quinta-feira, 16 de setembro de 2010

estou cansado da rasputin e dagente que briga, mas não sai da banca

Bocejo de Sísifo XXXI



por Paulo Jonas de Lima Piva

Estou cansado.

Mas calmo.

Cansado do pensar institucional.

Cansado.

Cansado da leitura-fichamento, de ficar comentando o pensamento dos outros, de violentar palavras alheias, cansado.

Cansado das pessoas reacionárias, de cristãos, evangélicos, espíritas e de suas mitologias infantis.

Cansado de racistas enrustidos, de machistas, homofóbicos e de burgueses posando de solidários e esquerdistas.

Estou cansado da humanização dos automóveis e da coisificação das pessoas.

Cansado das leis opressoras da gramática, de ter de calcular vírgulas e pontos para disciplinar erupções.

Cansado dos sorrisos burocráticos e simpatias mecânicas.

Cansado mesmo.

Mas calmo.

Ouvindo Wander Wildner.

Bebendo um café...

Cansado do escrito-relatório, de tomar rémedios contra mim mesmo.

Cansado do amor-cobrança, do sexo sem perversão.

Cansado de cada cigarro tragado próximo à minha janela.

Cansado.

Cansado da mania de aristocratismo das baratas.

Cansado da sordidez neoliberal do alto clero do jornalismo brasileiro.

Cansado.

Mas ouvindo Wander Wildner...

Cansado dos iludidos com os seus títulos e seus saberes vazios.

Cansado dos Djavans e de toda a merda kitsch dos MPBs-Bossa nova dos barzinhos classe média universitária que só quer o diploma.

Cansado.

Das mulheres com corpo, rebolado e calça baixa de bacantes e atitudes de madre Tereza de Calcutá.

De ter de avaliar no caos.

Cansado.

Muito cansado.

Ouvindo Wander Wildner.

Bebendo outro café.

Bocejando para o Absurdo...

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