quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

A Origem das Coisas

Dê um tempo para si mesmo e acesse o endereço abaixo.

http://www.unichem.com.br/videos.php

Você assistirá o vídeo Uma Verdade Inconveniente.

Depois de assistir ao vídeo fiquei matutando sobre para quem é inconveniente este vídeo. Matutei, pensei, juntei os prós e os contras, arquitetei fórmulas de acusar os governos, as grandes corporações, comecei por juntar as provas. e não são poucas. De repente, olhei para os meus lados, isso mesmo, para os escassos metros quadrados em que estou agora, fiquei assustado. Meus Deus, como acumulei coisas desnecessárias. Lixo histórico da minha vida. Coisas que já estão fora de uso, se algum dia tiveram algum uso. Eu sou um desses caras. Aquela seta amarela do vídeo sou eu, sou uma seta. Fui transformado em uma seta amarela de consumo. Pior, me deixei metamorfosear, sou o camaleão do consumo. Quando entro nas lojas, as minhas necessidades vitais vão sendo transformadas, na medida que aparecem novas bugigangas para devorar. Sou construído pelo fogo da transformação das minhas vontades de ter, ter, ter, e ter mais. Claro, que como citado no vídeo, tenho dois empregos. Trabalho 60 horas por semana. Estou na contramão da história? Trabalho 12 horas por dia e, nas minhas horas de folga, vejo televisão, faço compras (geralmente, no supermercado. Essas lojas facilitam nossa vida, está tudo ali: alimentos, roupas, cadeiras, mesas, computadores, pratos, talheres... Lembram de mais algum produto que esqueci? Viu? Está tudo ali!).
E a invenção do cartão de crédito? É uma facilidade, vamos, não minta! Eu praticamente não lembro como são essas cédulas antiquadas de troca, o dinheiro. Ele não circula mais nas minhas mãos. É verdade! O fruto do meu trabalho, daquelas 12 horas diárias, vai para o banco que administra os meus recursos. O banco me avisa quando ultrapassei os limites do meu crédito, mas se eu achar importante, ou não, eles podem aumentar o meu crédito. E, assim, sem sair de casa e com um simples toque no teclado do computador, posso continuar a consumir. E o dinheiro? Faz um bom tempo que não o vejo, mas não posso esquecer as minhas senhas de acesso. Cheque e dinheiro fazem parte do meu passado.
Um dia essas lojas me fizeram sentir que era um dinossauro, que viveu o tempo das moedas, comprar carne no açougue, balas no boteco da esquina e do famoso caderninho da venda. Estou escutando minha mãe, Mauro, vai comprar pão e pede para o seu Ivo colocar no cardeno! O caderno era o nosso cartão de crédito plastificado dos dias de hoje. A diferença é que o dono do armazém nos trancava o crédito se não fosse feito o pagamento da semana. Sem dinheiro sem compras. O jeito era ir até os secos e molhados da outra rua e abrir outro caderninho. E comprar comida.
Nos dias de hoje, continuamos comprando alimento, cada vez mais industrializados e envenenados, mas também uma infinidade de produtos que não precisamos pra sermos humanos. Tudo que nos faz humanos está ao alcance das mãos, o desejo da vida simples.
A vida simples me parece com um bom carro, uma tela plana, uma casa na praia, um laptop com muita memória e um shopping perto de casa. Isso é fundamental. Não sei viver sem o burburinho e o entra e sai das lojas. Juro que se pudesse me mudava para uma daquelas lojas. Isso, um condomínio dentro do shopping. Talvez, possamos colocar escolas, farmácias, sei lá, me ajudem, o que podemos querer mais dentro dos nossos shopping, mas veja bem, só o que ainda não temos! Não seria maravilhoso? Nosso sonho de consumo!
Opa! Sonho de consumo? Seta amarela, lixo, matas destruídas, água poluída, ar irrespirável, calor e frio com intensidade malucas. Será que esse mundo aguenta mais um pouquinho? Eu preciso de um tempinho para me acostumar. Ah, não tem tempo? Puxa, é sério, mesmo? Difícil de acreditar.
Em todo caso, vou tentar fazer a minha parte! E você?

Um comentário:

Anônimo disse...

Mauro.
É bem isto mesmo. Fomos disciplinados para o consumo. Belo apanhado do video.
Um abraço