sábado, 31 de julho de 2010

Conversas de rapadura e chimarrão com o Presidente

O abismo não nos espera.

Presidente, permita-me uma pequena observação.

O que foi Marko?

Presidente, obrigado por nos devolver a esperança!

Obrigado, por sua confiança.

Presidente, a esperança no homem e na mulher, independentemente da maneira como se manifesta e se diz pertencente, precisa ser permanentemente mobilizada para recriar as condições humanas de ser mais. Esperar o que se deseja é o natural, a necessidade que transcende a biologia e vem se assentar em nossa condição humana, no desejo que existe na palavra e na reflexão que impregna nossa ação. E é esta palavra carregada com nossos desejos que aviva a práxis voltada para o humano que se quer sendo mais humana, recriadora das possibilidades e oportunidades que nos aproximam. Sonhar esperança é pensar a vida com um chá refrescante de hortelã na xícara, em nossas mãos, quentinho e aconchegante, que necessita ser sorvido, tomado delicada e decisivamente, sem esperar que amorne ou esfrie. A esperança do chá está na sua delicadeza e na sua maneira diferente de observar e influir na vida, na saúde da existência.

A pedagogia antibiótica dos truculentos se revela ineficaz para acabar com o analfabetismo porque acaba com o analfabeto, tira-lhes a própria vida. Antes dos conteúdos está o amor capaz de nos aliviar aos poucos um pouco mais, antes que o tempo veloz engula e impeça de estarmos juntos, novamente, descobrindo que o amor não é paz, mas a contradição do outro e da outra em mim mesmo. Assim, na diversidade, deveríamos ajudar o mundo a mudar.

Marko, você é um obstinado no crédito que dá ao ser humano educador.

Presidente, fico pensando naqueles e naquelas desesperançadas por pura teimosia, se negam existindo e fazendo o seu teatro histórico, têm medo de narrar e registrar a sua biografia, não acreditam que podem escrever a sua própria fábula, fogem de si mesmos. Não se acreditam e querem nos impedir. Jogam nossas cabeças no abismo da fatalidade e do destino. Navegam na desesperança e na aposta imoral que os ventos não mudam, não circulam, não aumentam, tudo é fruto da manipulação imaginativa, e por isso, também, se impedem de imaginar e sonhar. Os desesperançados têm medo de encontrar a verdade nos pesadelos das suas fantasias e ilusões opressoras, teimam que a esperança não existe como um ato de mudança, como um fato do cotidiano, como uma xícara com chá de hortelã.

O destino pode ser torcido e retorcido até a dor intensa da consciência ou ficar dominado moralmente pelos desatinos do medo. Juram que não confiam no que fazemos porque o que fazemos não vai mudar nada do que sempre foi assim, não acreditam que existe beleza no trabalho de educar com esperança na palavra do outro que nos educa. A sua desesperança maliciosa e ordeira reclama que não existe o outro, nem querem entender.

Precisamos escutar o que esperam de nós, as pessoas querem apenas que a gente governe pensando em melhorar a vida de todos.

Corro atrás de uns goles de chá de hortelã.

Marko, invejo quem na sua esperança mobiliza a realidade a sua volta na busca da transformação, não sou queixoso, minha inveja não é invejosa, não é melancólica, é alegria. Precisamos pensar e atuar com esperança e não nos deixarmos invadir pela desesperança do mundo, do outro e a nossa própria, formada nos momentos de desilusão com o cotidiano. Criemos com as nossas mãos e coração o mundo da esperança, da igualdade social, do pensamento livre e da voz que não se cala, mesmo quando tagarela ou aprisionada e submetida ao silêncio pelo poder de homens e mulheres sem alma.

Saúdo as pessoas que estão sempre atentas à diversidade, às diferenças, não para jogá-las em um gueto ou estufa, mas para se aproximarem do verdadeiro combate corpo a corpo, mantendo-se éticas verdadeiras na sua luta contra um mundo excludente e falso, que valoriza o ter mais e esconde sob as mentiras das armas e da mídia a nossa necessidade ontológica de ser mais.

Saudemos a vida!

Maromar

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