domingo, 28 de novembro de 2010

as eleições no dce da ufrgs e a imprensa gaúcha

A grande imprensa gaúcha e as eleições para o DCE

Chapéu do Sol

Primeiramente, é importante ressaltar que esse artigo não pretende seguir os padrões normais da análise de imprensa. Classificá-lo-ei, inclusive, na editoria de opinião. Sinceramente, tá mais um desabafo. Um desabafo que tentará ser breve. Ou seja, não vou buscar muito nos arquivos, vasculhar a blogosfera, mexer no tuíter. Não vou tirar print screen, copiar, colar no paint ou então usar o scanner pra comprovar tudo o que escrevo. Vou, simplesmente, proferir.


Uma coisa que é legal pra caramba na UFRGS é ver a mobilização dos estudantes na política. É bem verdade que o cara acaba, por vezes, se decepcionando. É bem verdade, também, que não são todos os estudantes que fazem isso. Pelo contrário. A abstenção, nas últimas eleições, chegou a mais de 80%. Tudo tem o seu peso, mas não muda o fato de que as eleições para o Diretório Central dos Estudantes da UFRGS são importantíssimas, sendo este um órgão que representa (ou deveria representar) interesses da sociedade em geral. Pública como ela é, isso se torna mais evidente. A inclusão popular é uma meta e precisa ser atingida.

Tão relevante para a política gaúcha, não deixa de se passar nos jornais. A grande imprensa busca situar o seu público, muitas vezes desinteressado ou não conhecedor dos fatos que acima explanei. No entanto, apressadinha como é, mal intensionada como é, cheia de outras terefas que os editores-chefe julgam mais importante, acaba por publicar mentiras. Talvez nem seja por querer. Mesmo. Talvez o coitado do jornalista tenha ido pra rua cobrir as eleições do DCE, a reunião de definição das secretarias do governo do Estado pelo Tarso Genro, o discurso do Plínio na ESEF, tenha sido obrigado a ficar de plantão, como um bobo, na frente do prédio da Dilma no Assunção… tudo isso num período de uma hora, uma hora e meia. Talvez duas.

Entendo a questão do deadline (tempo limite para a feitura de alguma pauta). Esse próprio blogue adotou o sistema de deadline. Podem ver que sai um artigo por dia. De vez em quando, falhamos. Mas tentamos. E falhamos pelo motivo simples de não querer escrever por escrever, embora isso ocorra quase sempre devido às nossas tarefas intermináveis que vão além desse espaço. Vez que outra sai uma porcaria muito grande escrita por aqui. Culpa do deadline. E isso meio que estraga o jornalismo. Ao mesmo tempo que é necessário (ainda mais para um diário), também complica com matérias com falta de informação, ou informação falsa e irrelevante.

Um certo jornal da capital gaúcha, conhecido por ser a cartilha do empresariado, foi o primeiro a tratar as eleições do DCE da UFRGS. Me lembro que até ia rolar postagem sobre isso por aqui, pois a matéria (se é que se pode chamar aquilo de matéria, de tão pequena) era extremamente descartável. Isso foi lá no início das eleições, quando as chapas nem estavam definidas. O título – e eu até tenho o exemplar do Jornal do Comércio dessa data aqui, mas não vou pegar pra conferir – era algo como “Estudantes da UFRGS pedem [ou exigem, algo do gênero] voto pelo Portal do Aluno”. Mentira. Alguns alunos reivindicavam isso. A situação, representada pela direita. Lembro que ficou parecendo que todos os milhares de alunos da universidade queriam voto pelo Portal.

Mas isso foi pouca coisa. O grandíssimo periódico da Rede Brasil Sul, situado entre as avenidas Ipiranga e Érico Veríssimo, é que foi mais além. Já com as eleições ocorrendo, divulgou que uma militante do PSTU, da Chapa 3, teria agredido um rapaz do dobro do tamanho dela. As testemunhas são inúmeras. Tem até vídeo no YouTube. E nada da Zero Hora se retratar. Até a notinha que divulga a vitória da oposição vem “jogando verde”. Faz questão de dizer que o pleito foi tumultuado (como se algum pleito, algum dia, pudesse não ser tumultuado, de certa forma), mesmo ele tendo corrido com certa normalidade. Engraçado que, no ano passado, quando quem ganhou foi a turminha dos reaças, daí se puxaram na matéria.

Vou me dar o trabalho de citar um trecho curto:

Dias antes do pleito, um estudante registrou queixa na Polícia Cicil por suposta agressão cometida por integrantes da chapa vitoriosa. Na segunda-feira, outro aluno teria tentado roubar uma ata de uma urna.


Atas rasgadas da FACED

Legal é que quando quem comete a agressão (que não ocorreu) é da chapa da esquerda, fazem questão de dizer. Esqueceram de falar que o “outro aluno” que teria tentado roubar a ata de fato a roubou e, mais do que isso, rasgou-a. E ele era ligado à chapa derrotada, a da direita. Zero também coloca em dúvida o próprio pleito. Ao invés de buscar entrevistas dos dois lados, de entrevistar talvez um advogado, ou um especialista no tema, se limita a isso. Textinho que não fede e nem cheira. Não diz nada.

Os exemplos poderiam multiplicar-se. Inclusive os bons. A boa editoria de Ensino do Correio do Povo, que eu me lembre, tratou as eleições com bom espaço físico no jornal e matérias que não pecavam com informações falsas (apenas a tradicional falta de conteúdo do CP). Fica de conclusão que as reclamações acerca da grande mídia não são bobas. Quem vive o momento noticiado, quem se envolve com os fatos, percebe como o jornalismo é mau praticado. Um outro modelo de jornalismo existe, e ele é possível. Não está na faculdade. Está no conhecimento, na luta, nas ruas. Um brinde aos que resistem.

Iván Marrom

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BAITASAR


O Baitasar, um ajudante do blog do mauro, sem salário ou qualquer pagamento de serviço prestado (ainda estamos discutindo, entre uma rodada de chopp e outra de fritas, qual é o serviço que ele pode prestar), é inconformado com essas coisas de falsidade e neutralidade ideológica da grande mídia. Depois de descobrir um aliado latino-americano (ele tem a mania de achar que do México pra baixo é tudo latinoamérica, inclusive o Brasil) com o peso de um Nobel, ficou insopitável

"A Imprensa usa a liberdade para tirar a liberdade!

Miguel Ángel Asturias "

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