domingo, 28 de novembro de 2010

pimenta nos olhos dos outros é festa

Ortodoxia liberal? Só para os outros

RS Urgente



Em um pequeno mas agudo artigo publicado no jornal Público, de Madri, o economista José Maniel mostra que, enquanto defende a ortodoxia liberal para apertar as rédeas dos demais países, os EUA aproveitam sua posição de domínio para dar um show da mais absoluta heterodoxia, com o objetivo de animar os mercados financeiros com uma injeção de liquidez de US$ 600 bilhões, esperando que isso acabe animando o pulso da conjuntura econômica em geral. Enquanto os estados da União Europeia tratam penosamente de apertar o cinto, os EUA emitem dinheiro para comprar sua própria dívida.


Com tanto empenho para “sair da crise” está se perdendo de vista o horizonte de racionalidade e falta de solidariedade que vinha sendo apontado pela atual globalização financeira. Neste mundo financeiramente globalizado, mas econômica e socialmente fragmentado, as urgências para “sair da crise” acabaram também eclipsando as críticas ao sistema monetário internacional e às práticas que motivaram essa crise.

Em princípio, considerou-se que a crise era o resultado lógico da dinâmica de funcionamento do capitalismo financeiro. Portanto, o objetivo de favorecer a estabilidade do sistema monetário internacional exigia questionar essa dinâmica estabelecendo novos mecanismos de regulação e controle que não chegaram a se concretizar de modo efetivo. O contexto que marcou a recente reunião do G-20 confirmou o desgoverno das finanças planetárias.

Pouco antes dessa reunião teoricamente orientada para coordenar as políticas dos países, os Estados Unidos, líder mundial das finanças, decidiu unilateralmente emitir 600 bilhões de dólares destinados a comprar sua própria dívida pública. Ou seja, quando os estados da União Europeia tratam penosamente de apertar o cinto e sanear suas dívidas, os EUA encomendam a seu próprio banco central a emissão de dinheiro para comprar suas próprias dívidas. Depois de tanto criticar Madoff e outros magos das finanças por emitir títulos sem respaldo ou contrapartida alguma, os EUA fazem o mesmo impunemente em uma escala muito maior para recomprar suas próprias dívidas.

Em resumo, enquanto defende a ortodoxia liberal para apertar as rédeas dos demais países, os EUA aproveitam sua posição de domínio para dar um show da mais absoluta heterodoxia, com o objetivo de animar os mercados financeiros com tal injeção de liquidez, esperando que, com isso, acabe animando também o pulso da conjuntura econômica em geral.

Estas medidas já não apontam para incentivar a demanda ou o emprego, mas sim para alimentar diretamente e sem rodeios esse coquetel explosivo de abundante liquidez barata e de desregulação e relaxamento da disciplina financeira que justamente originou a crise. Em vez de favorecer o investimento produtivo mediante estímulos keynesianos, está se preparando o caldo de cultivo propício para que prosperem novas bolhas que serão novamente fonte de instabilidade.

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BAITASAR

O Baitasar é um ajudante (mas não está às ordens) do blog do mauro, sem salário ou qualquer pagamento de serviço prestado (ainda estamos discutindo, entre uma rodada de chopp e um pacote de pipoca, qual é o serviço que ele pode prestar), olhou bem nos olhos, está em frente ao espelho do banheiro (tanto chopp precisa sair), a caneca em uma das mãos.

A outra mão está agarrada na cordinha da caixa d'água (ele fala como se estivesse de mexerico, não escuto direito) a voz do Baitasar se confunde com a descarga de água

"Eu te disse, só essa porcaria do fhc pra acreditar nos gringo e mostrar a nossa bunda pra eles, sim senhor, não senhor, vamos fazer... sim senhor. Façam o que nós mandamos, mas não façam o que fazemos".

Ele sai do banheiro e pede mais um chopinho

"Precisou vir um nordestino botar esses gringos no lugar deles."

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