domingo, 2 de janeiro de 2011

para a zinha da folha o violino é do lula, mas a orquestra é do fhc(?)

Para Catanhêde, sucesso de Lula foi conseguido por FHC



A coluna era sobre como Lula alçou o Brasil no cenário internacional e se transformou em um dos homens mais importantes do mundo. Mas de repente se transformou em uma defesa de tese, que inclui Fernando Henrique na história e praticamente o responsabiliza pelos sucessos dos oito anos de seu sucessor.

Na Folha.com, Eliane Catanhêde assina o texto que muda o foco do título (“Lula encerra a década como um dos homens mais importantes do mundo”) já no terceiro dos curtos parágrafos característicos do jornal e lê a história recente do Brasil com olhos que bem poderiam estar em um rosto do PSDB.

Resumidamente, Eliane afirma que a balança está desajustada quando a sociedade vê Lula como um deus e FHC como um fiasco. Que tem0s que equilibrar as contas e equiparar os pratos para fazer justiça à história. Que teremos uma visão menos turva quando “recuperada a realidade de que os dois governos fazem parte de um único processo”.

Não, Eliane, não fazem. Lula não rompeu com alguns dos pilares do governo anterior, mas mudou completamente o objetivo e a prioridade do governo. Inverteu a lógica da política no Brasil. Só como exemplo, em 2002, vítima do “Estado mínimo” (sem esquecer que um Estado mínimo presta também serviços mínimos à população, mas isso não era prioridade), o Brasil ingressou no serviço público federal 30 pessoas. Em 2003, foram 7.220. Em 2010, o número já havia saltado para 32.302, até setembro.
De submisso, o Brasil virou soberano.

As diferenças gritam.

Mas Eliane insiste na visão deturpada que sem sucesso se tentou emplacar na campanha deste ano de que os frutos colhidos por Lula foram resultado de uma política plantada por FHC. E que Lula teria ainda dado a sorte de contar com um cenário internacional mais positivo, ou “uma avalanche de dinheiro” que chegou até nós. Nada de crise internacional ou coisa do gênero, na qual, ela esquece, o Brasil foi um dos poucos que não naufragou. Bobagem, o governo Lula deu certo por mero acaso e pela herança que recebeu. Ou, como diz a repórter, por uma “relação de causa e efeito”.

“É como se fizesse o governo de FHC, mas com dinheiro e um olhar mais focado no social.” Lula seria, talvez, um FHC melhorado. O texto não traz a compreensão de que esse “olhar focado no social”, ainda que fosse a única diferença entre os dois governos, já seria uma diferença gritante, total. Todo o mérito a FHC, segundo Catanhêde. No texto, é a herança do antecessor que garante o sucesso de Lula.

Se os brasileiros veem de outra forma, decerto é porque estão cegos diante de “seu imenso carisma, sua vibrante biografia e sua decantada capacidade de comunicação com pobres e ricos”. Puro marketing. Pena que FHC não contratou comunicadores de tão alto nível para garantir uma imagem positiva, já que essa é a única causa do sucesso do governo.

Catanhêde dedica, ainda, boa parte do espaço a criticar a corrupção, mas aí esquece de FHC. Quando é para falar dos pontos positivos, a comparação grita, e programas do PSDB são citados como cruciais. Quando o foco são os pontos negativos, é Lula e só Lula o retratado. Aí não existe comparação, não existem similares anteriores, não há compra de votos para a reeleição, por exemplo.

Até na política externa, a área mais bem sucedida do governo, Eliane só vê problemas. Esquece o crescimento do Brasil no cenário internacional, não vê G20, liderança regional, solidariedade internacional, aproximação com a África, tentativa de construção de uma cultura de paz. Enxerga só as gafes, como se fossem o ponto mais importante diante de toda essa transformação nas relações exteriores.

Em poucas palavras, para Catanhêde, Lula até pode ser o cara, mas só por enquanto. Só enquanto não se derem conta que se trata de um mito.

Atenção, 87% dos brasileiros que aprovam Lula, vocês não enxergam, não veem bem. Leiam Catanhêde, a única com uma visão lúcida da realidade, para entenderem em que mundo vocês vivem.

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