sexta-feira, 29 de abril de 2011

Usina do Gasômetro: hoje está sólida, tombada e reformada, incorporada no cenário de Porto Alegre

80 anos da Usina do Gasômetro, um patrimônio cultural



Ela já foi vital para a cidade, abastecendo a população com energia e gás; hoje abastece com cultura e lazer, já esteve ameaçada de demolição, assim como o Mercado Público; hoje está sólida, tombada e reformada, incorporada no cenário de Porto Alegre, como o Mercado.


Majestosa, a Usina do Gasômetro ergue-se às margens do Guaíba, como um marco definitivo, incorporado na paisagem da cidade. Centro cultural e ao mesmo tempo um ponto turístico, a velha Usina surgiu em 1928, pertencendo à Cia Energia Elétrica Riograndense, subsidiária da multinacional americana Eletric Bond and Share. A nova Usina trouxe problemas: suas chaminés despejavam a fuligem do carvão sobre as casas, nascendo aí a necessidade de uma nova chaminé, mais alta, que foi erguida em 1937 ficando com 117metros, na administração de Alberto Bins. Quem imaginaria a cidade hoje sem a famosa chaminé da Usina, um dos referenciais paisagísticos da cidade?
O complexo arquitetônico da Usina recebeu esse nome devido à proximidade com a antiga usina de gás de hidrogênio, na rua Washington Luiz, que fornecia gás para iluminação pública e abastecimento de fogões. A construção da Usina tem estrutura em concreto armado. O edifício inicialmente era dividido em três casas: Casa das Caldeiras, Casa das Máquinas e Casa dos Aparelhos. Toda estrutura da fundação deste grande prédio é formada por imensos blocos maciços de concreto, assentados sobre rocha granítica. Quanto às fachadas, eram todas revestidas com emboço/reboco do tipo “Sirex” procurando mascarar a estrutura, com elementos em estilo neoclássico.

A Usina, finalmente tombada

     Durante décadas a Usina cumpriu o seu papel de abastecer Porto Alegre até que, com a crise petrolífera em 1974 e a falta de condições para atender a demanda de energia, cada vez mais crescente, foi fechada. Assim como o Mercado Público, as autoridades da época pensaram em demolir o prédio. A sociedade civil, especialmente a comunidade cultural, se mobilizou e reagiu contra um possível atentado à memória cultural da cidade. Até que, em 1982, a Eletrobrás transferiu o uso do terreno para o município. Neste mesmo ano, o governo estadual fez o tombamento da chaminé e, no ano seguinte, o governo municipal fez o mesmo com o prédio da Usina. Pronto, a Usina estava salva. E em 1989 é estabelecido um novo destino para a velha Usina, quando ela é destinada exclusivamente para fins culturais.
Usina, surge um novo espaço cultural

    A partir de 89 a Usina, firma-se, então, como uma nova opção de espaço cultural na cidade, passando a ser gerida diretamente pela Secretaria Municipal de Cultura. Seminários, shows e apresentações culturais passaram a ser freqüentes, ao mesmo tempo em que a população começava a freqüentar o seu entorno. Grandes eventos passaram a ter a Usina como palco, como a Feira Latino Americana de Americana de Artesanato, o Salão Internacional da Imprensa, a Bienal, entre outros.

     Caco Coelho, o atual diretor da Usina ressalta a recente reforma, foi um novo processo de democratização para a escolha da cor da pintura que o prédio recebeu. Ele informa que a parceria com a sociedade civil envolveu mais de 40 entidades e que mais de 5 mil pessoas estiveram envolvidas na escolha da cor. A Usina, segundo Caco, tem como papel fundamental ser um pólo fo-mentador de arte na cidade. E abre os números: em três anos foram mais de cinco mil atividades culturais, destacando-se a realização da 5ª Bienal, que levou 387 mil pessoas para ver suas obras e a exposição comemorativa aos 50 anos da RBS, “No Ar”, visitada por outras 360 mil pessoas. Hoje a Usina abriga 10 companhias de arte e outras 30 estão indiretamente envolvidas.
Teatro Elis Regina, a novidade para 2008

     São 50 trabalhadores envolvidos em oito coordenações, que incluem teatro, cinema, descen-tralização da cultura, artes plásticas, manifestações populares (carnaval), dança, tradição e folclore. Entre os seus principais equipamentos destacam-se a sala de cinema P.F. Gastal, as Galerias Iberê Ca-margo e Galeria dos Arcos, o Memorial da Usina, além de outros espaços para exposições, como a Galeria Lunara (para fotografia) e mais cafés, salas para espetáculos, mostras, shows e outras intervenções artísticas. Mas, para 2008, em comemoração aos 80 anos, a grande novidade será a inauguração do Teatro Elis Regina, esperado ansiosamente pela comunidade artística. E, principalmente, pelo respeitável público.

Foto: Thais Maciel

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