domingo, 16 de maio de 2010

Parece que já morremos.

A notícia só é notícia enquanto o corpo ainda está quente.
Será isso que ensinam nas escolas de jornalismo ou é máxima de patrão ansioso por vender? Não sei, mas talvez fosse mais prudente que as pessoas usando dos microfones e canetas e câmeras para informar, primassem pelo bom senso e não pelo sensacionalismo. Tivessem o bom senso de não acusar, mas de noticiar os fatos... independente das consequências ou do mau humor do patrão. Hoje, parece que quando um veículo de comunicação apresenta uma notícia de determinada maneira, em primeira mão, os demais tem que seguir necessariamente o mesmo caminho, com um pouco mais ou um pouco menos de sensacionalismo. Condenam e produzem o caos tão rapidamente quando vão embora.
Todos somos descartáveis quando deixamos de ter importância para as vendas.
Enfim, essa é a sociedade de consumo que vivemos, onde os fortes, belos e inteligentes são reverenciados pelo mercado das bijuterias baratas, próprias para enfeitar as vitrines com nossos olhos de consumir. Nada mais natural que nossas crianças sigam nosso exemplo de humanidade, valorizando o bonito, útil, forte e valente; desprezando o feio, diferente, fraco, deficiente ou pouco inteligente. O desprezo antes feito veladamente, hoje, assume as proporções das competições que colocamos à disposição dessas crianças. Pobres ou ricas. Letradas ou analfabetas. Coloradas ou gremistas. Meninos ou meninas. Católicos ou protestantes. O certo mesmo, é que estamos surdos para nosso coração.
Não escutamos mais suas batidas, me parece que já morremos.

Um comentário:

mauro baitasar disse...

Oi Mauro! Casualmente passei por uma situação dessas semana passada, não com meu filho, mas com a filha da minha secretária aqui de casa. A menina foi muito agredida por um grupo de garotas que implicou com a roupa dela. Situação muito desagradável, pois ela precisou trocar de escola já que os pais resolveram reclamar por não aceitarem o que havia acontecido. Estou achando bastante preocupante o que vem acontecendo. Alguns casos são confusões normais que sempre aconteceram entre os adolescentes, porém outros preocupam pela crueldade e extensão (até ameaças aos familiares) das agressões. O que mais impressinou também foi o fato de ter havido o registro de l7 casos semelhantes entre a segunda feira de manhã e a terça a tarde da semana passada, periodo em que ficamos mais envolvidos com a situação da nossa companheira aqui de casa. Esse número foi repassado diretamente a ela por funcionária responsável na central de vagas. Tem muito mais casos do que a imprensa vem divulgando, e imagino que concentrados em algumas regiões da cidade. Só tem aparecido o extremo, quando acontece morte.
Ainda não visitei teu blog, mas pergunto: o que fazer numa situação assim? Ficar a mercê dos agressores? A minha amiga precisa trabalhar para sustentar os quatro filhos, não tem como acompanhar as crianças até a escola todos os dias, aqui em casa ela começa as 9h e sai 17h. A menina agredida tem apenas 13 anos e os irmãos menores, além dela é claro, estão com muito medo de voltar à escola. Ela só conseguiu tranferir a maior. Os menores continuam na mesma escola. É complicado, pois não me parece que alguém esteja disposto a enfrentar essa situação de frente e apontar soluções plausíveis. Discurso tem muito, mas para quem sente na pele as palavras soam muito inúteis, vazias...

Abraço

Ana