornalistas independentes e serão apresentados em reportagens ao longo desta semana. Os telegramas que falam dos encontros de Serra com representantes dos Estados Unidos também revelam a preocupação do então governador com o poder do Primeiro Comando da Capital (PCC) nas prisões.


Após tomar posse como governador, a primeira reunião de Serra com representantes dos Estados Unidos, realizada em 10 de janeiro de 2007, é descrita em detalhes em um relatório no dia 17.


Na conversa, que durou mais de uma hora, Serra apontou a segurança pública como prioridade de seu governo, em especial na malha de transporte público, disse o Estado “precisava mais de tecnologia do que de dinheiro” para combater o crime e indagou sobre a possibilidade de o DHS (Departament of Homeland Security) treinar o pessoal da rede de metrô e trens metropolitanos para enfrentar ataques e ameaças de bombas.


Semanas antes, três bombas haviam explodido, afetando o sistema de trens, conforme noticiado à época.


Em 23 de dezembro de 2006, um artefato explodiu próximo da estação Ana Rosa do Metrô. No dia 25, outra bomba explodiu dentro de um trem da CPTM na estação Itapevi, matando uma pessoa, e uma segunda bomba foi encontrada e levada para um quartel. Em   2 de janeiro de 2007, um sargento da Polícia Militar morreu tentando desarmar o dispositivo.


Segundo o documento diplomático, “membros do governo acreditam que o Primeiro Comando da Capital (PCC) pode ser o responsável pelos episódios recentes”.


O secretário de Transportes Metropolitanos, José Luiz Portella, chegou a entregar uma lista com questões sobre procedimentos adotados nos Estados Unidos e manifestou interesse em conhecer a rotina de segurança do transporte público de Nova York e Washington.


Também participaram desse primeiro encontro o chefe da Casa Civil Aloysio Nunes Ferreira, o secretário de Segurança Pública, Ronaldo Marzagão, o secretário de Transportes, Mauro Arce, o coordenador de segurança do Sistema de Transportes Metropolitanos, coronel Marco Antonio Moisés, o diretor de operações do Metrô Conrado Garcia, os assessores Helena Gasparian e José Roberto de Andrade.


Parceria estabelecida


As conversas sobre as possíveis parcerias entre o governo de São Paulo e os Estados Unidos na segurança da rede de metrô e trens metropolitanos continuaram na semana seguinte, quando Portella  se reuniu com o cônsul-geral em São Paulo, o adido do Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos (Departament of Homeland Security – DHS) no Brasil e o responsável por assuntos políticos do consulado.


O encontro aconteceu em 17 de janeiro de 2007 e foi relatado em relatório no dia 24.


Acompanhado do secretário adjunto de segurança pública, Lauro Malheiros, e de outras autoridades da área, Portella falou sobre as dificuldades encontradas pelo Metrô em garantir a segurança da rede e informou sobre a tragédia ocorida nas obras da estação Pinheiros, dias antes (12 de janeiro de 2007), quando um desabamento provocou a morte de sete pessoas. No relatório, os representantes dos Estados Unidos destacam que a linha amarela é a primeira Parceria Público-Privada do Brasil e que o projeto foi lançado em meio à “grande fanfarra”.


Portella falou sobre os episódios anteriores de bombas e ameaças no metrô e “respondeu a uma série de questões preparadas pelo adido do DHS sobre a estrutura da rede” e disse que depois que as inspeções foram reforçadas, por causa das ameaças de bomba, mais pacotes suspeitos foram encontrados, e que mesmo “um saco de bananas ou de roupa suja” têm de ser examinados, o que provocava atrasos e paralisações no metrô. Novamente o PCC é mencionado: “Autoridades acreditam que a organização de crime organizado Primeiro Comando da Capital (PCC) pode ser responsável pelos ataques e relatam a prisão de um membro do PCC responsável pelo assassinato de um juiz em 2002”.


No final, Portella designou, então, o coronel da Polícia Militar José Roberto Martins e o diretor de Segurança do Metrô Conrado Grava de Souza para dar continuidade à parceria proposta.



Itamaraty


Nos meses seguintes, Serra voltou a se encontrar com representantes dos Estados Unidos e insistir em parcerias para lidar com o PCC.


Em 6 e 7 de fevereiro, conversou com o subsecretário de Estado dos EUA para Negócios Políticos, Nicholas Burns. De acordo com relatório de 1º de março de 2007, falou no encontro sobre a “enorme influência” que a organização tem no sistema prisional no Estado e pediu ajuda, incluindo tecnologia para “grampear telefones”.


Sua assessora para assuntos internacionais Helena Gasparian agradeceu a assistência na questão da segurança nos transportes públicose afirmou que a participação dos Estados Unidos foi “imensamente útil”.


Diante da sugestão de novas parcerias, o subsecretário Burns e o embaixador Sobel ressaltaram que seria importante obter aprovação do governo federal e destacaram que o Ministério de Relações Exteriores, o Itamaraty, “é às vezes sensível quanto a esses assuntos”.


O relatório afirma que “o governo estadual talvez precise de ajuda para convencer o governo federal sobre o valor de ter os Estados Unidos trabalhando diretamente com o Estado”. Serra disse que ele gostaria de falar com a mídia sobre a necessidade dessa ajuda.


Questionado pela agência Pública sobre esses relatórios, o professor Reginaldo Nasser, especialista no estudo de relações internacionais, de segurança internacional e de terrorismo da PUC de São Paulo, criticou a postura dos governador Serra e disse que acordos deste tipo devem ser intermediados pelo Itamaraty.


“Os Estados Unidos têm pressionado o Brasil para colocar terrorismo no Código Penal e o país até agora resistiu. Este tipo de acordo é uma relação de Estado para Estado e precisaria passar pelo governo federal”, explicou, destacando que, desde os ataques de 11 de Setembro, os Estados Unidos assumiram uma postura de polícia internacional. “Agentes agem com ou sem autorização em outros países, prendem, torturam e assassinam”, diz.


A assessoria de imprensa do Itamaraty disse que ninguém se posicionaria sobre as revelações dos documentos. Procurado por meio de sua assessoria, o ex-governador José Serra não retornou o contato da reportagem.

 

NAVALHA






Trata-se de um ato de traição.

Um governador de Estado negociar com um
embaixador estrangeiro à revelia do Governo
Federal.

Um ato de traição que demonstra, na essência,
o caráter separatista da elite de São Paulo.

Desde a fundação do Partido Republicano
Paulista, no fim do século XIX, à “revolução
constitucionalista de 32” é assim: primeiro,
São Paulo; o resto é o resto.

Não é a primeira vez que o WikiLeaks flagra Cerra
de joelhos diante dos americanos:
foi assim quando ele prometeu à Chevron entregar o pré-sal.

Observe-se, também, que, em lugar de informar o Itamaraty, Cerra ia usar
o PiG (*).

“Vender”, terceirizar a segurança de São Paulo através do PiG (*).

Alguma novidade ?

Clique aqui para ler sobre “FHC, Cerra e o bispo de Guarulhos e a
Ética dos Tucanos, segundo Max Weber”.

Como diria o Mauro Santayana, a propósito de um
diretor da Vale que foi à encarregada de negócios da embaixada americana
entregar os planos estratégicos da empresa, só tem um jeito: tratar esse pessoal a bala,
diria Floriano Peixoto.


Paulo Henrique Amorim


(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa
qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a
importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político –
o PiG, Partido da Imprensa Golpista.