sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Como formar leitores?

“Formar leitor, só no livro de papel”

Rosely Boschini, presidente da Câmara Brasileira de Livro (CBL), realiza palestras e congressos sobre o livro digital

Amilton Pinheiro

A 21ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, que acontece até dia 22 na cidade, realizou, antes da abertura do evento, no dia 12, um ciclo de palestras para discutir o livro digital e seu impacto no mercado editorial. A Câmara Brasileira do Livro (CBL) organizou o debate, por meio de sua presidente, Rosely Boschini. Em seu segundo mandado como presidente da CBL, Rosely, que foi primeira mulher a assumir o posto, vem acompanhado de perto a discussão, por saber que é de suma importância para todos os envolvidos com o mercado do livro. Toda a cadeia de produção passará por mudanças drásticas com o advento do livro digital. Rosely já intuiu a tendência desde que organizou o 1º Congresso Internacional do Livro, em março de 2009.

“Na Europa e nos Estados Unidos, a transição (do livro de papel para o livro digital) está em uma etapa bastante avançada. Nos EUA, no próximo ano, os lançamentos de livros eletrônicos devem superar os lançamentos de livros em papel, o chamado livro físico. Os livreiros (brasileiros) ficaram assustadíssimos com esse cenário. Eles acreditam que a coisa apenas estava começando”, analisou Rosely, em entrevista exclusiva para o site da Brasileiros, no estande da CBL dentro da Bienal. Apesar de acreditar que o livro digital será muito importante para continuidade dos negócios no mercado editorial, ela ainda acredita que o livro de papel não deixará de ser lido e produzido no futuro. E vai mais além, ao afirmar que só o livro de papel é capaz de formar novos leitores. “Por acreditar nisso, ainda insisto no livro de papel”. Mas não deixa de ser pragmática ao completar o pensamento: “Mas sem abrir mão do livro digital”.

Leia abaixo os principais trechos da entrevista de Rosely Boschini.

Brasileiros – Como a Câmara Brasileira do Livro (CBL) vem acompanhando a entrada e o crescimento do livro eletrônico no mercado editorial brasileiro?
Rosely Boschini
- Em março do ano passado, a gente (CBL) fez uma parceria com a Feira de Frankfurt (considerada a maior feira de livros do mundo, realizada anualmente na cidade alemã) e a Imprensa Oficial do Estado de São Paulo para a realização do 1º Congresso Internacional do Livro. Vieram vários especialistas do livro digital, tanto dos Estados Unidos quanto da Europa, e também do Brasil. Nós fizemos esse evento sem muita expectativa de público. Mas tivemos uma adesão maravilhosa. Agora, dentro da Bienal Internacional do Livro de São Paulo, realizamos o Fórum Internacional do Livro e trouxemos três especialistas do livro digital, que foram Mike Shatzkin, Jean Paulo Jacob e John Thompson (os temas debatidos pelos palestrantes foram O Futuro do Livro Impresso num mundo digital; Os livros na era digital e O Futuro já não é mais o que era). O que aconteceu durante esse evento? Estimamos um público baixo e vieram em torno de 500 pessoas. Percebemos que os livreiros participantes das palestras ficaram assustados com o cenário descrito pelos palestrantes. Eles pensavam que a presença do livro digital no mercado editorial no mundo ainda era pouco significativa.

Brasileiros – Qual foi o cenário apresentado pelos três palestrantes?
R.B. – Na Europa e nos Estados Unidos, a transição está em uma etapa bastante avançada. Nos EUA, no próximo ano, os lançamentos de livros eletrônicos devem superar os lançamentos de livros em papel, o chamado livro físico. Os livreiros (brasileiros) ficaram assustadíssimos com esse cenário. Eles acreditam que a coisa estava apenas começando.

Brasileiros – A Câmara Brasileira do Livro, quando realizou o 1º Congresso Internacional do Livro, já estava atenta a essas mudanças no mercado editorial de fora?
R.B.
– Nesse congresso, estávamos buscando conhecer e entender todas as mudanças que estavam acontecendo lá fora. Queríamos, com isso, o máximo de informações para passar aos profissionais que trabalham com o mercado do livro no Brasil. Com base nessas informações, os editores, por exemplo, tiveram um norte para se adaptarem à nova realidade, que vem chegando a galope. Quando a gente fala de acesso ao livro, o livro digital é mais uma possibilidade desse acesso.

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