quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

a gente avisa daqui e vocês daí(!)

SOS Rio Pelotas questiona matéria de ZH sobre “obras” de Pai-Querê

Enviado por Paulo Brack

Do blog SOS Rio Pelotas

A capa da Zero Hora de 12 de dezembro de 2010, se intitula: As promessas ao RS que Lula deixa para Dilma. Entre as “pendências” do governo Lula ao estado na área de energia, o jornal da RBS coloca a Hidrelétrica de Pai-Querê na categoria “avançou” no status “em obras”. A previsão de operação da usina seria para 2011.

Segue a carta de Adriano Becker à Zero Hora:

Prezado pessoal do jornal Zero-Hora, se a Usina Hidrelétrica Pai-Querê estiver realmente em construção no rio Pelotas, como divulgado na ZH de 12/12/2010, isso acontece de maneira irregular e fora da lei, pois até o momento o empreendimento não conta nem com a Licença Prévia do Ibama. Com ou sem as licenças ambientais previstas em lei, a construção da UHE Pai Querê, se efetivada, acarretará prejuízo ambiental – e, consequentemente, social e econômico para a coletividade a longo prazo – muito maior que o benefício dos meros 292 MW de energia previstos no pico de geração, pois os milhares de hectares de florestas e campos naturais a serem destruídos pela barragem e seu lago integram a Área Núcleo da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica no RS e SC, e são consideradas de Alta Prioridade para a Conservação da Biodiversidade pelo Ministério do Meio Ambiente, por conterem inúmeras espécies de animais e plantas raras, endêmicas e ameaçadas de extinção. Também devemos considerar que a região contém grande potencial turístico pela beleza singular de suas paisagens naturais. Informo, ainda, que área a ser diretamente afetada pela obra em questão já foi indicada por vários cientistas como a única e mais própria para “compensar” o enorme passivo ambiental da Usina Hidrelétrica de Barra Grande, o qual até hoje continua pendente, passados mais de 5 anos desde a sua consumação. Se a sociedade deseja mesmo alcançar o desenvolvimento sustentável, ele não passa por obras como Pai-Querê; por outro lado, o Brasil e o RS, absolutamente, não irão “parar” pela falta de 292 MW.



De fato, a obra da hidrelétrica de Pai Querê está longe de começar, o que foi constatado pela saída realizada pelo Diretório Acadêmio do Instituto de Biociências da UFRGS e o Instituto Gaúcho de Estudos Ambientais, um mês antes da publicação da notícia. O local estava intocado, com todo seu esplendor e sua biodiversidade. Mesmo após a manifestação em frente ao Grupo RBS, no dia 23 de setembro (ver aqui), juntamente da entrega de um documento que explica sobre toda a situação do Rio Pelotas-Uruguai, cobrando a falta de notícias sobre o assunto pela mídia, o jornal parece não ter dado importância ao fato e cometeu mais um de seus “erros”. Além disso, faltou avisar ao Lula, à Dilma e à RBS que essa promessa não é bem-vinda.

Para saber mais sobre a UHE Pai Querê acesse aqui.

Foto: Trecho do Rio Pelotas próximo onde estaria previsto o canteiro de obras da UHE Pai Querê (SOS Rio Pelotas)

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