sábado, 22 de maio de 2010

Justiça Social

Para qualquer começo de conversa esclareço que não sou economista, nem vocação tenho para entender os números, procurei dedicar minha vida em entender a mim mesmo e as pessoas, é uma tarefa difícil em todos os sentidos. Tive diversas fases durante estes 53 anos, mas tenho tempos demarcados claramente pela leitura. O primeiro autor na adolescência que lembro de ler foi Júlio Verne, Viagem ao redor da Lua, inesquecível, depois fiz a viagem ao centro da terra. Em seguida entrei no mundo dos crimes misteriosos da Agatha Christie, um pouquinho mais adiante centrei meu interesse nos romances de Arthur Hailey, Morris West, Frank G. Slaugter e tantos outros. Li devoradamente as Seleções de Livros da Reader’s Digest, junto com a auto-ajuda do Roberto Shinyashiki, Leo Buscaglia, até que me deparei com Paulo Freire e as suas pedagogias. Confesso que fiquei um bocado do meu tempo comendo e bebendo daquela afetividade pedagógica. Na educação pré ou pós-moderna ainda não conseguimos superar o conceito Freuriano básico, que para mim é a amorosidade como significado de libertação consciente do oprimido.

Ai, fui apresentado a Saramago, Lobo Antunes, Mia Couto, Aqualusa, Neruda, Ferreira Gullar, Anton Makarenko e seu Poema Pedagógico, Maiakovski e sua poesia revolucionária, João Cabral de Mello Neto, Fernando Pessoa, Dostoiésvki e seu crime com castigo, Mario Benedetti, Abelaira e a tantos mais que ficou impossível voltar atrás, me contentar com pouco ou nada.

E por estas razões, acredito que a verdadeira combustão para mudanças permanentes no coração e na mente são os livros. Jovens, na boa, vale muito mais a pena um bom livro ou um bom cinema que qualquer triller de páginas ou vídeos, seja em 2D ou 3D.

Por isso, acho tão hilário quando amigos tentam arremeter contra o governo Lula defendendo o triller do Déficit Zero do desgoverno Yeda.

Escolas estaduais do RS com bibliotecas fechadas e nem um livro sequer comprado para as bibliotecas escolares. Nenhum. Mas me curvo a coerência, somos governados como se o governo fosse uma empresa e não tivesse por obrigação primeira melhorar a vida das pessoas. Empresas na lógica do capital precisam dar lucro com o sangue das pessoas. Comprar livros para as bibliotecas escolares não gera lucros e muito pejuízo. O desgoverno Yeda não compra nenhum. As classes populares não precisam ler... é sua obrigação estar preparada para o mercado de trabalho operário ou do subemprego. Somos contabilizados como prejuízo a ser eliminado. Plano de carreira em extinção.

O governo Lula não tem déficit zero, mas na sua conta tem 11 milhões de empregos, a criação de 10 Universidades Federais, 214 Escolas Técnicas e a entrega sistemática de muitas centenas de livros para todas as bibliotecas escolares do Brasil (literatura ficcional para todas as idades). Esses livros custam caro, eu sei, mas mudar a perspectiva destes quinhentos anos de escravidão física, cognitiva ou afetiva tem um preço a ser pago. Quando recebemos tantos livros para colocar na mira de nossos alunos eu mando as favas este triller de terror chamado Déficit Zero.

Nossa escola ficou abaixo da média de aprovação da avaliação nacional.

O que fez o governo Lula?

Possibilitou recursos que chegam diretamente na escola (vem para uma conta específica gerenciada pela escola) sustentam os projetos que a comunidade escolheu como necessários para nossas crianças. Mais livros literários chegaram para nossa biblioteca escolar como apoio as ações pedagógicas. Isso tem custo? Claro, mas precisamos desacomodar dessa lógica de custo zero, enquanto ficamos engaiolados reclamando da violência urbana.

O que fez o desgoverno Yeda?

Também quero saber!


Postado por maromar

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