terça-feira, 24 de agosto de 2010

Moeda com dois lados iguais

Terra admite: Fogaça e Yeda estão do mesmo lado

Por Marcelino Korst

Que a saúde do Rio Grande do Sul não vai bem, até as seringas usadas no Postão da Vila Cruzeiro sabem. Nem poderia ser diferente. Os dois últimos governos do Estado, de Germano Rigotto (PMDB) e de Yeda Crusius (PSDB) deixaram tanto a desejar nesta área que o Poder Judiciário precisou intervir. Sim, as administrações de Rigotto e Yeda foram condenadas judicialmente por não cumprirem a lei. É que a Constituição Brasileira obriga os governadores a destinarem 12% da Receita Líquida do Estado para a saúde e nem o governador do PMDB e nem a governadora do PSDB fizeram isso.

O que pouca gente se dá conta é que o Secretário da Saúde de Rigotto era o mesmo de Yeda: Osmar Terra.

Deputado federal duas vezes eleito pelo PMDB e novamente candidato à reeleição, desta vez Terra pode enfrentar dificuldades para obter um novo mandato. É que na região Noroeste, de onde saem a maioria de seus votos, pesquisas indicam que a saúde é a principal preocupação dos eleitores. Se os adversários associarem o fato de Terra ter sido secretário da área por oito anos…Mas não é só isso: em Santa Rosa e adjacências, alguns eleitores começam a reclamar que, por duas vezes, votaram em Terra pensando em garantir uma representação forte da região em Brasília, mas ele passou quase todo o tempo de seus mandatos como secretário de Rigotto e de Yeda.

Para piorar, Terra não esconde de ninguém que seu candidato a presidente é o tucano José Serra cuja rejeição, segundo a última pesquisa CNT/Sensus, já atinge 40%.

Se não fosse suficiente, Terra ainda vive outro dilema: na Secretaria de Saúde, os cerca de 70 Cargos de Confiança (CCs) que ele nomeou estão propensos a não acompanhar o ex-chefe na escolha do candidato a governador. Terra vota em Fogaça mas os CCs da Saúde parecem dispostos a votar em Yeda já que ela os manteve em seus empregos mesmo depois da saída do secretário.

Terra percebeu o problema e reuniu a “cecezada” para enquadrá-los. Sem argumento melhor para convencê-los a votar em Fogaça, acabou por produzir uma verdadeira confissão. Disse ele que não há motivos para constrangimentos porque tanto Yeda quanto Fogaça, “estão do mesmo lado”. Como Fogaça, ao menos oficialmente, não saiu do muro em relação a Dilma ou Serra, a dedução lógica da fala de Terra é que as candidaturas do PMDB e do PSDB ao governo do Estado não têm diferença. E, em se tratando de alguém que esteve nos governos dos dois partidos, não há mesmo razão para duvidar.

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