quinta-feira, 31 de março de 2011

eu tive um pesadelo...


Apenas um pesadelo

BAITASAR

Imaginávamos que hoje, na redação do blog do baitasar, seria apenas mais um dia.

Mudamos de imaginação com a chegada do Professor.

Veio com o chimarrão e a térmica (chaleira de guardar a água chiada) nas mãos, mas nos olhos se percebia a sua tristeza.

Todos na redação (eu) ficaram calados.

Ele sentou e serviu um chimarrão.

Tudo bem devagar, parecia querer ouvir a água chiada se despejando da garrafa térmica nas ervas do mate

"aceita, guri?"

Estendi a mão, em silêncio.

Permanecemos calados.

Não podíamos falar.

Sobre bobagens, talvez.

Pensei dizer coisas sem importância, quem sabe, fazer o tempo se encurtar, como se ele pudesse ou quisesse.

Coloquei a bomba na boca e permaneci silencioso.

Ele sentado à porta, olhando e escutando as botinas marchando.

As baionetas fechando as bocas e rasgando os uniformes da liberdade, as palavras e os pensamentos caiam nas calçadas e sarjetas.

As botinas cada vez mais nervosas derrubavam portas e marchavam nas casas, nos becos sem saída, queriam isolar e encarcerar a consciência das ideias

"guri, o mate vai esfriar."

Faço a bomba roncar.

Acabou

"ainda não, baitasar."

Devolvo o mate em silêncio.

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