domingo, 27 de fevereiro de 2011

as mulheres do Egito

As mulheres da Praça Tahrir

Revista Fórum


Durante todo o processo que levou à queda de Mubarak, as egípcias participaram ativamente das manifestações. Elas voltaram à praça nesta terça-feira, para continuar a luta por “democracia, melhores condições de vida e liberdade” e demonstrar solidariedade à vizinha Líbia.

Por Adriana Delorenzo, do Cairo

A Praça Tahrir, principal palco da ‘revolução’ do Egito, foi de novo ocupada por manifestantes nesta terça-feira, 22. Nada comparado à quantidade de gente dos 18 dias de protestos que derrubaram Mubarak, mas isso não significa dizer que havia pouca gente por lá. E hoje, como em todos os outros dias, segundo os manifestantes, havia muitas mulheres na Praça.

A maioria delas usa hijab ou niqab. O primeiro é um véu que cobre apenas a cabeça e é usado em diferentes cores, estampas e modelos. Já com o segundo, só é possível ver os olhos da mulher. Poucas são as que não usam um dos dois. Mas com ou sem véu, as mulheres se revezam com os homens no grito das palavras de ordem e nos discursos.

“Mubarak caiu, mas não significa que o sistema mudou, por isso estamos aqui”, diz Nour Kamel, publicitária de 23 anos. “Hoje também estou aqui para apoiar o povo da Líbia.”

O dia 25 de janeiro foi o primeiro protesto na vida de Nour, desde então ela está participando das manifestações. Ela contou que ficou sabendo do movimento pelo Facebook e decidiu ir. “No primeiro dia que eu vim, minha família ficou muito preocupada”, afirma.

Mas ela diz que, apesar dos confrontos com a polícia, quem estava na Praça era muito solidário e colaborativo. “As pessoas aprendiam e ensinavam umas com as outras, estavam lutando pelo que realmente queriam.” Sobre a participação feminina, explica que não viu qualquer tipo agressão ou violência sexual. Diz ainda que em todas as manifestações esteve sozinha e que sempre foi tratada com respeito.

Já a egípcia Marwa Mohamed , 27 anos, estava na Praça pela primeira vez hoje. Ela mora perto do local e viu todo o movimento pela janela da sua casa. “Queremos democracia e liberdade, não só no Egito, mas na Líbia, Iraque, em todos os países árabes”, diz ela. “Vi muitas pessoas morrerem da janela do meu apartamento, na frente dos meus olhos, chorei muito".

Os egípcios estimam que 300 pessoas tenham sido mortas devido à repressão policial. Na Praça Tahrir, muitos cartazes homenageiam esses ativistas. Quase todos jovens. E não só homens, também mulheres.

Mohamed, um senhor que estava na praça nesta terça-feira, contou que se engajou no movimento no dia 28. “Quem veio primeiro foi minha filha, no dia 25 de janeiro. Ela viu no Facebook e veio. Ficava ligando o tempo todo para saber se ela estava bem. Tenho maior orgulho dela”, diz ele.

Foto por Adriana Delorenzo

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