quinta-feira, 25 de novembro de 2010

a guerrilha no Araguaia

Os restos mortais da guerrilha do Araguaia


Do Portal Luís Nassif

Do Blog de Paulo MP Oliveira

Restos mortais da Guerrilha do Araguaia estão na Universidade de Brasília para análise

Da UnB

Restos mortais da Guerrilha do Araguaia serão analisados

Juíza autoriza liberação de material que está sob guarda de professor da UnB. Secretaria de Direitos Humanos coordenará identificação

Thássia Alves - Da Secretaria de Comunicação da UnB

Os quatro conjuntos de restos mortais de desaparecidos políticos da Guerrilha do Araguaia que estão sob os cuidados da UnB serão analisados por laboratório especializado contratado pela Secretaria de Direitos Humanos do governo federal.

As ossadas estão sob a responsabilidade do professor do Departamento de Patologia, Malthus Fonseca Galvão, no Hospital Universitário de Brasília (HUB). A determinação é de Solange Salgado, juíza da 1ª Vara do Distrito Federal, com a intenção de identificar os ossos por meio de técnica conhecida como SNP.

Solange Salgado também autorizou escavações no Cemitério de Xambioá (TO) realizadas no final de agosto pelo grupo que conduz as buscas desde 2009 – ver foto na página inicial do Portal.

O professor, que recebeu a determinação da juíza em 4 de novembro, explica que essa tecnologia tem maior probabilidade de sucesso em materiais que sofreram muita deterioração. "Seja em função do contato com a umidade ou com a terra há degradação do DNA", explica Malthus.

Secretário-executivo da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos da Secretaria de Direitos Humanos, Pedro Pontual participou de reunião com o reitor José Geraldo de Sousa Júnior, o vice-reitor João Batista, o diretor do HUB Gustavo Romero e o professor Malthus para acertar detalhes da retirada do material. "Estamos escrevendo um capítulo que estava em branco na história do Brasil", disse o reitor.

SEGURANÇA – Os restos mortais estão em urnas individuais, colocadas sob prateleiras. Duas portas garantem a segurança das ossadas. Uma com três fechaduras do tipo tetra e outra com dois grossos cadeados. As fechaduras foram trocadas sob determinação da juíza. Elas possuem segredo independente e as chaves correspondentes devem ser entregues ao professor, ao representante da SDH e ao representante do HUB.

"A abertura da sala com restos mortais de possíveis participantes da Guerrilha somente poderá ocorrer com a determinação do depositário fiel (...) e na presença concomitante dos representantes antes mencionados", afirma Solange em sua decisão. A juíza pede ampliação da sala, pois o espaço pode não ser suficiente para abrigar outras urnas.

O professor, que também é diretor do IML-DF, é responsável por elaborar um plano de trabalho que deverá contemplar o HUB e a SDH nas ações de retirada do material que será examinado. "A ideia é que cada um possa participar desse trabalho. Essa é uma possibilidade para trabalharmos respeitosamente a escritura da trajetória do país", disse Galvão.

A Guerrilha do Araguaia foi um dos momentos mais importantes de resistência à ditadura militar brasileira. Cerca de 80 militantes do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) instalaram-se às margens do rio Araguaia entre 1967 e 1974, principalmente na cidade de Xambioá, no extremo norte do Tocantins.

O Exército precisou de quatro expedições para derrotar os militantes, a maioria jovens estudantes. Depois da última operação, comandada pelo Major Curió, menos de 20 sobreviveram após as investidas do Exército Brasileiro na região, entre 1972 e 1974. Em 2009, por determinação da Justiça, foi constituído o Grupo de Trabalho do Tocantins, com a missão de localizar restos mortais de desaparecidos políticos da guerrilha. São essas ossadas que estão hoje sob a guarda da Universidade de Brasília. As expedições continuam, procurando vestígios de corpos em áreas de cemitérios clandestinos da região.

A execução de guerrilheiros nunca foi assumida pelo Exército, que até hoje não abriu seus arquivos sobre o ocorrido. Antes do Grupo de Trabalho do Tocantins, já houve outras tentativas de se encontrar os corpos dos combatentes assassinados e enterrados anonimamente. Em 2008, surgiram fotos de soldados do Exército posando ao lado de dois cadáveres (veja acima). Segundo reportagem do jornal Folha de S. Paulo, que localizou os negativos, um dos corpos seria o do médico João carlos Haas Sobrinho, um dos líderes do PCdoB.

Até hoje, apenas um corpo exumado em Xambioá foi identificado, o da guerrilheira Maria Lúcia Petit.

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